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Gravação de Back to Black no estúdio: emocionante |
O documentário Amy, do diretor britânico Asif Kapadia, vira
a página da história contada pelo pai de Amy Winehouse, Mitch.
O filme mostra que o pai-biógrafo, que cuidava da carreira e
da conta bancária da filha, era uma pessoa manipuladora, egoísta e que
claramente usava Amy como escada para seus próprios interesses. O ex-marido de
Amy, Blake Fielder-Civil, que a introduziu na heroína, é ainda pior. Cercada
por gente como essa, seus problemas só aumentaram com o sucesso.
Sucesso que ela não fazia questão de alcançar e mesmo
repelia. “Eu enlouqueceria”, disse ela antes de explodir e virar alvo da mídia,
que em sua vida exerceu papel tão ou mais pernicioso do que Blake Fielder-Civil. Ao ver o documentário,
fica esclarecido que a condescendência de Mitch com a agressiva perseguição da
mídia e dos paparazzi a Amy foi um comportamento calculado ao escrever seu relato biográfico da filha. Ele não queria ficar mal com eles.
A omissão dos pais diante dos problemas da filha desde sua infância é notória
no filme. A própria mãe conta que Amy, ainda menina, pediu mais
atitude dela, que pegasse "mais pesado". A menina nunca ouvia "não". A omissão da família diante da bulimia, por exemplo, é declarada pela mãe.
Havia pessoas sinceras e mais interessadas na saúde e
bem-estar da estrela do que nos dividendos de sua arte, como Nick Shymansky, o
primeiro empresário e amigo dela. O próprio depoimento do segurança, Andrew, parece
demonstrar sincera dor. Mas no mundo em que Amy viveu, é preciso ser mais forte
do que ela.
Amy não queria e não sabia lidar com a fama. “Se me deixarem
em paz eu vou escrever músicas”, disse.
Um dos produtores diz no filme que Amy “era uma velha num corpo de jovem”. É uma definição muito interessante. Toni Bennet declarou que Amy deveria ter sido encarada e tratada como uma Billie Holiday ou uma Ella Fitzgerald, porque “era tão grande” quanto elas.
Um dos produtores diz no filme que Amy “era uma velha num corpo de jovem”. É uma definição muito interessante. Toni Bennet declarou que Amy deveria ter sido encarada e tratada como uma Billie Holiday ou uma Ella Fitzgerald, porque “era tão grande” quanto elas.
Acho que o filme de Asif Kapadia dá exagerado destaque ao
longo relacionamento com Blake. Nesse ponto poderia ter equilibrado
mais, com um pouco menos de tempo dedicado aos aspectos da intimidade, e pelo menos um pouco mais de espaço à pura arte, como a cena emocionante da
gravação de Back to Black com Mark Ronson.
Mas o fato importante é que Amy, de Kapadia, desmonta a historinha contada pelo
mau caráter Mitch Winehouse. Não é por outra razão que a família ficou muito contrariada e afirmou que o filme é “enganador".