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sábado, 3 de setembro de 2011

O estádio do Corinthians vai se chamar Luiz Inácio Lula da Silva?

Se alguém tinha alguma dúvida, agora é definitivo: no que depender da nação corintiana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entra para a galeria dos imortais do Parque São Jorge. Ele marcou presença no evento em comemoração dos 101 anos do clube, quando foi anunciada a formalização da assinatura do contrato com a Odebrecht para a construção do estádio em Itaquera, na zona Leste da capital.

Roberto Setton/UOl
Ex-presidente marca presença na zona Leste
A arena terá capacidade para 48 mil pessoas. Os 20 mil lugares que faltam para o Fielzão poder abrir a Copa de 2014, segundo exigência da FIFA, devem ser bancados pelo governo de São Paulo. Provavelmente serão lugares móveis para abrigar torcedores apenas no Mundial. Esse plus custará R$ 70 milhões, estima-se. Sem contar esse adicional, o orçamento para a obra é de R$ 820 milhões, entre incentivos fiscais da prefeitura paulistana somando R$ 400 milhões e o empréstimo do BNDES de R$ 420 milhões.

A presença de Lula na festa deste sábado tem caráter muito simbólico, já que é conhecido o lobby que ele fez, desde que ocupava o Palácio do Planalto, para que o Itaquerão se viabilizasse. “É um dia histórico, tão histórico quanto o gol do Basílio contra a Ponte Preta em 1977”, disse o ex-presidente, corintiano roxo, em discurso. Quanto à interrogação do título deste post ("O estádio do Corinthians vai se chamar Luiz Inácio Lula da Silva?), o diretor de marketing do clube, Luis Paulo Rosenberg, negou essa possbilidade na tarde deste mesmo sábado.
Agora, finalmente, parece que o projeto decolou. Na quinta-feira, 1° de setembro, as primeiras colunas da arena foram instaladas no terreno.

Mas nem tudo são flores na história da construção do sonho corintiano. O projeto é alvo de inúmeras denúncias, por parte dos moradores locais, de desrespeito a direitos e desapropriações compulsórias.

Esse é um projeto monumental que exige esforços federal, estadual e municipal. E portanto, se há arbitrariedades, as três esferas têm culpa no cartório. Em São Paulo, há outros planos faraônicos, de responsabilidade apenas da prefeitura, cuja agressão urbanística e cultural à cidade terá impacto imprevisível. É o caso de uma obra na zona Sul, a da Água Espraiada, cujo orçamento é de R$ 4 bilhões (mais de 4 vezes o custo do estádio corintiano).

Leia mais sobre o tema no post: A cidade de Gilberto Kassab

Atualizado às 19:33

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A cidade de Gilberto Kassab

São Paulo vive um dos mais graves momentos de sua história. Sob a gestão do atual prefeito, comunidades e bairros inteiros são vítimas de projetos excludentes, autoritários e inaceitáveis

Foto: Edu Maretti

A foto acima (clique nela para ampliar) foi feita agora há pouco, na esquina da avenida Corifeu de Azevedo Marques e rua Nossa Senhora da Assunção, no Butantã, próximo à USP. A imagem tomada pelo lixo é literalmente uma metáfora da situação moral e administrativa que vive a cidade de São Paulo gerida pelo prefeito Gilberto Kassab, ex-DEM, e agora tentando viabilizar o fantasmagórico PSD.

A política de Kassab é excludente, privatizante, elitista e, para resumir, claramente fascista.

Fora o problema de uma cidade mal cuidada, administrada segundo interesses bem definidos (por exemplo, asfalto novo em bairros nobres e ruas esburacadas em bairros menos nobres), fora o lixo, o fechamento de vagas nos albergues e outras mazelas, há os projetos que são verdadeiras aberrações urbanas e sociais. Confira alguns:

1) Está pendente de decisão no Tribunal de Justiça de São Paulo ação judicial contra a Lei municipal 14.917/09. A lei, para fazer cumprir o objetivo de revitalização da região de Santa Ifigênia/Luz (centro de da capital), simplesmente delega a empresas privadas o poder de desapropriar imóveis, e autoriza que até 60% dos imóveis do bairro sejam desapropriados e demolidos por e para exploração de empresas particulares. O relator do processo no TJ, desembargador Sousa Lima, já votou pela legalidade da lei. O julgamento foi suspenso e adiado a pedido do desembargador Roberto Mac Cracken. A nova data para a decisão do TJ seria exatamente esta quarta-feira, 24 de agosto.
* (Atualizado às 18:27 de 24/08) - E, infelizmente para a cidade e os moradores, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu agora há pouco, por unanimidade, manter a lei 14.917/09, autorizando a continuidade do projeto de Kassab.

A ação foi movida pelo Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico e Aparelhos Eletrodomésticos no estado de São Paulo (Sincoelétrico), em nome de lojistas da região da Santa Ifigênia. Segundo o site Santa Ifigênia On Line , as remoções arbitrárias de moradores da região para a implantação do projeto Nova Luz “estarão entre as novas denúncias da relatora da ONU para moradia adequada, Raquel Rolnik”, para quem o projeto caracteriza uma política de “terra arrasada” e vai destruir o último bairro com “traçado urbanístico do século 18”.

2) A construção do futuro estádio do Corinthians em Itaquera, zona Leste, também é objeto de inúmeras denúncias de desrespeito a direitos e desapropriações compulsórias. Tanto esse caso como o da Santa Ifigênia e do projeto da Água Espraiada (veja abaixo) serão denunciados à ONU, diz Rolnik.

3) O PL 25/2011, aprovado na Câmara Municipal pela maioria kassabista, prevê a construção de um túnel de 2,7 quilômetros para ligar a avenida Roberto Marinho (antiga Água Espraiada) à Rodovia dos Imigrantes. Aproximadamente 40 mil pessoas que moram nas favelas da região serão sumariamente removidas, e para isso receberão uma bolsa-aluguel de 300 reais para deixar seus lares. Imagine o que se pode fazer com 300 reais. Custo da obra? R$ 4 bilhões, isso mesmo, 4 bilhões de reais, quatro vezes o valor estimado do Itaquerão. A comunidade do Jabaquara criou o blog Tragédia Social no Jabaquara para tentar combater o projeto.

4) O prefeito de São Paulo conseguiu também fazer aprovar por seus cordeiros que atendem pelo apelido de vereadores a lei 15.397/2011, que permite a venda de um terreno de 20 mil metros quadrados no Itaim-Bibi, zona Sul de São Paulo. Ali funcionam uma creche, uma pré-escola, uma escola, um posto de saúde, um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), um teatro, uma biblioteca e uma unidade da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

Por enquanto, essa lei absolutamente inaceitável está suspensa por julgamento do juiz Adriano Marcos Laroca, da 8ª Vara de Fazenda Pública da capital. O juiz se baseia, entre outros, no argumento de que o local que Kassab quer doar à iniciativa [privada] é objeto de tombamento no Condephaat, órgão estadual de preservação do patrimônio histórico e cultural.

Atualizado à 01:26

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Estádio do Corinthians é oficializado como sede da Copa

"Talvez a abertura [da Copa do Mundo] não seja em São Paulo, pois todo mundo fica secando o Corinthians.” Com essa ironia, o presidente Andrés Sanchez comentou sua expectativa de a sonhada arena do clube abrir a Copa do Mundo de 2014, possibilidade cada vez mais próxima, depois que a FIFA ratificou oficialmente, nesta terça-feira, 12, o Itaquerão como sede da Copa do Mundo e, ao mesmo tempo, descartou o Morumbi. São Paulo é, com o futuro estádio corintiano, oficialmente a 12ª cidade a fazer parte do calendário da Copa.

Sanchez em coletiva na terça, 12
Reprodução
O estádio ainda não está definido como sede da abertura da Copa, mas isso deve acontecer em breve. O orçamento é de R$ 850 milhões (R$ 420 mi de incentivos fiscais da prefeitura), mas a construtora Odebrecht quer que haja margem para aumento, por conta da inflação. Deve chegar a R$ 1 bi.

Semana perfeita

O Corinthians passa por uma semana completa: é líder do Brasileirão, seu estádio será sede e provavelmente abertura da Copa do Mundo (ao mesmo tempo em que o Morumbi do rival São Paulo é descartado) e ainda sonha com a volta de Tevez. Neste último caso, não há como não inferir (ou “fazer ilações”, como se diz) que, se o negócio sair, os tais R$ 89 milhões (fora salário do jogador) de alguma forma poderiam ser uma espécie de “sobra”, uma “rapa” do orçamento da obra do estádio, apesar de o clube dizer que seria adiantamento de direitos de TV ou dívida da famosa MSI com o clube. É um montante impensável para o mercado do futebol brasileiro.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Câmara aprova incentivos fiscais para Itaquerão. Agora vai?

Ao que parece, pelo menos do ponto de vista político-legislativo, a batalha pela construção do estádio do Corinthians em Itaquera (zona Leste de São Paulo) vai chegando ao fim, já que a Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira, 29, em primeira votação, o projeto de lei 288/2011, do Executivo, autorizando a prefeitura a conceder incentivos fiscais de R$ 420 milhões para as obras.

Aurélio Miguel é contra
Foto: RenattodSousa
De um total de 51 no Plenário, 36 vereadores votaram a favor, 12 contra (veja lista abaixo) e 3 se abstiveram. O projeto ainda terá de ser votado em segunda sessão e a votação final deve acontecer nesta sexta-feira.

O vereador, ex-judoca e conselheiro do São Paulo Aurélio Miguel (PR) foi o que causou mais dificuldades à aprovação e agora promete tentar barrá-lo com uma ação popular contra a inconstitucionalidade que ele vê no texto, por “favorecimento a uma empresa milionária e, de quebra, a uma agremiação esportiva”. Ele promete: "Se eu não fizer isso, o Ministério Público fará”.

Curioso isso, brigas clubísticas pautando uma votação na Câmara. Outro são-paulino que votou contra foi Marco Aurélio Cunha (DEM). O vereador José Américo (PT), que votou a favor, defendeu o projeto: "fará um bem enorme para a zona Leste, que precisa de incentivos. Temos de criar vetores de desenvolvimento econômico naquela região”.

Pelas informações disponíveis, o Corinthians tem até 12 de julho para apresentar à FIFA as garantias financeiras que viabilizem a arena. Resta saber se serão superadas as dificuldades de engenharia, pois o terreno está situado em um local cheio de dutos da Petrobras, que terão de ser removidos.

De minha parte, acho meio hipócritas os protestos dos paladinos da moralidade pública contra a concessão de incentivos fiscais, pelos motivos já expostos neste blog (aqui). Por outro lado, me parece absurda a rejeição do Morumbi, por motivos claramente políticos e também pelos grandes interesses econômicos que giram como moscas em torno do projeto do Itaquerão.

Abaixo, os vereadores que votaram contra o projeto na Câmara Muncipal.

Adilson Amadeu (PTB)
Arselino Tatto (PT)
Attila Russomanno (PP)
Aurelio Miguel (PR)
Aurélio Nomura (PV)
Carlos Neder (PT)
Chico Macena (PT)
Claudio Fonseca (PPS)
José Ferreira, o Zelão (PT)
Marco Aurélio Cunha (DEM)
Sandra Tadeu (DEM)
Tião Farias (PSDB)

PS*: Nesta quinta-feira, a FIFA informou, em nota oficial, que o calendário da Copa do Mundo e as sedes só serão anunciados em outubro: "o Comitê Organizador se reunirá em Outubro de 2011, alguns dias antes das reuniões de 20 e 21 de Outubro do Comitê Executivo da FIFA, o qual ratificará o calendário de partidas da Copa do Mundo da FIFA 2014", anunciou o órgão.

*Atualizado às 15:17

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Itaquerão: começam trabalhos no terreno, mas obras mesmo ainda não

Meses de atraso e vários adiamentos depois, começou nesta segunda-feira o trabalho de terraplanagem, limpeza e medições topográficas no terreno em Itaquera, onde, espera a Fiel, será erguido o estádio do Corinthians, previsto para ser entregue em dezembro de 2013. É preciso deslocar os dutos da Petrobras que passam no local, o que custará a bagatela de R$ 30 milhões, "dinheiro de pinga" perto do monstruoso orçamento de R$ 1 bilhão.



Segundo a assessoria de imprensa do clube, dois tratores, duas escavadeiras, três caminhões e 20 operários deram início à obra. E, de acordo com matéria do Uol, essa etapa dos serviços terá duração de três meses. Para a construção do estádio propriamente dito, ainda não foi assinado contrato, diz a reportagem.

O estranho é que o valor da obra já está em torno de R$ 1 bilhão. O clube teria como certos R$ 400 milhões do BNDES e R$ 300 milhões de incentivos ficais da prefeitura. Faltam cerca de R$ 300 mi. De onde virão?

Não sou dos que acham um absurdo que o Estado invista em obras desse tipo, pois de uma maneira ou outra, “por meio de isenções fiscais, contrapartidas ou parcerias, o dinheiro público sempre estará em projetos muito grandes e/ou importantes”, como já escrevi aqui. O problema é a falta de transparência.

Seja como for, num arroubo de entusiasmo, o presidente corintiano, Andres Sanchez, em nota, comemorou o início dos trabalhos dizendo: “não descansaremos enquanto não chegarmos ao topo da escada, no dia da inauguração do Estádio da República Popular do Corinthians”.

Esse termo, eu diria hiperbólico, me remete a uma questão. Será Andres Sanchez comunista?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Estádio do Corinthians em Itaquera continua cercado de incógnitas

Em evento ontem, 17 de fevereiro, no Museu do Futebol, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, manifestou-se sobre o talvez mais esperado estádio da história do futebol, por alguns chamado “Fielzão”, por outros “Itaquerão”. "Tenho a convicção de que São Paulo vai ter participação bastante grande e forte na Copa. Não só nos jogos. E aproveito para pedir que precisamos de seu estádio na Copa das Confederações", disse Teixeira, dirigindo-se a Andrés Sanchez.

Acontece que existe um atraso geral no cronograma, e a culpa não é de Andrés. O decreto da prefeitura para a construção da obra sequer foi assinado. Presente ao evento ontem, o prefeito Gilberto Kassab prometeu fazê-lo “até o final do mês”, mas foi corrigido pelo secretário de planejamento, Marcos Cintra: "daqui a um mês". Fora a burocracia, ainda não saiu o empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES, sem o qual a Odebrecht não porá as máquinas para funcionar. "O presidente do BNDES já vai liberar o empréstimo, está tudo certo, só o Andrés não acredita", disse Kassab.

Outra coisa que não está clara: para sediar a abertura da Copa, o estádio não pode ter capacidade para 48 mil pessoas. A FIFA exige 65 mil lugares. A diferença custa R$ 200 milhões. Quem paga? A prefeitura de São Paulo diz que publicará no final de fevereiro um edital de incentivo fiscal que tornará viável a ampliação, convocando empresários de qualquer atividade a investir na Zona Leste com isenção de 50% do IPTU, 50% do ITBI e 60% do ISS.

Leia também: Verdades e mentiras sobre o estádio do Corinthians.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Itaquerão sai ou não sai?

Apesar da empolgação com que foi anunciado, o estádio do Corinthians em Itaquera, que se virar realidade está destinado a abrir a Copa do Mundo de 2014, continua sendo uma incógnita. Até mesmo para o recém-empossado governador tucano de São Paulo e seu secretário de esportes.

Segundo disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo o novo secretário de Esportes do estado, Jorge Roberto Pagura, o Corinthians ainda não mostrou como pagará os cerca de R$ 600 milhões para construir o empreendimento. "Essa situação tem que estar definida neste mês porque já entramos em 2011”, disse Pagura. "O governo tem que sempre trabalhar com um plano B”, afirmou ainda.

Com a palavra, Andres Sanchez, que, segundo o jornal, teria afirmado anteriormente que vai anunciar até o fim deste mês quem vai bancar a arena. Esta história está virando um imbroglio danado, isto sim. Tudo porque os altos interesses financeiros da FIFA não admitem que se aproveitem estádios já existentes. Querem novos.

Leia também: Verdades e mentiras sobre o estádio do Corinthians.

Foto: Divulgação

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Os posts mais acessados em 2010


Fim de ano é hora de retrospectivas e balanço. Para não fugir à regra, consultei as estatísticas e elenco abaixo os posts mais acessados neste blog em 2010. A idéia era publicar aqui “os dez posts mais acessados do ano”.

Mas, como os posts sobre os problemas do metrô de São Paulo foram muito acessados, esta solução implicaria em uma repetição chata: entre as dez publicações, quatro ou cinco seriam sobre este tema. Assim, o tópico metrô é listado abaixo com o link da postagem mais recente, a partir da qual se pode acessar as outras. Os debates entre Dilma Rousseff x José Serra também estão nessa situação, então nesse tópico estão discriminados três posts (Globo, Band e Record).

O post campeão em acessos em 2010 foi o do diálogo ríspido entre o então candidato à presidência da República tucano José Serra e o jornalista Heródoto Barbeiro, que custou o afastamento deste do programa Roda Viva, da TV Cultura. Depois do metrô, vem o texto sobre o estádio do Corinthians em Itaquera (sai ou não sai?).

Copa do Mundo, eleições, a unificação dos títulos do futebol brasileiro e o primeiro jogo da final do Campeonato Paulista de futebol (Santo André 2 x 3 Santos) foram temas bastante procurados (não sei por que esse jogo do Santos, ao invés da postagem sobre a segunda partida da final, a do título santista, cujo link está incluído no tópico).

A publicação com a entrevista do cineasta Eduardo Escorel foi listada porque seria injusto deixá-la de fora, já que a diferença entre esse post e os imediatamente acima dele é muito pequena e, afinal, é o texto mais acessado sobre cultura no ano. Segue então a lista e os links dos

Posts mais acessados em 2010

1. Heródoto Barbeiro sai do Roda Viva após questionar Serra sobre pedágio











2. Os problemas na Linha 4 Amarela do Metrô

3. Verdades e mentiras sobre o estádio do Corinthians em Itaquera

4. Dilma Rousseff e os debates com Serra na TV
- no Jornal Nacional
- na Record
- na Band

5. Os gestos de José Serra

6. Dunga x Alex Escobar, jornalismo e seleção brasileira

7. Em anúncio na Folha, Extra se antecipa e tira Brasil da Copa

8. Copa da África encobre conflitos étnicos e desigualdade

9. A unificação dos títulos do futebol brasileiro: justiça seja feita

10. Santos 3 x 2 Santo André: jogo duro e vitória incontestável
- O segundo jogo da final do Paulistão, que o santos perdeu mas ficou com o título, está neste link

11. Contradições e problemas do cinema nacional, segundo Eduardo Escorel

Foto: Eduardo Maretti












Atualizado à 01:32

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Verdades e mentiras sobre o estádio do Corinthians em Itaquera

A questão do estádio do Corinthians, em Itaquera, gerou um debate de certo modo acalorado no post abaixo [que, aliás, não tinha nada a ver com o estádio, e sim com a rodada do Brasileirão]. Por isso vai aqui uma nota.Para Paulo M, se concretizado, o projeto vai “ajudar a estruturar melhor uma região marginalizada da cidade, que é a zona Leste”. Mas diz ser desagradável “ver gente do tipo Kassab fazendo parceria com o Andres Sanchez pra viabilizar o projeto e se promover”... “A prefeitura de SP está fazendo tudo pra impugnar as obras de reforma do Palestra Itália.”

Estátio em Itaquera (projeto)/Reprodução
Já Felipe Cabañas afirma não se incomodar com o fato do Corinthians “ter tido ajuda política para viabilizar a construção de seu estádio”, lembrando que “o São Paulo também teve, inclusive dinheiro público, o que, até agora, não parece ser o caso no estádio do Corinthians”. Para ele, “o maior auxílio [político] no caso do Corinthians partiu do corintiano mais ilustre, Lula (...) Por que não? Não tem nada escuso aí.”
E diz que “não é a prefeitura que está querendo impugnar as obras [do Palestra Itália], mas a Associação de Moradores de Perdizes e Barra Funda que entrou no Ministério Público alegando que não há estudo de impacto” para tal obra.

Não sei se é a associação de moradores, a prefeitura ou, politicamente, ambos se juntando para atrapalhar as obras do Palestra. O prefeito paulistano, aliás, disse ontem que vai apoiar o Palestra. O que sei, como alguém que morou por mais de 20 anos na região, é que parece quase absurdo se fazer uma obra dessa magnitude naquela confluência entre avenida Sumaré, a rua Turiassu estreita e sufocada pela inauguração de mais um shopping, o Bourbon, e a avenida Pompéia.

A região está quase saturada pela especulação imobiliária que verticalizou o bairro sem que a prefeitura de “dr. Kassab” ou seu antecessor José Serra (sim, ele foi prefeito, lembram?) jamais tenham se preocupado com nada que não fossem os mega interesses ($). É verdade que a cidade tem três estádios históricos, que pedem só reforma, como diz Paulo M no comentário acima citado, e que “de repente, quase do nada (...) aparece assim um quarto como única opção!”

Particularmente, acho que:

1) seria absurdo fazer uma reforma monstro no Pacaembu e seu entorno para abrigar a Copa do Mundo. Aquela região toda é tombada. Um dos poucos locais ainda preservados e aprazíveis da cidade seria destruído. Só se precisa saber o que se vai fazer com o estádio do Pacaembu, que é da população. Se não, uma hora dessas aparece um tucano e privatiza.

2) O projeto da arena do Palmeiras (ao lado) é cercada mesmo por muitos entraves, urbanísticos, burocráticos e até políticos. Se o projeto está sendo boicotado ou não, não tenho condições de dizer. Mas os planos de intervenções na região próxima ao Palestra vão continuar (veja aqui). Nesse contexto, a arena palmeirense teria mais espaço. Mas, a tempo da Copa do Mundo? O presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, ao oferecer o Palestra, disse que não era para abrir a Copa, mas sediar outros jogos que não o da abertura. A verdade é uma só: não interessa à FIFA e aos investidores aproveitar o que já existe.

3) O Morumbi seria a solução mais óbvia, mas estava rifado desde o início pela FIFA. Por questões políticas, pela velha rixa São Paulo F.C. x Ricardo Teixeira e altos interesses financeiros. A FIFA quer porque quer um estádio novo, e ponto. Interesses, minha gente, interesses econômicos gigantescos. Reportagem da revista CartaCapital mostrou isso, semanas atrás (leia aqui: “A ganância vitima o Morumbi”).

4) Finalmente, o campo do Corinthians. Tecnicamente (urbanisticamente) parece ser a melhor solução. Do ponto de vista dos corintianos, se for viabilizado mesmo, finalmente o clube vai ter onde mandar seus jogos. Eu acho justo que o time de maior torcida do estado tenha seu campo e me parece apropriado que uma Copa do Mundo seja um catalisador desse processo. O clube aproveitou o imbróglio e se lançou. Está em seu direito. Diz que não vai haver dinheiro público. Mas nem tudo são flores: o projeto está orçado em R$ 300 milhões, para 48 mil lugares, que seriam bancados pela Odebrecht. Mas não poderia abrir a Copa com esse tamanho. No mínimo, teria que ter 65 mil, mas aí os custos subiriam para R$ 470 milhões. Quem paga a diferença?

Dogma
Aqui, uma observação: virou moda o discurso, quase um dogma, segundo o qual dinheiro público não pode ser usado nessas obras. É o que dizem os porta-vozes da moralidade. Meio hipócrita, isso.

Primeiro, porque, de uma maneira ou outra, por meio de isenções fiscais, contrapartidas ou parcerias, o dinheiro público sempre estará em projetos muito grandes e/ou importantes. Dizer o contrário é faltar com a verdade. O Estado existe também para investir. Ou acham que é só para vender patrimônio? Dizer que esse dinheiro deveria ir para hospitais, escolas etc é sofisma. Em segundo lugar, o dinheiro pago pelo contribuinte nos pedágios paulistas, por exemplo, não é dinheiro público? Por que os defensores da moralidade não falam disso? A Polícia Militar não está em todos os jogos de futebol? E a PM é paga com que dinheiro?

A questão é saber usar o investimento, capitalizar, tornar útil socialmente (como Luiza Erundina tentou fazer com o autódromo de Interlagos e foi impedida pelos direitistas da Câmara). Crime não é o estado investir – se houver transparência –, é deixar apodrecendo o que foi investido, como acontece com algumas obras dos Jogos Pan-Americanos. Quando Kassab e o atual governador, Alberto Goldman, garantiram que não ia haver dinheiro público nas obras, receberam aplausos da mídia. Logo quem.

Repercussão: O jornal britânico Financial Times critica o projeto do estádio corintiano aprovado de surpresa e diz que ele não vai ficar pronto no prazo estipulado pela FIFA. Leia aqui.