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sábado, 13 de agosto de 2011

D Manuel Martins e a crise social em entrevista

D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, nos seus 84 anos, tem entrevista publicada no Expresso de hoje, assinada por Joana Pereira Bastos e Valdemar Cruz. A crise social foi o pretexto para este encontro. E D. Manuel Martins manteve-se fiel ao seu pensamento e à sua prática de anos, quando era prelado na cidade sadina. Ficam alguns excertos.

Situação – “Agora estou convencido – oxalá não seja assim – de que estamos numa situação má, amanhã vamos estar numa situação pior e depois de amanhã vamos estar numa situação péssima.”
Governos de Sócrates – “Na minha opinião governaram mal, com falta de respeito por nós. Governaram pior Portugal do que se fosse uma quinta pessoal, porque se fosse uma quinta pessoal com certeza que a estimavam, que a tratavam bem, que a fariam render.”
Governo de Cavaco Silva – “Criou-se uma inconsciência social de irresponsabilidade. Era toda uma política económica irresponsável, que fomentava a distribuição de cartões de crédito.”
Costumes – “Isso dos brandos costumes são histórias. Temos boa gente, mas quando for preciso também deixamos de ser boa gente. Tenho muito medo disso.”
Esperança – “Quando foi a queda do Muro de Berlim acreditei que tinham finalmente acabado as guerras. Depois veio a dos Balcãs e já fiquei um bocadinho desiludido. Depois veio a União Europeia e eu acreditei que seria uma associação de iguais, em que os pequenos podiam valer tanto como os grandes, mas não é nada disso. Os países pobres, mesmo todos juntos, não são capazes de derrotar a vontade de um dos ricos – da Alemanha ou da França. É uma Europa esfrangalhada, desorientada, que é a dois e não a 27. Ao fim e ao cabo, fomos associar-nos para engordar mais aqueles cavalheiros e nos minimizarmos a nós. Queimaram-se os campos, as vinhas, destruíram-se as produções, acabou-se com as pescas. (…) Era apenas para se venderem os produtos deles.”
Campo – “Se ao menos fôssemos capazes de voltar ao campo, já não tínhamos fome. As crises às vezes são oportunidades… Se esta nos levasse novamente ao campo, não para ficar lá, mas para aproveitar as riquezas que nos dá, libertava-nos de muita importação.”
Assistência – “A Igreja faz festas muito bonitas e esquece-se de vir para o meio daqueles que sofrem. Tem acordado muito, mas as atitudes que tem tomado são mais no sentido da assistenciazinha, da caridadezinha. Tem de ir mais longe. Ela mesma tem que dar sinais.”
Sinais – “Devíamos ser capazes de vender esse ouro todo que anda ao pescoço dos santos nas procissões. Os cordões e os anéis que o povo quer ver pendurados nos santos, para que prestam? Podem prestar para um salteador, mas não para um santo. Porque não vendemos isso tudo, deixando só as coisas de valor histórico e artístico? A Igreja é um grande sinal do amor de Deus no mundo e deve reflectir o rosto materno de Deus.”

sábado, 15 de maio de 2010

Duas histórias com professoras, sem proveito para a educação

Duas notícias de ontem tratam da imagem dos professores. A primeira: a propósito do livro 365 piadas novas (Civilização), que contém uma anedota em que uma professora pergunta a um aluno o que dá a vaca, respondendo-lhe o petiz que “a vaca lhes dá trabalhos de casa”. A segunda: em Mirandela, uma professora de Actividades Extra-Curriculares posou para a Playboy, contracenando nua com outra mulher e, como conclusão, a revista esgotou na zona, a sociedade falou e a professora vai mudar de ramo.
Toda a gente sabe que a sociedade é muito pouco púdica e que, frequentemente, quer dar de si uma imagem que não corresponde ao que na realidade sente. Coisas que todos sabemos, claro! Sempre houve anedotas sobre profissões, como sobre povos ou sobre regiões. E, com franqueza, nunca apreciei aquelas que têm como propósito a humilhação, independentemente de se referirem a profissões, povos ou terras. Parece que a alegria de nos rirmos só se satisfaz com o azar dos outros ou com a humilhação dos outros e isso é lamentável. Tal como é lamentável a inserção da tal anedota no dito livro, que só prova a falta de sentido de humor e a banalização das referências.
Quanto à jovem transmontana, pode ser que ela tenha decidido o seu futuro (e só desejo que seja a seu contento). Estou longe de subscrever as opiniões que isentam a jovem de responsabilidades e que peroram em favor de classificar a sua atitude como algo de normal, num tempo em que o corpo significa isto ou aquilo, porque são argumentos fáceis. Obviamente que a liberdade foi toda sua e a sua exposição na revista não merece reprovação. Mas, provavelmente, a sua área não seria a da educação no 1º Ciclo. Educar também exige referências, queira-se ou não, goste-se ou não. E as que se relacionam com o corpo não serão provavelmente as do explícito ou da exposição… da estética da professora!
Relacionadas com a educação – em face dos seus protagonistas –, nenhuma destas histórias abona a seu favor. Muito embora ambas possam aproveitar por outras talvez interessantes razões…

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Dia "histórico"

"Dia histórico" é expressão do agrado do Primeiro-Ministro. Já era no seu anterior Governo; continua a sê-lo agora. E, como se não bastasse um acontecimento para a "historicidade" do dia, desta vez houve dois eventos fartamente noticiados: de madrugada, o acordo entre o Ministério da Educação e as organizações sindicais dos professores, depois de quatro anos de questiúnculas e de teimosias; durante o dia, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo votada na Assembleia da República, depois de muitas discussões públicas em que o saldo continua a ser o "porque não" e o "porque sim", que estas coisas têm a ver com convicções íntimas, com crenças, com valores, com a vida privada. A relatividade das coisas ganhou também com este dia "histórico" - o que é verdade num dia pode deixar de o ser noutro. Questões de efemeridade, que nada parece ser definitivo! As consequências deste dia "histórico" estão para vir e oxalá resultem em benefício da sociedade, que não é pedir muito... Se assim não for, a "história" pregou-nos uma partida, mais uma vez.