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domingo, 8 de outubro de 2017

Obama, go home!



Foto: Agência Brasil


Por Leonardo Attuch, no Brasil247


O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, iniciou pelo Brasil a sua nova carreira de palestrante internacional. Como todo ex-presidente de relativo sucesso e certo apelo para públicos corporativos, como Bill Clinton, Tony Blair, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, Obama decidiu ganhar a vida honestamente vendendo palestras e arrecadando recursos para seu instituto – nos Estados Unidos, essa atividade ainda não foi criminalizada.

Em São Paulo, Obama repetiu suas platitudes de sempre. Disse que sistemas previdenciários precisam ser sólidos, que o mundo precisa de mais tolerância, que o futuro pertence às novas lideranças e que só progridem aqueles países que investem em educação. Um blablablá óbvio, mas que seduz engravatados dispostos a tirar suas selfies num evento com um popstar da política internacional.

No entanto, como Obama escolheu o Brasil para recolher seus primeiros dólares, é importante recordar o que foi a política externa norte-americana para o País em sua gestão. Em 2013, o site Wikileaks, de Julian Assange, e o agente Edward Snowden, da NSA, revelaram que os Estados Unidos espionaram vários líderes internacionais, como a primeira-ministra alemã Angela Merkel e a presidente Dilma Rousseff. No Brasil, o foco central da bisbilhotagem era a Petrobras e o pré-sal – um fato óbvio diante da obsessão norte-americana por garantir sua segurança energética, ainda que isso envolva guerras, invasões e apoios a golpes de estado.

Obama se viu forçado a explicar a natureza dessa espionagem num encontro de cúpula do G20 em São Petersburgo, na Rússia, em 2013, mas suas justificativas não foram convincentes e as relações Brasil-Estados Unidos permaneceram congeladas até 2015, quando ele recebeu Dilma nos Estados Unidos. Nesse período, no entanto, o golpe parlamentar de 2016 foi sendo arquitetado – ao que tudo indica, com apoio informal norte-americano. Qual foi a primeira mudança relevante no Brasil pós-golpe? O modelo de exploração do petróleo, que deixou de ser o de partilha, que garantiria mais recursos à União, e passou a ser o de concessões.

No primeiro leilão, realizado em setembro, a maior compradora foi a norte-americana Exxon. Nos próximos, virão a Chevron, a Shell e outras multinacionais. Com a partilha, previa-se que os recursos do pré-sal seriam destinados prioritariamente à educação num governo cujo lema era "Pátria Educadora". Agora, no Brasil da "Ordem e Progresso", os gastos públicos foram congelados por vinte anos e a educação será uma das primeiras vítimas. A UERJ praticamente paralisou suas atividades, o reitor da UFSC se matou, após ser vítima de um justiçamento midiático, e, em breve, será proposto o fim da gratuidade nas universidades públicas. Com a educação sucateada no Brasil, a elite, cada vez mais, envia seus filhos para universidades internacionais – o que reforça a lógica da dominação cultural.

Dizer que o futuro das nações depende de investimentos em educação é fácil, Obama. Fazer, depende de governos nacionalistas e capazes de se proteger contra dominações imperiais.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Por que Sérgio Moro pediu a apoiadores para não irem a Curitiba dia 10?


Quais os motivos que levaram o magistrado da 13ª Vara Federal de Curitiba a pedir a apoiadores e simpatizantes, pelo Facebook (veja vídeo abaixo), para não irem a Curitiba nesta quarta-feira (10), quando está prevista uma grande manifestação a favor de Lula na capital do Paraná, também conhecida como República de Curitiba?

Perguntei a opinião a algumas pessoas. Eis as respostas:



Marco Ferreira, artista plástico (Brasília)  - Isso não merece comentário que não seja de condenação. Ele, Moro, é prefeito de Curitiba? 

Roseli Costa, professora (São Paulo) - O juiz Sérgio Moro antevê um vexame na defesa de seu já abalado "sucesso". Prevê um número risível de adeptos da "Farsa-Jato" perante o grande apoio a Lula. Antecipa-se, dizendo que não é para ir e depois, diante do vazio de apoiadores, explicar: "Fui eu quem pediu!". Também com essa declaração posa de cidadão do bem, que não quer confusões, bem como divide as já fragmentadas opiniões dos brasileiros e causa manchetes na mídia golpista, tal como esta: "Depoimento de Lula gera toque de recolher". Tais palavras tentam ainda mais contrapor o "bom moço" Sergio Moro X o "culpado de tudo" Lula...

Tatiana Fernández, professora (Brasília) - A primeira ideia que a mensagem traz é a menos importante. Ele parte da suposição de que há muita gente que apoia esse processo. E pode haver, desde que ´"muita" tenha uma relação com alguma quantidade de alguma coisa. Ele quer dizer então que há muita gente que o apoia, e que ele prefere que não apareçam. As razões para não aparecer que ele dá são mais preocupantes. Ele pede que não apareçam para não dar confusão, para ninguém sair machucado. Parte da imagem de enfrentamento e deixa no ar a ideia de que os apoiadores do ex-presidente Lula são violentos. Ou que são muitos? Mas todos sabem que manifestantes fascistas, que o apoiam, jamais pedem paz e amor. Ele pode estar com medo deles estragarem mais ainda a sua imagem. O que fica cada dia mais evidente é que o apoio à Lava Jato foi artificialmente criado com robots de media social e marketing pago, como os outdoords em Curitiba. Não há gente atrás disso, há corporações. 

Carmem Machado Luz, editora de arte (São Paulo) - Outro dia li ou ouvi no rádio que um juiz soltou os dois policiais que foram filmados executando dois caras rendidos e algemados alegando que foi pelo "clamor popular". Como assim? Isso é justiça ou justiçamento? Além de terem sido filmados (prova) esses policiais respondem por vários inquéritos de "auto de resistência" ou "resistência seguida de morte".
Desde que me entendo como um ser pensante não confio muito na Justiça, depois veio o conceito de que ela é feita pela elite para a elite. Só que nesse processo do Golpe alguns juízes estão extrapolando, além da conta, como esse excelentíssimo senhor Sérgio Moro que com sua fala nas redes sociais prova, mais uma vez, que tem um lado e, pelo que eu saiba, numa democracia, um juiz não pode ter lado nenhum e tem que julgar pelas provas e não por convicção. 

Paulo Maretti, revisor (São Paulo) - Acho que o embate entre a direita e a esquerda está se acirrando e ficando mais difícil pra eles depois da greve geral, das pesquisas apontando o favoritismo de Lula em 2018, e do fato de Lula estar se apoiando nisso pra rechear seu discurso contra as forças malignas deste país. Lula é uma figura poderosíssima, capaz de derrotar todo o aparato político, jurídico e midiático que favorece os golpistas. Tenho percebido que a direita brasileira é fascista mas medrosa. Está com medo não da pessoa do Lula, mas do mito Lula. Derrubar um mito é um tremendo desafio. Moro, além de querer aparecer como porta-voz e defensor leal da ordem e do progresso, pretende evitar um grande contingente de pessoas presentes no depoimento para não atrair holofotes. Quanto mais gente houver, mesmo que em apoio à temporada de caça ao presidente, maior terá de ser a cobertura da mídia, o que não convém aos propósitos golpistas de tornar os fatos o mais ocultos possível. Certamente não à toa Lula vai prestar depoimento dois dias depois das finais dos campeonatos estaduais de futebol em todo o país. O futebol, qualquer um sabe, sempre foi instrumento de manipulação das massas. Sérgio Moro é um pau mandado. É um juiz que apita um jogo de interesses contrários aos interesses dos trabalhadores e favoráveis ao grande capital. Boa enquete. Aproveitando o momento, grande abraço a todos.

José Arrabal, escritor (São Paulo) - A recente fala de Sérgio Moro não surpreende. É farsa midiática, expressão promocional de seu costumeiro espetáculo de ilegalidades processuais. Ele se faz de bom moço justiceiro, mas está ciente de que seus capangas fascistas vão se manifestar com o mesmo ódio e a mesma violência de sempre. Os intolerantes cartazes contra o presidente Lula, nas ruas de Curitiba, comprovam essa prepotência. Triste verdade também é que a Lava Jato de Moro cumpre seus seletivos propósitos políticos através de evidente desrespeito ao Direito, das normas Constitucionais e do Processo Penal. Com procedimentos corruptores da Lei, mantém perseguições pessoais obsessivas. Assim serve ao golpe de Estado e à manutenção dos atentados praticados contra a soberania nacional pelo governo ilegítimo de Michel Temer, que corrói as conquistas democráticas do passado, desqualifica os direitos trabalhistas, produz um quadro criminoso de desemprego na cidade e no campo, interrompe programas de atendimento social, reduz as oportunidades de educação da juventude e de modo perverso prejudica em especial as camadas mais pobres da população, enquanto concentra polpudos bens nas mãos dos poucos mais ricos, distribui as riquezas estratégicas do país às corporações estrangeiras e já principia a entregar a Amazônia para as  tropas do exército dos Estados Unidos. Triste sina, triste momento. Na sua hora e sua vez o povo organizado, mobilizado nas ruas, há de cuidar e dar melhor destino a tudo isso! Fora Temer!  

Alexandre Maretti, fotógrafo (São Paulo) - O bom moço falando, exemplo de ética. Os pregadores da ordem e progresso.

"Tudo que se quer evitar é alguma espécie de confusão e conflito." Pode ser que ele queira dizer exatamente o contrário,.. Tudo que queremos é confusão e conflito, mas que parta dos malditos comunistas. Curioso é que ele não se dirige a manifestantes de apoio ao Lula, mas somente aos que apoiam a Lava Jato. Há uma comitiva se preparando para esse dia e certamente haverá manifestações e não será só em Curitiba.

Ele deve saber disso.

É claro que há um complô. Novas pesquisas indicam que Lula pode voltar à presidência e pra isso a direita já está tomando providências, impedir novas eleições em 2018.  E como sabemos que os EUA conseguiram  manipular o sistema brasileiro, será difícil retomar o desenvolvimento, e esse processo retrógrado é muito profundo, mas sempre temos saída pras coisas.  Mas penso que o sistema embrionário deles está crescendo e num futuro bem próximo, se der tudo certo para eles (já está a meio caminho, embora o momento esteja meio indefinido e confuso), será implantado um sistema definitivo, mais ou menos parecido com a ditadura militar.  Se possível, o Lula não irá novamente ao poder se não tiver uma forte resistência. O Lula é a maior referência de esquerda e uma das mais carismáticas lideranças no Brasil e quem sabe do mundo. Não podemos perdê-lo agora.

A partir de quarta feira as manifestações podem aumentar, o apoio popular a Lula. As manifestações podem ficar mais intensas e aí o bicho vai pegar. Curitiba vai fechar quarta feira porque Moro quer?!! O Moro está com medo e pode precisar de reforços...



quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Crônica sobre o golpe – a República de bananas e a esperança



Algumas sementes vão virar árvores

Comentei ontem no Facebook achar engraçado que, por ingenuidade ou falta do que falar, as pessoas perguntavam na semana passada, ironizando: “Cadê a Lava Jato?, cadê o Moro?, cadê, cadê???”

Para os incautos que parecem não compreender o que se passa no país, a resposta veio ontem, com a denúncia do procurador Deltan Dallagnol contra Lula, baseada em uma apresentação tosca de powerpoint que culminou com a já histórica frase: “Não temos como provar, mas temos convicção”.

Como disse o Kiko Nogueira , parece que definitivamente “transformaram o Brasil no Paraguai”.

A verdade é que não se pode mais prever aonde chegaremos na história desta triste República de Bananas.

Mas, realmente, só os incautos (“que ou o que não revela malícia; crédulo, ingênuo” – Michaelis) poderiam esperar algo diferente em relação a nossas instituições. Na semana passada, o escritor Fernando Morais, em entrevista, afirmou: “Só um idiota completo pode imaginar que Globo, Fiesp, extrema direita, Folha, Estado, Editora Abril, Ministério Público, Policia Federal vão fazer o que fizeram para entregar a presidência da República de bandeja pro Lula de novo”.

No mesmo dia 31 em que o espetáculo farsesco do impeachment no Senado derrubou Dilma Rousseff, conversei com o velho socialista Roberto Amaral, que vaticinou: “para se precaver, no que for possível, tentarão destruir o Lula. Destruir o Lula como imagem, como símbolo, até destruí-lo como político, com essas tentativas de processá-lo para ver se até 2018 conseguem uma condenação que o afaste do processo eleitoral. Isso é um jogo tão evidente, as cartas estão tão claramente postas na mesa que eu não entendo que possa haver qualquer dúvida”. A entrevista está neste link .

Outra figura que tem o estranho hábito de teimar em compreender a conjuntura e interpretar os sinais é o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, de quem tive o privilégio de ser aluno na PUC-SP, lá se vão anos. Em novembro do ano passado, num evento na Assembleia Legislativa, ele disse que a sociedade está “enfeitiçada” pela manipulação da mídia. “Só as versões se tornam realidade, ao ponto de as pessoas não saberem mais o que é real e o que não é.”

Em março (mais de um mês antes de o impeachment passar na Câmara), em entrevista que fiz com ele, Laymert disse: “Não acho que o fascismo vai vir, ele já está aqui”. Acrescentou: “Estamos vivendo uma espécie de fascismo de rua, mas ele é concomitante com toda uma argumentação jurídica que está sendo construída, que é ilegal e inconstitucional, uma ruptura com o regime democrático e com os princípios da Constituição. Estamos vendo a construção disso tudo, através das violências jurídicas e do estabelecimento de uma nova jurisprudência, entre aspas, que lembra muito o tempo do fascismo” (a entrevista de março está aqui).

Precisamos deixar de ser crédulos. Eu deixei de clamar "Não vai ter golpe" em 17 de abril de 2016, quando daquele espetáculo dantesco na Câmara dos Deputados, que manchou a história do Brasil. O golpe foi ali, sob o comando de Eduardo Cunha, que só caiu quando não interessava mais.

É preciso reconhecer que a esquerda não está unida, como alguns fingem acreditar, e entender que é preciso bem mais do que a esquerda se unir pela democracia. É preciso a união de todos os democratas do país, de Jean Wyllys a Kátia Abreu, dos socialistas aos liberais progressistas. Não tem outra saída.

Em 26 de agosto, no decorrer do espetáculo de teatro no Senado, a senadora Gleisi Hoffmann, dirigindo-se ao presidente do STF que presidia a sessão, Ricardo Lewandwski, manifestou a angústia que milhões de brasileiros hoje sentem: “Não querem sequer que tenhamos direito à indignação? A quem vamos recorrer? Será que vamos poder recorrer ao Supremo Tribunal Federal quando a nossa Constituição é vilipendiada?”

O que se pode acrescentar a essa justa manifestação de indignação de Gleisi?

Talvez só haja uma esperança, e ela está dentro de uma frase que Lula disse hoje em seu discurso para se defender das acusações do Ministério Público: "Essa meninada que evitou o Alckmin de fechar escolas, que está vindo para as ruas para reivindicar democracia, essa meninada é o Lula multiplicado por milhões”.

O amigo José Arrabal, da geração que, como Laymert, sofreu as mazelas do regime militar, também vê motivos de otimismo na geração que vem por aí, e acredita numa nação simbolizada "em Dilma e em Rafaela Silva, a campeã olímpica da Cidade de Deus”, como disse no dia do golpe no Senado (aqui).
A esperança é essa: que as sementes (como o menino da foto deste post) deem frutos. “Para ver que algumas sementes chegam a árvores”, como escreveu minha amiga Camila Claro em dedicatória que fez num livro pra mim, em 2002, e lá se vão 14 anos.

segunda-feira, 23 de março de 2015

O Brasil do lulismo, segundo André Singer


                                                                             Foto: Eduardo Maretti


A crise vivida pelo governo Dilma Rousseff no início do seu segundo mandato, os desafios do PT decorrentes de ter se afastado das bases e do “caráter politizador” que tinha nas origens, a frustração causada no eleitorado da presidente por ter adotado soluções como o ajuste fiscal, que contradizem a plataforma de campanha, o ódio ao PT por parte de setores significativos da chamada elite. 

Esses são alguns dos temas comentados pelo cientista político André Singer, que entrevistei para a RBA na semana passada. Para Singer, ao iniciar o 13° ano no poder, com a presidente Dilma Rousseff, o lulismo enfrenta seu maior desafio, assim como o PT do ex-presidente e da atual chefe do Executivo brasileiro.

Ex-secretário de redação da Folha de S. Paulo, ex-secretário de Imprensa do Palácio do Planalto e ex-porta-voz da Presidência da República no primeiro governo Lula, Singer fala também do conceito de realinhamento eleitoral, “elaborado nos Estados Unidos para designar a mudança de clivagens (divisões) fundamentais do eleitorado”, que aborda em seu livro Os Sentidos do Lulismo (2012, Cia. Das Letras).

Veja alguns trechos da entrevista e, abaixo, os links para a íntegra.

Esquerda e eleições

A esquerda não disputa eleições só para ganhar. É claro que também para ganhar. Mas ela disputa para educar, para politizar a população. Para mostrar que existe um programa alternativo àquele da classe dominante que pode ser implementado, e ganhar apoio para esse programa.

(...) A transformação social que vem ocorrendo, de 2003 para cá, não foi acompanhada de uma ação pedagógica. O PT abriu mão do seu caráter politizador.

Governabilidade, PMDB, Congresso

A aliança com Sarney é anterior a 2005. Em 2005, o que ocorre é uma tentativa de aliança com o conjunto do PMDB. Tenho dito uma coisa desde 2007 que vou repetir aqui: alianças parlamentares para a manutenção da governabilidade são justificáveis. Porque o governo, qualquer governo, chega ao Executivo e tem que dialogar, ter uma relação produtiva, digamos assim, com o Parlamento. Ele não pode escolher o Parlamento, que é escolhido pela sociedade. É preciso respeitá-lo e negociar com ele. Os pactos parlamentares que dão sustentação a uma ação executiva são justificáveis, desde que a política do Executivo seja justificada. E acho que as políticas do Executivo brasileiro desde 2003 para cá foram políticas sociais importantes. Foi feito um combate efetivo à extrema pobreza, à miséria, houve uma redução da desigualdade.

Se para isso foi necessário se estabelecerem determinadas alianças parlamentares, foi um preço a pagar para se lidar com a realidade. E esse preço que foi pago produziu frutos reais, avanços reais na direção de um programa de maior igualdade, que é um programa de esquerda. Agora, essas alianças não deveriam se transformar em alianças eleitorais. Quando se transforma isso em uma aliança eleitoral, você não se apresenta para o eleitorado com cara própria.

Economia e ajuste fiscal - Dilma Rousseff

Primeiro mandato - O governo Dilma, no primeiro mandato, foi muito corajoso, entre meados de 2011 e final de 2012, tentando alavancar a economia com industrialização e distribuição de renda. Para fazer isso, ela adotou o que eu chamo de ensaio desenvolvimentista. Talvez tenha sido, durante todo o período do lulismo, o mais nítido ensaio desenvolvimentista que ocorreu na política econômica. Os juros foram reduzidos para um patamar de 2% reais ao ano, não nominais, que é uma aproximação importante da taxa de juros internacional. Houve uma política de controle cambial, e simultaneamente de investimento público por meio do PAC. Naquele momento houve uma transformação do chamado tripé macroeconômico neoliberal.

Segundo mandato - Certamente existiria (alternativa ao ajuste fiscal e à política econômica adotada por Dilma no segundo mandato). Insistir em reativar a economia brasileira e resolver o problema dos gastos públicos por meio do aumento de receitas que adviria da própria reativação da economia.
O que aconteceu, por razões que eu não compreendo muito bem, é que a presidente Dilma resolveu fazer uma campanha dizendo isso (apontando para uma política desenvolvimentista). E acabou sendo eleita com essa plataforma. Foi uma eleição apertada, e nesta diferença pequena que se consolidou no segundo turno esse discurso teve um papel de catalisador, que animou muita gente a ir pra rua fazer campanha. 

Hoje, em face do que está acontecendo, eu digo que foi um erro. Se ela não tinha a avaliação de que poderia desenvolver essa política, não deveria ter feito a campanha nesses termos, porque a mudança entre o que se diz o que se faz, em termos eleitorais, cobra um preço muito alto. O eleitorado costuma não perdoar esse tipo de mudança. Criou-se uma expectativa de uma política diferente e uma certa base política para uma outra tentativa de reativar o crescimento que, no meu entendimento, é o que foi prometido explicitamente na campanha. Agora, se existe uma avaliação de que as medidas necessárias para isso seriam medidas que não teriam base política, isso tem que ser explicado para a sociedade, para o eleitorado e também para a militância que apoiou essa proposta.

Íntegra da entrevista

Leia também:

quarta-feira, 11 de março de 2015

A questão é: até que ponto a “revolta” financiada pela elite golpista vai contaminar a nação?


"Não há vítimas inocentes" (Jean-Paul Sartre)


Logo após o segundo turno de 2014, mais precisamente em 28 de outubro, estive numa coletiva do presidente do PT, Rui Falcão, da qual participou o deputado estadual Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, em que ele foi questionado sobre os porquês do fracasso eleitoral do partido em São Paulo, a vitória acachapante de Geraldo Alckmin no estado e a dificuldade do partido até mesmo nas periferias da grande São Paulo que historicamente são seus redutos.

Edinho elencou alguns fatores, como a falta da abordagem de temas regionais pela imprensa, a manipulação de informações relativas à agenda nacional que ocupa as manchetes diuturnamente, com denúncias de corrupção contra o PT, a legislação eleitoral (falta de reforma política) e a crise econômica. Mas me chamou a atenção um outro fator mencionado por ele na ocasião.

Ele citou o ótimo livro Os sentidos do lulismo, de André Singer, do qual se depreende um fato sociológico preocupante: constata-se que a população beneficiada pelos programas sociais e pela política dos governos do PT ascendeu socialmente nos últimos 12 anos – com todas as benesses que o mercado de consumo proporciona – sem que trouxesse (ou levasse) consigo os valores da solidariedade, ou a preocupação social com um país mais justo.

Em outras palavras, os milhões que sob Lula e Dilma conseguiram comprar carros, geladeiras, televisores, mais carros, computadores, celulares e outras dádivas do mercado de consumo, ascenderam socialmente, mas não incorporaram as premissas ideológicas que nortearam a opção do Partido dos Trabalhadores pelos pobres. Ainda que esta opção socialista-reformista (e não revolucionária, como muitos ingênuos exigiam e exigem) tenha beneficiado milhões de pessoas, esses milhões de pessoas chegaram a um patamar social apenas materialmente mais alto, já que continuaram deseducadas cultural e politicamente.

Cada cidadão desses milhões de pessoas não está pensando na possível evolução de seu vizinho como membro de uma comunidade, de um bairro, uma cidade, um estado ou um país. Não. Está pensando em ter um carro mais bonito e mais novo do que seu vizinho, um celular capaz de aguentar mais aplicativos, não mais um tênis de 100 reais, mas um de 300. Não pensam no seu quarteirão, no seu bairro, na sua cidade. Pensam em si mesmos, exatamente como a elite branca.

Os valores que carregaram consigo em sua ascensão foram os do individualismo disseminado nas novelas, nos programas de televisão canalhas, BBBs, a cultura fornecida pelas emissoras graças à concessão pública e às verbas publicitárias oficiais que pagam esse lixo.

Não quero dizer que apenas a televisão e sua ideologia, com suas denúncias e sua práxis inspirada em Goebbels, devam ser as causas do que está acontecendo. Mas o golpismo encontra terreno fértil para proliferar nesse deserto ideológico habitado por uma população ávida por consumo, mas que já não se satisfaz apenas com ele e não tem consciência do que lhe falta. É triste.

Mais ainda, numa conjuntura em que a opção pelo mercado interno já não funciona: o preço das commodities em queda não pode mais financiar a opção pelo consumo que foi a mola do sucesso econômico do governo Lula, e além disso a economia está se desindustrializando.

De resto, é essa população aparvalhada pelo consumismo cada vez mais difícil, sem valores sociais, sem solidariedade, o que realmente mais assusta no Brasil de 2015, mais ainda do que o Brasil que emerge sob as badaladas golpistas dos diferenciados que fazem panelaços de seus apartamentos em Higienópolis (que nome mais apropriado para um bairro!) e no Leblon.

Ouvi hoje de um pequeno empresário, dono de um “lava-rápido”, ou, ironicamente, um “lava-jato” (sic), um amigo de bairro, reclamações intermináveis sobre o país, “que nunca esteve tão difícil”, “nunca houve tanta roubalheira”, “assassinos de crianças ficam dez anos presos e são soltos”, “acho que sua amiga (ironia do meu “amigo”, referindo-se a Dilma Rousseff) não termina o mandato não”. Além de individualista, os homens e mulheres que compõem o povo têm ideias confusas e não têm memória.

Evidente que os governos petistas têm responsabilidade sobre esse aparente beco sem saída, esse estado de coisas. A aposta no consumo desenfreado (que alimenta a vaidade, mas não o espírito), um certo “dar de ombros” à necessidade de se educar a população mais pobre enquanto esta ascendia socialmente graças aos programas sociais, a falta de estratégias de comunicação eficientes, tudo isso agora está pesando enormemente na conta.

Resta esperar para ver até que ponto essa “revolta” financiada pela elite inescrupulosa e historicamente golpista deste país vai contaminar as camadas da população que têm votado no PT nos últimos 12 anos e, consequentemente, a nação. 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Dilma na PUC, na rua Monte Alegre


O que mais me marcou no belíssimo ato político do Partido dos Trabalhadores no Teatro da PUC de São Paulo, o Tuca, ontem dia 20, foi aquela multidão de jovens com expressão forte e determinada, mas alegre e falando do futuro. Sem ódio, sem preconceitos, só mesmo querendo um mundo melhor.

ICHIRO GUERRA / DIVULGAÇÃO


Sou um “filho da PUC”, como se diz, onde me formei em Comunicações em 1988, quatro anos depois das Diretas Já e um ano antes de Fernando Collor de Mello ser eleito presidente do Brasil, o que obscureceu o futuro de minha geração naquele momento.

Por isso, o evento no velho Tuca da PUC, onde aprendi coisas e conheci pessoas fundamentais, teve também um significado afetivo. No período em que fui estudante de jornalismo na PUC, D. Paulo Evaristo Arns era arcebispo de São Paulo e influenciava decisivamente a universidade católica. Era uma época em que a PUC era barata e era um ambiente politicamente efervescente. Dom Paulo foi um dos responsáveis pela eleição de Luiza Erundina em 1988.

Fora o aspecto histórico-afetivo pessoal, o ato político no Tuca desta reta final de campanha, que reuniu Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, teve um caráter político ao mesmo tempo simbólico e concreto. No palco desse teatro emblemático de São Paulo, estavam reunidas lideranças políticas como Fernando Haddad, o ex-presidente do PSB Roberto Amaral, Gilberto Maringoni do PSOL, Michel Temer, artistas e intelectuais como Alfredo Bosi, Zé Celso Martinez Corrêa e Raduan Nassar, entre muitas outras figuras.

O grande jurista Celso Antonio Bandeira de Mello também estava no Tuca. Disse ele, em seu discurso, que Aécio Neves é “uma folha em branco”.

No palco do Tuca, como escrevi na matéria para a RBA, a escritora e artista plástica negra Raquel Trindade fez discurso emocionado, no qual clamou pelo Estado laico, pela diversidade cultural e pelo direito de culto. Ela contou que viveu um momento difícil quando da ascensão da ex-candidata Marina Silva (PSB) nas pesquisas. “Entraram no meu quintal e quebraram os assentos dos meus orixás. Todas as religiões têm de ser respeitadas. Nós vivemos num país laico”, disse ela, que naquele momento parecia uma mãe de santo.

O evento no Tuca me deixou otimista. Pelas notícias, Pernambuco também registrou um evento importante nesta reta final, quando a militância petista costuma decidir.

E a pesquisa Datafolha – que dá 4 pontos percentuais de Dilma sobre Aécio, com crescimento da presidente entre mulheres, entre a população de 2 a 5 salários mínimos e no Sudeste do país – já revela o que se divulgava nos trackings na sexta-feira, dia 17.

Acredito que a única coisa que pode evitar a reeleição de Dilma é o imponderável – inerente à política brasileira desde sempre.

Como se diz no futebol, "somos favoritos, mas ainda não ganhamos nada". No entanto, ao ver aquela multidão de jovens na rua Monte Alegre, pensei em Brecht, que escreveu:

Mas quem é o partido?
Ele fica sentado em uma casa com telefones?
Seus pensamentos são secretos, suas decisões desconhecidas?
Quem é ele?

Nós somos ele.
Você, eu, vocês — nós todos.
Ele veste sua roupa, camarada, e pensa com a sua cabeça
Onde moro é a casa dele, e quando você é atacado ele luta.

Mostre-nos o caminho que devemos seguir, e nós
o seguiremos como você, mas
não siga sem nós o caminho correto
Ele é sem nós
o mais errado.
Não se afaste de nós!
Podemos errar, e você pode ter razão, portanto
não se afaste de nós!

Que o caminho curto é melhor que o longo, ninguém nega
Mas quando alguém o conhece
e não é capaz de mostrá-lo a nós, de que nos serve sua sabedoria?
Seja sábio conosco!
Não se afaste de nós!

(Bertolt Brecht)

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Índice de Desenvolvimento Humano, Cantanhêde e a retórica tucana


Ontem, estava dando uma olhada nos jornalões quando me deparei com o texto “Bom, mas tem de melhorar”, da nossa Eliane Cantanhêde, sempre ela, na Folha. O tema é o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), cuja evolução, segundo Cantanhêde, “confirma que o Brasil, mesmo que aos trancos e barrancos, vai no bom caminho”. 

Continua a colunista: “foi sob o comando do sociólogo Fernando Henrique Cardoso e do grande líder de massas Luiz Inácio Lula da Silva que o país efetivamente deu seu grande salto”.

Comentando o fato de o IDH do Brasil ter melhorado 47,5% em 20 anos, a fã dos partidos de “massa cheirosa” nota que “o maior salto” desse avanço é no Norte/Nordeste, mas o Sul/Sudeste continua "na dianteira” e São Paulo, “locomotiva do Brasil” é a terra de onde “o carioca Fernando Henrique e o pernambucano Lula saíram para o Planalto e para mudar a cara do país”.

Realmente é notável que Cantanhêde coloque o metalúrgico de Garanhuns e o perfumado professor da Sorbonne lado a lado, como dois homens que mudaram “a cara” do Brasil.  

Mas a colunista, evidentemente, não poderia jamais admitir que o “salto” do Nordeste, “o maior” entre as regiões brasileiras, e que realmente começou a mudar a cara do país, foi incentivado pelo metalúrgico barbudo, e não pelo professor que disse um dia a seguinte pérola sobre seu então ex-ofício: "Se a pessoa não consegue produzir, coitado, vai ser professor” (em 27/11/2001), o que lembra bastante, conceitualmente, seu pedido para que esquecêssemos o que ele escreveu.

Cantanhêde prossegue dizendo que “caminhando ao lado dos dois regimes –um continuação do outro –, estávamos a população em geral, a academia, a indústria, o agronegócio e a imprensa independente cobrando, provocando, apontando erros e exigindo sempre mais. Assim se constrói um país melhor”.

Muito bem. Pelo menos tivemos a oportunidade de ler a colunista (que, repito sempre, ocupa hoje um lugar que na Folha já foi de Claudio Abramo) reconhecer que, afinal, Lula fez alguma coisa pelo Brasil. Já é um avanço.

Mas as plumagens tucanas, isso ela não pode negar. A ideia de que “um (Lula) é continuação do outro (FHC)”, como diz, é uma das mais genuinamente tucanas que se conhece. O sofisma é bastante repetido em épocas de eleições, e é também comumente ouvido em discursos tucanos no escritório do partido na avenida Indianópolis, em São Paulo, quando os caciques se reúnem e falam à massa cheirosa.

Incapazes de produzir alternativas à política iniciada por Lula – que não continuou, mas rompeu com a economia dos tempos de FHC, privatista, entreguista e perversa com o mercado interno –, os tucanos têm de recorrer ao sofisma de que Lula continuou seu antecessor. É um esforço retórico em busca de sobrevivência.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

"Não neguem a política", diz Lula aos jovens



Do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos jovens, em conferência a estudantes de ensino superior na Universidade Federal do ABC, intitulada “Brasil no mundo: mudanças e transformações”, na tarde de ontem, quinta-feira 18 de julho:

 “Quando vocês estiverem putos da vida e não estiverem gostando de ninguém, ainda assim não neguem a política. E muito menos neguem os partidos. Quando você estiver puto e quiser negar as coisas, em vez de negar a política, entre na política.”

A pior coisa que pode acontecer no mundo é aceitar a negação da política. Não existe nenhuma experiência no mundo em que a negação da política deu melhor resultado que a podridão da política (...) Os conservadores não se conformam. Sentem saudade dos tempos em que o continente era subalterno. Em que a miséria era um dado sociológico.”

Queremos ter relação com os Estados Unidos, o que não podemos é nos tornar dependentes. Por isso nos voltamos para a América Latina.”

Na década de 90, existia a dúvida de quem era o serviçal mais importante, Menem, FHC etc. Como o Brasil queria ser grande se não cuidava dos que estavam perto? Fizemos um trabalho de reconquistar confiança política. Em dois anos, aconteceram coisas extraordinárias, primeiro o Chávez, depois o Lula, o Kirchner etc. Aquilo que as pessoas jamais imaginaram que iria acontecer nós vivemos, que foi o período mais progressista, socialista e de esquerda da nossa América do Sul.”

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Dia do trabalho ou do trabalhador?


1° de maio, Dia do Trabalho, ou do trabalhador. De todas as categorias.

A começar pelo trabalhador das categorias mais organizadas atualmente, entre as quais se destacam, histórica e sabidamente, as dos metalúrgicos e dos bancários.

Foto: José Cruz/ABr


Não é por acaso que bancários e metalúrgicos são protagonistas das lutas por jornada de trabalho mais decente e humana ou contra o capital insaciável, seja nas plantas industriais, seja nas plantas financeiras nos últimos quase 200 anos: a revolução industrial (consolidada no século 19) e o chamado sistema financeiro, cujo auge pernicioso é emblematizado pelo neoliberalismo de Margareth Tatcher e suas réplicas mundo afora, foram o caldo no qual se formaram os sindicatos que se propuseram a ser vanguarda na luta por direitos.

Reprodução
No Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva resume o caráter desse trabalhador ao qual me refiro acima, com seu governo popular e inédito. Mas Getúlio Vargas precisa ser mencionado. Embora seja uma liderança gerada pelas chamadas elites, conseguiu construir juridicamente direitos também inéditos, até então, à classe trabalhadora. E a CLT, embora ultrapassada, está aí para não nos deixar mentir. É incrível pensar que a CLT foi criada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1° de maio de 1943, data em que foi sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas.

Mas o Dia do Trabalhador é também o dia daquele garçom que, independentemente de ser protegido pela CLT, te serve a saideira ou o X-salada num dia de final de campeonato (quem não gosta de um X-salada, mesmo que inconfessadamente?); ou o taxista que te leva a uma reportagem e não só leva como ajuda a fazer a reportagem; o trabalhador é o vendedor que na livraria acha o livro que você procura; a moça que é caixa do supermercado e quando você vai pagar a conta ela diz “bom dia”; o frentista do posto de gasolina, que está lá 24 horas esperando você passar na estrada precisando de gasolina; ou o professor ou professora (quem não teve um ou mais professores inesquecíveis?) que te ensinou coisas importantes.

O trabalhador é aquele cara completamente anônimo que não se enquadra em nenhuma das profissões acima enumeradas, mas que trabalha no mínimo 40 horas semanais, ou mais, ou menos, é um frila, ou um “autônomo” “terceirizado”, ou um artista de circo que faz o palhaço em circos e esquinas. Em uma palavra, um trabalhador.

Hoje é Dia do Trabalhador. Viva o trabalhador. Viva todos nós!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Lula: "Tenho orgulho de ter convivido e trabalhado com ele pela integração da América Latina"



Foto: Ricardo Stuckert/PR (Arquivo/Instituto Lula)
Na 4ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Unasul
(Georgetown, Guiana, 26/11/2010)


Nota divulgada pelo ex-presidente Lula

Foi com muita tristeza que recebi a notícia do falecimento do presidente Hugo Chávez. Tenho orgulho de ter convivido e trabalhado com ele pela integração da América Latina e por um mundo mais justo. Eu me solidarizo com o povo venezuelano, com os familiares e correligionários de Chávez, neste dia tão triste, mas tenho a confiança de que seu exemplo de amor à pátria e sua dedicação à causa dos menos favorecidos continuarão iluminando o futuro da Venezuela.

Luiz Inácio Lula da Silva

sábado, 8 de dezembro de 2012

Lula na Alemanha: 'Democracia é uma sociedade em movimento à procura de novas conquistas'


Enquanto no Brasil o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vítima de um ódio de classe sem fim e da perversa perseguição dos cães de guarda do preconceito, que se valem das vozes mofadas do udenismo redivivo para atacar a achincalhar o homem que mudou o país, na Alemanha ele é visto e tratado como estadista.

Lula participou ontem, 7 de dezembro, do Congresso Internacional dos Metalúrgicos da Alemanha, o IG-Metal, e de um evento na Fundação Friedrich Ebert, ligada ao Partido Social Democrata da Alemanha. Foi intensamente aplaudido. Depois, concedeu entrevista excclusiva à TVT. Assista:



domingo, 21 de outubro de 2012

O comício de Fernando Haddad (com Lula e Dilma) na Portuguesa


Mais do que ficar falando, reproduzo abaixo algumas aspas do comício do candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, na companhia da presidente Dilma Rousseff e do presidente Lula, no ginásio da Portuguesa de Desportos, realizado no início da noite deste sábado, 20 de outubro, no qual eu estava profissionalmente.


                                                                Paulo Pinto/Divulgação
Dilma, Haddad e Lula em comício no ginásio da Portuguesa


Fernando Haddad:

- Muitos analistas políticos disseram que não estaríamos no segundo turno. Nós não só estamos no segundo turno, como temos chances concretas de ganhar a eleição. Só não podemos cometer um erro, que é o erro de achar que a eleição está ganha uma semana antes. É o único erro que nós não podemos cometer. Porque agora temos um adversário que entra em campo na última semana. É a mentira (...). É preciso fazer um trabalho na última semana casa a casa, parente a parente, para não deixar a mentira corroer o trabalho que fazemos desde janeiro.


Presidente Lula:

Sobre Haddad:

- Nós vivemos o momento mais importante da história de uma candidatura do PT aqui em São Paulo. O fenômeno que está acontecendo com este companheiro é mais importante do que aconteceu com a Marta quando ganhou, do que aconteceu com a Erundina, porque este companheiro, no conceito dos adversários, era apenas um poste. Mas eles esqueceram que o transformador pra fazer esse poste iluminar São Paulo é o povo da cidade de São Paulo.


Sobre José Serra:

- Jurava amor ao povo da Mooca, jurava amor ao povo de São Paulo. Ele não esperou a primeira enchente e caiu fora pra ser candidato a governador. Tem uma sede de poder inigualável.

- [Serra] Voltar a querer ser prefeito de São Paulo é achar que o povo é tonto.

- Daqui a pouco ele vai aparecer babando de ódio na televisão. Mas não tem que dar resposta a ele, tem que dar resposta ao povo de São Paulo.

Devia ficar quieto e disputar com essa aqui [dirigindo-se a Dilma] em 2014, ou tentar em 2018, em 2030, 2040.


Sobre FHC:

- Em 1985 sentou na cadeira de prefeito antes de ganhar as eleições. Sentou na cadeira, tirou foto e no dia que abriu as urnas o prefeito era o Jânio.


Presidente Dilma Rousseff:

Sobre o baixo nível de Serra:

- O que Haddad está passando eu passei na minha eleição.

- Os argumentos que foram usados contra mim são muito parecidos com os que estão sendo usados, sorrateiramente, às vezes, contra o Fernando Haddad.

- Durante toda a campanha presidencial, disseram primeiro que eu era um poste. Depois disseram que eu não tinha competência para governar. Usaram todos os argumentos contra mim. A mesma campanha de baixo nível que fizeram contra mim, fizeram contra Haddad.


Marta Suplicy (ministra da Cultura):

- Vamos democratizar a cultura. Vamos levar cultura à periferia.


Gabriel Chalita (candidato derrotado do PMDB à prefeitura de São Paulo):

- É muito bom estar nessa campanha. É muito bom estar com o presidente Lula. É muito bom estar com essas pessoas que têm sensibilidade social.


Michel Temer (presidente do PMDB e vice-presidente da República):

- Haddad será o novo prefeito de São Paulo no próximo domingo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Marta entra na campanha de Haddad e prevê duelo com Russomanno no 2° turno


Ricardo Stuckert
Ex-prefeita almoçou com Lula nesta segunda-feira
Ao anunciar que vai a partir de agora se engajar na campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, depois de almoçar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-prefeita e senadora Marta Suplicy falou poucos minutos com a imprensa, no Instituto Lula, em São Paulo.

O almoço com Lula aparentemente serviu para aplacar a mágoa da ex-prefeita, preterida na escolha que culminou com a indicação do ex-ministro da Educação. Marta conversou por exatos dois minutos e meio com os repórteres que a aguardavam à porta dos instituto, e afirmou: “Eu sempre disse que quando começasse a campanha de fato e eu percebesse que faria a diferença, eu entraria. E é isso que vou fazer. Foi uma conversa muito boa. Fazia tempo que eu não conversava tão longamente com o presidente. Falamos de muita coisa, muitos assuntos, muito Brasil e muita política”.

Perguntada sobre as intenções de voto de Haddad, “menos de 10%”, disse um repórter, ela demonstrou otimismo: “Vai virar tanto que é capaz de dar Haddad e Russomanno” no segundo turno.

A presença de Marta Suplicy na campanha é considerada fundamental para a conquista de votos em vastas áreas da periferia de São Paulo, onde ela tem grande popularidade, especialmente nas zonas Sul e Leste da cidade.

sábado, 2 de junho de 2012

Tucanos estão assombrados com Lula


Valter Campanato/ABr
De fato, o minguante PSDB está assombrado com a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presença de Lula com Fernando Haddad no programa do Ratinho causou tamanha indignação nas hostes tucanas que me fez lembrar um episódio durante a campanha eleitoral de 2010.

Estávamos em um táxi, reta final da campanha presidencial. O motorista, um nordestino da Paraíba (não lembro de que cidade) era caladão. Carmem mencionou a eleição, querendo saber dele em quem votaria. Um pouco relutante, disse que ia votar na Dilma. Sua relutância, percebemos depois, era porque não queria polêmicas (ou, quiçá, arrogância tucana) dentro do seu táxi. Pois foi só falarmos que nós também íamos votar em Dilma Rousseff que ele desatou a falar. “Eu voto em quem o presidente mandar”, disse. “E olha, se estiver difícil em 2014 e o homem se candidatar, nem o diabo pode com ele”. E depois explicou que nunca um presidente tinha “olhado pelo povo” do nordeste como Lula. “Onde eu morava não tinha nem luz, e agora tem. As pessoas têm geladeira, televisão”, explicou.

O tucanato, os kassabistas e os demos não sabem como esconder seu pavor pela presença de Lula na campanha de Haddad, cuja candidatura foi lançada oficialmente neste sábado. Porque sabem que não há cabo eleitoral mais poderoso do que Lula.

PPS (o partido da Soninha Francine) e PSDB disseram que entrarão com representação na Justiça contra o PT, o ex-presidente Lula e o SBT por propaganda eleitoral antecipada em favor do pré-candidato à prefeitura paulistana, pela participação no programa do Ratinho.

 Gozado que eles não reclamam de coisas sórdidas como as capas de Veja, com seu jornalismo marrom estilizado que chega a um milhão de assinantes, ou da tal revista Free São Paulo, distribuída aos milhares pela cidade esta semana fazendo ilações entre a morte de Celso Daniel e o PT, e que já anuncia que a campanha este ano vai ser uma baixaria.

De resto, os líderes tucanos acusam o golpe que representa a presença de Lula na campanha de Haddad. É só entrar na página do PSDB na internet para constatar isso. O edificante “Sérgio Guerra critica postura antidemocrática de Lula”. Ou Aécio Neves, um líder mais importante do que o fanfarrão Guerra, afirma: “As últimas declarações do presidente Lula só acentuam a necessidade de retorno do PSDB para garantir a liberdade de imprensa e o respeito às instituições”, afirmou ele, sobre a presença de Lula no Ratinho, quando o ex-presidente afirmou que “não permitirá” a volta dos tucanos à presidência da República. Só mesmo rindo da luta tucana para “garantir a liberdade de imprensa e o respeito às instituições”.

O mais engraçado e irônico é que, ao entrar na homepage do partido de José Serra, me deparei com um aviso do Windows no alto da página, que avisava numa tarja amarela: “Esta página possui conteúdo suspeito”. E dava duas opções: “Não carregar (recomendado). Carregar mesmo assim”.

Não me culpem nem acusem de nada, por favor. Vão reclamar com o Bill Gates.

Clique na imagem para ampliar

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Popularidade de Dilma sobe e supera FHC e Lula no mesmo período de seus governos


A popularidade da presidente Dilma Rousseff subiu cinco pontos percentuais. Sua aprovação pessoal (ótimo e bom) foi de 72%, em dezembro passado, para 77% em março de 2012, segundo pesquisa Confederação Nacional da Indústria (CNI)/ Ibope divulgada nesta quarta-feira, 4. Dos entrevistados, 12% desaprovaram a presidente e 14% não responderam.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

No mesmo período de seu primeiro mandato, o ex-presidente Lula tinha 54% de aprovação pessoal. Fernando Henrique Cardoso contava com 60%. Além disso, Dilma chega à aprovação mais alta desde que assumiu a presidência.

O percentual de pessoas que confiam em Dilma Rousseff subiu de 68% para 72%, no mesmo período. E a parcela da população que considera o governo ótimo ou bom manteve-se estável em 56%.

As áreas mais mal avaliadas foram impostos (65% de desaprovação), saúde (63%) e segurança pública (61%). E 60% dos entrevistados consideram o governo Dilma igual ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Note-se que duas áreas importantes (cultura e meio ambiente), que têm sido passíveis de críticas justas da comunidade cultural e de ecologistas, não aparecem entre as campeãs de insatisfação. É claro, são áreas que não têm apelo das massas, infelizmente, o que não colabora para que sejam gerenciadas como se espera de um governo popular.

A pesquisa da CNI/Ibope ouviu 2002 pessoas em 142 municípios entre 16 e 19 de março. A margem de erro é 2 pontos percentuais.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Brasil precisa de Lula vivo

Texto enviado por e-mail como comentário ao post Vida longa ao presidente Lula


Por José Arrabal*

Com vasta certeza, firmeza otimista: longa vida ao presidente Lula!

Firme e forte lhe asseguro: não há de ser grave o que acontece com o presidente!

Há de ser mais fácil enfrentar o câncer do que enfrentar a ditadura militar, do que enfrentar a violência criminosa da direita brasileira, do que enfrentar a farsa da privataria demo-tucanalha, muito mais fácil do que enfrentar a estupidez caluniosa e odienta do PIG (Partido da Imprensa Golpista), há de ser mais fácil enfrentar o câncer, certamente!

E Lula em sua vida, história pessoal e política, sempre enfrentou e superou as mais graves controvérsias, as piores dificuldades. Veio de onde veio com a força do melhor do Brasil, viu, agiu e venceu! Prossegue vitorioso, pleno de auto-confiança e bom humor, grandeza pessoal com presença de estadista admirado em nossa república e nos demais países do planeta. Trouxe o povo trabalhador para o centro da história brasileira, fez do Brasil um país respeitado no mundo inteiro!

Longa vida ao presidente Lula que vive e viverá por muitos séculos nos bons sentimentos de todos os homens e mulheres de todas as idades que amam e se orgulham de nosso país!

Lula está e estará sempre presente no de melhor que acontece e acontecerá entre nós através dos tempos!

Luiz Inácio Lula da Silva, o migrante nordestino, o metalúrgico, o líder sindical, o homem sorridente, o presidente sempre medalha de ouro maior no pódio olímpico do desenvolvimento econômico, político e cultural de nossa história nacional!

Agora, diante do fato clínico que atinge a saúde de Lula, os escroques que são inimigos do povo, esses minguados canalhas que odeiam nosso Brasil, através do PIG exultam com a enferminade de Lula, comemoram e brindam felizes, até pretendem antecipar a morte do presidente!

Evidente indicação disto é a agourenta manchete do Uol hoje, onde se afirma com destaque que "o câncer de Lula ja matou dois de seus irmãos", que é "doença genética".

No passado, essa mesma quadrilha PIG, punhado de falsos profissionais jornalistas que são meras penas pagas por seus patrões-capones sempre saudosos escravocatas de uma oligarquia interna tacanha interessada em manter o Brasil no atraso histórico, no passado essa mesma gente de poder matou Vargas, depôs Jango, implantou aqui uma ditadura militar assassina e não fez só isso! Fez o diabo que pode fazer de mau na história brasileira!

Mas com Lula foi, é e será sempre diferente! Lula é o Brasil do presente e o percurso futuro grandioso da melhor brasilidade! Fato que o povo trabalhador brasileiro, em sua vasta e inabalável maioria, reconhece e confirma!

Longa vida ao presidente Lula! Decerto é o que de melhor se lê bem escrito nas estrelas, nas cidades, nos campos e nas estradas da vastidão de nosso país! Em meu, em seu, nos corações de todos nós que amamos nosso país, país de nossos filhos, país de nossos netos, país de nossa gente! O melhor Brasil! O melhor para o Brasil: Longa vida ao Presidente Lula!

Viva o povo trabalhador brasileiro!
Viva o Brasil!
Fraterno abraço


*José Arrabal é professor, jornalista e escritor. Autor de "Nacional e o Popular na Cultura Brasileira: Teatro" (Editora Brasiliense), "Sherlocks on the Rocks nas Diretas Já", "A Sociedade de Todos os Povos" (Editora Manole), "A Princesa Raga-Si", "Lendas Brasileiras" (Vol 1/Vol. 2 - Editora Paulinas), entre outros.

Leia tambémO inesgotável ódio a Lula


Publicado originalmente à 00:30 de 01/11/2011

sábado, 29 de outubro de 2011

Vida longa ao presidente Lula

Na quinta-feira, 27, o presidente (que nunca será ex-presidente) Lula comemorou 66 anos, e não deixou de lembrar num curto discurso-agradecimento a importância das redes sociais (citou o Twitter) graças às quais temos informações "em tempo real sem que as pessoas mudem aquilo que a gente quer falar".




Neste sábado, exames no Hospital Sírio-Libanês diagnosticaram um tumor em sua laringe. De minha parte, só desejo vida longa ao homem que mudou o Brasil e o maior presidente de sua história.

Nota do Hospital Sírio-Libanês (29/10/2011)
11h00

O Ex-Presidente da República, Sr. Luís Inácio Lula da Silva realizou exames no dia de hoje no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, tendo sido diagnosticado um tumor localizado de laringe.

Após avaliação multidisciplinar, foi definido tratamento inicial com quimioterapia, que será iniciado nos próximos dias. O paciente encontra-se bem e deverá realizar o tratamento em caráter ambulatorial.

A equipe médica que assiste o Ex-Presidente é coordenada pelos Profs. Drs. Roberto Kalil Filho, Paulo Hoff, Artur Katz, Luiz Paulo Kowalski, Gilberto Castro e Rubens V. de Brito Neto.

Dr. Antonio Carlos Onofre de Lira, Diretor Técnico Hospitalar

Dr. Paulo Cesar Ayroza Galvão, Diretor Clínico.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O inesgotável ódio a Lula – exemplos são muitos

O ocorrido a propósito do título concedido pelo instituto francês Sciences Po ao ex-presidente faz lembrar outros episódios em que a mídia demonstra seu preconceito raivoso

Atualizado às 21:28

Os protestos de jornalistas brasileiros contra a concessão do título Honoris Causa ao ex-presidente Lula, pelo instituto francês Sciences Po, o primeiro da instituição a um latino-americano, é mais um de muitos emblemas do preconceito, e um dos maiores (mas há outros). A partir do texto “Escravistas contra Lula”, do jornal argentino Página 12, o blogueiro Eduardo Guimarães abordou o tema no seu Blog da Cidadania. Outros blogs continuaram a repercussão.

O propósito deste post aqui não é recontar o fato (que pode ser conhecido em detalhes nos links acima), mas lembrar alguns outros episódios marcantes do ódio de classe e, por ele ser nordestino, do racismo contra Lula.

1) Larry Rohter - Ocorreu-me o “célebre” texto do jornalista Larry Rohter, para o New York Times, “Hábito de bebericar do presidente vira preocupação nacional”. O que mais incomodou naquela matéria de maio de 2004, de resto mais tola do que séria, foi menos o texto em si do que o regozijo com que foi recebida pela imprensa brasileira.

A Folha de São Paulo, por exemplo, começava assim a matéria repercutindo o assunto: “O jornal The New York Times, o principal dos EUA e um dos mais influentes do mundo, publica na página 6 da edição deste domingo (9) uma reportagem...”

O leitor percebe que as qualificações da frase “o principal dos EUA e um dos mais influentes do mundo” servem como recurso de retórica para respaldar a “verdade” de que Lula é um beberrão. Curiosamente, nem a Folha nem o jornalista do NYT se lembraram de registrar que o então presidente George W. Bush é um reconhecido e assumido amante do álcool, e não se trata aqui do combustível para carros.

Acontece que – e ignorar isso é um dos principais erros da “nossa” mídia – o povão que adora Lula não bebe no pântano do preconceito, mas, ao contrário, é vítima dele. Quando, em um dos milhões de botecos do Brasil, o cara cansado da lida toma sua cachacinha no fim do dia, e vê uma informação como essa na TV do boteco, por meio da qual a intenção é difamar o presidente cachaceiro, aquele homem do povo não recebe a informação como querem os donos dos meios: o que ocorre é uma identificação imediata com o homem mais poderoso da República, mas que, entretanto, faz o que ele – pedreiro, metalúrgico, pintor ou mecânico – faz.

2) Capa da Folha - Na noite do dia 29 de setembro de 2006, o Jornal Nacional ignorou a queda de um avião da Gol para ocupar todo o tempo falando do “dinheiro do dossiê”, tentando evitar que Lula se reelegesse já no primeiro turno. No dia seguinte, a Folha de S. Paulo deu a capa que para mim é um dos maiores símbolos do preconceito da elite “escravocrata” (como diz o Página 12) brasileira contra Lula. A mensagem é subliminar. Acima, a foto do dinheiro apreendido pela Polícia Federal; abaixo, a imagem do presidente Lula, encapuzado, de forma a colar nele a imagem de um criminoso.

3) Capa da Veja - Desferindo toda sorte de mísseis de seu jornalismo indecente contra Lula desde seu primeiro mandato, a revista Veja trabalhou sistematicamente por oito anos tentanto propagar o preconceito da “elite branca”, a burguesia “cínica e perversa” (Claudio Lembo), mas não conseguiu nada, a não ser proporcionar um lazer tacanho a seus próprios leitores. Entre muitas capas em que exibe o nível vulgar de seu “jornalismo”, talvez a que expresse com maior propriedade o ódio de classe ao “sapo barbudo” é a que vai aí ao lado.

4) Caetano Veloso - Mais chocante do que as esperadas agressões da mídia, não se pode esquecer que ninguém menos do que Caetano Veloso chamou o então presidente Lula de “analfabeto”. Sobre esse fato, eu já escrevi na época: Uma triste polêmica

Vou parando por aqui, pois esses são apenas alguns dos episódios que manifestam ódio e preconceito contra Lula. Quantas vezes já lemos (por exemplo na seção de cartas do Estadão, onde podemos quase ver a baba da raiva) que Lula “não trabalha” ou ouvimos por aí que “é vagabundo”?

A propósito, e para encerrar, lembro de Bernardo Kucinski, em artigo na Rede Brasil Atual de 2008. Diz ele: “O preconceito contra Lula tem pelo menos duas raízes: a visão de classe, de que todo operário é ignorante, e a supervalorização do saber erudito, em detrimento de outras formas de saber, tais como o saber popular ou o que advém da experiência ou do exercício da liderança. Também não se aceita a possibilidade de as pessoas transitarem por formas diferentes de saber”.

Publicado originalmente às 19:24 de 29/09/2011

sábado, 3 de setembro de 2011

O estádio do Corinthians vai se chamar Luiz Inácio Lula da Silva?

Se alguém tinha alguma dúvida, agora é definitivo: no que depender da nação corintiana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entra para a galeria dos imortais do Parque São Jorge. Ele marcou presença no evento em comemoração dos 101 anos do clube, quando foi anunciada a formalização da assinatura do contrato com a Odebrecht para a construção do estádio em Itaquera, na zona Leste da capital.

Roberto Setton/UOl
Ex-presidente marca presença na zona Leste
A arena terá capacidade para 48 mil pessoas. Os 20 mil lugares que faltam para o Fielzão poder abrir a Copa de 2014, segundo exigência da FIFA, devem ser bancados pelo governo de São Paulo. Provavelmente serão lugares móveis para abrigar torcedores apenas no Mundial. Esse plus custará R$ 70 milhões, estima-se. Sem contar esse adicional, o orçamento para a obra é de R$ 820 milhões, entre incentivos fiscais da prefeitura paulistana somando R$ 400 milhões e o empréstimo do BNDES de R$ 420 milhões.

A presença de Lula na festa deste sábado tem caráter muito simbólico, já que é conhecido o lobby que ele fez, desde que ocupava o Palácio do Planalto, para que o Itaquerão se viabilizasse. “É um dia histórico, tão histórico quanto o gol do Basílio contra a Ponte Preta em 1977”, disse o ex-presidente, corintiano roxo, em discurso. Quanto à interrogação do título deste post ("O estádio do Corinthians vai se chamar Luiz Inácio Lula da Silva?), o diretor de marketing do clube, Luis Paulo Rosenberg, negou essa possbilidade na tarde deste mesmo sábado.
Agora, finalmente, parece que o projeto decolou. Na quinta-feira, 1° de setembro, as primeiras colunas da arena foram instaladas no terreno.

Mas nem tudo são flores na história da construção do sonho corintiano. O projeto é alvo de inúmeras denúncias, por parte dos moradores locais, de desrespeito a direitos e desapropriações compulsórias.

Esse é um projeto monumental que exige esforços federal, estadual e municipal. E portanto, se há arbitrariedades, as três esferas têm culpa no cartório. Em São Paulo, há outros planos faraônicos, de responsabilidade apenas da prefeitura, cuja agressão urbanística e cultural à cidade terá impacto imprevisível. É o caso de uma obra na zona Sul, a da Água Espraiada, cujo orçamento é de R$ 4 bilhões (mais de 4 vezes o custo do estádio corintiano).

Leia mais sobre o tema no post: A cidade de Gilberto Kassab

Atualizado às 19:33

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Lula faz o discurso e Dilma governa,
para desespero da mídia

Se tem uma coisa que a presidente Dilma Rousseff dificulta são as pautas fáceis para a imprensa. Com toda a crise nos Transportes, manchetes diárias sobre a corrupção em Brasília etc., Dilma se mantém como a gestora competente que sempre foi, impassível, fria e distante dos microfones, para desespero dos mancheteiros.

Mas eis que, de repente, quem aparece falando? O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta quinta-feira em Recife, por exemplo, Lula se pronunciou sobre a crise no Ministério dos Transportes. "Pune quem tem que punir e acabou", disse.

A frase em si não significa muito. O significado é o gesto (A Imortalidade - Milan Kundera). Querem que Lula ponha o pijama e pare de falar e militar, mas Lula não vai vestir o pijama. A oposição fica apavorada ante a ideia de que, se for candidato em 2014, Lula será imbatível. E por isso investe na intriga.

Congresso da UNE, em Goiânia, dia 14 de julho
Foto: Antonio Cruz/ABr

Muito claramente, a oposição midiática (pois a combalida oposição política só existe alimentada pela mídia) tenta opor Dilma a Lula perante a opinião pública. Por exemplo, dizendo que Lula interfere no governo Dilma. Avaliação que ignora o fato de que não importa exatamente se é Lula ou Dilma quem governa, pois ambos trabalham e militam juntos.

Com seu estilo, Dilma impõe um governo pragmático, comandado por uma mulher avessa aos holofotes, até onde isto é possível. Nesta quinta-feira, por exemplo, a presidente escalou o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, para dizer que, numa pasta como a do Ministério dos Transportes, com orçamento de R$ 14 bilhões, é impossível que não haja corrupção.

Enquanto isso, Dilma cumpre uma agenda protocolar, o que se pode constatar ao procurar as fotos do dia no banco de imagens da Agência Brasil.

Lula gosta de falar. Na semana passada, questionou as acusações de que a União Nacional dos Estudantes (UNE) organizou um congresso "chapa branca" por ter sido patrocinada por entidades estatais como a Petrobras ou a Caixa Econômica. "Você liga a televisão e tem propaganda de quem?”, questionou , para lembrar que TV Globo, revista Veja, Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo, entre outros, recebem gordas verbas de anunciantes federais. “Para eles é democrático, para vocês [a UNE] é chapa branca (...) alguns jornais se acham nacionais, mas os grandes [veículos] de São Paulo não chegam ao ABC”, ironizou o ex-presidente. “Há quanto tempo não faço um discursinho!”

Não tem problema nenhum Lula falar e Dilma não falar. Mudou o estilo, mas o projeto é o mesmo iniciado em janeiro de 2003.

Há senões. Por exemplo, o governo Dilma tem um débito urgente com a pasta da Cultura. O movimento contra o retrocesso da agenda de Ana de Hollanda está crescendo e será tema de posts neste blog.