Mostrando postagens com marcador El País. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador El País. Mostrar todas as postagens

domingo, 18 de novembro de 2012

A entrevista de Dilma ao El País e o 'mensalão', segundo o jornal espanhol


Ricardo Stuckert
Dilma discursa em Cádiz, Espanha, neste domingo, 18 
O jornal El País, da Espanha, publicou hoje uma matéria baseada em conversa do jornalista Juan Luis Cebrián com a presidente Dilma Rousseff, ocorrida na última segunda-feira, dia 12. A matéria não foi publicada à toa hoje: neste domingo, Dilma discursou na sessão de abertura da 22ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Conferência Ibero-Americana, em Cádiz, na Espanha. Nela, "voltou a defender o modelo brasileiro de investimento público e abertura de mercados como antídoto contra a crise econômica mundial", segundo a Agência Brasil.

Na matéria do El País, ao contrário do que vemos comumente nas edições publicadas pela mídia brasileira, percebe-se um distanciamento interessante entre o entrevistador, o jornalista do periódico espanhol, e a entrevistada, a presidente Dilma. Distanciamento que, no entanto, não esconde um notório respeito do autor do texto e mesmo admiração que perpassam a matéria, que é bastante abrangente.

Nela, Dilma fala sobre a crise européia, sobre política econômica europeia e brasileira, sobre a época em que o Brasil vivia sob a égide do Fundo Monetário Internacional, sobre a todo poderosa chanceler alemã Angela Merkel, sobre ditadura, sobre polítca.

Fazendo um recorte, me chamou a atenção que o Uol/Folha de S.Paulo também deu chamada para a entrevista de Dilma ao El País. Na edição do veículo dos Frias, o título da matéria é: "Em entrevista a 'El País', Dilma diz que 'acata' sentenças do mensalão". O veículo do grupo editorial sediado na rua Barão de Limeira nem de longe cita, porém, a seguinte passagem da matéria de Juan Luis Cebrián:

"O julgamento, no qual [José] Dirceu assegura ter sido condenado sem provas, foi respingado de interesses políticos e de uma nebulosa campanha midiática contra os acusados cujo objetivo indubitável era manchar a figura do próprio Lula da Silva."

Para melhor entender a entrevista, acho que o internauta pode ir direto à fonte e ler a matéria do El País na íntegra, que está aqui:

“Las recetas que se están aplicando en Europa llevarán a una recesión brutal”

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Líbia: "Vi morrer crianças, mulheres, homens... como se fossem animais"

Foto: Reprodução

Este abaixo é o trecho de matéria publicada ontem no jornal espanhol El País, com impressionante depoimento de um refugiado:

Praticamente todos os edifícios grandes foram destruídos”, afirmou um refugiado. “Não vi guerra mais suja do que esta, queixava-se o líbio de origem palestina Sami Alderramán. Os rebeldes combatem desde as 11 da manhã às sete da tarde. Mas o pior são os bombardeios da Otan, que ocorrem frequentemente a partir das 11 (23 horas). E disparam contra qualquer edifício. (...) Vi morrer crianças, mulheres, homens... como se fossem animais. Eu peguei minha família e a coloquei num porão, e quando pudemos saímos dali. Não há luz, apenas alimentos.... Nos últimos seis meses, pode ser que tenham morrido em Sirte umas 3 mil pessoas.” A matéria do El País  está aqui.

Atentemos para o fato de que, se a estimativa do homem estiver próxima da verdade, o número de mortos civis vítimas dos bombardeios e da luta sangrenta entre forças leais a Muamar Khadafi apenas em Sirte, cidade natal do ditador, é equivalente aos que morreram nas Torres Gêmeas em Nova York no 11 de setembro de 2001.

Ontem, terça-feira, 27 de setembro, as forças leais ao chamado “novo governo” chegaram ao centro de Sirte. Segundo as agências internacionais, os combatentes anti-Khadafi assumiram o controle do porto e de vários pontos estratégicos. Segundo os combatentes, Muamar Khadafi estaria em Ghadamis, perto da fronteira com a Argélia. Ele teria dito que vai lutar até o fim.

A pergunta que fica: a Líbia vai se transformar num novo Iraque?

Leia também: Amanhece em Trípoli

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A crise, a Unasul e a imprensa

“A integração latino-americana sempre foi mais evocada do que concretizada”, começa o jornal espanhol El País, em matéria de domingo, sobre a reunião dos países membros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) na última sexta-feira, em Buenos Aires. “Desta vez, porém, a tormenta financeira que flagela os EUA e a Europa, que contagiou todo o mundo, impulsionou os países sul-americanos a unir forças para evitar que os efeitos da crise possam frear um crescimento econômico que, apesar das turbulências financeiras dos mercados internacionais, alcançou 6% no ano passado”, continua o periódico.

O interessante ao ler a matéria do jornal espanhol é a abrangência da abordagem. Embora a Folha.com tenha noticiado o evento (“Unasul anuncia medidas coordenadas para enfrentar a crise”), o texto da versão on line da Folha de S. Paulo se atém pontualmente aos fatos, de acordo com a cultura sintética de seu jornalismo (ao fazer a busca na Folha impressa não se encontra Unasul desde a data de 9 de agosto).

Opinião e fragmentação

Nos jornais brasileiros, muitas das informações mais complexas (ou nem isso) e os conceitos são jogados para artigos e editoriais, o que os faz quase sempre passar pelo filtro da opinião desses jornais, disfarçados de jornalismo imparcial.

Dificilmente você vai ler numa matéria comum de página 6 ou 7 nos diários dos Mesquita e dos Frias informações condensadas como essas, ainda do El País sobre a reunião da Unasul de sexta-feira: “até agora, a América do Sul conseguiu superar a crise econômica dos países ricos, principalmente porque seu crescimento depende mais da demanda chinesa por suas matérias-primas (agrícolas, minerais e energéticas), que se manteve alta”.

Como a Folha.com, o Estado de S. Paulo noticia a reunião da Unasul por meio de várias matérias, fragmentando as informações, com textos intitulados "Governo quer mais exportação regional”, “Crise será longa, diz Mantega na Unasul" e outras.

(No Brasil formou-se a cultura da objetividade jornalística absoluta e fragmentária das informações, e essa fragmentação, aparentemente, serve para facilitar a leitura. O brasileiro não gosta de textos mais longos porque é incentivado a evitá-los. Mas essa cultura impede que textos criativos, mais totalizadores, digamos, e capazes de formar conceitos, cheguem ao leitor, que é assim doutrinado a receber pílulas de informações prontas que o dispensam de raciocinar, fazer analogias etc.)

Muitas vezes o leitor é induzido a ter uma percepção alarmista da situação, pela lente do jornalismo tupiniquim. “Unasul termina sem acordo sobre fundo de reservas” ou a já citada chamada acima “Crise será longa, diz Mantega na Unasul", ambas do Estadão.

De maneira que, diante da atual realidade, em que você tem uma inesgotável fonte de informações na internet, seja de sites de instituições tradicionais como o El País (apenas um exemplo entre muitos) ou de incontáveis blogs progressistas e veículos alternativos, a necessidade de se informar pode ser uma aventura mais prazerosa do que a limitar-se à carrancuda, mal-humorada e descaradamente parcial imprensa brasileira.

Futebol
É muito didático, para uma melhor compreensão do que quero dizer com teste post, comparar matérias de jornais brasileiros e argentinos por ocasião de partidas de futebol, de preferência importantes. Os nossos diários ficam naquela enfadonha descrição cronológica da partida, enquanto os diários do país hermano, muitas vezes, enaltecem o que de épico, de grandioso e poético há numa partida.

Atualizado às 14:29 e às 15:09

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Duas visões sobre as mulheres do governo Dilma

É bastante didática a comparação de como o diário paulista dos Campos Elíseos aborda a questão das mulheres no governo Dilma Rousseff com, por exemplo, o texto de um jornal internacional do nível do El País, da Espanha.

Em editorial de terça-feira, 14 de junho (aqui – para assinantes), a Folha de S. Paulo diz o seguinte sobre a nova ministra Ideli Salvatti, em editorial intitulado “A escolha de Ideli”:

“A nomeação da senadora Ideli Salvatti, alçada do obscuro Ministério da Pesca para a até agora irrelevante pasta das Relações Institucionais, parece ter levado em consideração sua disposição inabalável, e muitas vezes beligerante, na defesa de aliados.
"Da linha de frente governista na batalha do mensalão, no auge do escândalo, ao apoio aos peemedebistas Renan Calheiros e José Sarney, a senadora sempre primou por combater ao lado do Planalto”, ataca o jornal da família Frias.

Mais para torcedor do desastre político do governo e fomentador de intrigas, o jornal dispara: “Embora Ideli seja credora da sigla do vice-presidente, Michel Temer, sua propensão para o confronto pode abrir novas frentes de atrito”.

Já o El País, de importância reconhecida na Europa, diz em sua edição online desta quarta-feira, 15, em matéria (íntegra aqui) assinada por Juan Arias:

“Chegou a hora da mulher no poder político no Brasil? ‘De repente, apesar de sua fama de machista, o Brasil desperta governado por mulheres’, escreveu ontem o famoso escritor [Carlos] Heitor Cony [curiosamente, na própria Folha – nota do blog]. Se refere à iniciativa recente da presidente Dilma Rousseff com a criação de um triunvirato de mulheres para governar o gigante sul-americano após a demissão do chefe de gabinete e ex-ministro da Fazenda estrela da era Lula, Antonio Palocci”.

O jornal europeu acrescenta: “Os três cargos mais importantes do Executivo estão com três mulheres: a própria presidente Dilma Rousseff; a nova ministra-chefe da Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann; e a nova ministra de Relações Institucionais, a ex-senadora e ex-ministra da Pesca, Ideli Salvatti. Esta é responsável pelo sempre difícil entendimento entre a presidência, os dez partidos aliados do governo e o Congresso”.

Depois de analisar a conjuntura política e afirmar que a estratégia (por trás de demissão de Palocci e as novas nomeações) “revela maior autonomia de Rousseff em relação a Lula”, o El País diz que a cartada de Dilma representa uma “incógnita e uma aposta arriscada que poderá consolidar ou minar sua liderança política”, e conclui: “A grande polarização de grupos e líderes tem forçado aos sucessivos governos a forjar pactos e distribuir cargos e regalias para tornar possível a governabilidade. E o triunvirato não parece muito disposto a seguir esta tradição”.

A ministra que, para a Folha, "parece ter ciência das limitações com que assume", para o El País está num dos "três cargos mais importantes do Executivo".

Fica com o leitor a tarefa de comparar a rala e provinciana análise política do jornal paulista com a do diário espanhol. Eu vou me concentrar para assistir à final da Libertadores, daqui a pouco.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O crescimento da Petrobras, que não virou Petrobrax

Plataforma para o Campo de Roncador/Divulgação
Duas notícias sobre a Petrobras fazem pensar que tragédia teria sido a privatização dessa gigante estatal brasileira de capital aberto. Como sabemos, Fernando Henrique Cardoso queria a qualquer custo entregar a companhia, que já tinha até nome para depois de privatizada: Petrobrax.

A primeira notícia li na Folha Online. A matéria informa que, segundo a consultoria Economática, "a Petrobras registrou o segundo maior lucro líquido entre as 25 maiores empresas de capital aberto do continente americano (sem considerar as companhias canadenses)", com um resultado de US$ 4,107 bilhões no terceiro trimestre.

Agora, vejam bem o prejuízo do país se a estatal tivesse sido totalmente privatizada, como queria Fernando Henrique Cardoso. Ainda segundo a matéria citada, no final de 2002 a Petrobras valia US$ 15,4 bilhões no mercado, e ficava na 121ª colocação do ranking entre empresas dos Estados Unidos e América Latina.

De acordo com o novo levantamento, do último dia 9, a Petrobras já é a terceira maior do continente americano, por valor de mercado: US$ 207,9 bilhões. De 2003 a 2009, ou seja, durante os dois governo de Lula, a companhia saltou 118 posições e cresceu US$ 192,5 bilhões.

A matéria da Folha mostra crescimento parecido da Vale (US$ 11 bilhões para US$ 141,9 bilhões). Só que a Vale FHC conseguiu entregar. Por falar em FHC, no dia 15, domingo, o jornal El País (Espanha) publicou uma entrevista com o ex-presidente tucano. O título: "A economia já está globalizada, agora é preciso globalizar a política", diz Fernando Henrique Cardoso. Gostaram? Vamos não apenas globalizar a política, mas antes, claro, para que tudo caminhe bem, temos que privatizá-la. Pela privatização da política já!

Na entrevista ao El País, ao discorrer sobre o modelo de governo "social-democrata à americana" como "o do Chile, Uruguai, Brasil", FHC diz: "que diferença há entre meu governo e o de Lula no modelo econômico? Muito pouca: é basicamente social-democrata, quer dizer, respeito ao mercado, sabendo que o mercado não é tudo". Que simplicidade, que clareza de raciocínio do príncipe! Só não entendi uma coisa. Não foi ele, o príncipe, que disse em recente artigo que o Brasil caminha perigosamente para um "autoritarismo popular"? Então como podem ser ambos os governos, de FHC e Lula, tão parecidos assim?

Mas, voltando à Petrobras, a segunda notícia é que ela chegou ao sexto lugar no ranking das "250 Principais Empresas de Energia Globais", segundo a Platts, especializada em informações sobre energia e commodities. A companhia subiu seis posições em relação ao ano passado, "ultrapassando empresas de países emergentes como Rússia e China", de acordo com a própria empresa em seu site.

Por essas e outras é que os governos FHC e Lula são tão parecidos. Enquanto o primeiro entregou a Vale ao capital internacional, no segundo o país tornou-se ou está em vias de se tornar autossuficiente em petróleo.