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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

É melhor o charme de Obama e Michelle do que os cabelos engomados dos republicanos


Acho tão ingênuo as pessoas se dizerem decepcionadas com Barack Obama. Explico: quando ele ganhou a eleição em 2008, muitos acharam que agora as coisas iam mudar. A maior potência da Terra, o império americano, o país de setores e regiões racistas, tão bem retratado no filme Mississipi em chamas, de Alan Parker, elegera um negro, e ainda por cima democrata, presidente da República.

Não me decepcionei com Obama porque nunca achei que Obama fosse mudar o mundo, fazer os Estados Unidos se tornarem um exportador de liberdade e paz, esquecer o protecionismo de seus agricultores e trabalhar pela completa igualdade entre os povos. Sou realista. Mesmo que queira ou quisesse, nem com Platão como secretário de Estado Obama conseguiria. Mas dizer que Obama é igual a Bush parece um pouco a avaliação meio adolescente de partidos brasileiros como PSOL e PSTU, segundo os quais Lula ou Dilma = FHC.


Reprodução
O casal Obama, em 2008

Há quatro anos eu era editor do jornal Visão Oeste, de Osasco, um veículo da chamada mídia independente, feito por valorosos companheiros, e lá dei uma manchete sobre a vitória de Obama na época: “O mundo mudou”. Lembro de alguém ter me falado que eu estava exagerando. Não estava, até porque, para mim, a mudança era simbólica, mas nem por isso menos importante. Foi bonito, então, o discurso da vitória do presidente negro: “Hello, Chicago!”. Assim como foi bonito ele, Michelle e as duas filhas no dia da posse. Uma família negra, tremendamente charmosa, na Casa Branca.

Vendo Michelle na época, me ocorre, como me ocorreu hoje, a linda canção "Neide Candolina", de Caetano:

"Preta chique, essa preta é bem linda
Essa preta é muito fina
Essa preta é toda glória do brau

Preta preta essa preta é correta
Essa preta é mesmo preta
É democrata social racial."


Bem, mas voltando à realidade, engana-se quem pensa que Michelle Obama é apenas charmosa e que só Obama, além de charme, possui a capacidade masculina do comando. Michelle é muito mais influente e forte do que se pensa e não será surpresa se se tornar uma candidata potencial à Casa Branca. O mundo e a política são cheios de surpresas.

Voltando à atualidade, Barack Obama conseguiu se reeleger mesmo tendo feito um governo muito difícil, em meio a uma crise, a inciada em 2008, que não inventou, mas herdou (aliás, no Brasil, a direita de traço udenista torceu para a crise americana contaminar o Brasil e arrastar o governo Lula pelo bueiro, mas a direita udenista e a mídia se deram mal, e continuam se dando, como se viu nas últimas eleições municipais no país).

Obama não mudou o mundo como Lula mudou o Brasil, nem se poderia esperar tanto. E nem se poderia esperar que Lula e Dilma mudassem tanto o imenso Brasil de dimensões continentais como se muda uma cidade ou um pequeno país.

Mas, sejamos pragmáticos. Se Romney ganhasse, se os republicanos ganhassem, seria outro retrocesso e o mundo estaria mais próximo da intransigência e da guerra do que está hoje.

Voltando ao simbólico, é melhor o charme de Obama e Michelle do que os cabelos engomados e a cara de insanidade protestante dos republicanos.