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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Adeus, Pacaembu


Foto: Edu Maretti



O Corinthians se despede do Pacaembu. Com uma vitória sobre o coirmão carioca Flamengo (por 2 a 0), o “bando de loucos” disse adeus ao estádio que se acostumou a chamar de casa. Tenho um grande carinho pelo Pacaembu, não somente como corintiano, mas sobretudo como amante do futebol. Creio que o Pacaembu é, ao lado do Maracanã e do Mineirão, um dos grandes templos do futebol brasileiro. Poderíamos situar junto desses templos o Morumbi, o Beira-Rio e o velho Olímpico Monumental, mas esses estádios estão por demais carregados pela imagem e história de seus donos. Não são públicos, como os três primeiros, historicamente apropriados por diversos times e diferentes comunidades de torcedores.

Particularmente, não sou um corintiano que valoriza especialmente a “construção da casa própria”. Não penso que todo time tem de ser detentor de um estádio para ser grande, ideia que, para mim, é bastante são-paulina, uma vez que o Morumbi foi por muito tempo considerado o maior estádio particular do mundo, motivo de orgulho e soberba para os torcedores do SPFC. Tenho uma certa visão de que a ideia de que o Corinthians deveria ser dono de um estádio foi de certa forma inoculada em nossa mente por nossos rivais. Creio que seria possível resistir. Conquistamos a América e o mundo sem “casa própria”.

Historicamente, uma nova fase se inicia para o Corinthians. Seus desdobramentos ainda são imprevisíveis, uma vez que o orçamento inicial (já enorme) do novo estádio explodiu durante a construção e, ao contrário do que muitos pensam, o clube terá, sim, de arcar com a maior parte dos recursos captados para erguer a arena. Neste novo contexto, poderemos sentir mais saudades do Pacaembu do que imaginamos.

Não só corintianos conhecem a energia desse charmoso estádio, inaugurado há exatos 74 anos, também num dia 27 de abril, em partida em que o Palmeiras goleou o Coritiba. Infelizmente, na noite em que eu mais desejei entrar no bom e velho Paca, a noite enluarada do dia 4 de julho de 2012, não consegui. Cheguei a clicar sobre o ingresso no site do Fiel Torcedor, mas depois o site caiu e, quando voltou, todos os ingressos estavam esgotados.

De todo modo, embora tenha assistido a uma boa quinzena de jogos do Corinthians no estádio, a memória mais emblemática que conservo dele é televisiva: o estádio inteiro agitando bandeirinhas brancas para receber o time para o segundo tempo da final da Libertadores, os 45 minutos em que o Corinthians despedaçou o poderoso Boca Juniors e conquistou a América pela primeira vez. Por isso, assisti com enorme tristeza a noite mórbida em que o time enfrentou o Millonários com portões fechados (punição justa pela tragédia de Oruro, causada por nossa torcida). Creio que esses dois episódios ilustram a intensidade da história corintiana no estádio que, na simplicidade de sua arquitetura e de suas instalações, recebeu com galhardia algumas das páginas mais significativas da história do Sport Club Corinthians Paulista. A nação corintiana deve dizer obrigado

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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

MMA: rinha de seres humanos ou de animais?

DECADÊNCIA

Como se já não bastasse Big Brother Brasil, o crescimento de uma religiosidade fanática e mercantilista e todas as excrescências televisivas atuais, agora temos ainda que aturar mais um lixo pernicioso, a vulgar (pois até o boxe tem sua nobreza) MMA


Entende-se que espetáculos sanguinários existissem na Roma antiga há mais de 20 séculos. Mas hoje, em pleno século XXI? Em Roma, havia nas arenas as famosas lutas de gladiadores (escravos, prisioneiros e outros proscritos) entre si ou contra feras selvagens, combates que só acabavam com a morte. Muito mais brutal do que o boxe, essa modalidade funesta chamada MMA (Mixed Martial Arts – "artes marciais misturadas", em português) que hipnotiza e como que anestesia uma legião de sádicos cabe muito bem na análise do professor Voltaire Schilling sobre as arenas romanas, publicada no site de educação do Terra:

A história dos espetáculos de massa patrocinados pelos romanos nos magníficos tempos da República Imperial prestou-se como exemplo vivo das possibilidades de manipulação das massas por parte das suas elites dirigentes. Tratou-se do célebre panem et circenses apregoado pelo poeta Juvenal como a melhor forma de manter o povo cordato aos olhos dos dirigentes. As terríveis cenas na arena do anfiteatro (...) foram apontadas como prova da crueldade do conluio entre o patriciado e a plebe romana.

Em Roma, não havia clemência?
Havia nas munera gladiatoria uma intenção pedagógica: acostumar o povo, a massa romana, à política dos césares, à política de coerção e de repressão que o Império Romano aplicava sobre os povos dominados. Tornavam a plebe cúmplice nas atrocidades cometidas pelas legiões na conquista e na preservação do império. O povo romano era, por meio dos espetáculos sangrentos, treinado para uma tarefa que obviamente não poderia ser exercida com piedade e com coração enternecido. Via-se na arena o que os centuriões praticavam lá fora.”

Claro, a morte não é o objetivo final dessas lutas grotescas de hoje, que, nesse sentido, são mais "humanas" (sic), claro. Evoluímos desde os romanos, senhoras e senhores.

Seja como for, pensei e disse esses dias a uma mesa de bar, onde ao fundo ocorria uma luta do tipo: curioso, por que rinha de galo é proibida e rinha de seres humanos não? “Talvez porque o humano escolhe estar lá, enquanto o galo não pode escolher”, respondeu-me a Eminência Parda. Em outras palavras, o gênero humano é mais imbecil do que possa supor a nossa vã filosofia.

Leia também: Lembrando Pasolini a partir de Big Brother Brasil