Não
sou propriamente um adepto da Selecção Nacional na medida em que também não sou
um adepto do futebol. Acompanho estas competições na medida do possível e o
possível é pouco.
Vi
o primeiro jogo de Portugal (com a Alemanha), mas não vi o jogo de ontem (de
Portugal com a Dinamarca). Fui acompanhando o resultado porque me iam
noticiando os golos por sms. Não tenho, pois, opinião sobre o jogo.
Hoje,
na rádio, ouvi intervenções do público ouvinte sobre o jogo de ontem; ouvi
também os títulos das primeiras páginas dos jornais. E, de facto, Camões tinha
razão, muita razão, ao ter começado a sua obra maior – Os Lusíadas – com a glória dos portugueses e ao acabá-la com a
palavra “inveja”, evolução (!) que ilustra bem, ainda hoje, o que é esta nossa
maneira de ser…
A
Selecção Nacional merece ser apoiada, incentivada e até criticada; não merece
ser insultada. Os jogadores, colectiva ou individualmente, merecem ser
apoiados, incentivados e até criticados; não merecem ser insultados. Muitas das
vozes que hoje ouvi invectivaram Cristiano Ronaldo com frases próximas do
insulto pelo dia de azar que terá tido no jogo de ontem. Se, no próximo jogo,
Ronaldo for um bom marcador, as mesmas vozes cantarão hinos de glória ao atleta
madeirense. Ou, pela mesquinhez, continuarão a dizer mal, porque o dever dele é…
porque lhe pagam para…, etc., etc. Não gostava de ver toda esta gente de
palavra desbocada em dia “não”!
Cristiano
Ronaldo, como os seus companheiros, merece o nosso apoio, o nosso entendimento
humano. Uns e outros têm dado alegrias em momentos diversos aos adeptos. Não se
está sempre na mó de cima, todos o sabemos. Porque é que só aceitamos esta
verdade para nós e não para os outros?
É este
espírito mesquinho, de raiva e de ódio (frequentemente), que nos mata. E que me
leva a não nutrir paixão pelo futebol. Mas a Selecção Nacional, pelos altos e
baixos que tem tido, merece o meu aplauso. Mesmo sabendo que ganhar o
campeonato pode ter a configuração da utopia…