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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Máximas em mínimas (92) - Bom professor e bom aluno


Bom professor - «Um dos problemas básicos das Ciências da Educação foi querer transformar o acto de ensinar em ciência, padronizando tudo. A maneira de ensinar História tornou-se semelhante à de ensinar Português, Física… As funções cognitivas e intelectuais que a História desenvolve não têm que se reproduzir noutra disciplina. Um bom professor vai à procura dos lugares-comuns da História: do rei que gostava de comer, dos amores deste com aquele… A sala de aula deve ser mais ou menos como um palco, onde a palavra do professor tem que ser vital. As últimas décadas de ensino, centradas no aluno, mataram a auto-confiança dos professores na palavra. É preciso repensar a formação dos professores neste sentido. Infelizmente, quando um professor sai da faculdade, logo no início de carreira, alguém decide se ele é bom ou mau. Mas um mau professor no início da carreira pode ser óptimo no fim, e o inverso também pode acontecer. A ideia de avaliar professores é errada. Um professor constrói-se ao longo de uma vida.»

Bom aluno - «Criámos a ideia de que o aluno que está sempre a participar é um bom aluno, mas, na verdade, é-o quem está intelectualmente activo, o que muitas vezes só se manifesta a prazo. Mais do que com o professor, o bom aluno deve mostrar empatia com o conhecimento. Durante mais de uma geração tivemos uma ditadura que impôs o silêncio. Gostava que pensássemos na possibilidade de democratizar o silêncio. (…) Essa democratização tem de vir de uma adesão voluntária da sociedade. Era fundamental para se repensar a própria ideia de escola. A escola carece de silêncio.»

Gabriel Mithá Ribeiro (em entrevista a Francisca Cunha Rêgo).
“O presente da História”. JL – Jornal de Letras (supl. “JL – Educação”, pg. 2): nº 1103, 09.Janeiro.2013.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Lendo a "Autobiografia" de Charles Darwin

Na aula de hoje (melhor: de ontem), leitura de Darwin e da sua Autobiografia. Nos seus 12-13 anos, os jovens seguiram com atenção a escrita do velho cientista, produzida quando tinha 67 anos, texto com que pretendeu passar a sua história para os filhos e, depois, para os filhos dos filhos, segundo diz no capítulo de abertura. Esta intenção foi contrariada em 1958, ano em que a neta Nora Barlow resolveu publicar a edição total da Autobiografia, cuja tradução portuguesa data de 2004 (Charles Darwin. Autobiografia. Lisboa: Relógio d’Água Editores, 2004).
A leitura foi apenas da parte respeitante à infância e juventude de Darwin, com algumas chamadas de atenção para pormenores da sua formação. Afinal, Darwin fez coisas que seriam comuns a qualquer jovem, delas falou não escondendo o seu entusiasmo e bem podem constituir alternativas para a educação. Bem vi, aliás, pelo entusiasmo que a miudagem revelava…
Recordações de Darwin? Com pouco mais de 8 anos, o coleccionismo cativava-o. Quando entrou para o externato de Shrewsbury, o seu gosto “pela história natural, e especialmente por coleccionar objectos, estava bem desenvolvido”. Coleccionar o quê? “Toda a espécie de coisas: conchas, carimbos, sobrescritos, moedas e minerais.” E os riscos. “A paixão por coleccionar, que leva uma pessoa a ser um naturalista sistemático, um antiquário ou um avarento, era muito forte em mim”. Aqui chegados, um intervalo para que todos falem das suas colecções.
Darwin foi também uma criança a quem o pai, um dia, zangado, disse que era a vergonha da família. Já passaram 200 anos… e, depois, vêm os ensinamentos: “Olhando para o meu passado e considerando do melhor modo possível o meu carácter durante os anos de liceu, as únicas qualidades que tinham qualquer promessa para o futuro eram os meus gostos intensos e diversificados, muito zelo relativamente ao que me interessava, e um grande prazer em compreender qualquer assunto ou objecto complexo.”
Muito a aprender nas biografias, pois. E, quando nem todos sabiam quem era Darwin, a vida desta personagem suscitou-lhes questões, dúvidas e querer saber. Sintetizaram mesmo o que tinha sido a infância do cientista e conseguiram captar o essencial da mensagem que o homem das longas barbas brancas quis transmitir aos netos. Fiquei com a ideia de que gostaram. Pelo menos, a maioria. Não só pelo tempo de leitura (que entusiasma muitos), mas sobretudo porque, por um bocado, eles pareceram iguais a Darwin…