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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

"Sermão do Desacordo" - a propósito do Acordo Ortográfico de 1990


Nunca fui fã do Acordo Ortográfico (AO 90) em que sou obrigado a escrever nos documentos sujeitos ao epíteto de "oficiais". Isto obriga-me, como a muitos outros, por certo, a ter de praticar a grafia anterior ao Acordo e a do Acordo, o que é jogar numa duplicidade absolutamente desnecessária e incompreensível, sobretudo porque não advieram vantagens - quaisquer vantagens - da prática do AO 90.
No Público de hoje, Rui Miguel Duarte assina o texto “Sermão do Desacordo aos Deputados”, começando por referir que está agendada para o próximo dia 20, a partir das 10 horas, a apreciação da Petição N.º 259/XII/2, pela Desvinculação de Portugal em relação ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90) e que "a petição , que conta já com mais de 15.000 subscrições, mereceu da parte do relator, o deputado Michael Seufert (CDS), um parecer exemplar, que merece ser lido e entendido."
Subscrevo a opinião da utilidade da leitura do parecer assinado por Michael Seufert e não posso deixar de assinalar o final do artigo de Rui Miguel Duarte, num apelo aos deputados para apreciações pautadas por rigor que nem sempre é evidente nem evidenciado e que aqui reproduzo:

domingo, 8 de setembro de 2013

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Máximas em mínimas (91) - Dos compromissos

"Não vivemos tempos de consensos, mas de compromissos. Não podemos pensar todos da mesma maneira, por isso temos de encontrar soluções para podermos viver juntos. Eis uma tarefa nem sempre fácil."

Quem isto disse foi o arquitecto Nuno Portas, no final de uma conversa com outro arquitecto, Siza Vieira, publicada na última edição do JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias (de 22 de Agosto, pp. 6-9). O tema foi a arquitectura, claro, mas há verdades que são dos homens e da intervenção cívica e não dos técnicos. E esta é uma delas, que bem podia ser o fundamental pilar da democracia... e da política!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O prémio dos alunos que concluem o Secundário

O prémio, há poucos anos instituído, no valor de 500 euros, atribuído ao melhor aluno que conclua o ensino secundário de cada escola conheceu hoje um desfecho com alguma surpresa.
Considerando o momento de dificuldades que o país atravessa, as escolas receberam despacho no sentido de os alunos premiados não receberem o valor pecuniário do prémio, apenas o diploma, competindo à escola afectar essa verba a aquisição de materiais ou projectos de apoio social, depois de os alunos premiados escolherem, a partir de uma lista a ser elencada pelos Conselhos Pedagógicos, qual o material ou o projecto a que a verba se destina.
Provavelmente, os tais melhores alunos – e as respectivas famílias – já estariam a contar com esse dinheiro, pelo que não me parece sensato, só a cerca de dois dias da entrega do prémio, ser tornada pública esta decisão. Por outro lado, o significado do prémio desvirtua-se, pois não vai contemplar os alunos que mais se esforçaram no sentido de serem os que apresentaram melhor perfil para o prémio. Por outro lado ainda, convidar os alunos que tinham direito ao prémio a dizerem para onde deve ir a verba que não vão receber…
Que outros cenários poderiam existir?
Primeiro: a situação económica do país não permite e o prémio em dinheiro deve acabar ou, pelo menos, ser suspenso enquanto a conjuntura se mantiver.
Segundo: a situação económica do país não o permite e o valor em dinheiro do prémio é reduzido numa percentagem entendida como adequada.
Terceiro: a situação económica do país não o permite, mas o prémio deve ser mantido e deve haver apelo a uma postura de solidariedade por parte dos alunos contemplados, devendo uma parte do valor do prémio ser atribuída ao aluno e a outra parte ter um destino de solidariedade social na escola, a ser escolhido pelo aluno.
Quarto: a situação económica do país não o permite e a solidariedade social é prioritária, devendo superiormente o valor do prémio ser afecto obrigatoriamente ao fundo destinado à Acção Social Escolar das respectivas Escolas.
Qualquer destas alternativas seria compreensível e fácil de entender e de aceitar. A solução que foi escolhida é uma coisa forçada, algo surpreendente pelo paradoxo de “receber o prémio mas não o receber porque o tem de dar”… Qualquer uma das quatro hipóteses que apresentei teria contribuído mais para uma postura cívica, enquanto a solução legislada parece mais contribuir para a incompreensão e terá efeitos duvidosos no que possa ser a consciência ou o empenho cívicos.

terça-feira, 15 de março de 2011

Mais indignação

Já há muito tempo que não falávamos. Nessa vez já distante, amargurado pelo sistema em que estava, confessava-me a sua indignação com a estrutura de ensino superior em que trabalhava, porque o andavam a pressionar para atribuir notas mais altas e para moderar a sua exigência. Chocava-o o facto de naquele nível de ensino os estudantes não terem preocupação de estudar e pretenderem apenas ter notas, boas notas, mesmo porque aquela disciplina não lhes era fundamental para a licenciatura e, portanto, não havia razão para que o professor não lhes "desse" boas notas, só boas notas. Estava indignado, claro!
Agora, voltados a falar, soube que tinha abandonado o sistema. E acrescentava, ele que já foi também professor do ensino secundário empenhado, dado à escola e a projectos: "Não sei como se sente, meu caro, mas vejo que, cada vez mais, os professores não têm motivação para ir além do cumprimento do necessário e estipulado... Esqueçam o ensino como projecto, como tarefa magna de civismo e de educação, de trabalho pedagógico e de preocupação social..." Largou mais umas farpas acutilantes sobre a forma como toda a sociedade tem vindo a sentir-se e estranhou: "Como é possível ainda haver quem queira ser professor?"
Percebi o que o movia. Entendi o retrato e o desabafo. Senti a tristeza de ouvir um amigo que colocara a educação, as humanidades e a participação cívica acima de tudo e, agora, anos passados, albergava o desencanto e a descrença. E o pior é que estas têm sido atitudes que vivem cada vez menos isoladas! E tudo isto dói...

segunda-feira, 1 de março de 2010

Um retrato da democracia

O Público de hoje traz notícia sobre a “representação política” no caso português, na sequência de estudo coordenado por André Freire e José Manuel Viegas, em investigação do ISCTE.
Conclusões? Não parecem novas, antes confirmam coisas que já se sentem há muito, parecendo que apenas os líderes políticos o não querem reconhecer ou o escamoteiam. A saber:
a) “a aversão do eleitorado a uma maioria absoluta de um só partido”;
b) “eleitorado alinhado à esquerda”;
c) posicionamento dos eleitores socialistas e centristas coincidente com o partido;
d) deputados social-democratas “mais à esquerda do que o seu eleitorado”;
e) eleitorado comunista e bloquista posicionado “mais à direita do que os seus representantes no Parlamento”;
f) insatisfação com a democracia no que toca à qualidade da representação (os portugueses não se sentem bem representados) e ao facto de não se poder participar mais;
g) necessidade, por parte dos eleitores, de “uma maior participação na escolha dos deputados”;
h) “maiorias absolutas pouco desejadas”.
Com um retrato destes, bem há que repensar a prática da democracia e a reforma da política!

domingo, 1 de novembro de 2009

Corrupções

A gente vai ouvindo e lendo as notícias e… não pode ignorar. Como podemos acreditar numa série de pessoas, habitualmente a circular nos corredores do(s) poder(es), sistematicamente envolvidas em histórias algo obtusas e pouco (ou nada) claras, como? Não sei se há justiça que chegue, isto é, se há sistema judicial que consiga atender a todos os casos, não sei. O que sei é que somos continuamente bombardeados com notícias que nos atingem com flamas de incompetência, de cambalacho, de negociata, de imoralidade e sei lá que mais… O que sei é que seria bom que, para saúde da democracia e da sociedade, essas pessoas suspendessem as suas funções até prova de inocência ou de culpa. Talvez passássemos a confiar mais uns nos outros, talvez acreditássemos mais no regime em que estamos, talvez. Não podemos é andar neste jogo em que se está à espera do nome seguinte, conhecido e destacado, envolvido em mais um escândalo, venha ele da banca, da política, das chefias ou dos delfins! É necessária uma ética social em que todos estejamos envolvidos. E não podemos aceitar que a nossa sociedade ande a reboque da escandaleira sucessiva e da suspeita contínua. Haja decoro, porque o país é mais interessante do que as imagens que têm passado e porque o país deve impedir que estas situações se perpetuem (como, infelizmente, tem acontecido)!