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sexta-feira, 20 de abril de 2012
Fotógrafo lança livro sobre cultura cigana neste sábado em São Paulo
Rogério Ferrari lança neste sábado, em São Paulo, o livro Ciganos. O trabalho é fruto da itinerância do fotógrafo que, entre 2010 e 2011, percorreu 40 municípios na Bahia registrando a cultura desse povo tão rico quanto perseguido e incompreendido.
O lançamento de Ciganos será também a inauguração de uma exposição no mesmo local, o Centro de Estudos Universais, no Itaim Bibi. A mostra reúne 24 imagens. Na ocasião, um grupo composto pelos músicos Gabriel Levy (acordeon), Martin Lazarov (oboé), Ricardo Zohyo (baixo acústico e bandolim) e Thomas Rohrer (rabeca e sax) irá se apresentar ao vivo, contextualizando a obra de Rogério Ferrari e interpretando temas ciganos inspirados na região dos Bálcans, incluindo músicas da Macedônia, Romênia, Sérvia, Bulgária e outros países.
Nos links abaixo você pode se informar melhor sobre a obra de Rogério Ferrari (quando do lançamento de Ciganos em Salvador, escrevi mais sobre este trabalho). O fotógrafo é também autor, entre outros, do extraordinário trabalho A Eloquência do Sangue, reunião de fotografias feitas na Palestina conflagrada, tema que foi objeto de entrevista que fiz para este blog em dezembro de 2011.
Leia também:
Mais informações sobre o livro Ciganos
Entrevista com Rogério Ferrari sobre trabalho na Palestina
Serviço:
Abertura da exposição e lançamento do livro Ciganos, de Rogério Ferrari
Data: 21 de abril, a partir das 19h
Local: Centro de Estudos Universais
Rua Araçari, 218 – Itaim Bibi – São Paulo / SP
Mais informações pelo tel: 3071-3842 (São Paulo)
www.ceuaum.org.br
Exposição Ciganos
De 22 de abril a 20 de maio
24 imagens em P&B
40cm X 60cm
Horário de visitação: seg. a sex. das 12h às 18h
Grátis
Livro Ciganos
Editorial Movimento Contínuo
196 páginas
R$ 80,00
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Fotógrafo Rogério Ferrari lança
seu novo livro: Ciganos
O fotógrafo baiano Rogério Ferrari, que entrevistei em setembro para o blog (link abaixo neste post), lança às 19 horas desta sexta-feira, 16, no foyer do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), seu novo livro. Ciganos é resultado da itinerância do fotógrafo, que durante três meses, entre 2010 e 2011, percorreu 40 municípios registrando o cotidiano dos ciganos da Bahia.
Assim como em outros trabalhos, notadamente o belíssimo A Eloquência do Sangue (que reúne fotografias feitas entre janeiro e março de 2002 na Cisjordânia e na Faixa de Gaza), a intenção de Ferrari com Ciganos é iluminar essa cultura milenar e muitas vezes perseguida para além dos estereótipos e estigmas. Segundo Rogério, “o projeto não surgiu de uma escolha estética ou da busca do exótico para fotografar. Se fez pelo propósito de retratar os ciganos numa perspectiva distante dos estigmas e dos estereótipos, e próxima o possível para tentar revelar o cotidiano desse povo”.
Diz ainda Ferrari: “Seria forçoso e equivocado incluir os ciganos nesse barco se perdêssemos de vista a relação da luta política com a luta pela defesa de uma cultura. O chumbo macio das TVs e a massificação antecede e cumpre a tarefa de eliminar existências, resistências e povos distintos. A passividade e o engano tornaram-se conduta”.
A nova obra do fotógrafo está inserida, segundo o jornalista Raul Moreira, no projeto Existências-Resistências, que Rogério Ferrari “desenvolve há alguns anos e que inclui outras publicações sobre povos e movimentos sociais”.
Ciganos tem duzentas páginas, 96 imagens em preto e branco fotografadas com película, e traz o prefácio da antropóloga Florencia Ferrari, autora do livro Palavra Cigana (editora Cosac Naif). Apesar de ser uma produção independente, o novo livro de Rogério foi parcialmente financiado por edital do Fundo de Cultura da Bahia.
Livro: Ciganos
Lançamento: Foyer do Teatro Castro Alves - Salvador (BA)
Sexta-feira, 16 de dezembro, às 19 horas
Esse e outros livros do fotógrafo podem ser adquiridos pelo telefone ou e-mail abaixo
Telefone: (71) 9254-1972
e-mail: ambai7@gmail.com
Blog do autor: existências resistências
Leia também (e conheça outros títulos do fotógrafo) a entrevista concedida a Fatos Etc.: “Na Palestina, a câmera era a minha pedra”
Assim como em outros trabalhos, notadamente o belíssimo A Eloquência do Sangue (que reúne fotografias feitas entre janeiro e março de 2002 na Cisjordânia e na Faixa de Gaza), a intenção de Ferrari com Ciganos é iluminar essa cultura milenar e muitas vezes perseguida para além dos estereótipos e estigmas. Segundo Rogério, “o projeto não surgiu de uma escolha estética ou da busca do exótico para fotografar. Se fez pelo propósito de retratar os ciganos numa perspectiva distante dos estigmas e dos estereótipos, e próxima o possível para tentar revelar o cotidiano desse povo”.
Diz ainda Ferrari: “Seria forçoso e equivocado incluir os ciganos nesse barco se perdêssemos de vista a relação da luta política com a luta pela defesa de uma cultura. O chumbo macio das TVs e a massificação antecede e cumpre a tarefa de eliminar existências, resistências e povos distintos. A passividade e o engano tornaram-se conduta”.
A nova obra do fotógrafo está inserida, segundo o jornalista Raul Moreira, no projeto Existências-Resistências, que Rogério Ferrari “desenvolve há alguns anos e que inclui outras publicações sobre povos e movimentos sociais”.
Clique na imagem para ampliar
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Foto: Rogério Ferrari |
Ciganos tem duzentas páginas, 96 imagens em preto e branco fotografadas com película, e traz o prefácio da antropóloga Florencia Ferrari, autora do livro Palavra Cigana (editora Cosac Naif). Apesar de ser uma produção independente, o novo livro de Rogério foi parcialmente financiado por edital do Fundo de Cultura da Bahia.
Livro: Ciganos
Lançamento: Foyer do Teatro Castro Alves - Salvador (BA)
Sexta-feira, 16 de dezembro, às 19 horas
Esse e outros livros do fotógrafo podem ser adquiridos pelo telefone ou e-mail abaixo
Telefone: (71) 9254-1972
e-mail: ambai7@gmail.com
Blog do autor: existências resistências
Leia também (e conheça outros títulos do fotógrafo) a entrevista concedida a Fatos Etc.: “Na Palestina, a câmera era a minha pedra”
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Rogério Ferrari: “Na Palestina, a câmera era a minha pedra”
ENTREVISTA
Este post e esta entrevista (feita no domingo, 18 de setembro, por telefone) são dedicados à semana do embate nas Nações Unidas pelo reconhecimento pleno do Estado da Palestina, conforme defendeu a presidente Dilma Rousseff hoje, ao abrir a Assembleia Geral da ONU.
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Arquivo pessoal |
Conheci o antropólogo e fotógrafo Rogério Ferrari em 2006 em Salvador, onde eu estava cobrindo o 2º Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual para a revista Fórum. Na época conheci seu livro A Eloquência do Sangue, edição de fotografias feitas entre janeiro e março de 2002 na Cisjordânia e na faixa de Gaza, aonde foi com pouco dinheiro para “fazer um trabalho que representasse um contraponto às informações difundidas historicamente com relação à Palestina”.
As fotos do livro, em preto e branco, retratam a luta das pedras (mas não só pedras, alguns fuzis também) contra o poderoso exército de Israel. Retratam os funerais dos jovens, o cotidiano de luta e dor, as pichações, as crianças palestinas, os check points e as barreiras militares. Muitas fotos foram feitas dentro do teatro da guerra propriamente. São fotos com movimento, fortes, impressionantes. E acima de tudo belas.
Ferrari passou três meses na Palestina para produzir as fotos de A Eloquência do Sangue (edição do autor), esgotado. Mas há uma edição mais recente, francesa (Ed. Le passager clandestin – 2008), que inclui o trabalho feito nos campos de refugiados palestinos na Jordânia e no Líbano. “É uma versão mais atual, que é uma intenção de dar amplitude dessa tragédia e dessa resistência”, diz o fotógrafo.
Autor de outras obras construídas a partir de fotografias in loco sobre os curdos e os zapatistas, Rogério Ferrari lança em setembro livro e exposição sobre outro povo excluído: Ciganos, quem são eles?
Os livros do fotógrafo (veja abaixo, depois desta entrevista) podem ser adquiridos por meio do e-mail do próprio autor, em seu site neste link: Rogério Ferrari.
Por Eduardo Maretti
Fatos Etc.: No seu livro A Eloquência do Sangue há um texto do poeta palestino Mahmud Darwish que diz: “O que vemos agora é expressão de um povo que não tem outra escolha a não ser resistir”. Dá para esperar que algo mude essa resistência e essa dor a partir das Nações Unidas?
Rogério Ferrari: Com relação À ONU, é difícil ter uma expectativa positiva porque, a exemplo de tudo o que está acontecendo no mundo, ela está longe de ser realmente uma representação dos interesses da comunidade internacional. O que acaba prevalecendo é a influência e o poder dos Estados Unidos, com a conivência de outras potências. A Palestina é uma expressão maior dessa incompetência e conivência da ONU com relação a esse conflito, na medida em que todas as resoluções por ela aplicadas sobre Israel são desrespeitadas e não há nenhuma conseqüência, por conta da blindagem que Israel tem, sobretudo pelo apoio dos EUA. Apesar de todo o discurso de Obama, os EUA vão ser contra o reconhecimento da Palestina como Estado permanente. Então é uma incógnita, e incógnita seria a expressão do nosso otimismo, por conta da possibilidade de alguma surpresa. Mas, sabendo como se comporta a ONU e os exemplos do que vem sendo a ordem política internacional, grande expectativa a gente não pode ter.
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Foto: Rogério Ferrari/2002 |
Você acha que o mundo mudou para melhor, para pior ou continua igual com Barack Obama?
Eu acho que mudou não por conta de uma política resultante da presença de Obama como presidente dos Estados Unidos, mas em decorrência de tudo o que a gente tem visto acontecer, que, de alguma forma, independe da vontade dos Estados Unidos, a exemplo do Egito, que é uma situação que estabelece uma relação diferente, a transformação de um Estado árabe poderoso como o Egito, antes completamente conivente e apoiador da política dos EUA e parceiro de Israel.
Você tem atração por trabalhos com claro cunho social e político. O que especialmente te levou à Palestina?
Fui justamente por conta dessa condição mínima de fotógrafo, fotojornalista, de fazer um trabalho que representasse um contraponto às informações que são difundidas historicamente com relação à Palestina. À exceção de alguns meios alternativos que poucas pessoas acessam, a informação corrente é a que estigmatiza o palestino com a ideia de terrorista e tudo mais, tudo isso que a gente já sabe. A decisão de ir pra lá foi movida por essa inquietação, por esse propósito de proporcionar uma informação sob um outro ponto de vista que não estigmatiza o conflito, primeiro colocando os palestinos como terroristas e algozes e também plantando a versão de que é um problema de religião, quando a gente sabe que é um problema básico e fundamental de terra e do direito de um povo à autodeterminação.
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Capa de A Eloquencia do Sangue |
Sim, isso aconteceu. O que acontece com o povo palestino é humilhação e agressão. Os check points e as barreiras militares. Saramago disse que, guardadas as proporções, não há uma diferença essencial entre as cidades palestinas e os campos de concentração em que viveram os judeus a repressão nazista. Eu, por estar lá e ter uma aparência árabe, fui submetido a essa situação que o povo palestino passa todos os dias, que é a revista, a agressão, a ameaça. Fiquei oito horas detido sob a acusação de ser membro da Jihad islâmica,com fuzil apontado para a cabeça, com revista ostensiva, interrogatório em árabe, enfim, uma situação que dá a dimensão do que é ser palestino, ainda que eu tenha passado por isso não mais do que três vezes. Então, vivendo isso, você tem condição de entender por que a decisão de tornar-se um homem bomba, de fazer a resistência se utilizando do corpo como último recurso.
Você teve medo de morrer, nesse ou em outros momentos?
Esse momento foi realmente um momento em que eu senti medo porque eu estava numa situação de completo isolamento, cercado, diferentemente de outras circunstâncias que, porém, eram mais arriscadas em situação de conflito, de estar no meio dos palestinos fazendo a resistência com pedras, e do outro lado os israelenses com o exército super-armado, atacando as cidades e atirando frontalmente. Então tinham duas dimensões: a de estar numa situação que eu escolhi, não por propensão a ser mártir, mas correndo o risco que era próprio do trabalho que eu me dispus a fazer, e uma outra, numa circunstância que eu senti um medo maior porque eu estava isolado e detido no meio dos israelenses que poderiam fazer qualquer coisa comigo.
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Foto: Rogério Ferrari/2002 - clique para ampliar |
É uma sensação realmente confusa, porque não é uma adrenalina no sentido da busca da aventura, do risco, de me nutrir do espetáculo da guerra, tanto que eu não me considero nem me digo um correspondente de guerra, nesse aspecto de estar buscando os conflitos e as situações de guerra pra retratar, mas, sim, é uma escolha a partir de uma identificação política e ideológica com determinados assuntos. No caso da Palestina, digamos que a câmara era minha pedra, e eu procurei dentro do possível não estabelecer essa distância, essa relação objetiva como se supõe que deve haver no jornalismo. Isso poderia de alguma forma ser considerado uma imprudência, uma inconseqüência, por conta do risco. Mas foi uma coisa que eu me dispus a fazer e, consciente ou inconscientemente, às vezes eu me via em situações que... realmente eu poderia não mais estar aqui.
O que mais te marcou ou foi impactante?
São dois sentimentos: de imediato, provoca uma sensação de impotência, tamanho o domínio, tamanha a opressão e tamanha conivência e paralisia do mundo diante desse conflito, e de outro lado a determinação do povo palestino de não se render. E paralelamente a isso, diante de tanta repressão e sofrimento, você vê um povo altivo, hospitaleiro, que expressa o desejo de paz.
Você pretende em algum momento voltar à Palestina?
Espero em algum momento poder voltar pra compartilhar a vitória palestina e de alguma forma também ampliar o trabalho e poder retratar coisas mais atuais. A idéia de voltar, eu quero pensá-la mais quanto à perspectiva de celebrar a vitória do que voltar pra retratar a mesma realidade. Porque um aspecto da tragédia palestina, sobretudo do ponto de vista fotográfico, se você esteve lá vinte, trinta anos atrás, é a mesma realidade de hoje.
Outros livros do autor:
- Ciganos, quem são eles? (lançamento: setembro de 2011)
- Zapatistas - a velocidade do sonho. Entrelivros - Thesaurus - Brasília, 2006
- Curdos uma nação esquecida. Edição do autor - Salvador, 2007
- Palestine. Passager Cladestin. França. 2008
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