Até Hulk |
No início de setembro, o vice-presidente da República, Michel
Temer (PMDB), candidato à reeleição ao
mesmo cargo este ano na chapa de Dilma Rousseff, foi perguntado numa coletiva sobre a então ascensão de Marina
Silva e se a campanha dele e da presidente iriam atacar a adversária do PSB.
A resposta, digna de uma velha raposa da política, foi a seguinte: “Não vejo
necessidade (de atacar Marina). Acho que a desconstrução eventual dela pode ser
feita por outras pessoas, pelas circunstâncias. Na política é assim. As
circunstâncias vão mostrando o que é melhor para o país”.
Pouco mais de três semanas depois, muitas circunstâncias
concorreram para a desconstrução da candidatura de Marina Silva, inclusive, e
talvez principalmente, ela própria, com suas idas e vindas, suas contradições,
suas alianças obscuras e seus recuos, seu programa de governo que, para justificar mudanças súbitas, ela disse que é um "programa em movimento". A questão da CPMF é só mais uma das já quase
incontáveis “circunstâncias” previstas por Temer.
Os recuos quanto ao casamento gay, a energia nuclear, o
agronegócio, a ingênua tentativa de dizer que votou a favor da CPMF em 1995
(quando votou “não”) e as hesitações, que diante da câmera, num debate, são terríveis a uma candidatura, foram algumas dessas circunstâncias. Até chegar
à quase cômica situação desta segunda-feira, quando a campanha da candidata, que desde domingo comemorava o apoio do ator Mark Ruffalo (o Hulk), que gravara até um vídeo por Marina, teve de
engolir o próprio ator retirar seu apoio. “Descobri que a candidata
à Presidência do Brasil, Marina Silva, talvez seja contra o casamento gay. Isso
me colocaria em conflito direto com ela”, escreveu Ruffalo no Tumblr.
E Aécio Neves pode mesmo virar o jogo pra cima de Marina.
Hoje, o assessor de um importante dirigente do PT me disse que pesquisas
internas do partido estão mostrando empate técnico entre o tucano e a
ambientalista. Essa tendência será confirmada? A conferir. Faltando cinco dias para a eleição, é cada vez mais possível que
a ex-favorita doutora em “Nova Política” seja rebaixada ao mesmo terceiro lugar
de 2010 justamente por praticar a velhíssima “velha política”, com o perdão do
pleonasmo.
A “velha política” de Marina, além de velha, demonstrou-se amadora,
vacilante e falsa. Ela vem despencando vertiginosamente em todas as classes
sociais e demais filtros das pesquisas, e em todas as regiões do país.