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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Albérico Costa e os dias de Setúbal (2)



O estudo de Albérico Costa sobre a década sadina de 1960, em Setúbal sob o Estado Novo - A Resistência a Salazar e a Caetano - 1950-1974, permite ao leitor o destaque de cinco aspectos - as manifestações ocorridas em 28 de Maio de 1962, o trabalho ideológico feito na clandestinidade, a intervenção social e política dos católicos, o condicionamento da oposição nas eleições para a Assembleia Nacional de Outubro de 1969 e a perseguição da polícia política.

Nenhum destes temas surge isolado do contexto nacional desta década, iniciada por acontecimentos tão fortes do ponto de vista simbólico e social como a fuga de presos políticos de Peniche (Janeiro de 1960), o assalto ao “Santa Maria” e o início da guerra colonial (em 1961) ou o assalto ao quartel de Beja (cerca de um terço dos implicados pertencia à área de intervenção da PIDE de Setúbal) e as manifestações estudantis (em 1962), e concluída com a queda que vitimaria Oliveira Salazar (Agosto de 1968), uma anunciada liberalização de Marcelo Caetano e um ambiente persecutório à Oposição nas eleições de 1969.

As palavras de ordem pintadas na Avenida Luísa Todi em 1 de Maio de 1962, exigindo a libertação dos presos políticos e contestando a política salazarista, abriram a porta para o que seria a manifestação de 28 do mesmo mês (data escolhida por coincidir com dia importante para a criação do Estado Novo), fortemente anunciada e vivida, em confrontos com as forças de segurança, com apedrejamento do edifício da Caixa Geral de Depósitos (instituição a que as pessoas recorriam para pôr “no prego” os escassos bens que tinham), sem que a polícia política tivesse descoberto os verdadeiros responsáveis, ainda que tenha responsabilizado e tentado incriminar os membros afectos ao Partido Comunista Português.

Se este partido esteve envolvido em todo o processo de Resistência ao Estado Novo, a verdade é que essa acção teve de ser desenvolvida quase totalmente na clandestinidade - Albérico Costa regista as instalações secretas na região de Setúbal (56 casas no distrito, entre 1941 e 1974, sendo 18 no concelho de Setúbal), destacando duas: a morada que serviu o casal de militantes comunistas Dinis Miranda e Aura Silva, na Praceta de Macau, até à prisão de ambos em 1967 e apreensão de documentos ligados ao partido, e a tipografia clandestina do jornal “Avante!” localizada na Rua Frei António das Chagas, desmantelada em 1967, quando foram presos Manuel Gonçalves e Joaquina Galante, ali residentes e responsáveis pela gráfica.

Sector também importante na crítica e contestação ao regime político foi o da Igreja setubalense (que viveu nesta década também os primeiros passos para a criação da diocese, sendo o cónego João Alves o vigário da Zona Pastoral de Setúbal), com a acção de vários membros do clero e de muitos leigos, numa perspectiva de compromisso com a liberdade, de contestação da guerra colonial, de apelo à participação nas eleições, de apoio social e de realização de sessões culturais e informativas. Capítulo indispensável para a história dos católicos de Setúbal, passa pelas histórias de muitos que estiveram na primeira linha da crítica ao poder (com prisões pela PIDE, como foram os casos dos padres Carlos Alves, de Alhos Vedros, e António Correia, de Palmela), pelo movimento do Secretariado Cristão de Acção Social, pela Fraternidade Operária das Praias do Sado, pelo jornal “Notícias de Setúbal” (periódico diocesano em que assumiu particular destaque a intervenção do médico Mário Moura), pela criação do espaço Culdex (que, depois, originaria a livraria Culsete).

A década de 1960 acaba no processo eleitoral para a Assembleia Nacional em 1969, com uma Oposição a quem foi tolerado concorrer, mas sob fortes condicionalismos e pressões que foram até à falsificação e manipulação do processo eleitoral por membros afectos à União Nacional visando a distorção dos resultados e, mais uma vez (como sucedera no final da década anterior), sem um entendimento sólido entre as várias frentes que constituíam os movimentos oposicionistas.

Aspecto importante realçado ao longo desta obra é o das prisões e da recolha de informações sobre opositores, chegando muitas das observações à indignação, por um lado, e ao ridículo, por outro, pelas inferências apresentadas, como se vê num registo sobre Mário Moura pelo chefe do posto de polícia: “É um indivíduo muito esperto e manhoso, ausenta-se frequentemente do País, levando uma roulotte atrelada ao seu carro, possivelmente para estabelecer contactos no estrangeiro com maior segurança.”

A cronologia da década informa sobre eventos importantes para a cidade em diversos planos: a inauguração do Museu de Setúbal (1961) e do Estádio do Bonfim (1962), o litígio entre a Soltróia e os proprietários em Tróia em torno da desocupação do terreno (1963), os problemas ambientais trazidos pela Socel (1964), a inauguração do Parque das Merendas da Comenda (1967) e a fundação do Círculo Cultural de Setúbal (1969), entre outros.

* João Reis Ribeiro. "500 Palavras". O Setubalense: n.º 1205, 2023-12-13, pg. 10. 


quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Urbano Tavares Rodrigues: 100 anos


Urbano Tavares Rodrigues nasceu há 100 anos e faleceu há 10 anos. O último encontro que  tive com ele foi justamente na Feira do Livro de 2013, em 2 de Junho. Faleceria no Agosto seguinte. Mantenho forte lembrança e saudade de Urbano Tavares Rodrigues, de quem fui aluno e que me concedeu o prazer de sermos amigos. Em jeito de homenagem, republico o texto que li na livraria Culsete, num dia de Janeiro de 2003, quando a livraria setubalense quis homenagear o escritor.

"Não sei de quando vem o meu contacto com Urbano Tavares Rodrigues, mas sei que vem de muito longe, desde quando ainda nem pensava que viria a licenciar-me em Letras, muito menos imaginando que o iria ter como professor. Também não sei qual foi o primeiro livro que dele li – talvez A Noite Roxa, que me lembro de me ter sido emprestado por um amigo e que, mais tarde, adquiri para nele reler uma interessantíssima narrativa como “Escombros”, quase retrato de uma geração, e para nele fazer uns sublinhados que me tinham impressionado nessa leitura sobre a vida e a arte... Talvez o primeiro livro que li de Urbano não tenha sido este, mas tenha sido uma recolha literária sobre Estremadura, nessa quase indispensável colecção que é a “Antologia da Terra Portuguesa”, testemunho da indispensabilidade que a literatura se torna para dizer a terra, para dizer o homem, antologia, aliás, onde creio que tive um dos primeiros contactos com Sebastião da Gama, que topou e mostrou a alma arrábida em toda a sua maravilha... Ou talvez a minha primeira leitura de Urbano Tavares Rodrigues tenha sido outra. Recordo, no entanto, estas duas como as mais antigas que dele conheço.

Em 1979, entrei para uma licenciatura na Faculdade de Letras, ingresso já tardio porque me era necessário trabalhar, mas atempado porque pôde ser no curso que queria e na Faculdade que me ficava mais à mão, em horário cumprido depois das 17 horas. Lembro-me de várias pessoas que tive como professores e pelas quais senti uma admiração grande desde logo, que, em alguns casos, virou amizade, já em tempos posteriores ao curso (em jeito de aparte ou de excurso, vou apenas referir o António Vilhena, hoje professor em Setúbal [entretanto aposentado], poço de cultura e de disponibilidade, que conheci como professor de Latim na Faculdade e cujas aulas eram autênticos tratados – ainda que sem o peso que os caracteriza – sobre cultura portuguesa, com especial incidência na literatura, e sobre as marcas clássicas que a enformam).

Mas voltemos a Urbano Tavares Rodrigues, que tive como professor de Literatura Francesa. Uma das coisas que me fascinou na minha licenciatura foi o facto de ter conhecido escritores enquanto professores, podendo assim usufruir da sua experiência enquanto artistas e criadores e do seu estatuto enquanto professores, intelectuais e cidadãos intervenientes, que eram vários. O professor Urbano Tavares Rodrigues não fugiu a este quadro. E, se foi apaixonante a forma como nos fez ouvir a solidariedade e o social presentes em Germinal, se foi suave a maneira como nos fez entrar nos domínios do erotismo de La Motocyclette, se foi a tocar o fascínio que nos falou de uma obra como Le Ravissement de Lol V. Stein, certo é que todos estes predicados se construíram como metáforas dele próprio, isto é, a delicadeza do discurso, a singeleza das práticas, a simpatia da disponibilidade, o aprofundar permanente no cruzamento da literatura estudada com as múltiplas e incansáveis referências advindas da sua experiência de escritor, o sorriso disponível numa atitude de quem parecia tudo oferecer fazendo passar o universo literário numa relação constante de tu-cá-tu-lá para um degrau de contínua admiração pela arte... enfim, tudo isto nos foi transmitindo, tudo isto foi partilhando, porque o todo das suas aulas se nos afigurava também como uma partilha de reflexões e de angústias da estética e do sentir.

A permanente abertura do professor Urbano Tavares Rodrigues nunca lhe deixou escorregar um “não”. Recordo que, mesmo perante trabalhos ou observações de qualidade menos desejada, a sua atitude era de tentar dar a volta de forma subtil, não negando a pouca pertinência do resultado (ou, muitas vezes, a sua impertinência) e incluindo no seu comentário as pistas de orientação que o estudante deveria aproveitar ou explorar.

Habituei-me, assim, a olhar o professor Urbano Tavares Rodrigues como uma personagem dedicada, disponível e atenta (mesmo quando parecia que dormitava perante algumas apresentações de trabalhos, fazendo, no final, o seu comentário acertado e límpido), como uma personagem participante (frequentemente trocando opinião connosco sobre posições públicas a propósito de questões culturais e de ensino), como alguém sempre pronto a incentivar os voos de quem quisesse ir mais longe ou de quem precisasse da sua ajuda. Recordo que, no último ano da licenciatura, estudei a autobiografia em José Gomes Ferreira, a propósito do seu livro A Memória das Palavras, para a cadeira de Teoria da Literatura, leccionada por Lucília Gonçalves Pires. Ser-me-ia útil falar com Gomes Ferreira, mas ele estava a passar um mau momento de saúde, pela sua debilidade de 80 anos. Foi, aliás, o professor Urbano que me pôs ao corrente do estado de saúde de Gomes Ferreira, mas, logo que soube das suas melhoras temporárias, falou-lhe e pôs-nos em contacto, assim me tendo sido proporcionado um encontro de cerca de três horas com esse “poeta militante”, na sua casa da rua Rio de Janeiro, em que quase me limitei a ouvi-lo e em que grande parte da sua conversa não foi sobre poesia, mas foi poesia. Passadas cerca de duas semanas, o professor Urbano encontrou-me na Faculdade, perguntou-me pelo andamento do trabalho, tendo-lhe eu dito que o mesmo já tinha sido apresentado e avaliado. Quis vê-lo, porque, argumentou, “acho que tenho alguma responsabilidade nesse trabalho”. Dei-lhe uma cópia e, volvidos uns dias, propôs-me que o texto fosse publicado no “Suplemento Cultural” do Diário. Respondi que sim, meio sem jeito. Soube depois que era sua prática corrente incentivar os alunos à publicação de trabalhos e mesmo à edição.

Concluída a licenciatura, abandonei também o trabalho que tinha e passei para o ensino. Em 1985, estando em Beja – onde confesso que aprendi a gostar do Alentejo –, ao rebuscar numas prateleiras já esquecidas e poeirentas de uma livraria da cidade, encontrei um livro sobre Urbano Tavares Rodrigues, intitulado Escritor da Fraternidade, da autoria de Pires Campaniço. Já não contactava o professor havia cerca de dois anos, depois que saíra da Faculdade. Comprei o exemplar por uma bagatela e li as suas 130 páginas – fortemente ideologizadas – nesse mesmo dia, mais no sentido de ter um ponto de contacto com alguém que me impressionara fortemente. O livro lembrou-me o professor, sobretudo, e pareceu-me que o título escolhido, ao eleger a fraternidade para caracterizar o escritor, tinha acertado no ponto. Fraternidade, como quem diz solidariedade, como quem afirma disponibilidade... são lógicas de atributos que resultam bem se aplicados a Urbano Tavares Rodrigues.

Fui, entretanto, descobrindo também a sua faceta de ensaísta na área da literatura e de escritor de viagens, sempre encostando as obras abordadas a referentes culturais importantes ou as viagens a itinerários não menos sentidos (talvez sentimentais), como descobri num relato seu sobre Santiago de Compostela, publicado em 1949, verdadeira peregrinação no espaço e no eu, na busca de outras artes e do conhecimento do mundo.

Encontrámo-nos depois em diversas situações mais ligadas à literatura (por exemplo, na sua defesa da tese de doutoramento sobre Teixeira-Gomes, ou na apresentação de Violeta e a Noite aqui neste mesmo espaço da Culsete), sempre relembrando tempos da minha vida de estudante. Mas, quando andei ocupado com um mestrado sobre a revista portuguesa dos anos 50, Távola Redonda, em que Urbano Tavares Rodrigues colaborou com uma tradução a partir do italiano – coisa que não é novidade, depois de se ter visto a tradução por si feita do Decameron, de Bocaccio, que também terá sido um dos meus contactos antigos com ele –, voltei a poder certificar a disponibilidade, a atenção, o saber, o testemunho, a delicadeza... Na noite de um dia 22 de Abril, passantes que eram já as dez da noite, Urbano Tavares Rodrigues recebeu-me em casa, ali na Tomás Ribeiro, para uma conversa sobre a revista, que acabou por ser também sobre a literatura portuguesa dos anos 50, que acabou por ser também sobre a sua obra, que acabou por ser o prolongamento de um fio de disponibilidade sempre demonstrada.

A mais recente vez em que nos encontrámos foi há bem pouco tempo, no mês passado, na apresentação do último livro de poesia de Teresa Rita Lopes. E o que nos uniu? Para lá de tudo, o professor Urbano Tavares Rodrigues falou-me, de imediato, do tempo da Faculdade e da lembrança das suas aulas. Ao fim e ao cabo, um tempo marcante, de aprendizagem e também de conhecimento, lados ambos de uma mesma estrada. Mantenho o gosto por Urbano Tavares Rodrigues enquanto escritor múltiplo e multifacetado, mas quero preservar também esta recordação feliz de um Urbano Tavares Rodrigues professor e mestre, dedicado, sabedor, atento, delicado e prestável, fazendo da literatura uma forma de criação e do ensino uma via de reflexão... ou talvez, e sobretudo, conjugando os dois percursos no rumo da disponibilidade para uma vivência de transformar a arte em cidadania. Não resisto sem ler quatro linhas de um seu escrito de cunho autobiográfico, publicado sob o título de “Apontamentos e Confissões”, no livro de ensaios sobre O Tema da Morte: “Já na minha adolescência desejava ser escritor, embora outras profissões me seduzissem, tais a de médico e a de professor: no fundo, aquelas que me permitissem ancorar e sentir-me útil.” É uma justificação simples, claro. Mas testemunho que, na sua simplicidade, a senti. E vivo bem com essa lembrança e exemplo."


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Resendes Ventura entre os papéis e a leitura



Dê-se a palavra ao autor: “Vivo no meio dos livros. Alto preço / paguei por esta escolha. / Ele há vidas assim. Há tantos modos / de se passar pelos destinos / em que está embarcada a vida humana.”

A citação pertence a Resendes Ventura - assinatura literária de Manuel Pereira de Medeiros (1936-2013), micaelense de Água Retorta e setubalense por adopção, onde foi livreiro e fundador da livraria Culsete (1973) - e consta na sua obra Papel a Mais - Papéis de um Livreiro com Inéditos de Escritores, saída em 2009 (Esfera do Caos Editores), a abrir uma estrofe do poema “Leitura”, quase no final do livro. Somos levados para a relação daquilo que o autor assumiu como tendo sido - um livreiro, um leitor, um autor de “papéis” (que não um escritor, apesar de o ter querido ser). Desta quase trindade surgiram as considerações e poemas que compõem o livro, alinhado em quatro grupos: dois reflectidos e exuberantes ensaios sobre a leitura, aglomerado de poemas em jeito antológico (recorrendo ao seu título de 1993, Mãe d’Alma, e trazendo mais algumas criações), textos de autores amigos oferecidos ao livreiro e colaborações diversas na imprensa.

Os ensaios reflectem o estado da leitura e lançam pistas para o seu futuro. Estava-se em tempos em que se discutia o fomento da prática da leitura (e não estamos ainda?), em que o estudo da leitura dava os primeiros passos como preocupação na prática universitária. As reflexões sobre a leitura (o seu estado e a sua dinamização) surgidas nesta obra associam-se a incursão pela memória, relatando o papel da Culsete nessa promoção e as inumeráveis sessões de animação do livro e da leitura que o livreiro levou por diante, não sem que paire o autobiografismo do trajecto do leitor que se foi formando desde a infância e da experiência de escrita que também foi namorando o livreiro.

A reflexão que fica é contundente e provocatória, não deixando dúvidas quanto às responsabilidades que todos - todos - temos na leitura. Leia-se, no primeiro ensaio, e pense-se: “Como é que um país pode ser culto sem edições disponíveis de obras fundamentais quer da cultura nacional quer da universal? Miséria de editores ou miséria de leitores? Nunca compreendi. Mas a conclusão, sim: miséria de leitura.” E, já agora: “nunca encontrei quem se admirasse de um livreiro ser ignorante como leitor”. No segundo ensaio, uma proposta: a livraria como “oficina de leitura”, não como “mercearia de livros”. Entre a escrita dos dois textos que constituem este grupo medeiam seis anos, notando-se, no segundo, uma maior confiança nos caminhos abertos à prática (porque não ao hábito?) da leitura, texto que é também uma quase despedida de um percurso dedicado ao livro.

As colaborações de Resendes Ventura na imprensa, trazidas para final da obra, caucionam o percurso dinâmico do autor na actividade cultural, particularmente no que ao afecto ao livro respeita. São recortes por onde passam o sentir poético da vida, o contributo dado em Setúbal para a memória de Sebastião da Gama ou de Andersen, o testemunho de leitor de vários tempos. Valorizando todo este desempenho, surgem também os “inéditos de escritores” (15 nomes, no total), que, maioritariamente homenageando o livreiro Medeiros, são também um contributo para o testemunho e para novas pistas de conhecimento.

Quase no final do livro: “É mesmo inevitável a pergunta: quem mais irá ler, para além de alguns amigos de cada autor, muito do que se edita? Uma pessoa interroga-se com razão.” Cabe a cada um de nós responder, mas será triste desconhecer este contributo de Resendes Ventura para a discussão e para a memória local...

* J. R. R. "500 Palavras". O Setubalense: nº 793, 2022-02-23, pg. 6.


segunda-feira, 28 de maio de 2018

Para a agenda: Em Setúbal, a Feira do Livro do Autor Setubalense é na Culsete



Há uns tempos, a Biblioteca Municipal de Setúbal promoveu uma exposição bibliográfica com obras de autores ligados a Setúbal; agora, é a livraria Culsete que organiza uma Feira do Livro do Autor Setubalense. As duas iniciativas andam ligadas neste fenómeno que é o da identidade, da promoção da leitura e da história e da cultura local.
Será entre 28 de Maio e 1 de Junho. A pôr na agenda!

quarta-feira, 1 de março de 2017

Para a agenda: José Manuel Graça Dias apresenta Goa na Culsete



A Livraria Culsete, em Setúbal, não chegou a fechar. Ainda bem para todos, ainda bem para a cultura, ainda bem para o livro, ainda bem para Setúbal! As portas mantiveram-se abertas e há uma equipa de trabalho que está disponível, que ajuda e que se esforça nesta saga do que é o livro.
Além do mais (que não é pouco) a Culsete continua disponível para a promoção do livro e a prova é a iniciativa que vai acontecer já no dia 3, sexta-feira: José Manuel Graça Dias, co-autor de Goa - Passado Que Futuro? (edição de Calçada das Letras), vai estar presente em sessão na livraria, pelas 18h00. A obra tem ainda como co-autora Elsa Rodrigues dos Santos e a sua temática goesa passa pelas áreas da História, da geografia, da economia, da cultura e da política. Para a agenda!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Culsete: Livraria independente com final anunciado no dia de Bocage



Será o dia em que se celebra um poeta como Bocage o mais indicado para se saber que uma livraria vai acabar, ainda por cima uma livraria independente? Ou será ironia do destino?
Foi ontem que recebi mensagem da Fátima Medeiros a anunciar o encerramento da livraria Culsete (de Setúbal) para breve, para Outubro, mês outonal já a deixar pressentir a morte de uma actividade cultural considerável.
A história da Culsete confunde-se com a história cultural de Setúbal no período dos últimos 46 anos (quase meio século!), primeiro como Culdex, depois como Culsete, projecto devido ao casal Manuel Medeiros e Fátima Ribeiro de Medeiros, ambos entrelaçados nos livros, vivendo páginas e páginas, potenciando a riqueza cultural da região.
A história da Culsete foi contada por um dos seus criadores, o Manuel Medeiros, numa parte do livro Papel a mais, assinado pelo pseudónimo Resendes Ventura (Lisboa: Esfera do Caos Editores, 2009), uma obra que reúne memórias e depoimentos vários, poemas, pensares e reflexões, bocados de tempo em que a descoberta, a dinamização e o conceito da leitura, o papel do livro e o mundo editorial constituem constantes.
A Culsete vai encerrar. Um destino igual ao de muitas outras lojas, seja pela crise, seja pelas (des)regras de mercado, seja pelo desgaste das pessoas, seja lá por aquilo que for. Olha-se para trás e vê-se um espaço onde se foi muitas vezes feliz - na procura e descoberta de livros, no contacto com pessoas e saberes muitos, nas viagens pelas veredas da cultura, no saborear os momentos em que muitos livros nos encontraram, nas amizades fortalecidas, nos convívios, nas apresentações de livros sempre com espaço intenso de reflexões várias... Olha-se para trás e vê-se que a Culsete ofereceu muito, mesmo muito, às pessoas e que desse muito cada um aproveitou o que pôde.
A mim, fez-me bem visitar a Culsete muitas vezes e fica a mágoa de não terem sido mais essas vezes, a consciência de não ter podido estar em muitas realizações. Mas também ficam as memórias dos prazeres sentidos, das descobertas, das aprendizagens, dos momentos em que lá levei outros, das possibilidades que me foram criadas.
Sei por antecipação que vou ter pena de não poder encontrar a porta aberta da Culsete dentro de pouco tempo... como sabia que este desfecho estava a pairar. Sinto-me grato a esta livraria e às pessoas que a fizeram como sinto que as palavras são escassas para exprimir o que se sente...

O último gesto de afecto com os leitores vai acontecer a partir do dia 23 com a liquidação total do seu fundo livreiro, oportunidade para últimas despedidas... A propósito, recordo uma frase de Gómez de la Serna na sua obra Greguerías: “O livro é o salva-vidas da solidão”. Logo percebemos que a cultura em Setúbal vai ficar mais só. E nós também...

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Para a agenda: Eduardo Paz Ferreira em Setúbal



Eduardo Paz Ferreira vai estar em Setúbal para conversar sobre o livro que tem dado que falar e sobre um título que faz apelo à cidadania - Por uma sociedade decente (Lisboa: Marcador, 2016). No dia 13, na livraria independente Culsete, pelas 18h30, tendo ainda como interlocutores Maria Emília Brederode dos Santos, Mário Mesquita e José Teófilo Duarte.  Para a agenda!

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Para a agenda: Música e integração social na Arruada da Culsete



A IV Arruada de Livros organizada pela livraria independente Culsete, em Setúbal, proporciona, no final da tarde de hoje, uma visão da música como meio de integração social, em partilha com o Grupo Musical do Centro Social São Francisco Xavier, de Setúbal. Para a agenda!


sexta-feira, 1 de julho de 2016

Para a agenda: Nuno Costa Santos em Setúbal


O programa da IV Arruada de Livros, organizado pela livraria independente Culsete, prossegue em Setúbal. Para o dia 2, sábado, conte-se com Nuno Costa Santos, que traz a obra Céu nublado com boas abertas, a ser apresentado por João Brás. Para a agenda!


quarta-feira, 29 de junho de 2016

Para a agenda - Arruada de Livros em Setúbal

Vai ser a IV edição da Arruada de Livros, organizada pela livraria independente Culsete, em Setúbal. Com animação, leituras, palestras... Para já, o programa da abertura do dia 1 de Julho, com o Grupo "Água de Beber". Depois, é para continuar! Forma agradável de levar os livros aos leitores e os leitores até aos livros. A participar!



segunda-feira, 29 de junho de 2015

Para a agenda: Arruada da Culsete



Entre 3 e 12 de Julho, a livraria Culsete, em Setúbal, vai levar a cabo a sua 3ª Arruada. Tempo para convívio com letras e livros, com saberes e culturas. O programa é extenso, variado, rico. Tem muito por onde escolher. Para a agenda!

domingo, 3 de maio de 2015

Para a agenda - O quotidiano medieval em Portugal, na Culsete



A setubalense Ana Rodrigues Oliveira estará na Culsete em 9 de Maio para falar do seu livro O dia-a-dia em Portugal na Idade Média, pela primeira vez apresentado no país. Uma boa oportunidade para ler e para saber como foi o quotidiano que nos antecedeu. Para a agenda.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Para a agenda: VI Encontro Livreiro, em Setúbal



O VI Encontro Livreiro chega em 29 de Fevereiro, domingo, para reunir na livraria Culsete, em Setúbal, todos os caminhos e atalhos que vão dar ao universo do livro. O momento será ainda aproveitado para a atribuição do diploma “Livreiros da Esperança”, a título póstumo, a Luís Alves Dias, da Livraria Ler, a ser entregue ao filho Luís Alves, actual gerente da livraria.
Realizando-se pelo sexto ano consecutivo na livraria setubalense Culsete, o Encontro Livreiro é, segundo comunicação da equipa coordenadora, “um espaço de reflexão e troca de ideias, mas também de convívio feito em torno dos livros”, feito “por todos aqueles que vivem em torno dos livros, todos aqueles que não entendem a sua vida sem livros, as gentes do livro, dos livreiros aos leitores, passando por editores, ilustradores, escritores, comerciais do livro, designers de comunicação, alfarrabistas, encadernadores, académicos, professores, bibliotecários, tradutores, jornalistas culturais e todos os outros.”
Dia 29, na Culsete, a partir das 15h00. Para a agenda!

quinta-feira, 19 de março de 2015

Para a agenda: Dia Mundial da Poesia com poetas, em Setúbal



O Dia Mundial da Poesia tem calendário marcado na Culsete, em Setúbal. Com livros, poemas e poetas. Com vozes, letras e palavras. Na tarde de 21 de Março. Para a agenda.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Para a agenda - José Ruy em Setúbal



José Ruy é nome incontornável na cultura portuguesa, especialmente na banda desenhada. Autor de extensa obra, por ela têm passado as biografias de personalidades importantes como João de Deus, Fernão Mendes Pinto, Aristides Sousa Mendes, a adaptação de obras literárias devidas a Camões, Gil Vicente ou Alexandre Herculano, ou histórias da cultura portuguesa como a da língua mirandesa.
Os setubalenses vão ter mais uma vez a oportunidade de se encontrar com José Ruy, numa iniciativa em que estão envolvidos o programa cultural "Muito cá de casa" e a livraria Culsete. Na Casa da Cultura, em conversa com Cristina Gouveia, na noite de 19 de Dezembro. Para a agenda!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Para a agenda - João de Melo na Culsete com o seu mais recente livro



João de Melo, dono de vasta e reconhecida obra literária, açoriano, estará na Culsete, em Setúbal, para apresentar o seu mais recente romance, Lugar caído no Crepúsculo. No dia 6 de Dezembro. Para a agenda.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Para a agenda - António Rego, em Setúbal



Mais uma actividade da Culsete, em Setúbal. A apresentação de "Eterno Agora", de António Rego, com a leitura de Artur Goulart. Em 29 de Novembro, pelas 16h00. Para a agenda!

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Para a agenda - Eduardo Paz Ferreira, Soromenho-Marques e Pinto Ribeiro



Mais uma tarde com a chancela da Culsete, em Setúbal. Um livro - Da Europa de Schuman à não Europa de Merkel - e um trio de luxo - Eduardo Paz Ferreira, o autor, Viriato Soromenho-Marques e José António Pinto Ribeiro. No sábado, às 16h00. Para a agenda.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Para a agenda - Jorge Sousa Correia, autor setubalense, em Setúbal com D. João II



Jorge Sousa Correia (n. 1946), autor setubalense, vem à sua terra para apresentar publicamente a sua segunda obra, recentemente editada: o romance histórico As sombras de D. João II, que passa por momentos nesta terra do Sado. A história de um homem que foi príncipe e que nasceu como toda a gente: do "ajuntamento" de seus pais. Na Culsete, hoje, às 18h30. Para a agenda.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Para a agenda - As arruadas da Culsete, entre livros e livros



A Culsete, livraria que já passa dos 40 anos em Setúbal, leva a cabo, a partir de 4 de Julho, a sua segunda edição do programa "Arruada", gizado e orientado por Fátima Ribeiro de Medeiros. Viagem por livros, livros, livros... por saberes, pela história e pela literatura, pela leitura e pela escrita, pela música, pela vida. Para muitos gostos, para todos os gostos. Para a agenda!