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domingo, 1 de agosto de 2021

Parabéns, pelo sucesso e pelo exemplo!

 


Parabéns para Patrícia Mamona (n. 1988), Jorge Fonseca (n. 1992) e Neemias Queta (n. 1999)! Pelo sucesso, claro! Mas sobretudo pelo que representam - a persistência, o trabalho, a confiança. Exemplos!

Pela partilha, os êxitos deles são também para sentirmos. Obrigado.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Máximas em mínimas (98) - Afonso Cruz


Depois de ler Jesus Cristo bebia cerveja, de Afonso Cruz (Carnaxide: Santillana Editores / Editora Objectiva, 2012 – já com 3ª edição, de 2013), uma história bem contada pelo Alentejo dentro, um lote de máximas, organizadas por ordem alfabética e não pela ordem por que aparecem no livro.

Conhecimento – “O auto-conhecimento é uma coisa muito difícil, é como os cães, que roem ossos mas não roem os seus próprios ossos.”
Dor – “As nossas dores acompanham-nos até morrermos, como cães fiéis atrás dos donos.” 
Espaço – “Quando o espaço comum é demasiado pequeno, surgem  inúmeros problemas. Numa sociedade, se houver espaço, nunca há conflito.”
Futuro – “Conhecer o futuro dá cabo do presente.” 
Idade – “A idade de uma criança ainda é um fenómeno mitológico. Fenómeno que se perde com a adolescência. A partir de certa altura a cronologia passa a ser um número sem qualidades metafísicas. Os deuses greco-romanos perdem protagonismo e acabam por ser substituídos por leis físicas, por sebentas aos quadrados e, fatalmente, por um bilhete de identidade.”
Instinto – “O instinto é um processo admirável que se sobrepõe a todas as virtudes, mesmo às mais celestiais, castas e abençoadas.”
Morte – “A morte come muita coisa, mas deixa os ossos.”
Natureza – “A natureza é um lugar sem higiene nenhuma, cheia de bichos e de terra e de coisas desorganizadas. É o oposto dos jardins e das cidades e das hortas e do cimento. A natureza é o maior inimigo do homem civilizado.”
Sonho – “As coisas que imaginamos que irão ser o futuro, e jamais o serão, existem mesmo, mas num universo ao lado deste, coladinho a este. (…) Tudo o que pensamos acaba por acontecer, mas noutro lado a que não temos acesso.”
Tempo – “O tempo, nas relações, não anda necessariamente de trás para a frente, do passado para o futuro. É fácil verificar que uma mulher nova pode ser muito mais velha do que um velho e que um homem de idade impressionante pode ser uma criança. Nas relações, o tempo comporta-se de maneira diferente. O único relógio que mede o passar destes tempos são os sentimentos.” 
Trabalho – “Se o trabalho desse dinheiro, os pobres seriam ricos.”

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Gabriel García de Oro: "Storytelling", o saber que as histórias desvendam


Terão as histórias efeito mágico? Poderão elas integrar uma rede responsável pelo reforço relacional, um poço de saberes úteis para a vida e para os sistemas a que pertencemos?
Lê-se Storytelling, de Gabriel García de Oro (Lisboa: Gestãoplus Edições, 2011), e regressa-se ao tempo em que as fábulas e as pequenas histórias povoavam o nosso imaginário. Com uma diferença: na infância pretendia-se criar um mundo mágico, universo infantil povoado por seres extraordinários, com algumas moralidades que eram entendidas de imediato mas cujo alcance ficava para um futuro; agora, as conclusões constituem o mais importante nicho que rodeia as histórias, anedotas umas, episódios verdadeiros ou verosímeis outros, narrativas da antiguidade e de livros sagrados ainda outras, quadros banais e quotidianos alguns. O subtítulo do livro, “A Magia das Palavras”, valoriza a força do verbo; o balão promocional que se lhe segue apresenta o género – “fábulas, anedotas e histórias dos melhores MBAs”.
São quase cinquenta histórias, que dão outros tantos capítulos, acompanhadas por comentários e moralidades, vocacionados para a orientação das relações no mundo do trabalho, da empresa, ou apenas para orientação na vida.
No final, um guia temático, metaforicamente chamado “Caixa de primeiros socorros da empresa”, serve como roteiro que alia cada uma das histórias a uma das áreas de intervenção abordadas – informação, segurança em si mesmo, preconceitos, ganhos, estratégia, sucesso, gestão de equipas, pensamento lateral / criatividade, gestão do tempo, gestão do poder, crises, atitude, planificação, males da empresa e negociação.
O livro é de leitura fácil, dada a curta extensão de cada capítulo e o facto de os comentários irem ao essencial. Torna-se eficaz e directo, surpreendendo o leitor pela pertinência das reflexões a partir de histórias por vezes banais ou que poderiam não ir além da anedota.
Um exemplo?
Quando ele e ela estavam a tomar banho, a campainha tocou. Acedendo ao pedido dele, foi ela quem se enrolou na toalha e se dirigiu à porta. Abriu, porque era pessoa conhecida, vizinho. Ao vê-la, disse-lhe que lhe daria mil euros se deixasse cair a toalha, oferta que fez a mulher pensar. A insistência foi até ao ponto de o vizinho exibir as duas notas de 500 euros. A tentação dominou-a e a toalha caiu. Ele contemplou a mulher, remirou-a, deu-lhe o valor prometido e despediu-se. Quando chegou à casa de banho, explicou ao marido quem tinha vindo bater à porta. “Ainda bem… Devolveu-te os mil euros que lhe emprestei?”, perguntou ele.
Todos somos levados a pensar, e com razão, que ela passou por uma situação ridícula. Mas só chegamos aí depois de conhecermos a pergunta final, isto é, apercebemo-nos do ridículo quando a mulher o sente também.
Que comentários suscita esta história ao autor? Todos vão no sentido da partilha da informação e da necessidade de se estar informado. E a conclusão de García de Oro é: “Partilhar e estar na posse de toda a informação necessária evita que nos exponhamos ao ridículo e que nos vejamos em situações de clara desvantagem.” Na tal caixa de primeiros socorros, esta história tem entrada em dois grupos – o da informação e o dos males da empresa.
A vantagem deste livro advém da força das curtas narrativas, que valem mais, muito mais, do que as largas considerações sobre as melhores formas de se agir.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Alexandre Soares dos Santos: um retrato sem eufemismos

Alexandre Soares dos Santos, presidente do grupo Jerónimo Martins – que, recentemente, lançou a Fundação Francisco Manuel dos Santos –, em entrevista que o jornal OJE publicou na edição de ontem (edição nº 1000), fez uma análise do momento que se vive em Portugal, primando pela ausência de “meias palavras ou de eufemismos”, como é dito na introdução à entrevista, conduzida por Luís Pimenta. Alguns excertos:
1. Como se decide - “Há algumas semanas, tive ocasião de dizer a um membro do governo que eles fazem as coisas e utilizam o dinheiro como querem e lhes apetece e depois mandam-nos a factura – a nós, portugueses, que não fomos chamados rigorosamente para nada. O que se tem vindo a passar, de há uns anos a esta parte, é que o Governo e o Parlamento são uma e a mesma coisa, decidem determinados caminhos sem terem em consideração as necessidades do país, antes observando as suas próprias, que servem objectivos partidários. Alimentam-se e decidem-se, por exemplo, projectos megalómanos que têm como único resultado o crescimento do endividamento nacional.”
2. Rumo - “A verdade é que o país deixou de ter um rumo, ninguém sabe para onde vamos e resulta claro que não há hipótese de governar e de progredir sem se saber onde estamos e para onde queremos ir.”
3. TGV - “Pergunto, por exemplo, como é possível continuarmos a discutir projectos como o TGV, quando sabemos, de antemão, que não iremos conseguir financiamento? Porque se continua a mentir à sociedade portuguesa e a alimentar projectos para os quais não há dinheiro?”
4. Trabalho e emprego - “Na verdade, todos têm direito ao trabalho, mas ninguém tem direito a ficar num emprego a vida toda. O trabalho é um direito, mas o emprego conquista-se. Em Portugal confunde-se muito estes conceitos, mas, enquanto assim for, vamos continuar a ver o país a cair. Há uma característica muito nossa, que dificulta as coisas: o português resigna-se, diz que é a 'vontade de Deus'. Mas Deus não tem nada que ver com isto.”
5. Orçamento de Estado - “Este Orçamento não foi preparado com o cuidado e com o tempo necessários, fazendo, aliás, acreditar na ideia de que alguém impôs este OE a Portugal.”
6. Cortes nos salários - “Considero terrível o que se passa com os salários da função pública: foram aumentados de acordo com um ciclo político para, agora, serem cortados. Ora, isto não se faz. Não se pode fazer em nome do que quer que seja. Já defendi anteriormente, mas repito-o: era preferível propor mais horas de trabalho, reduzindo o custo por hora, do que reduzir salários. Teria sido mais justo assim. É preciso olhar para as pessoas e ter em conta que elas assumiram os seus encargos e que têm as suas despesas, que são legítimas e necessárias. (…) Trata-se de uma situação de desânimo generalizado que pode dar origem a fenómenos nada positivos para o desenvolvimento do país.”
7. Entendimentos e rumos - “É absolutamente necessário que as principais forças políticas, sociais e económicas se sentem à volta de uma mesma mesa e discutam o rumo para Portugal, em encontros que poderiam, e deveriam, acontecer sob o patrocínio do Presidente da República. (…) É o que precisamos neste momento: discutir o tempo que for necessário, até encontrar um acordo e, depois, garantir que esse rumo é, de facto, aplicado na gestão do país. E esta será uma missão de todos, da Igreja aos sindicatos, do patronato aos partidos políticos.”
8. Fundação Francisco Manuel dos Santos - “A ideia [da criação da Fundação Francisco Manuel dos Santos] nasceu no seio da família, quando nos interrogámos sobre o que poderíamos fazer por este país, que tanto nos tem dado. (…) Numa das discussões em torno do tema, lançámos o desafio de ‘acordar’ a sociedade civil portuguesa, no fundo, compensando a pouca intervenção que se verifica actualmente, seja do meio académico, seja do mundo empresarial. Queremos, com a Fundação, incentivar o sentimento de que a sociedade civil é o elemento determinante da qualidade do país.”

sábado, 19 de dezembro de 2009

D. Manuel Clemente, prémio "Pessoa 2009", em entrevista

O suplemento “Actual”, publicado com o Expresso de hoje, reproduz entrevista com D. Manuel Clemente, bispo do Porto a quem recentemente foi atribuído o prémio “Pessoa 2009”. Homem de fé, de cultura, de dúvidas e de ideias, aqui reproduzo cinco tópicos dessa entrevista, todos eles cruzados com debates que estão na ordem do dia.
Trabalho – “O trabalho não é algo exterior à pessoa. Não é um simples meio ou expediente de sobrevivência. A realização de uma sociedade feliz é a realização de uma sociedade com trabalho. Não tenho dúvidas nenhumas de que a infelicidade que muita gente sente na sociedade portuguesa passa muito pelas dificuldades na obtenção de trabalho.”
Portugal – “Portugal é um país crítico. Não tem nenhuma razão de auto-suficiência e, no entanto, é o país com fronteiras definidas mais antigo da Europa. Mas nunca teve possibilidade de se sustentar sozinho. As nossas crises cerealíferas da Idade Média são endémicas. Nunca teve possibilidades, até humanas, quando foi da expansão ultramarina, de garantir uma imensidão como aquela por onde se espraiou. Não tinha possibilidade, no século XVII, de garantir, só por si, a sua independência. Depois do ouro do Brasil, o país fica destroçado. Demorou 50 anos a recompor-se, quando grande parte da Europa já estava mais à frente. Mesmo no século XX, tivemos situações de pobreza muito difíceis de ultrapassar em todos os campos. Portugal, como estudo de caso, é uma coisa apaixonante, porque é um país que não tinha nenhuma razão para subsistir e subsiste. Os portugueses subsistem apesar de Portugal.”
Família e casamento – “Desde que o homem tem consciência de si próprio, com uma enorme variedade, desde as grandes famílias de clãs até à família nuclear dos nossos dias, desde as famílias poligâmicas até às monogâmicas, há sempre um ou dois factores comuns: homem e mulher. A complementaridade masculino e feminino, bem como a possibilidade e a previsão da geração e da educação da prole. As sociedades depois constituídas como Estado reconheceram a família como factor básico de sociabilidade, de educação, de geração… Outras realidades que as pessoas livremente queiram ter e que até possam ser institucionalizadas terão outro nome, porque são realmente diferentes. Outra coisa é outra coisa.”
Liberdade – “Adiro e integro-me na sociedade liberal contemporânea que desde o final do século XVIII se tem sedimentado entre nós e que se conjuga em termos de liberdade. Isto é, da disponibilidade de cada um em levar a sua vida por diante de acordo com o seu próprio projecto. Mas não extravaso para a deriva libertária a que temos assistido desde a última guerra mundial, em que basta eu desejar para isso ser a razão suficiente para avançar, independentemente do que os outros pensam ou do que as instituições me peçam.”
Mistério – “Gostaria de perceber a relação da religião, e concretamente do cristianismo, com dois sentimentos básicos e dificilmente conjugáveis, na Humanidade e na Igreja, que são a segurança e a liberdade.”

sábado, 10 de outubro de 2009

A República na minha Escola

Alunos da turma D de 12º ano da minha escola, orientados pela professora de História, apresentaram ontem à comunidade uma sessão sobre os 99 anos da República. Foram cerca de 60 minutos de evocação, de saber, de divulgação, de criatividade, de trabalho, de arte. Por ali passou o esforço de investigação sobre personagens ligadas à implantação da República; por ali passou a evocação do primeiro Presidente da República; por ali passou a poesia vinda das palavras de Antero de Quental, de Miguel Torga e de Manuel Alegre; por ali passou a música que interpretou e recriou "A Portuguesa" (que emocionou muitos dos presentes); por ali passou a generosidade de um grupo de alunos que fez encher um auditório para mostrar resultados do seu trabalho. Foi simpático, instrutivo, bonito e útil.
Não podia deixar de registar esta forma de, através do trabalho dos / com os alunos, a nossa contemporaneidade e o nosso passado serem vividos na Escola. Momento alto no (quase) início do ano lectivo, pois!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Quando D. Manuel Martins fala...

Foi no programa radiofónico “O Caminho de Emaús” no domingo passado. O entrevistado, uma personalidade bem conhecida em Setúbal, em Portugal mesmo: D. Manuel Martins, bispo na cidade do Sado desde 1975 até 1998, hoje Bispo Emérito de Setúbal. Da sua conversa, de pouco mais de dez minutos, quatro registos, todos eles fortes, uns por emoção, outros pela mensagem, outros ainda pela convicção.
Bispo de Setúbal – “Deus deu-me a graça de incarnar naquela terra. Procurei viver os problemas daquela gente. Ali passei 23 anos.”
Missão da Igreja – “A igreja tem como missão evangelizar. (…) Na evangelização há também uma missão profética e a igreja tem a missão essencial de proclamar a dignidade da pessoa humana. A igreja deve estar mergulhada até ao pescoço na vida dos homens.”
Direitos do Homem – “Falta tudo [para ser cumprida a Declaração Universal dos Direitos do Homem]. Muito do que é fundamental está a ser esquecido. Não vou mais longe. Falo só no que diz respeito ao trabalho e, se quiser, ainda afunilo mais e digo no chamado código do trabalho.”
Direitos – “A igreja deve incitar as pessoas a que reconheçam a sua dignidade, os seus direitos. Aqueles que têm responsabilidade estejam muito atentos para se evitar uma sublevação social onde tudo pode acontecer.”