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terça-feira, 5 de junho de 2012

Depois do "Prós e Contras"...

Acabado de ouvir o “Prós e Contras” na RTP-1, desta vez dedicado ao tema “gestão das escolas”, com a particularidade de o assunto serem as agregações.
Pensava vir a perceber as razões de tais decisões…
Assisti a intervenções sem interlocutores, a um discurso frágil no que às razões para tais decisões respeita, a perguntas sem resposta e a supostas respostas para perguntas que não figuraram no cenário.
Percebe-se que a educação não é uma pasta fácil, que é preciso muito mais do que participar no jogo político, que as escolas continuam a ser realidades olhadas à distância.
E a educação permanece o laboratório em que as experiências se acumulam ao ritmo de cada equipa que chega… sem que haja um projecto nacional para um caso tão sério como é o de educar.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quando os políticos se "marimbam"... ou a nova face da piadola

Num jantar em Castelo de Paiva, o deputado socialista Pedro Nuno Santos terá apresentado pérolas como esta, transcrita da edição online do Público: “Estou a marimbar-me que nos chamem irresponsáveis. Temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses. Essa bomba atómica é simplesmente não pagarmos”. Ou esta: “Se não pagarmos a dívida e se lhes dissermos as pernas dos banqueiros alemães até tremem”. Ou ainda esta: “A primeira responsabilidade de um primeiro-ministro é tratar do seu povo. Na situação em nós vivemos, estou-me marimbando para os credores e não tenho qualquer problema enquanto político e deputado de o dizer. Porque em primeiro lugar, antes dos banqueiros alemães ou franceses, estão os portugueses”.
Todos percebemos que este discurso cheira a demagogia que tresanda e o deputado tornou-se célebre por estas tiradas que uma rádio local captou e a que as cadeias nacionais deram eco. Coisas normais depois de uma refeição com amigos, mas não tão próprias quando se trata de alguém com responsabilidades políticas num partido que teve (tem) responsabilidades nacionais e na situação a que se chegou e que, ainda por cima, invoca o seu estatuto para afirmar “não ter qualquer problema em dizer” o que disse…
Mas mais ridículo é ouvir o deputado a explicar na rádio que não foi aquilo que disse, que o que quis dizer foi que Portugal tinha de exigir a negociação da dívida, etc., etc., etc., e que aqueles minutos de “marimbamento” eram apenas um excerto de mais longo discurso que daria para entender que não se estaria a marimbar assim tanto… E ainda mais rebuscada foi a explicação de literatice que o líder da bancada socialista, Carlos Zorrinho, veio dar – aquilo foi “uma imagética forte para expressar de forma caricatural a ideia de que devemos pagar a dívida obviamente”!
Detesto que nos queiram fazer passar por parvos e estas explicações são ainda mais ridículas à medida que se sobrepõem… Digam ao senhor que as declarações foram infelizes, que o seu estatuto lhe permite a liberdade (a nós também) mas não lhe permite liberdadezinhas e que, de facto, um deputado não se pode “marimbar” para tudo o que o senhor disse que se “marimbava”… Imagino já os banqueiros a tremerem ou a rirem-se da piadola!...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Que conversão à humildade!

O discurso da e sobre a humildade de José Sócrates é algo que corre o risco de se fazer equivaler a teatro. Imagine-se a distância que vai entre o “animal feroz” de há uns anos e a desadjectivada “humildade” de agora! No fundo, o que parece é que se está perante uma questão de “papéis”, sendo cada um assumido conforme as circunstâncias. Pode ser arranque de campanha, pode! Pode ser vertigem por causa dos resultados (havidos ou a haver), pode! Mas o que é mesmo é o atirar à cara dos portugueses a possibilidade de jogar com os sentimentos em função das conveniências eleitorais. Não, isto não pode ser verdade; se calhar, nunca foi verdade! Qualquer dia, teremos a regulamentação da “humildade” com força de lei ou de decreto, sem que a Humanidade fique melhor. E seria bem pouco interessante ver todo um coro de “humildes” convertidos (alguns políticos, alguns governantes, alguns opinadores e outros alguns, por certo) em construção de três meses para ganhar as eleições que se seguem. Já não faltaria tudo para a tragédia!... Mas seria um péssimo serviço para a memória acreditar-se em tudo isto como se fosse a maior das verdades! Há palavras que são superiores à habilidade que com elas possa ser feita!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Não foi no dia seguinte...

... foi no próprio dia das eleições para o Parlamento Europeu, logo que foram sabidas as projecções e os resultados de Portugal, que voltou o papão da "governabilidade" para preparar caminho das eleições legislativas. É lamentável que haja tão fraco argumento a favor de um provável resultado ou de uma desejada vitória! Mas não admira, pois se com a Provedoria da Justiça foi o que foi... e ainda não está resolvido!... A "governabilidade"!... Espantoso! Como se a democracia fosse apenas uma montra!...

domingo, 31 de maio de 2009

Sobre as reacções à manifestação de professores de ontem, num tempo em que os discursos não deviam recorrer à demagogia

«A uma semana do voto nas eleições para o Parlamento Europeu, é muito difícil dissociar a manifestação de ontem, que voltou a trazer à rua muitos milhares de professores (80 mil, segundo os sindicatos, 50 a 55 mil segundo a PSP), das disputas políticas próprias do momento. E foi o que fez, aliás, José Sócrates, quando, ao discursar em Braga, num comício do PS, ao mesmo tempo que os professores marchavam em Lisboa, afirmou que viu por lá (nas imagens que a televisão mostrou) "vários dirigentes partidários". A conclusão, óbvia, é a de que os professores se terão posto ao serviço da oposição ou, invertendo a lógica, que a oposição se tinha colado ao seu descontentamento. Quem acompanhou este desgastante processo desde o início, ou seja, desde Janeiro de 2008, saberá que a alegada instrumentalização partidária dos professores, embora conveniente ao discurso governamental em tempo de voto, não passa de demagogia. A manifestação dos 120 mil, a 8 de Novembro do ano passado, não tinha nenhumas eleições por perto e teve uma participação-recorde. Esta, fique-se pelos 60 ou 80 mil participantes reais, é, ainda assim, reveladora de um mal-estar que não sarou e que contaminou, nestes longos e difíceis meses, o ambiente nas escolas, a relação entre a tutela e os professores e entre estes últimos e os alunos. O número de reformas antecipadas (cinco mil, num ano) e, sobretudo, a caracterização dessas baixas (estão a sair muitos professores de entre os mais qualificados, como tem sido noticiado) mostram que só por visão estreita ou descaramento político se pode afirmar que temos, hoje, "uma melhor educação". (...)»
Nuno Pacheco. "A marcha de Maio e o voto de Junho". Público: 31.05.2009.

A "roubalheira" de que falou Vital Moreira como cúmulo da demagogia num tempo em que os discursos deviam ser mais inteligentes

«O candidato Vital Moreira tem feito uma campanha oscilante. Ora para se afirmar à esquerda (contra o Bloco), ora para se afirmar à direita (contra o PSD). Para a esquerda inventou, por exemplo, o voto contra Barroso (o cúmplice de Bush). Para a direita, quando as sondagens começaram a mudar, resolveu sair com o escândalo BPN: um acto de outra seriedade e natureza. Vital Moreira é um candidato gaffeur (ponto em que de resto está bem acompanhado). Desde o princípio que passa o tempo a dizer que não disse exactamente o que disse ou a explicar que, se por acaso disse, o que disse não queria dizer o que parecia. Toda a gente via com complacência a irremediável confusão daquela cabeça coimbrã e o zelo sempre extravagante do convertido. Coitado, não era. Mas, no caso do BPN, as coisas não se podem tomar com tanta ligeireza. Vital Moreira ligou expressamente a "roubalheira" do BPN a "figuras gradas" do PSD e pediu a Manuela Ferreira Leite "explicações" sobre o assunto. O tom "heróico" deste despropósito - "A mim (Ferreira Leite) não me intimida, nem me amordaça" - seria só ridículo, se não fosse inadmissível. O que fica implícito nesta posição de Vital Moreira é que o PSD como partido (e não o sr. A. ou sr. B., que a ele acidentalmente pertencem) incitou, facilitou ou escondeu a enorme fraude do BPN e que, por consequência, o PSD deve condenar pública e politicamente o sr. A. e o sr. B., como directo responsável pelos crimes que eles cometeram, se na verdade os cometeram. Nunca ninguém se atreveu a ir tão longe na demagogia eleitoral.
No próprio PS houve quem se espantasse com este delírio, que, tratando o PSD como uma associação criminosa, ignora militantemente as regras básicas da democracia. Maria de Belém (presidente da comissão parlamentar de inquérito ao BPN) protestou. E, como se calculará, José Lello correu a criticar Belém e a confortar Vital. É agora decisivo que se saiba - e se saiba com muita clareza - para que lado Sócrates se vai inclinar. Manuela Ferreira Leite já lhe exigiu, como é óbvio, uma declaração inequívoca. Inequívoca e, convém acrescentar, indispensável, porque se o secretário-geral do PS (e, além disso, primeiro-ministro) aprova, ou tolera, os métodos de Vital Moreira por uns votos numa eleição secundária, tudo é de facto permitido - e tudo inevitavelmente se pagará mais tarde.»
Vasco Pulido Valente. "Vital Moreira". Público: 31.Maio.2009.