Foto: Ricardo Saibun/SFC |
O que incomoda na questão Ganso é a maneira como as coisas se desenrolam, o puro mercantilismo da situação, na qual o caráter das pessoas fica em dúvida. O racha entre Santos e o grupo DIS, ligado ao supermercado Sonda, seria a origem de tudo. A disputa teria começado devido a valores referentes às negociações de Wesley e André. O grupo DIS tem 45% dos direitos de Ganso, o Santos 45% e o atleta, 10%.
Herança
No meio disso tudo, um garoto de 21 anos que todos exigem ter comportamento de homem maduro capaz de resolver altos negócios. A estratégia da DIS e dos representantes do jogador parece ser dar motivos para que a torcida o considere “mercenário”. Assim, estaria mais do que justificada sua saída do clube. Segundo disse o meia Elano na semana passada, o jogador está “mal assessorado” e “dividido” entre “não querer magoar o Santos e não se indispor” com seus assessores.
Ruim para todos
Por fim, embora qualquer jogador tenha direito de trabalhar onde quiser, nesse caso específico seria muito ruim para todos se o desfecho fosse a ida de Ganso para o Corinthians, menos para seus empresários e os que só o lucro satisfaz. Ruim para o atleta, que aos 21 anos ficaria marcado como um profissional antiético e “mercenário” (e quem, nessas circunstâncias, diria que não?); para o Santos, clube que nele investiu e apostou, e vê toda a celeuma envolvê-lo em semana decisiva pela Libertadores; e o Corinthians, que ficaria manchado como um clube de aluguel e presidido por um homem sem palavra.
Por tudo isso, não acredito que o desfecho seja esse. Que vá então para o Milan, se é isso que quer, mas não suje sua imagem.
Veja alguns exemplos de atletas que se mudaram para rivais:
Toninho Guerreiro (centroavante)
Do Santos: 1962 a 1969 para o São Paulo (1969 a 1973)
Pita (meia)
Do Santos (1977-1984) ao São Paulo (1984-1988)
Serginho Chulapa (centroavante)
Do São Paulo (1973-1982) ao Santos (1983-1985)
Cafu (lateral)
Saiu do São Paulo (1989-1994), foi para o Real Zaragoza, onde atuou pouco tempo, voltou ao Brasil em 1995 para o Juventude (então patrocinado pela Parmalat) alguns meses, e daí para o Palmeiras (sob patrocínio da mesma empresa).
Fábio Costa (goleiro)
Santos (2000–2003), Corinthians (2004–2005) e Santos (2006–2010)
Gilmar do Santos Neves (goleiro)
Jogou no Corinthians (1951 a 1961), de onde saiu para o Santos (1961 a 1969).