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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018
sábado, 28 de dezembro de 2013
Máximas em mínimas - Afonso Cruz
Depois de ler
Afonso Cruz, em Os livros que devoraram o
meu pai – A estranha e mágica história de Vivaldo Bonfim (Alfragide: Editorial
Caminho / Leya, 2010), um percurso por muitas leituras e pelo que delas ficou, eis frases que são marcadores:
Árvore – “Para uns, a raiz é a parte
invisível que permite à árvore crescer. Para mim, a raiz é a parte invisível
que a impede de voar como os pássaros. Na verdade, uma árvore é um pássaro
falhado.”
Consciência – “É dentro da sua cabeça
que todos os homens são livres ou condenados.”
Homem – “Nós somos feitos de histórias,
não é de a-dê-énes e códigos genéticos, nem de carne e músculos e pele e cérebros.
É de histórias.”
Humano – “Se há seres vivos desumanos,
só mesmo os humanos. Resultado: os animais humanizados tendem a voltar à sua
condição primitiva, a de animais.”
Memória – “As memórias são a
perspectiva do passado, mas não são a mesma coisa. Elas mudam com o tempo, não
são crónicas postas em papel e descritas objectivamente com rigor. São coisas
emotivas que variam a cada vez que são lembradas. As memórias são repensadas e
vão-se tornando outra coisa. (…) As nossas memórias nunca são verdadeiras ou
absolutamente verdadeiras, são apenas uma interpretação. Existem outras e ao
longo dos anos vamos vendo o passado a uma luz diferente. As nossas memórias vão
sendo vistas de diferentes perspectivas, conforme aquilo que aprendemos e
conforme aquilo que sentimos no instante em que as relembramos.”
Vida – “A vida, muitas vezes, não tem
consideração nenhuma por aquilo de que gostamos.”
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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Gonçalo M. Tavares, “Uma Viagem à Índia”, canto VII
* “As circunstâncias insólitas ocorrem por vezes apenas para interromper a redundância dos dias: o destino não é maldoso: aborrece-se; quer ser criativo, inventa.” (est. 2)
* “São importantes as teorias, mas convém não esquecer os sentimentos.” (est. 7)
* “É a História de um país que dá a intensidade da ligação da árvore à terra. E cada país é uma árvore.” (est. 17)
* “O mundo não é claro e depois escuro, o mundo, cada pedaço dele, é claro e escuro.” (est. 21)
* “Do início da Europa ao fim do mundo o mundo é igual: ambíguo como tudo o que enoja e atrai.” (est. 32)
* “O consumo, por mais que o repitam, não é invenção do capitalismo: os deuses formaram homens incompletos, com estômago, frio e vaidade, como queriam outro resultado?” (est. 41)
* “Entre a ética de um santo e de um canalha, as diferenças são mais de direccionamento da habilidade.” (est. 45)
* “O que enoja varia menos, ao longo do universo, do que aquilo que entusiasma.” (est. 47)
* “A arte que repete o mundo e a realidade, que os copia como um principiante com a língua de fora a desenhar no papel a cadeira que está à sua frente, essa arte é errada, imbecil, inútil, decadente, miserável, mesquinha, vazia, estúpida, e fica bem nos catálogos.” (est. 55)
* “Os números não são compatíveis com melancolias, qualquer número a nível do coração é zero.” (est. 62)
* “Entre dois dias grandes há dias pequenos, e nesses dias individuais secretos reside a outra metade de um ser vivo.” (est. 66)
* “Um homem é as dez palavras fundamentais que usa, os três amigos que tem e as cinco acções mais importantes que fez.” (est. 67)
* “Uma casa pequena é uma casa essencial. O que não cabe numa casa pequena não é indispensável para a alegria, e o que não é indispensável para a alegria é dispensável.” (est. 73)
Gonçalo M. Tavares. Uma Viagem à Índia. Alfragide: Leya / Caminho, 2010.
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