Pelos muitos afazeres, e portanto falta de tempo, não falei aqui antes sobre os dois fatos da semana. O primeiro é o Programa Universidade para Todos (ProUni), considerado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ontem, 3 de maio. O segundo fato da semana é a presidente Dilma, que, nesta semana, dedicou-se a demonstrar que, se alguém tinha alguma dúvida, ela é a chefe de Estado.
Fato 1: o STF declarou válido o ProUni por 7 votos a 1 (o voto vencido foi do ministro Marco Aurélio de Mello: uma no cravo, outra na ferradura). O julgamento estava no tribunal desde 2004. A ação contra o ProUni foi ajuizada por três entidades: Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenem), pelo DEM e pela Federação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social (Fenafisp).
Estudantes fazem o ProUni - Foto: Wilson Dias/ ABr
O ProUni foi atacado de todas as maneiras pela mídia (querendo desmoralizá-lo). Só essa campanha bastante virulenta, em si mesma, já demonstrou que por algum motivo o ProUni contraria interesses. Quais? Basta se informar e ver aonde leva o fio da meada.
Eu sou paulista da cidade de São Paulo. Aqui, se viu como o tucanato (o ex-governador José Serra e o atual, Alckmin) tratou a educação: com a polícia armada com seus porretes e gás de pimenta. Logo, para resumir a ópera, a declaração de legalidade do ProUni pelo STF é bastante importante.
Do ponto de vista político, é óbvio o dividendo que a decisão da "Corte Suprema" agrega à campanha de Fernando Haddad na cidade de São Paulo. A gestão de Haddad no Ministério da Educação foi ferozmente combatida pela mídia paulista, como no caso do Enem.
Fato 2: A presidente Dilma Rousseff falou grosso esta semana, e, como notaram até jornalistas do sistema Globo (no caso, a Globo News), seu governo deu um recado bastante claro na área econômica, e sob esse aspecto está indo bem mais longe do que o governo do presidente Lula.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ ABr
Dilma Rousseff, entre Guido Mantega (dir.) e Michel Temer |
Quando o Banco do Brasil anuncia (na manhã desta sexta-feira, 4) uma nova redução nas taxas de juros para pessoa física, entre outras medidas, está dizendo para o mercado, o adorado deus mercado, que ele não pode tudo, e a mensagem é explícita: o governo pode não concordar totalmente com as “leis do mercado”.
O “mercado” chantageia, veladamente ameaça, mas fica numa situação difícil no tabuleiro de xadrez, já que uma instituição poderosa como o BB está dizendo: “os clientes que tiverem conta salário no BB e aderirem ao programa Bom pra Todos não pagarão mais do que 3,94% ao mês em nenhuma modalidade de crédito pessoal”.
A Caixa Econômica Federal já anuncia há semanas cortes de juros significativos. A mídia tenta timidamente, e em vão, se apegar à questão aritmética de uma alegada perda na caderneta de poupança. Perda largamente compensada com a queda de juros oficializada nas medidas adotadas pelos bancos federais.
Vamos ver como o “mercado” sai desse xeque. Se é que sai.