Quem, se eu gritasse, dentre as legiões de anjos me ouviria? E mesmo que um me apertasse de repente contra o coração eu morreria da sua existência mais forte. Pois o belo não é senão o começo do terrível, que nós mal podemos ainda suportar, e admiramo-lo tanto porque, impassível, desdenha destruir-nos. E assim eu me reprimo e engulo o chamamento dum soluçar escuro. (Rainer Maria Rilke)
(Londres, 14/09/1983 - Londres, 23/07/2011) |
Amy Winehouse se foi. Amy é mais uma que se vai, entre esses que passaram pela Terra para nos alegrar, trazer arte e beleza, ou mesmo nos entristecer com a melancolia de uma canção, e que nos deixa assim de repente, com uma sensação de vazio. Amy foi juntar-se a outros anjos que por aqui passaram, foi juntar-se a Kurt Cobain (1967-1994), Jim Morrison (1943-1971), Jimi Hendrix (1942-1970), Janis Joplin (1943-1970), Noel Rosa (1910-1937), todos mortos com 27 anos! (menos Noel, com 26), essas criaturas que viviam atormentadas a apelavam a álcool e drogas por não conseguir se sentir muito em casa, muito bem, neste mundo explicado.
Mesmo sabendo que Amy acabaria de repente sucumbindo tão jovem, a sensação de aridez do mundo é inevitável agora que sua voz se calou para sempre. Para mim, como para Rilke, os que morrem de morte precoce são anjos que por aqui passaram.