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terça-feira, 12 de julho de 2011

BNDES recua, inviabiliza fusão Pão de Açúcar-Carrefour e evita mancha no governo Dilma

É oficial. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a suspensão do que seria sua vergonhosa participação na operação de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour, com aporte de nada menos do que R$ 4 bilhões.

Um financiamento público para viabilizar um negócio que prejudicaria a concorrência, afetaria o bolso do consumidor, o mercado de trabalho (com perdas ao trabalhador, claro) e o pequeno comércio, cada vez mais sufocado pelas grandes redes, negócio que, como diz post anterior sobre o tema (leia aqui), faria o cidadão “pagar do seu bolso a omissão do governo brasileiro quanto à sua função de regulador do mercado”. Em suma, um escândalo com potencial de manchar gravemente o governo Dilma Rousseff para sempre.

O BNDES tomou a decisão, segundo nota divulgada no início da noite, “frente ao comunicado do Conselho de Administração do Grupo Casino (sócio francês do Pão de Açúcar)”, que rejeitou a proposta de associação entre as empresas.

Negócio por negócio, continuemos, pois, no post abaixo, que trata da tentativa do Corinthians de recontratar o ídolo Carlitos Tevez, assunto com certeza mais divertido, embora, pelos valores envolvidos, seja quase inacreditável.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Pão de Açúcar e Carrefour: mais uma vez, quem vai se ferrar é o consumidor

Se a fusão se concretizar, o cidadão vai pagar do seu bolso a omissão do governo brasileiro quanto à sua função de regulador do mercado


A rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, zona Oeste de São Paulo, é um dos centros comerciais de varejo mais importantes da capital paulista e mesmo da Grande São Paulo. Ali, você encontra de tudo, principalmente roupas, móveis e eletroeletrônicos.

Mas as coisas estão mudando por ali. Por exemplo: você entra numa loja do Ponto Frio para saber quanto custa um aparelho eletrônico, digamos uma TV 32’’. O preço é R$ 1.199,90. Você olha o produto, pede informações sobre ele e diz ao vendedor que volta depois. Você sai e, na loja ao lado, a Casas Bahia, pergunta o preço do mesmo aparelho. A vendedora, com um sorrisinho maroto, diz:

– É o mesmo preço da casa ao lado. É do mesmo dono.

Isso já aconteceu comigo e acontece a toda hora. Cada vez mais, no Brasil. E onde está o Conselho Administrativo de Defesa Econômica*, o famoso Cade, subordinado ao Ministério da Justiça?

Um grande empresário da região de Osasco, numa entrevista em seu escritório há três ou quatro anos, me disse que, se o Cade funcionasse, a Gerdau, potência na produção de aço no país, não faria o que quer no mercado.

Sobre a polêmica, e ainda não concretizada, fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour, o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior, disse o seguinte hoje, publicado em toda a imprensa: "A concentração gera aumento de preços. No mínimo, desestimula a queda. Tira um concorrente peso-pesado do mercado. A fusão vai gerar uma concentração bastante pesada. Quando junta os dois, gera uma empresa que passa a ser a terceira maior empresa brasileira, só atrás da Petrobras e da Vale".

Pellizzaro Júnior continua: "A grande pergunta é: qual é a função do BNDES? Ele tem função de fomento, não de lucro. Isso traz benefício para o brasileiro? Enquanto a gente vê micro e pequenas empresas pagando juros acima da realidade, vê dinheiro público nessa operação que não é produtiva, mas especulativa".

Você discorda da avaliação do presidente da entidade de dirigentes lojistas? Não tem como. A questão, como se vê, vai da indústria ao comércio. Pois a questão da concentração econômica também está no cerne da fusão entre Sadia e Perdigão, que redundou na BRF - Brasil Foods. E também estava no cerne da criação da Ambev.

A crítica mais cabal à operação de fusão Pão de Açúcar-Carrefour é a que acusa o BNDES, uma instituição pública, de participar de um negócio que vai prejudicar enormemente um único ator social: o consumidor. Que, cada vez mais, está submetido à vontade vampiresca dos oligopólios, com a bênção do governo brasileiro. Seja o governo de Fernando Henrique, seja o de Lula ou Dilma Rousseff.

Atualizado às 12:01