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domingo, 20 de julho de 2014

Uma surpresa... para a paz que procuramos!

 
É bom ver e ouvir isto. Sobretudo num tempo em que as civilizações têm dificuldade em encontrar-se (apesar de tudo!!!), em que a tristeza e as dúvidas invadem a sociedade, em que a história de um avião caído nos mostra a nossa vulnerabilidade e a falta de respeito pelo ser humano... Vale mesmo a pena entrar naquela multidão e acompanhar o ritmo da 9ª sinfonia e a força que Beethoven transmitiu...


 

domingo, 17 de novembro de 2013

Como Terry Deary conta a Primeira Grande Guerra aos jovens...



Adjectivar a Primeira Guerra Mundial com o qualificativo “terrível” será talvez pouco. Mas, ao tê-lo feito dessa maneira, quando escreveu A terrível Primeira Guerra (Mundial), em 1998 (com tradução portuguesa em 2001, nas Publicações Europa-América), Terry Deary (n. 1946) terá pretendido justificar a entrada do tema e do título na série “História Horrível”, de que é autor, anunciada como “a História que não esconde as piores partes”. A colecção visa um público de jovens leitores e é recheada com ilustrações, que, no caso deste título, são devidas a Martin Brown (n. 1959).
O excerto que Deary escolhe para iniciar a obra é o testemunho de um soldado que esteve nas trincheiras, ali mesmo junto da designada “terra de ninguém”: “Corpos e pedaços de corpos, e coágulos de sangue, e um lodo verde metálico viscoso formado pelos gases explosivos flutuavam à superfície da água. Os nossos homens viviam e morriam ali, a poucos metros do inimigo. Agachavam-se por debaixo dos sacos de areia e escavavam abrigos nas paredes das trincheiras. Estavam infestados de piolhos. Se cavassem mais fundo para se protegerem melhor, as suas pás encontravam os corpos macios daqueles que tinham sido os seus amigos. Pedaços de carne, pernas com botas, mãos enegrecidas, cabeças sem olhos, caíam sobre eles quando o inimigo disparava contra a sua posição.” Ainda que não sendo revelada a identidade do autor desta descrição, ela não surpreende, pois traça um quadro que vários outros combatentes descreveram, designadamente alguns portugueses.
A abordagem da Primeira Grande Guerra nesta obra surge em capítulos alinhados ao ritmo dos anos em que ela decorreu, com títulos que são, eles próprios, uma leitura dos acontecimentos: “1914 – O ano do primeiro tiro”, “1915 – O ano da guerra total”, “1916 – O ano do Somme”, “1917 – O ano da lama”, “1918 – O ano da exaustão”. Cada uma das partes inicia-se com breve cronologia e o restante capítulo é ocupado com o relato de curiosidades e de pormenores sobre o conflito, sobretudo abordando as formas de viver, não só dos combatentes, mas também dos familiares e das populações, numa quase entrada pelo quotidiano de uns e de outros.
Ao longo da obra, o jovem leitor vai tomando contacto com a situação política europeia da época e com a divisão dos Estados participantes na guerra, com a vida militar, com os marcos dessa fase histórica e com muitas curiosidades sobre que se foi construindo o quotidiano. Mas o que predomina no livro, eivado de humor, é o que aflige o homem que combate na Frente (o soldado comum e não as chefias), independentemente do lado por que lute – são os medos, os hábitos, as crenças, os truques para a sobrevivência, com evidência para a necessidade de aprender a viver uma outra vida, assente em condições precárias, de improvisação e de perigo, frequentemente acompanhado pelas ratazanas e pelos piolhos. Simultaneamente, vão aparecendo referências quanto às formas de vida das famílias, quanto ao papel da mulher nesta guerra e quanto à maneira como a sociedade se foi fazendo sobre ausências ao longo de uma guerra que, em vez de ter sido resolvida em três meses (como era esperado no início), se prolongou por quatro difíceis anos.
Alguns testemunhos vão sendo invocados para este rol de informações e de pequenas histórias, intervalando com apontamentos sobre factos ou pormenores das vivências. Mas o mais importante testemunho é uma aprendizagem ou um alerta que surge no epílogo e relembra a história de um jovem soldado alemão que teve a sorte de não ter morrido quando um obus atingiu a trincheira onde ele e os seus camaradas se encontravam, aquando da batalha do Somme. Sobrevivente que foi, com muitos a caírem mortos ao seu lado, esse soldado ficou com leves arranhões na face e viria a marcar – e de que maneira! – a rota do século XX: era Adolfo Hitler. E, quase a concluir, refere Deary: “Houve muitas tragédias na Primeira Guerra Mundial. Quase todas as famílias em Inglaterra, em França, na Alemanha e na Rússia perderam alguém. Em qualquer cidade ou aldeia poderás ver os nomes dos mortos em monumentos de pedra. Muitos dos homens que se alistaram morreram juntos e deixaram as suas cidades natais desoladas. Mas a verdadeira tragédia não foi essa. A coisa mais cruel de todas foi que a Primeira Guerra Mundial não resolveu quaisquer problemas e não trouxe a paz. Conduziu à Segunda Guerra Mundial e a muito, muito mais miséria, morte e destruição.” Na origem deste segundo conflito do século XX esteve o tal soldado que escapou quase ileso da trincheira do Somme…
Esta conclusão do autor é o pretexto para a recomendação pedagógica com que o livro encerra: “A história pode ser horrível. Mas cada um de nós deve descobrir o monumento aos mortos da guerra mais próximo de onde vive, ir lá e ler os nomes. Depois deve dizer ‘Nunca mais’. Se toda a gente disser isso, com sinceridade, então as mortes não terão sido em vão.” Dois apelos, pois: o de respeitar a memória e a obrigação que todos temos de evitar que a paz seja apenas uma utopia.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Rostos (180)

"La Paix se révèlant à l'Humanité - Hommage de la ville de Creil
à ses enfants morts pour la Patrie", em Creil (França)
[foto de Fátima R. Ribeiro]

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"C'est la guerre!..."

O Diário Económico de ontem publicou entrevista com Maria de Lurdes Rodrigues, Ministra da Educação, chamando para destaque na primeira página uma sua frase - "Paz com os professores vai sair muito cara ao país..."
Não li a entrevista. Espanta-me o mal-estar de Maria de Lurdes Rodrigues, sobretudo com os professores, e não me espanta menos que o jornal arranque para primeira página uma citação deste calibre. É uma citação infeliz, de resto, ainda para mais quando o ano escolar estava para começar (iniciou-se hoje). É uma saída infeliz porque demonstra o que foi o relacionamento com os professores produzido por esta equipa governativa, talvez mesmo o que foi o relacionamento com muitos sectores sociais - José Sócrates, na tomada de posse como Primeiro-Ministro, também abriu guerra com outros sectores, de resto... É pena que, em final de mandato e em início de ano escolar, Maria de Lurdes Rodrigues assuma as coisas desta forma.
Pela minha parte, que sou professor (e gosto de o ser), a minha paz não está à venda, em primeiro lugar. Em segundo lugar: sou a favor da avaliação de professores, mas não sou adepto de que um fim seja justificado por quaisquer meios. E, já agora, porque essa é a questão, seria bom que todos os partidos que se perfilam para a Assembleia da República dissessem, em concreto, o que pensam quanto à avaliação docente, sem se limitarem a dizer que este modelo não serve, porque a ideia que me tem saltado é a de que prometem suspender o que está, prometem novo modelo de avaliação, mas não dizem qual nem como funcionará...
Uma explicação quanto ao título deste postal: ao longo da 1ª Guerra Mundial, a expressão "c'est la guerre!..." era usada para justificar todas as ausências e todas as impossibilidades ocasionadas pela guerra; por arrastamento, passou a servir também para justificar aquilo que não tinha justificação imediata, mas que a guerra, que tinha costas largas, podia cobrir. Os portugueses que andaram pela Flandres ouviram, registaram e trouxeram. Obviamente, a guerra não devia justificar tudo. E a política também não...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

José Manuel Fernandes e a paz nas escolas

PAZ NAS ESCOLAS? QUE MOTIVOS? – «(…) Dificilmente a paz regressará às escolas. Por vários motivos. O primeiro é o corte radical, afectivo e político, entre os professores e a ministra. Já nada pode sarar a ferida aberta, uma ferida onde ontem, paradoxalmente, a ministra ainda pôs mais sal ao recusar-se a assumir qualquer erro, ao anunciar medidas que objectivamente contrariam o seu discurso recente (vai "simplificar a burocracia" quando jurou que esta não existia, que bastava "preencher duas folhas"), ao voltar a culpar as escolas por alguns dos problemas detectados. (…) O segundo é que muito vai depender da avaliação que, professor a professor, escola a escola, se fizer das reais consequências destas medidas. De se perceber se elas facilitam a vida e se permitem um processo de avaliação mais sério - e pelo menos num ponto permitem, pois ao retirar as notas dos alunos dos critérios para a avaliação dos professores, a ministra evita um dos efeitos mais perversos da sua lei, a inflação artificial das notas para conseguir uma boa avaliação. O terceiro é perceber se aquilo que começou por incomodar mais os professores - o Estatuto da Carreira Docente (ECD) - não vai tornar-se no centro das suas reivindicações, pois o tema começou a surgir com uma força crescente nas últimas semanas sobretudo porque, este ano, ao regressarem às aulas, os professores perceberam que o problema do ECD não residia apenas na forma iníqua como havia designado os "professores titulares", mas nas imposições que criou e que muitos entendem inúteis ou deslocadas. Mais: o despacho "clarificador" sobre o Estatuto dos Alunos, se acalmou os "meninos dos ovos", introduziu novos elementos de laxismo que preocupam os professores mais responsáveis. Finalmente, muitos docentes enfrentam o dilema de continuarem a protestar quando isso os distrai daquilo que gostam de fazer - ensinar - ou de aderir a uma greve quando o dinheiro que lhes será descontado nos ordenados lhes faz muita falta. (…)»
ERROS – «(…) O erro maior que cometeu Maria de Lurdes Rodrigues foi não estender a mão aos professores, mantendo o seu registo crispado de quem insiste em que mudou para não mudar, ou que não mudou para mudar, mas que lhe assistiu sempre toda a razão. Ora, numa altura em que os pais, com ou sem avaliação, querem paz nas escolas, e sentem que nelas algo se degradou do ano passado para este, já nem importa muito voltar a demonstrar como quase tudo continua errado no nosso sistema de ensino. Salve-se ao menos o ano lectivo, e para isso é necessário contar realmente com os professores.»
José Manuel Fernandes. “ O recuo tardio que pode não trazer paz de volta às escolas”. Público (hoje).