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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Os goleiros no futebol brasileiro hoje


Cavalieri, do Flu
Aproveito a folga no calendário futebolístico para escrever sobre goleiros. Acho que hoje o futebol carioca está muito mais bem servido de camisas 1 do que o paulista. O melhor goleiro no país atualmente, para mim, é Diego Cavalieri, do Fluminense, formado no Palmeiras. Jefferson, do Botafogo, tem mantido a regularidade, é um ótimo goleiro e tem futuro. Fernando Prass (Vasco) e o ex-corintiano Felipe (Flamengo), mais experientes, se não chegam a ser “craques”, são regulares e dominam a posição. Ou seja, os quatro grandes do Rio estão bem servidos. Não gosto dos badalados Victor (Grêmio) e Fábio (Cruzeiro). Muriel (Inter) parece muito bom, mas precisa de tempo.

Já os paulistas... Creio que, entre os gigantes de São Paulo, o Santos tem o melhor goleiro, e não digo isso por ser santista. Pelo contrário, às vezes a gente tende a ser mais crítico e exigente com o nosso time do que com os outros. Vai abaixo uma análise impressionista sobre os arqueiros de São Paulo, que atuam na posição tão ingrata que nem grama cresce onde eles pisam...

Foto: Ricardo Saibun/SFC
Santos (Rafael e Aranha) - Apesar de minhas críticas, Rafael é regular e tem sido decisivo em jogos em que precisa decidir. Foi assim contra o América do México pelas oitavas da Libertadores do ano passado (relembre aqui) e no jogo de volta das quartas em 2012, quando pegou um pênalti (dez anos antes, Fábio Costa havia feito uma partida milagrosa contra o Nacional do Uruguai, catando três pênaltis). No jogo de ida (Vélez 1 a 0), porém, Rafael tinha falhado feio (do que alguns santistas discordam, mas é só observar).

O goleiro tem muito reflexo. “Ué, mas goleiro tem mesmo que ter reflexo”, alguém poderia dizer. É verdade, mas muitos acabam dançando justamente por não ter. Rafael tem outra virtude: sai bem da meta e é corajoso, quando a bola vem pelo chão.

O problema é que em bolas aéreas costuma errar mais do que se espera de um grande goleiro. Seu reserva, Aranha, demonstra condições de substituí-lo, parece melhor contra a “artilharia aérea”. Mas ele só será o camisa 1 se o Santos negociar o titular, o que não vale a pena, pois este é muito mais jovem.

Em resumo, o Santos não está mal servido de goleiro. Como guarda-metas, Rafael está aquém, claro, das três lendas da história santista: Gilmar, Cejas e Rodolfo Rodrigues. Para mim ele está emparelhado com Fábio Costa (que, diga-se, felizmente escapou da morte em acidente de carro na Rio-Santos, ontem). Fábio tem três títulos com a camisa alvinegra (Brasileiro de 2002 e paulistas de 2006 e 2007) e acho que merecia um fim de carreira mais digno.
Reprodução
Goleiro falha contra Ponte Preta
Corinthians (Júlio César e Cássio) - considerado por alguns como um dos responsáveis pelo título brasileiro de 2011, o agora virtualmente ex-goleiro corintiano Júlio César encontrou o destino óbvio, e melancólico. Na minha opinião, seu grande problema é a instabilidade. Faz grandes partidas e, num campeonato longo como o Brasileiro, seus erros se diluem. Mas em mata-matas, ficou marcado por erros fatais em jogos decisivos: falhou feio na última partida do Corinthians no Brasileiro de 2010 contra o Goiás, que terminou 1 a 1 no Serra Dourada. Com a igualdade, o Timão perdeu a vaga direta para a fase de grupos da Libertadores e foi para a repescagem. Como se sabe, o resultado foi que, graças a Júlio César, o Alvinegro inspirou uma nova pizza na cidade de São Paulo, a pizza sabor Tolima.

Curioso que a falha do arqueiro naquele jogo (reposição errada e gol de presente) foi muito parecida com a que originou um dos gols da Ponte Preta nas quartas-de-final do Paulistão deste ano, quando o time deu adeus ao título paulista. Fora o frango de falta, no mesmo duelo, que terminou 3 a 2 para a Macaca. Quer dizer, Júlio César fraqueja em horas decisivas. No tênis, diríamos: tem cabeça fraca.

Já seu substituto, Cássio, começou bem, salvou o time de perder para o Vasco na Libertadores, mas é cedo para fazer uma avaliação. Parece inseguro e indeciso em bolas altas e ainda não passou por uma prova de fogo.

Palmeiras (Bruno e Deola) - Uma das grandes escolas de goleiros do país – tradição que não se sabe se será mantida – o Alviverde sofre com goleiros inseguros e que vivem sob a sombra de Marcos, um dos maiores da história do país, que se aposentou recentemente.

Reprodução
Marcos já é lenda
O clube que já teve em sua meta Oberdan Cattani, Valdir Joaquim de Moraes, Emerson Leão e Marcos, hoje não tem um arqueiro à altura nem da reserva. Deola acho mesmo um caso perdido. Posso queimar a língua, mas Bruno tem demonstrado ser equivalente. Toma gols bobos, sai mal, não sabe se sai ou se fica.

A ironia é que o ótimo Diego Cavalieri, revelado na Academia, foi negociado com o Liverpool, pois nunca seria titular com Marcos, e agora arrasa no Fluminense, enquanto o Palmeiras padece. Leia também: Marcos deixa os gramados e entra para a história.

Wagner Carmo/ Inovafoto - Vipcomm 
Ceni: mito
São Paulo (Dênis) – O jovem arqueiro são-paulino, como os palmeirense, tem de crescer à sombra de um mito, Rogério Ceni, o maior ídolo da história do clube, não só como goleiro, mas como jogador mesmo. Fora a liderança, o arrogante Rogério Ceni ganhou quase sozinho o título mundial são-paulino contra o Liverpool em 2005 e fez seu centésimo gol contra o rival Corinthians, só para citar dois feitos que me obrigaram a escrever um post, na época, muito acessado neste blog: Para não dizer que não falei de Rogério Ceni.
 
Dênis – pelo que já pude ver – tem grande reflexo. Mas já tem no currículo uma falha grotesca em decisão: na eliminação das semifinais do Paulistão, pelo Santos. A partida estava 2 a 1 para o Peixe, e, quando o Tricolor ia para o abafa, Neymar chutou de fora da área e o arqueiro ficou com as penas do frango nas mãos. É aquela coisa: é em jogos decisivos que um grande goleiro faz história. Goleiro falha, é a posição mais ingrata do futebol. Mas falhar em decisão queima a carreira.

Um grande goleiro não precisa ser espetaculoso. Tem um episódio (contado pelo Júnior, acho) do grande Flamengo de Zico, Júnior, Andrade, Leandro e companhia. Diz que, num certo jogo, o ótimo goleiro Raul levou uma bola no ângulo, e ficou parado. O apelido de Raul Plassmann era “Velho”, pela idade. Zico esbravejou: “Pô, Velho, vai na bola pelo menos! Se for pra ir só nas fáceis, jogo eu no gol”. E Raul respondeu: “Para quê ir se não vou pegar?”

Digo isso porque Rogério Ceni, como Raul, nunca foi um goleiro de dar show, voando espetacularmente em bolas fáceis ou indefensáveis, como era o ex-corintiano Dida, por exemplo. Ceni nunca precisou disso.

domingo, 25 de abril de 2010

Santos 3 x 2 Santo André: jogo duro e vitória incontestável

André - Foto Ricardo Saibun
O Santo André vendeu caro a derrota por 3 a 2, que virtualmente lhe custou o título paulista. Porque supor que vá ganhar do Santos de 2 a 0, 3 a 1, 4 a 2 etc é um exercício de imaginação. A taça deve mais uma vez ficar perto do mar.

O jogo foi realmente digno de uma final. O Santo André dominou o primeiro tempo. Mas é importante dizer que esse domínio foi conquistado, no início, a partir de um estilo brucutu próprio de time pequeno. O Ramalhão começou o jogo distribuindo pancadas e pontapés à vontade sob o olhar complacente do juiz Paulo César de Oliveira. Em nenhum dos jogos contra os times grandes que o Santos venceu (São Paulo três vezes e Corinthians uma) ou mesmo de quem perdeu (Palmeiras) os adversários foram desleais. Por isso eu sempre prefiro jogar contra os grandes. A estratégia inicial do Santo André foi bater.

Conseguindo vencer o primeiro round com esse estilo karatê, o time do ABC abriu o placar aos 35 do primeiro tempo em mais uma falha, entre tantas na temporada, do goleiro Felipe, em bela cobrança de Bruno César. O arqueiro arrumou a barreira do seu lado esquerdo, ficou no direito e tomou o gol aí mesmo. Além de tomar o tento no canto em que estava, demorou um século para ir na bola, e quando foi já tava lá dentro.

Veja os melhores momentos:



(Eu assistia ao jogo no Sportv, porque acho o Milton Leite muito bom narrador. Mas Maurício Noriega é péssimo. Depois de várias bobagens, quando ele comentou que "o Santos fica incomodado quando o outro time joga", eu sinceramente achei demais, mudei de canal e me rendi ao Cléber Machado e companhia).

Após o domínio completo do Santo André no primeiro tempo, quando fez 1 a 0 com justiça (apesar dos pontapés) e poderia ter feito 2 a 0, no segundo tempo, com Neymar baleado, brilharam as estrelas de Ganso, André e Wesley, além de Robinho, cuja movimentação desnorteou a zaga andreense. A estrela de Pará tem brilhado, mas ninguém nota.

André: garra e tática
É marcante a solidariedade tática desse time do Santos, personificada por André. Aos 11 minutos do segundo tempo, ele cobriu Pará na lateral direita e desarmou o adversário pondo a bola em lateral. Um minuto e meio depois, fez 1 a 0, aproveitando de cabeça jogada magistral de Ganso.

Aos 15min e 55segundos, Felipe fez ótima defesa em chute de Rodriguinho. A zaga afastou, a bola sobrou para André, que de calcanhar tocou para Wesley, que passou a Robinho, que devolveu para Wesley entrar pela direita e fuzilar. Desde a defesa de Felipe, tudo isso se passou em 16 segundos! É por isso que, como mostra Paulo Vinícius Coelho, o Santos é hoje o melhor ataque do mundo.

Depois que Wesley ampliou aos 25, depois de uma enfiada de bola espetacular de Pará (o lateral que o Santos tem e não sabe), já era para o Santo André. Que ainda diminuiu depois de voltar a pressionar. O time do ABC fez um grande jogo, mas poderia tê-lo feito sem apelar à violência do início.

A vitória do Santos foi importante para que, quarta-feira, no Mineirão lotado, o time da Vila jogue menos pressionado contra o Atlético/MG pela Copa do Brasil. O Galo, aliás, venceu o Ipatinga na primeira final mineira, fora de casa, pelos mesmos 3 a 2.

FICHA TÉCNICA
Santo André 2 x 3 Santos
25/04/2010 –Pacaembu
Árbitro: Paulo César de Oliveira (SP)
Assistentes: Ednilson Corona e Alberto Poletto Masseira
Público total: 33.354
Renda: R$ 1.770.150,00

Santo André
Júlio César; Cicinho, Cesinha, Toninho e Rômulo; Alê, Gil, Branquinho (Pio) e Bruno César; Rodriguinho e Nunes
Técnico: Sérgio Soares

Santos
Felipe; Pará (Madson), Edu Dracena, Durval e Léo; Wesley, Arouca, Marquinhos e Paulo Henrique (Zé Eduardo); Neymar (André) e Robinho
Técnico: Dorival Júnior

Cartões amarelos: Rômulo, Toninho (SA); Wesley (S)
Cartão vermelho: Toninho (SA)
Gols: Bruno César (SA), aos 35min do primeiro tempo; André (S), aos 13min, Wesley (S), aos 17min e aos 25min, Rodriguinho (SA), aos 38min do segundo tempo

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Santos de Neymar e Marquinhos
bate Corinthians de Felipe

Apenas 9 mil torcedores estiveram na Vila Belmiro neste domingo, pra ver um dos mais tradicionais clássicos do futebol brasileiro. Santos 2 x 1 Corinthians. Pena, porque com o estádio lotado os clássicos são maiores. Mas o presidente do Santos fez a escolha de colocar o preço dos ingressos nas alturas.

Os poucos que viram o jogo na Vila assistiram ao Santos anular e pôr na roda o Corinthians no primeiro tempo, que poderia ter acabado dois ou três a zero. O time da Vila fez uma primeira etapa de rolo compressor, com movimentação constante de Neymar e André, municiados por Paulo Henrique Ganso e Marquinhos, que fez uma partida soberba, pra mim ganhador do “Moto-Rádio” da tarde-noite de domingo. Aos seis minutos o Peixe já tinha perdido dois gols, ambos com Neymar, sendo o segundo ao cobrar mal um pênalti e Felipe (o melhor jogador do Corinthians) fazer grande defesa.

Dorival Júnior armou bem seu time, com Pará como ala pela esquerda e Roberto Brum, improvisado na lateral direita, mas sistematicamente derivando para o meio, como volante. Por conta disso, o Santos variou no primeiro tempo entre o 4-4-2 (do papel) e o 3-5-2 (que desnorteou o Corinthians, fazendo-o perder completamente o meio de campo).

Aos 33 do primeiro tempo, Neymar recebeu um passe primoroso de Marquinhos e fez justiça ao jogo, mandando inapelavelmente no canto direito de Felipe, um gol muito parecido ao marcado contra o Palmeiras no Paulistão do ano passado (veja os gols abaixo).



O Timão demonstrou um nervosismo anormal, como já havia acontecido na estreia na Libertadores, quando venceu o Racing do Uruguai por 2 a 1. A pressão sobre o juiz foi permanente, a começar do treinador Mano Menezes. Os corintianos quiseram apitar o jogo, mas não apitaram. A arbitragem de José Henrique de Carvalho e dos assistentes Celso Barbosa de Oliveira e Giovani Cesar Canzian foi perfeita no primeiro tempo.

2 a 0
No segundo tempo, o Corinthians equilibrou o jogo. Mas, também com um passe magistral de Marquinhos para Neymar, o pequeno craque se viu livre para cruzar com açúcar e André arrematar com categoria, aos 14 minutos. Como o Timão nunca está vencido, quando o jogo parecia resolvido, Dentinho diminuiu para 2 a 1,”achando” um gol aos 23 minutos (pra não dizer que fui eu, foi o Caio Ribeiro, na Globo, quem usou o verbo achar).

Quando o time do Mano partiria pra cima, teve Moacir e Roberto Carlos expulsos. Já tinham dois cartões amarelos e não tinha o que discutir. Mesmo assim, com nove em campo, o Corinthians, como sempre, não estava morto. Com o Timão, a partida só acaba quando termina.

E, numa falha clamorosa de Felipe, que deixou um cruzamento passar na pequena área, Tcheco não fez de cabeça porque a sorte do Santos não quis. A falha de Felipe foi a mesma do gol do Rio Claro no Pacaembu, no domingo de carnaval, que quase custou a derrota ao time. Para mim, em forma, Fábio Costa ainda é titular.

PS (22h18 do dia 1° de março): José Trajano, no programa "Linha de Passe" (ESPN-Brasil) desta segunda-feira, criticou o chororô corintiano, as atitudes do técnico Mano Menezes e resumiu: "O Santos está sendo acusado de jogar bonito".

Atualizado às 21h25 do domingo