Agência Brasil
A campanha pela anulação do impeachment da ex-presidente
Dilma Rousseff é algo que me faz pensar. Pensava eu: será que lideranças
importantes do PT, da esquerda e dos movimentos sociais acreditam nisso?
Acreditam mesmo que foi desfechado um golpe, patrocinado por interesses
gigantescos que miram o saque de gigantes como Petrobras, Eletrobras e bancos
públicos federais, para depois permitir que esse golpe seja anulado no Supremo
Tribunal Federal, que aliás foi cúmplice desse mesmo golpe, seja por omissão
descarada, seja por cumplicidade escancarada?
Esta semana conversei com um importante deputado do PT que
me esclareceu essa questão. Eu lhe perguntei:
- Mas, deputado, você acredita em anulação do impeachment? Isso não é ingenuidade? Você acha isso possível?
- Não é possível, é impossível - respondeu o deputado.
Em resumo, ele explicou, a defesa da anulação do impeachment
é apenas parte da luta política, uma questão de marcar posição.
Na realidade, qualquer figura que transita pela política,
anda pelos corredores de Brasília e conhece o jogo, sabe que essa é uma batalha
apenas retórica. Líderes importantes defendem a anulação do golpe publicamente,
mas em off reconhecem que é uma causa sem a mínima chance.
A questão é: se é assim, será produtivo gastar energia,
verbo e verbas (para manifestações) por algo que se sabe impossível?
Claro que não é produtivo. Se não é, não entendo por que
ficar defendendo publicamente uma ideia impossível. É falta de foco. A esquerda está perdida. Ao invés de pensar novas táticas e estratégias, setores da esquerda estão acreditando na disputa de um jogo que já acabou. Ou seja, pensando num jogo perdido, enquanto o jogo presente está acontecendo. Se continuar assim, vai continuar perdendo.