Mostrar mensagens com a etiqueta José Ruy. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta José Ruy. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Para a agenda - José Ruy em Setúbal



José Ruy é nome incontornável na cultura portuguesa, especialmente na banda desenhada. Autor de extensa obra, por ela têm passado as biografias de personalidades importantes como João de Deus, Fernão Mendes Pinto, Aristides Sousa Mendes, a adaptação de obras literárias devidas a Camões, Gil Vicente ou Alexandre Herculano, ou histórias da cultura portuguesa como a da língua mirandesa.
Os setubalenses vão ter mais uma vez a oportunidade de se encontrar com José Ruy, numa iniciativa em que estão envolvidos o programa cultural "Muito cá de casa" e a livraria Culsete. Na Casa da Cultura, em conversa com Cristina Gouveia, na noite de 19 de Dezembro. Para a agenda!

sábado, 2 de abril de 2011

No Dia Internacional do Livro Infantil, em Setúbal

Se há terras que têm uma razão adicional para celebrar o Dia Internacional do Livro Infantil... Setúbal é uma delas. A razão é histórica: este Dia Mundial celebra-se no dia em que Hans Christian Andersen nasceu. Quando tinha 61 anos, o escritor dinamarquês esteve durante um mês em Setúbal por aqui passeando, aqui iniciando o conto "O Sapo", aqui deixando plantado um abeto a lembrar os ares nórdicos e a saudade e desta visita dando notícia nas memórias registadas em Uma Viagem em Portugal em 1866.
Na tarde de hoje, na livraria Culsete (ali na Avenida 22 de Dezembro), vai ser assinalada a data e vai haver festa para o livro infantil e os visitantes vão poder contactar com os escritores Luísa Ducla Soares, Fernando Bento Gomes (setubalense) e José Ruy. É a partir das 15h00. A entrada é livre, claro.
E, já que estamos a falar desta data, venha comigo ler o simpático texto "O livro recorda" devido à escritora Aino Pervik, da Estónia, que constitui a mensagem internacional para esta celebração de 2011.

sábado, 4 de julho de 2009

José Ruy e Amadeu Ferreira numa história da língua mirandesa

Ana faz pesquisas arqueológicas nas terras de Miranda. Uma chuva intensa que caiu durante a noite alagou as escavações, exceptuando um dos talhões, que apareceu enxuto porque a água da chuva desaparecera. Ana desceu e, ao ver uma abertura, entrou, rumando ao desconhecido, caindo no escuro, onde foi encontrar Atta, uma mulher do passado, que contou a sua história a Ana, uma mulher do presente. Trinta pranchas depois, a narrativa acaba. Tinha passado um quarto de hora na vida de Ana e um dos seus companheiros resgatava-a das profundezas. O que ele não soube foi que esse foi o tempo necessário para Atta conduzir Ana numa viagem pelo passado de um povo e de uma língua.
É este o argumento da obra Mirandés – Stória dua lhéngua i dun pobo (Lisboa: Âncora Editora, 2009), um álbum de banda desenhada de José Ruy, com texto coordenado cientificamente e traduzido para mirandês por Amadeu Ferreira (houve edição simultânea com texto em português).
O traço inconfundível de José Ruy (autor de adaptações para banda desenhada de obras literárias, de biografias e de outras histórias) recua aos tempos pré-romanos, assiste à romanização, convive com os visigodos, acompanha a fundação de Portugal, testemunha a construção do castelo de Miranda no tempo de D. Dinis… viaja na história da região, nas quezílias da vida de fronteira, e vê o desaparecimento e ressurgimento de uma língua como o mirandês, que José Leite de Vasconcelos, em finais do século XIX, trouxe para a comunidade científica. A história acaba fazendo referência à obra mais recente: a edição, na língua mirandesa, da adaptação em banda desenhada d’Os Lusíadas, obra a cargo de José Ruy e de Amadeu Ferreira. Isto, depois de ser lembrado o reconhecimento oficial da língua mirandesa (1999), bem como a existência de um programa para o seu estudo nas escolas.
É uma história de um povo, que tem que coabitar com os sucessivos invasores que o vão alterando; é a história de uma língua, que persiste e vai convivendo com as línguas que a visitam, designadamente com a portuguesa. Epopeia de um povo e de uma língua, ambos se mantêm porque persistem nas suas características, tal como Atta, a pastora, confidenciava à arqueóloga, revelando-lhe como a podia salvar: “Falando la nuossa lhéngua. La lhéngua ye l’alma dun pobo. Anquanto fur falada, l sou pobo nun se muorre.” História de identidade e de cultura, ambas falam pela voz de Atta, ainda, ao explicar a Ana a intensidade dos castros e o papel da memória: “La era an que bibes, Ana, puode tener mais quemodidades, mas estes castros, que ban rejistindo al lhargo de ls seclos, son l mil lhar, cumo la lhéngua mirandesa.” Um livro com uma história da História, pois. E com ensinamentos vários...