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domingo, 22 de novembro de 2020

[CATÁLOGO] UM SÉCULO (CON)DEIXAS, LIBERDADE E BONS COSTUMES

 


CATÁLOGO/LIVRO: Um Século (Con)Deixas, Liberdade e Bons Costumes. Colecção Aires B. Henriques | Museu da República e Maçonaria

AUTOR: Aires B. Henriques;

TEXTOS de: Nuno Moita da Costa | Liliana Marques Pimentel | António Lopes

EDIÇÃO: C. M. de Condeixa, Casa dos Arcos, POROS, Museu Villa Isaura;

Trata-se aqui do magnifico Catálogo da ExposiçãoUm Século (Con)Deixas, Liberdade e Bons Costumes”, que foi apresentada no passado 5 de Outubro em Condeixa, e que mostra um acervo notável de peças, livros e documentos de interesse republicano e maçónico, todas pertença de Aires B. Henriques e do seu Museu da República e da Maçonaria, situado na Villa Isaura, Troviscais, Pedrogão Grande.   

“Uma palavra prévia para os organizadores desta exposição: a Câmara Municipal de Condeixa, terra de tradições de Liberdade, e o Museu Republica e Maçonaria, detentor de uma das mais belas coleções dedicadas à Maçonaria e à República, na qual se incluem objetos de raridade assinalável e de comprovado valor histórico e simbólico. Uma exposição de objetos maçónicos é um ato de cultura por dois motivos principais: em primeiro lugar por divulgar uma forma de pensamento filosófico e de atitude cívica que remonta ao período iluminista do século XVIII; em segundo lugar porque, recorrendo às ideias mestras da Maçonaria, representa um contributo cívico importante. Soma-se a isto o esclarecimento dado a este assunto, contribuindo para afastar ideias erradas e mitos, acidentais ou fabricados. Por isso é, para todos os interessados por este tema, um motivo de satisfação e a oportunidade de ver objetos que, por norma, estão em recato nas reuniões maçónicas. Por outro lado, cumulativamente, compreender a Maçonaria significa compreender alguns factos da História portuguesa, do relacionamento entre os seus protagonistas ou da influência que a legislação, o ensino ou os costumes tiveram nos tempos atuais.

Sobre a Maçonaria, um documento com data de 1931 classifica esta de forma tão curiosa como exata, referindo que é uma associação diversa de outras associações, que "não é política porque o seu programa não visa a administração de um Estado; não é uma organização partidária que vise os interesses de uns, nem pode aliar-se com este ou aquele partido, com este ou aquele governo, pois de todos os partidos e de todos os governos ela pode esperar ou receber auxílio; não é uma associação revolucionária que deseja a revolução violenta, mas sim a revolução da ideia, pela palavra pela escrita e pelo exempto”. Quer isto dizer que a tradição maçónica determina que não se discuta política e religião no sentido comparativo do termo. Mais, valorizando o confronto de ideias e a liberdade de pensamento, apela à tolerância e à diferença, segundo um método que é o ritual e um sistema que é o rito, colocando uma particular ênfase na disseminação desses valeres e na formação de cidadãos livres, participativos no todo social e conscientes dos seus direitos e deveres.

Ao reunir em exposição um conjunto de objetos que são usados ritualmente, apresentados segundo um conceito expositivo acessível, permite-se compreender a sua função e o seu significado. A sua compreensão remete-nos para o papel do símbolo, recurso da instrução maçónica, nele se encontrando condensados os valores morais da Maçonaria ou, por outras palavras, a forma de linguagem usada por ela. Por isso também não encontramos símbolos exclusivamente maçónicos, mas antes símbolos com um significado maçónico. Ou seja, símbolos que foram usados pelas corporações de pedreiros ou pela Igreja, que nesse contexto tinham um dado significado, que no contexto maçónico têm um significado diferente ou semelhante. Símbolos que representam uma forma de transmissão apenas acessível aos iniciados e, entre estes, escalonada segundo o percurso maçónico de cada um. Por tudo isto poderíamos também afirmar que o simbolismo é a alma da Maçonaria, onde as lendas evocadas nos remetem para um imaginário com sugestões mais ou menos claras de ordem moral e filosófica, e é a representação visível de ume ideia que transcende aquele momento e aquele espaço.

Nem sempre as decorações e objetos maçónicos tiveram o uso e a exuberância que hoje conhecemos. Se uns remontam às primeiras práticas maçónicas modernas, outros datam do século XIX ou ganharam sofisticação a partir de meados desse século, tornando-se preciosos auxiliares do ritual. Os objetos agora apresentados são também uma forma de afirmação pessoal e política de vincar um pensamento ou a dedicação e identificação de ideias e valores. A maior ou menor decoração de um avental, a virtuosidade do talhe no vidro de um copo ou a beleza decorativa de um estandarte são formas de demonstrar uma atitude e uma paixão pele Ordem maçónica.

Os símbolos associados a estes objetos representam uma forma de transmissão apenas acessível aos iniciados e, entre estes, escalonada segundo o percurso maçónico de cada um. Fazendo parte do património cultural da Maçonaria, os objetos aqui apresentados remetem-nos para diversos momentos do ritual ou do funcionamento administrativo das Lojas, falam-nos do papel da Maçonaria na História do país e do papel de cada maçom na vida da sua Loja. Por isso se torna difícil definir o que é a Maçonaria, onde se junta uma componente do sentir individual que é diferente de pessoa para pessoa, com uma dimensão espiritual e filosófica, com uma preocupação intelectual e social. Ao maçom, recém iniciado ou não, cabe então conduzir a sua vida no sentido de lhe conferir o equilibro da Razão e do coração, respeitar a diferença do outro e amar a Liberdade. Deve conhecer-se a si próprio, atribuir significado ao oculto e admitir que há conhecimentos que vão para além do imediato num caminho de permanente aperfeiçoamento. O recurso ao símbolo e aos objetos a ele associados é uma forma de "revelar uma realidade total, inacessível através dos restantes meios de conhecimento”, não esquecendo que eles conservam una raiz primordial de significado que fazem deles um elemento unificador e uma afirmação simultaneamente psicológica e intelectual com caráter distintivo”

Dr. Antonio Lopes, Ex-Director do Museu Maçónico Português e Director da revista "Grémio Lusitano", in Prefácio - sublinhados nossos. 

J.M.M.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

FERNANDO NAMORA CARICATURISTA


APRESENTAÇÃO DO CATÁLOGO

AUTOR: Paulo Marques da Silva

TÍTULO: Fernando Namora Caricaturista

DATA: 12 de Setembro

LOCAL: Museu PORO's  - Condeixa-a-Nova

HORA: 17 Horas

Segue-se a inauguração da Exposição alusiva às caricaturas desenhadas por Fernando Namora e localizadas pelo autor do Catálogo e responsável pela organização da mostra.

A.A.B.M.


sábado, 8 de abril de 2017

100º CATÁLOGO DE LIVROS DA LIVRARIA MANUEL FERREIRA



100º Catálogo de Livros Raros e Esgotados | Livraria Manuel Ferreira

Excelente acervo de obras de merecida estimação, com peças bibliográficas sobre variadas polémicas historiográficas lusitanas, opúsculos oitocentistas, brochuras curiosas sobre o Miguelismo e as Lutas Liberais, valiosas peças bibliográficas sobre o Liberalismo, Invasões Francesas, Maçonaria, rara Literatura Portuguesa - à venda pela Livraria Manuel Ferreira (Porto).

[ALGUMAS REFERÊNCIAS QUE A NÓS DIZ RESPEITO]: A Águia. Revista 1910-1932 / Alma Nacional (colecção completa), 1934-37 / Folhetos sobre a polémica “Eu e o Clero” / Antologia do Humor Português, Ed. Afrodite, 1969 / Folhetos sobre a “Questão de Ourique” / Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos nacionais, 1935-65, 131 numrs / Apuleio. Burro de Ouro de Appuleio, trad. do Barão de Vila Nova de Foz Côa, 1847 / Folhetos sobre a polémica do “Casamento Civil” / lote de obras de Camilo Castelo Branco / Ms. Compromisso para a Irmandade de Santo António erecto no Convento de S. Francisco d’esta cidade da Guarda …, 1833 / curioso conjunto de obras de José Daniel Rodrigues da Costa / Costa Cabral em Relevo, de João de Azevedo Sá Coutinho (publ. Anónimo), 1844 / Cryptinas (folhas avulsa gratuita), de João de Deus (rara 1º ed.) / Os Dois Mundos (periódico), 1878, III vols / El Rei e o Duque de Saldanha …., 1851 / A Fateixa (publ mensal), Porto, 1888, III numrs / A Liberdade e a Legislação Vistas á Luz da Natureza das Cousas, pelo Visconde de Figanière, 1866 / Ode aos Manes do Infeliz mas Saudosamente Deplorado Gomes Freire de Andrade …., por Tomás Inácio da Fonseca, 1821 / Uma Faca nos Dentes, por António José Forte, ed. ETC, 1983 / A Corcundice explicada magistralmente, ou resolução de dois problemas interessantes a respeito dos Corcundas, …., por Hipólito Gamboa / Lote de obras de Augusto Ferreira Gomes, entre as quais o “V Império” e o curioso “No Claro-Escuro das Profecias” / Guia dos Maçons Escocezes, ou Reguladores dos Tres Grãos Symbolicos do Rito Antigo e Aceito …. (regulador pub no Rio de Janeiro – tem o carimbo da poderosa Loja Fortaleza, de Lisboa), 1834 / Lote de obras de Ana Hatherly, Natália Correia, Herberto Helder, Luiza Neto Jorge, António Maria Lisboa, Alexandre Herculano, Aquilino Ribeiro, Miguel Torga / A Hora, revista-pamphleto de arte, actualidades e questões sociais …., 1922, VI numrs / Ilustração transmontana+Suplemento, 1908-1910, III vols+36 numrs /  O Diabo Coxo, Verdades Sonhadas e Novellas da Outra Vida …., 1806 / O Liberal Animoso Rebatendo a penúltima pancada mortal do Liberalismo …, de João Crispim Alves de Lima, Maranhão, 1830 / Observações sobre a Prosperidade do Estado pelos Liberais …, por José da Silva Lisboa, Bahia, 1811 / Lusitania (revista), 1924-27, X numrs / Lote curioso de obras do padre José Agostinho de Macedo / Discurso proferido na Presidencia da sessão Solene celebrada em Honra de Garrett …, por Bernardino Machado, 1899 / Cartas Sobre a Framaçoneria (raríssima espécie bibliográfica maçónica, atribuída a Hipólito José da Costa), Paris, 1821 / O Mensageiro (periódico de responsabilidade de camilo C. Branco), 1889 / várias Miscelaneas / A Móca, periódico desportivo de combate, 1924 / O Panorama (jornal literário), 1837-1868, 18 vols / I Congresso da Historia da Expansão Portuguesa no Mundo, 1938 / 17 Cartas autografas do Cardeal Saraiva (Frei Francisco de S. Luís) , 1836-1844 / O Espectro, de Rodrigues Sampaio, 1880, 63 numrs / O Punhal dos Corcundas, raro periódico absolutista e anti-maçonico, escrito pelo virulento S. Fortunato de S. Boaventura, 33 numrs / Sol, bi-semnário republicano, 1926VI numrs / Tríptico. Arte, Poesia, Crítica (rara revista modernista percursora da Presença), 1924-25, IX numrs / Os Modernistas Portugueses, de Pedro veiga, VI vols.    
 
J.M.M.
 

sábado, 10 de dezembro de 2016

FRENESI – CATÁLOGO DE LIVROS ANTIGOS E RAROS


 

FRENESICATÁLOGO DE LIVROS ANTIGOS, RAROS, ESGOTADOS, PERIÓDICOS, MANUSCRITOS

O alfarrabismo – tal como nós o entendemos – é uma actividade de recolha selectiva, limpeza, restauro e classificação de obra que, dado o implacável cuidado de um número cada vez mais restrito de colecionadores, conseguiram sobreviver chegando às nossas mãos. Livros que merecem continuar vivos. Livros, no vertente caso, maioritariamente de cultura portuguesa. Como objectos de cultura substantiva, mas também produtos de arte de imprimir e da arte de encadernar, há que preservá-los do descuido e da destruição dos homens, há que retardar o seu envelhecimento, e empurra-los para o futuro. São os colecionadores contemporâneos o seu agente no tempo – a cultura geral, especializada ou não, depende do respeito e do carinho que nós lhes dedicarmos” [in Catálogo]

 

Paulo da Costa Domingos, poeta, escritor, editor e antiquário de alfarrábios, apresenta-nos (uma vez mais) a sua colheita nestas festividades de final de ano. 363 peças bibliográficas de muita valia e invejável preciosidade, para V. sustento e ilustração. O curioso Catálogo que Paulo da Costa Domingos compôs, leva-nos a um luxurioso garimpar de livros antigos, raros, esgotados, periódicos, manuscritos. O amador de livros irá caprichar na sua ociosidade do papel pintado com tinta. O Catálogo da Frenesi aí está. É bom não esquecer.    

[ALGUMAS REFERÊNCIAS QUE A NÓS DIZ RESPEITO]: Sidónio na Lenda, por António Albuquerque / A execução do Rei Carlos, idem, 1909 / Os Vinculos em Portugal, de D. Antonio de Almeida, IV folhetos / Memorias sobre Chafarizes, Bicas, Fontes, e Paços Publicos de Lisboa, Belem, e Muitos Logares do termo, de José Sergio Velloso d’Andrade, 1851 / O Rapaz de Bronze, de Sophia de Mellho Breyner Andresen, 1956 / Diário da Pátria, por Cesar Anjo, 1932 / As Monjas de Semide, de Tomás Lino d’Assumpção, 1900 / Fundaçao Antiguidades, e Grandezas da mui Insigne Cidade de Lisboa, e seus Varoens Illustres em Santidade, Armas, e Letras, por Luiz marinho de Azevedo, 1753 (2ª ed.) / O Trabalho Rural Africano e o Administração Colonial, do Marquez de Sá da bandeira, 1873 / Evora, Cancioneiro Geral, de Antonio Francisco Barata, 1902 / A Obra Artistica de El-Rei D. Carlos, 1963 / História da Censura Intelectual em Portugal, de José Timoteo da silva Bastos, 1926 / Historia Geral dos Adágios Portugueses, por Ladislau batalha, 1924 / A Corte da rainha Maria I, de William Beckford, 1901 / D. Maria I, por Caetano Beirão, 1934 / O Mandarim, I e II, de Beldemonio, 1883 / Biografia do Remexido, Anónimo, 1838 / Memorias dos anos de 1775, a 1780 Para servirem de historia à analysi e virtudes das Agoas Thermaes da Villa das caldas da rainha, de Joaquim Ignacio de Seixas Brandão, 1781 / Lisboa d’Outros Tempos, de Pinto de carvalho (TINOP) / Lote de livros de Ferreira de Castro /  Gritos, por José Augusto de Castro, 1901 / Colecção A Antologia em 1958, de Mario Cesariny, Antonio Maria Lisboa, Luiz Pacheco, Natália Correia, Antonio Jose Forte, Francisco de Sousa Neves (ilustrações de Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, João Rodrigues e Dinis Salgado), 1958 / Tem Dor e Tem Puta, de Mario Cesariny de Vasconcelos, 2000 / revista Cidade Nova, 33 numrs / lote de livros de Ruy Cinatti / estimada Colecção Miniatura, 170 +1 vols / Colecção Patrícia, 52 vols / Colecção Teatro de Bolso (Contraponto), 18 vols+2 / Um Anno na Corte, de João Andrade Corvo, 1863 / 15 Annos de Obras Publicas, II vols / revista Crónica (integralista e fascizante), II numrs / Senalonga, por Avelino Cunhal, 1965 / Documentos para a Historia da Typographia Portugueza nos Seculos XVI e XVII, 1881-82 / Recordações do Café Royal, por Mario Domingues e Antonio Domingues, 1959 / periódico O Espectro, direcção de Rodrigues Sampaio, 1846 a 1847, 63 numrs+ vários suplementos / O Especto, direcção de Artur Leitão e imagem de Francisco Valença, 1925, 11 numrs+1 especime / Europa Jornal da Cultura, dir de Urbano tavares Rodrigues, 1957 / lote de livros de Virgílio Ferreira / Frenesi 1980-1982 / Da Vida e Morte dos Bichos, por Henrique Galvão et all, 1960 / O Infante d. Afonso de Bragança, por Emygdio Garcia, 1939 / revista Graal, dir Antonio Manuel couto Viana, 1956-57 / lote de livros de Guerra Junqueiro / Historia da Policia de Lisboa, de Albino Lapa / Revista Lusíada, dir Carlos de Passos, 1952-60, 13 numrs / Depois do 21 de Maio, de Bernardino Machado, 1929 (2ª ed.) / 2 livros de Luiz Mardel sobre a Historia de Armas de Fogo e Explosivos / Memorias e Trabalhos da Minha Vida, de Norton de Mattos / Noite Rebelde, de José Ferreira Monte, 1940 / revista literária Mundo Literário, dir. Jaime Cortesão e Adolfo Casais Monteiro, 1946-47, 53 numrs / A Bomba Explosiva, por José Maria Nunes, 1912 / O Caso do Sonambulo Chupista, de Luiz Pacheco, 1980 / Album da Empreza Madeirense de Tabacos Lda (Casa Perestrelos) / periódico Philemporo, redacção de José Maria de Andrade, 1855-62, 20 numrs / revista A Lanterna Mágica por Gil Vaz, dir. Raphael Bordalo Pinheiro, 1875 / revista Portucale, 143 numrs / A Invasão dos Judeus, de Mário Saa. 1924 / Discursos de Oliveira Salazar / revista Sema, 1979-82, IV numrs / lote de livros de Jorge de Sena / revista Sisifo, 1951-52, IV numrs / periódico Sol Nascente, 1937-40, 43 numrs / O Algarve na obra de Teixeira-Gomes, 1962 / revista Ver e Crer, dir José Ribeiro dos Santos e Mário Neves, 1945-50, 57 numrs / Figuras Gradas do Movimento Social Português, por Alexandre Vieira, 1959 / Em Volta da Minha Profissão, por Alexandre Vieira, 1950  

Pedidos AQUI e AQUI. E sejam felizes.

J.M.M.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

AS ENGRENAGENS DO TEMPO: EXPOSIÇÃO E APRESENTAÇÃO DE CATÁLOGO EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL

Hoje, em que se assinala o 102º aniversário da fundação do concelho de São Brás de Alportel, em que decorrerão várias iniciativas pela localidade, mas na sexta-feira, dia 3 de Junho de 2016, pelas 18 horas vai ser inaugurada a Exposição As Engrenagens do Tempo e, em simultâneo, a apresentação do catálogo da exposição que procura traçar uma visão histórica e social da localidade entre 1900 e 1930, com alguns dos seus protagonistas, episódios e transformações. O evento decorre no Museu do Trajo, de S. Brás de Alportel.

Pode ler na nota de divulgação do evento na página do municipio de São Brás de Alportel:
Uma visão social de 30 anos da história de São Brás de Alportel

1900-1930

A abertura de uma nova exposição e a apresentação do seu catálogo constitui sempre um momento especial na vida de um Museu. Desta vez demos-lhe o nome de “As Engrenagens do Tempo”, constituindo esta, uma abordagem social das décadas que ladearam o nascimento do concelho de São Brás de Alportel, em 1914, e as suas repercussões nos nossos dias.

A sucessão de lapsos de tempo (1900-1930) apresentados sob a forma de encenações que ocorrem ao longo da exposição, transmitem deliberadamente sensações contraditórias: a harmonia inquieta dos últimos anos da monarquia, os Tempos Revoltos da República e os momentos de euforia pela criação do novo concelho. Ao tempo das trincheiras da Grande Guerra, onde pereceram alguns são-brasenses, sucedem os Tempos de Esperança e Incerteza que, acompanhando a degradação política e económica do país, culminaram na Ditadura e no Estado Novo. Apesar de tudo, uma “engrenagem” relativamente consensual, cronológica, pacífica...

Em determinado momento do longo processo que durou a conceção e montagem da exposição (pouco mais de 1 ano), cerca de uma dezena de jovens artistas plásticos associaram-se ao projeto. Fácil será de perceber que desde então viu-se esfumada a harmonia museológica e instalada a dúvida, a polémica e o confronto. Foi assim, por esta deriva (mais ou menos) cega, que a exposição ganhou novos significados e interpretações, geradores de perplexidades e interrogações que, a nosso ver, constitui um exercício de Museologia Social que há muito exercitamos.

O projeto, a produção e os trabalhos subsequentes devem-se à pequena equipa e aos meios técnicos do próprio Museu a que se juntou um grupo muito vasto de voluntários com competências variadas e uma generosidade sem limites.

O catálogo - o que irá para além do tempo passageiro que durará a exposição é dedicado ao fundador do Museu, o Padre José da Cunha Duarte - que continua a ser, ainda hoje, um dos seus principais sustentáculos.

Quanto ao Museu, os seus últimos anos foram marcados por uma deriva sem destino certo. Este, deixou-se levar pelas suas pessoas que, ignorando definições, foram-lhe descobrindo novas funções, utilidades, conceitos e significados.

À Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, entidade tutelar, somos devedores da liberdade de ação que sempre nos foi concedida – condição maior para que um museu seja um verdadeiro instrumento de mudança. Da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, sempre o Museu contou com a maior disponibilidade e colaboração.

Texto: Emanuel Sancho

A informação foi retirada DAQUI.

Para conhecer melhor catálogo fica a ficha técnica e o índice do mesmo (Clicar na imagem para aumentar).
Uma iniciativa para a acompanhar  e que se recomenda.

A.A.B.M.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

CATÁLOGO DE LIVROS – LIBERALISMO, QUESTÃO PORTUGUESA, JACOBINISMO, ABSOLUTISMO


Catálogo de Livros Raros e esgotados: Liberalismo, Questão Portuguesa, Jacobinismo, Absolutismo | Livraria Manuel Ferreira

Excelente acervo de obras, com peças bibliográficas de muita estimação, valiosas e raras, à venda pela Livraria Manuel Ferreira (Porto).

[ALGUMAS REFERÊNCIAS NOSSAS]: Carta datada de “Lisboa 29 de Dezbro 1846”, por João Coelho de Almeida [interesse história da Patuleia] / Revelações, e Memorias para a Historia da Revolução de 24 de Agosto de 1820, e de 15 de Setembro do mesmo ano por … José Maria Xavier de Araújo, 1846 / Os Dous dias d’Outubro ou a História da Prerrogativa por … D. João de Azevedo, 1848 [Convenção do Gramido] / Direitos de D. Miguel, dedicado aos Fieis Portuguezes, 1829, 2ª ed / lote de livros raros da estimada e procurada bibliografia comercial de José Ferreira Borges / Reflexões sobre a Conspiração Descuberta, e Castigada em Lisboa no anno de 1817 por Hum Verdadeiro Amigo da Pátria [fr. Mateus da Assunção Brandão – “Com interesse para a história da perseguição ao ‘Supremo Conselho Regenerador de Portugal, Brasil e Algarves’, sociedade secreta paramaçónica descoberta pelas autoridades portuguesas e inglesas, cujos responsáveis foram severamente julgados, deportados e exilados, tendo sido os mais relevantes condenados à morte, entre os quais o General Gomes Freire de Andrade”], 1818 / Resposta de João Carapuceiro Compadre de Lisboa às Cartas do Compadre de Belém …., 1821 [resposta de João Carapuceiro a Manoel Fernandez Thomaz, o Compadre de Belem] / lote de livros de Manuel Borges Carneiro / Cartas de diversas procedências, de importância para a história do Liberalismo / Conjunto de obras de Antonio Feliciano de Castilho / O Novo príncipe ou o Espirito dos Governos Monarchicos [José da Gama e Castro], 1841 / Relação Breve, e Verdadeira da Entrada do Exercito Francez, Chamado de Gironda …. [José de Abreu Bacelar Chichorro], 1809 / Elogio Historico de Jose Bonifacio de Andrada e Silva, 1877 / A Recepção de hum Maçon … por Francisco de Paula Ferreira da Costa [antimaçonismo], 1827 / lote de livros e opúsculos raros de José Daniel Rodrigues da Costa / lote de livros raros de João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun / Desagravo da Honra Militar, 1821 [raro opúsculo para a historia do liberalismo] / Estatutos da Sociedade Patriotica Portuense, 1823 / O Dia 24 de Agosto do Fausto Anno de 1820 … [António pereira de Figueiredo], 1821 / Epinicio ao Memorando Dia, Quatro de Junho de 1823 … por Aonio Duriense [aliás Almeida Garrett] / O Genio Constitucional, 1820, 77 numrs [raríssimo periódico portuense, com a colaboração de Manuel Fernandes Tomás, Garrett] / Galeria dos Deputados das Cortes Geraes Extraordinarias e Constituintes da nação portugueza Instauradas em 26 de Janeiro de 1821 [João Damásio Roussado Gorjão], 1822 / Instituições da Assemblea Periodical discutidas, e approvadas em suas Sessões Secretas, ou A Roda da Fortuna Periodiqueira, 1822 [folheto muito raro] / Ms do historiador algarvio João Baptista da Silva Lopes [interesse para a historia da organização militar portuguesa no séc. XIX] / As ideas liberaes, ultimo refugio dos inimigos da religião e do throno …, por Joaquim José Pedro Lopes, 1819 / lote (importante) de raros livros e opúsculos do padre José Agostinho de Macedo / Manifesto da Nação Portugueza aos Soberanos, e Povos da Europa, 1820 / Miscelanea de obras de interesse para a bibliografia do Miguelismo / Oracao à memoria do dia 26 de Janeiro de 1821 em que forao instaladas as Cortes Geraes Extraordinarios e Constituintes da Nação Portuguesa …, 1823 / Ms [Poema Anticlerical] O Capitulo geral dos Franciscanos. Imitação de Piron [“Tem no fim sete sonetos do mesmo teor, cremos que todos atribuídos a Bocage, dois dos quais com apontamento a lápis referenciado número de página, confirmando a sua publicação”] / conjunto valioso de Cartas do Cardeal Saraiva (Frei Francisco de S. Luiz)

CATÁLOGO ONLINE AQUI

J.M.M.         

domingo, 8 de fevereiro de 2015

BIBLIOTECA DE RAMIRO TEIXEIRA – LEILÃO [PARTE II]


LEILÃO DA BIBLIOTECA DE RAMIRO TEIXEIRA [CONTINUAÇÃO]


“Aqui chegado abro um parêntese.

Conheci Manuel Ferreira, porque é dele que agora vou falar, como participante de um grupo coral nos meados dos anos 60 ou 70 do século passado, sem a consciência de já o conhecer de período anterior, através de trocas e baldrocas de livros policiais na estreitíssima travessa de Cedofeita, na Casa Brique, porventura mais conhecida por "Casa Azul", onde seu pai possuía uma casa de antiguidades.

Homem em idade recém-chegado a tal, Manuel Ferreira demonstrou tais qua1idades no negócio dos livros que comprava e revendia depois de os ler, tal como os demais que vinham no arrasto das compras de mobiliário e demais recheio que o pai adquiria, que este, certo dia, o conduziu a um estabelecimento encerrado na rua Formosa e o desafiou: Acho que é altura de começares a desenvolver o teu próprio negócio... Se te agrada o local, vamos tratar do aluguer...

Com cerca de trinta anos, casado e já com dois filhos, Manuel Ferreira não hesitou: assim nasceu o livreiro-alfarrabista Manuel Ferreira no mês de Abril do ano de 1959.

Na pré-abertura do estabelecimento, uma porta e uma montra na rua Formosa, há quem o afirme, foi depositado o bebé Herculano [Ferreira], então com onze meses, enquanto seus pais procediam ao arrumo das obras pelas prateleiras instaladas! Não consta que alguém o tenha pretendido adquirir, apesar de alguns transeuntes se quedarem de forma enternecida na observação do seu sono inocente ou do seu gestual traquina numa alcofa...

Pouco tempo depois, Manuel Ferreira dava a conhecer as obras de mérito de que dispunha através de listas tiradas a stencil. Catálogo propriamente dito iniciou-os só em 1967 e os manteve até ao seu passamento (15/712010), num total de 89, hoje fonte documental de preciosos verbetes sobre a literatura portuguesa, ao que teremos de acrescentar os demais que organizou para leilão sob a sua própria chancela ou sob o signo da "In-Libris", hoje sob os cuidados dos seu filho mais novo, Paulo Ferreira.

Antes, porém, a partir de 1963 e até 1998, em consequência do convite que lhe foi dirigido pela filial da agência de leilões de Soares & Mendonça para organizar os seus catálogos, elaborou Manuel Ferreira mais de 60, sendo, aliás, neste período que me iniciei como imberbe bibliófilo, ainda que já viciado e compulsivo.

Esta agência, que deixou marcas indeléveis no burgo portuense, veio a encerrar as suas instalações no Porto muito provavelmente em consequência da morte do Sr. Albertino, um pregoeiro espantoso, num estúpido acidente de viação em Coimbra.

Pioneiro na promoção dos chamados "modernistas", dos homens de "Orpheu" aos da "Presença" e surrealistas, passando pelos neo-realístas do "Novo Cancioneiro" e da colecção dos "Novos Prosadores", enquanto promotor de venda das suas obras primeiras, Manuel Ferreira, desde logo, quis seguramente marcar a diferença relativamente aos seus colegas de actividade.

No mais, quero crer, valeu-lhe a escola que os leilões de Soares & Mendonça lhe proporcionaram pelo desafio que implicavam.

Pelas suas mãos, por conta própria ou de outrem, passaram as maiores bibliotecas deste país, toda a espécie de obras literárias e científicas, desde os quinhentistas aos contemporâneos, obrigando-o, passe a expressão, que nem por isso será menos verdadeira, a incomensuráveis consultas e pesquisas, chegando mesmo a rectificar informes falaciosos dados como incontornáveis! Com tais conhecimentos, Manuel Ferreira bem poderia ter escolhido para tema do seu labor livreiro a divisa dos nossos descobridores quinhentistas que asseguravam que a experiência era a madre das cousas ...

Manuel Ferreira viveu 58 anos a organizar leilões, a comprar e a vender livros, nesta cidade do Porto que não o mereceu, já que a autarquia ficou indiferente ao cinquentenário do seu estabelecimento (2009), como se tal efeméride fosse coisa corriqueira e de nenhum interesse para o burgo. Tal qual como o foi relativamente ao centenário da Liv. Académica, agora do meu Amigo Nuno Canavez, cujo trajecto existencial memorizei na obra que o tem por referência, "Nuno Canavez. As palavras da amizade" (Porto, Calendário das Letras, 2008) e onde, ainda hoje, a tenho como espaço especial de tertúlia, de conversas a propósito e a despropósito, com outros clientes ocasionais.

A ver se me faço entender: não estou aqui a defender uma actividade cultural pela razão de o ser, e que muito justamente motivou que os intérpretes acima referidos fossem agraciados com o título de Comendador, mas tão simples mente qualquer outra actividade comercial alicerçada em 50 e 10O de existência.

Há muito já que a autarquia deveria ter um gabinete ou um serviço atento às datas mais significativas para os seus comerciantes, industriais e demais personalidades públicas e intelectuais, de forma a ser ela, em primeira mão, a promover e a associar-se a este tipo de eventos. Porque não é todos os dias que se assinalam 50, 75 ou 10O de actividade cultural, comercial ou industrial.

É preciso que se crie a consciência de que uma empresa com esta longevidade, se calhar hoje mais do que nunca, adquire o direito de ser considerada um património da urbe e como tal ser reverenciada (…)

Segundo o dogma aceite, bibliófilo é aquele que ama os livros. Pois se os ama não só vive uma paixão avassaladora na maioria dos casos, como à força tem com eles uma relação sensual. A relação do bibliófilo com o livro, coisa feita de mil vagares e de mil saberes, aquém e além Gutenberg, que tão só o democratizou, não advém somente do que há lá dentro, o que narra, documenta, historia, inventaria ou ensina: é também, não poucas vezes, papel, tinta, caracteres tipográficos, capa, encadernação, ferros de gravar, dimensão, peso, etc., tudo contribuindo para o exercício de, entre outros pecados, satisfazer o do manuseio sensual, folha por folha, em quase acto onanista, fonte subtilíssima de prazer, ao qual adiciono o outro prazer que advém da descoberta e da necessidade da obra. E como entretanto ao longo da minha existência enquanto escritor, ensaísta, e comentador de obras de terceiros, muitas foram as necessidades que tinha de determinadas obras afins ao que trabalhava ou tinha em agenda de vir a trabalhar, a breve trecho dei por mim como um encarcerador de livros, distribuídos por duas residências, empacotados, encaixotados em grande número nas garagens e sótãos! E conquanto de todos tivesse pormenorizado registo e localização, inclusive o assento da sua valorização cronológica que retirava dos catálogos que recebia, a verdade é que a situação tornava-se insustentável pela dispersão e pela impossibilidade muitas vezes de deles me socorrer quando precisava.

Por outro lado o cabo do fim da vida foi-se aproximando. Que fazer da minha biblioteca? Decerto que os filhos ficarão na posse de alguns, não mais, porém, do que meia dúzia, dado que não só têm outros interesses na vida como as suas habitações não podem albergar o que possuo. Ou seja, ela não me vai sobreviver.

Custa? Claro que sim! A gente agarra-se a alguma coisa na pretensão de reter o tempo e a formação que nos deu o ser, enfim, a vida nossa que está inscrita nas páginas destas obras, de forma impressa e não poucas vezes manuscrita, como é o caso das dedicatórias dos autores em muitos dos exemplares que possuo, algumas delas reciprocamente avalizadoras, inter pares em admiração comum, mensagens de vida e de apreço que sabem a sonho e alimentam a fome sagrada dos que as têm por fundamentais. A maior parte delas têm-me como endereço, mas há muitas outras alheias, dirigidas a gente bem mais importante do que eu e que acabaram na mesma dispersão. Algumas das que me foram dirigidas provocam-me agora pesadelos, nomeadamente uma de Natália Correia, que exarou no exemplar que lhe apresentei para o efeito não me perdoar ter uma obra que ela não possuía e que há muito tempo perseguia!

E eu que não lhe a ofereci! Que mesquinho fui!

Chegou pois o tempo de decidir em consciência, escudando-me com o facto de estar a proceder de acordo com o destino de todas as grandes e pequenas bibliotecas que antecederam a minha.

Custa? Claro que sim! (…)"

Ramiro Teixeira, Excerto do “Prefácio” ao Catálogo do “Leilão daBiblioteca de Ramiro Teixeira”, Livraria Manuel Ferreira, Porto, 2015, Vol I

CATÁLOGO ONLINE AQUI [Vol I e Vol II]

J.M.M.

BIBLIOTECA DE RAMIRO TEIXEIRA – LEILÃO [PARTE I]


 
DIAS: 25-27 de Fevereiro (21,00 horas) | 28 de Fevereiro (15,30 horas) | 4-6 de Março (21,00 horas) | 7 de Março (15,30 horas);
LOCAL: Junta de Freguesia do Bonfim (Campo 24 de Agosto, Porto);

ORGANIZAÇÃO: Livraria Manuel Ferreira

CATÁLOGO ONLINE AQUI [Vol I e Vol II]

“… Walter Benjamin (I892-I940), crítico literário, ensaísta, tradutor, filósofo e sociólogo, escreveu algures que uma biblioteca constitui um testemunho credível do carácter do seu possuidor.

Decerto que sim, ainda que o presente catálogo não corresponda em rigor ao acervo da minha biblioteca. Antes de mais porque as obras ora apresentadas correspondem a menos de 50% das que possuo. Depois porque as registadas resultam da selecção criteriosa que o leiloeiro fez sobre o todo, orientando-se muito naturalmente pelo valor comercial ou potencial das que escolheu e pela experiência que tem recolhido dos licitantes de leilões.

Confrontando entre o que foi seleccionado e o que ficou, acho que as obras não escolhidas são mais susceptíveis de constituir um testemunho credível do meu carácter do que as primeiras. Para que conste, grosso modo, obras sobre Arte, Ensaios de Literatura e Crítica, Descobrimentos, História, Política, Religião, Sociologia, Ultramarina e Literatura Estrangeira, entre outras, foram excluídas em defesa delas próprias e dos seus autores, em face do escasso interesse que colhem na prática histórica dos leilões (…)

Refere A. Forjaz Sampaio no seu livro "Homens de Letras" (…), que um bibliófilo é sempre um bicho sossegado, um carcereiro de livros...

Estou com ele e acrescento: algumas vezes até carcereiro de livros que nunca leu e jamais virá a ler! (…)

Desde sempre tudo me interessou, acumulando livros numa demanda que se aproxima da procura mítica do Santo Graal, embora com incidência mais compulsiva nas épocas e autores que mais me fascinaram. Desde logo a Idade Média, o Humanismo, o Renascimento e o século XX. E quanto a autores, desde sempre, Santo António, S. Francisco de Assis, Dostoievsky, Proust, Thomas Mann, Faulkner,]oyce, Sartre, Camus, Camilo, Eça, Pessanha, Alves Redol, Vergílio Ferreira, Agustina Bessa Luís, António Rebordão Navarro, Ilse Losa, Luísa Dacosta, Mário Cláudio, Manuel Alegre, etc., mais a gente de Orpheu e da Presença.

Retomando a Forjaz Sampaio, no que diz respeito a bibliófilos, transcrevo: Um livro novo, a não ser que lhe garantam que é muito difícil de alcançar, não o tenta. Mas dêem-lhe um calhamaço joanino, com suas margens largas em rico papel de linho, suas vinhetas delicadíssimas, como já hoje não se grava, suas iniciais ornadas, sua encadernação do tempo, ou um pequeno quinhentista gótico (...) e vê-lo eis transmudado de sorumbático em bailador e de longorelhudo triste em farsola gracioso. (…)

Mas mais nos diz Walter Benjamin ao afirmar que, com o passar do tempo e com o crescimento da biblioteca, breve o bibliófilo passa a ter em atenção outros valores que não propriamente os do conteúdo, deixando-se seduzir pela excelência da impressão, das encadernações, das ilustrações, da raridade do exemplar, enfim, pelo valor que tais livros-objectos alcançam no mercado, fazendo-o transmigrar para a condição de investidor de capital.

A esta fatalidade confesso que também não escapei. Mas só muito moderadamente. Na verdade, escassas vezes me deixei seduzir por este parâmetro enquanto fim em si mesmo. Agora tratando-se de obra de autor ou de matéria em que estivesse a laborar, aí sim, não descansava enquanto a não obtivesse, olhando pouco ao preço e menos ainda à eventual valorização futura.

Na realidade nunca fiz da minha biblioteca um meio de investimento de capital. Tive-a sempre como fonte de união entre mim e o mundo, secundando Stefan Zweig que dizia que os livros são feitos para unir os homens.

Como tudo começou não sei bem, mas estou em crer que pelas tiras do Reizinho publicadas em "O Comércio do Porto", sem ainda saber ler, e depois pela banda desenhada de "O Príncipe Valente", em "O Primeiro de Janeiro", aos domingos.

Entretanto, fui acumulando a leitura da "Carochinha Japonesa" com as obras da Condessa de Ségur e das de Emílio Salgari, acrescidas, mais tarde, das de Júlio Verne, ao mesmo tempo que adquiria "Gibis" e demais banda desenhada, a par do "X-9", nas escadarias dos cinemas Rivoli, Coliseu do Porto e rampa do Parque das Camélias.

Com tais leituras a minha imaginação recriou-me como cavaleiro andante, pistoleiro, xerife, detective, aventureiro, capitão Marvel, Batman e demais... Os policiais vieram a seguir e tornaram-se quase uma obsessão. Fora estes, houve um em especial que li não sei quantas vezes: 'John, o Chauffeur Russo’ Primeiros livros, primeiros amores.

Os locais de aquisição eram os da Liv. Académica, alfarrabista Marinho, na rua Fernandes Tomás, junto ao antigo quartel dos Bombeiros, a par do outro estabelecimento na rua do Almada, dirigido pela sua irmã, no primitivo Candelabro, onde o Sr. Barros pontificava, e que tendo descoberto ter sido furtado de uma estátua, colocou na montra a peanha onde aquela se colocava, com um dístico a convidar o ladrão a levá-la sob o risco de desvalorizar o primitivo furto, e vez por outra na Casa Azul, na travessa de Cedofeita” [CONTINUA]

Ramiro Teixeira, Excerto do “Prefácio” ao Catálogo do “Leilão daBiblioteca de Ramiro Teixeira”, Livraria Manuel Ferreira, Porto, 2015, Vol I

[CONTINUA]

J.M.M.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

LEILÃO DE LIVROS


LEILÃO DE LIVROS

DIAS: 2/3/4 de fevereiro 2015 (21 horas);
LOCAL: Rua do Arco a São Mamede, 11, Lisboa;
ORGANIZAÇÃO: Aqueduto, Leilões

CATÁLOGOAQUI 

Nos próximos dias 2 a 4 de Fevereiro vai a martelo um Leilão de Livros, de diversas proveniências, elaborado, com competência, por José Vicente, reunindo 1583 peças bibliográficas de muita estimação, valiosas e raras, entre as quais estimados e invulgares estudos Históricos, obras de Genealogia, Inquisição, Companhia de Jesus, Caça, conjunto curioso de Monografias, interessantes peças Coloniais, lotes de livros de autores nacionais.  Está o seu Catálogo online para agrado do amador de livros.
[ALGUMAS REFERÊNCIAS NOSSAS]: A Arte Popular em Portugal / A Evolução do Sebastianismo, de Lúcio de Azevedo, 1918 / A Propósito de Caça, de João Maria Bravo / Armas e Troféus (1959, revista) / Bibliotheca Lusitana, de Barbosa Machado, IV vols / Colecção das Leis Decretos e Alvaras …, 1794 / Episódios Dramáticos da Inquisição Portuguesa, por António Baião (1936-38) / Genealogia Hebraica de José Maria Abecassis (1900-1) / Histoire du Clerge Pensant La Revolution Françoise, pelo Abade Barruel (1793) / O Portugal Vinícola, de Cincinnato da Costa (1900) / obras de Afonso Lopes Vieira, Almeida Faria, Almeida Garrett, Alves Redol, António Botto (Canções), António Cabral, António Garcia Ribeiro de Vasconcelos, António Lobo Antunes, António Maria Lisboa, Antunes da Silva, Aquilino Ribeiro, Augusto Abelaira, Augusto Casimiro, Augusto Gil, Branquinho da Fonseca, Caetano Beirão, Camilo Castelo Branco, Carlos de Oliveira, Damião Peres, Eça de Queiros, Eduardo Brasão, Eduardo de Noronha, Eugénio de Andrade, Fernanda Botelho, Fernão Lopes, Ferreira de Castro, Fortunato de Almeida, frei António Brandão, Guerra Junqueiro, Hipólito Raposo, Jaime Cortesão, João de Deus, João Gaspar Simões, João Paulo freire (Mário), Joaquim Leitão, Joaquim Martins de Carvalho, José Augusto França, José Cardoso Pires, José de Esaguy, José Rodrigues Miguéis, José Saramago, Luís de Albuquerque, Manuel Alegre, Mário Braga, Melo e Castro, Mário Saa, Natália Correia, Rui de Pina, Sebastião da Gama, Sousa Viterbo, Teixeira de Pascoaes, Urbano Tavares Rodrigues, Vergílio Ferreira / Orpheu (revista), 1915 / Subsídios para a Historia Militar das nossas Lutas Civis, por F. Sá Chaves, 1914, II vols / ... / 

CATÁLOGO ONLINE AQUI

J.M.M.         

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

LEILÃO DA BIBLIOTECA DO CORONEL JOSÉ PINTO FERREIRA (6ª PARTE)



DIAS: 19/20/21 de Janeiro 2015 (21 horas);
LOCAL: Palácio da Independência (Largo de S. Domingos, 11 – ao Rossio), Lisboa;
ORGANIZAÇÃO: José Vicente, Leilões


Nos próximos dias 19 a 21 de Janeiro haverá lugar ao curioso e valioso Leilão (6ª parte) da Biblioteca do Coronel José Pinto Ferreira, elaborado com a competência de José Vicente, estimado alfarrabista da livraria Olisipo, que reúne, nesta sua 6ª parte, um conjunto de peças raras sobre a Restauração, uma Camoneana e Camiliana curiosa, combinada com valiosas monografias, a que se junta obras invulgares sobre Constitucionalismo, História e Guerra Peninsular, volumes de Literatura, uma Brasiliana, colecções de desenhos e gravuras. Está o seu Catálogo online para essa “viagem de espírito” que é sempre o do amador de livros e nossa glória.

[ALGUMAS REFERÊNCIAS NOSSAS]: Catalogo Alfabetico das Obras Impressas de José Agostinho de Macedo (1849) / Album das Glorias …, 1880-1902, 37 numrs / Estudos de História, de Luís de Albuquerque, VI vols / Discurso Breve sobre o Estado da Administracao da Fazenda Publica …, por Antonio Jose Pedroso de Almeida, 1822 / Introducao a Convocação das Cortes …, por Francisco José de Almeida, Outubro de 1820 / Artes e Letras, Lisboa, 1872-75, IV vols / Notas e Documentos Ineditos para a Biographia de João Pinto Ribeiro, pelo Visconde de Baena, 1882 / Penafiel. Hontem e Hoje …, por Coriolano de Freitas Beça, 1896 / Bibliografia Geral Portugueza …, 1941, III vols / Anacephaleoses da Monarquia Luzitana, por Manuel Bocarro, 1809 [rara obra do médico, astrólogo e sebastianista Manuel Bocarro) / uma extensa, interessante e estimada Camoneana [registe-se o “The Lusiad or The Discovery of India na Epic Poem …, Oxford, 1776; Os Lusiadas, 3ª ed., 1779-80, III vols; Homenagem a Camões …, 1883] / a rara Carta ao Mui Reverendo padre José Agostinho de Macedo (de interesse maçónico), 1822, nº1 a nº3 (completo) / um conjunto de peças Camilianas / obras de Ferreira de Castro / o bem curioso Catalogo da Valiosa e Estimada Livraria do bem conhecido e afamado bibliophilo Agostinho Vito Pereira Merello (com invulgar pref. de Teófio Braga), 1898 / a estimada e completa Colecção Patrícia, 52 numrs / Constituiçoens Synodaes do Arcebispado de Braga, 1697 (2ª ed.) / rara peça de José Daniel Rodrigues da Costa, Comboy de Mentiras, Vindo do Reino petista com a fragata verdade encoberta por capitania, 1801, 24 numrs / Decadas da Asia …, por Diogo do Couto, 1736, III vols / A Biblia dos Bibliophilos …, por Xavier da Cunha, 1911 / raro livro de Tomás da Fonseca, Sermões da Montanha, 1909 / Brasões da sala de Sintra, de Anselmo Braamcamp Freire, 1921-30 82ª ed.) / lote valioso sobre a Guerra Peninsular / obras de Alberto Pimentel, Agustina Bessa-Luís, Alexandre Herculano, Almada Negreiros, Antero de Quental, Antero de Quental, Carolina Michaelis de Vasconcelos, Damião Peres, Eça de Queiroz, Emanuel Ribeiro, Garcia da Orta, Guerra Junqueiro, Joaquim Leitão, José Régio, Maurício de Oliveira, Miguel Torga, Nuno Alvares Pereira Pato Moniz, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Ruy de Pina, Sousa Viterbo / conjunto notável de peças raras de José Agostinho de Macedo [registe-se o Epidecio na Morte de Manoel Maria Barbosa Du Bocage; o curioso Exorcismos contra periódicos e outros malefícios …; o raro Manifesto do Grande Oriente Lusitano Contra a Loja Regeneração (de evidente interesse maçónico); o tb raro opúsculo Refutação do Monstruoso e Revolucionario Escripto Impresso em Londres Intitulado Quem He Legitimo Rei de Portugal; a Refutação methodica das Chamadas Bazes da Constituição Politica da Monarquia Portugueza; o invulgar Sandoval Nu, e Cru; a já rara (qd completa) Tripa Virada (III numrs) / Lote de Manuscritos

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J.M.M.         

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

VERITAS - LEILÃO DE LIVROS, MANUSCRITOS E FOTOGRAFIAS


DIA: 18 de Dezembro 2014 (21 horas);
LOCAL: Av. Elias Garcia, 157 A/B, Lisboa;
ORGANIZAÇÃO: Veritas Art Auctioneers

CATÁLOGO ONLINE – AQUI  

No próximo dia 18 de Dezembro há lugar ao interessante Leilão de Livros, Manuscritos e Fotografias, estimado conjunto de obras antigas, raras e valiosas que diz respeito a assuntos literários, históricos, científicos ou artísticos, e que vão a prego pela Leiloeira Veritas Art Auctioneers. O Catálogo – decerto sobre o judicioso e competente parecer do livreiro Luís Gomes (Artes & Letras) - é belo, profusamente ilustrado e de interesse bibliográfico. Está online para glória do amador de livros & outros distintos bibliófilos.

[ALGUMAS REFERÊNCIAS NOSSAS]: Almanach dos Caçadores (Zacarias d’Aça) / [Alcorão manuscrito Mughal Iluminado (sec. XVII/XVIII) / Almanaques [conjunto curioso] / Memoria sobre os Chafarizes, Bicas, fontes, … (José Sérgio Velloso de Andrade) / Luz da Liberal e Nobre Arte da Cavalaria, …, 1790 [estimada e valiosa obra de Manuel Carlos Andrade) / Manual de confessores & peninentes, …, 1552 (rara ed. de Martin Azpilcueta) / La chiere nuictee d’amour, …, de Balzac / Aguarelas do Comandante Pinto Basto … / Vocabulario portuguez e latino, …, de Bluteau / Ode a Charles Fourier (1947), de André Breton / MANUSCRITOS de interesse genealógico / Lote de obras de Camilo Castelo-Branco / Oaristos (1890), de Eugénio de Castro / Diario ecclesiastico, histórico, e astronómico para o reyno de Portugal, …, anno de 1744 / Historia e Genealogia (1923-26), por Afonso Dornellas / Poemas Lusitanos (2º ed.), de António Ferreira / interessante e valioso conjunto de Fotografias / A Arte e a Natureza em Portugal (1902-08), por Emilio Biel / Lote de (8) obras de Henrique Galvão / Folhas Cahidas (1853), de Garrett / Gazeta de Lisboa (1788-1797) / Critik der Urtheilskraft (1790), de Immanuel Kant / Portugal Antigo e Moderno, de Pinho Leal / Ortigões (1876-77), de Urbano Loureiro / (4) invulgares Aventais Maçónicos do sec. XIX, do REAA (emoldurados) / Le Capital (1ª ed. francesa, 1875), de Karl Marx / Les Essais de Michel, Seigner de Montaigne (1659, III vols) / Obras autografadas (e ms) de Vitorino Nemésio [conjunto muito raro e valioso] / Obras de António de Vasconcelos, Bernardim Ribeiro, Camilo Pessanha, Garcia de Resende, João do Rio, José Leite de Vasconcelos, José Queiroz, Manuel Teixeira-Gomes, Reinaldo dos Santos, Sousa Viterbo, Vítor Pavão dos Santos, Wenceslau de Moraes.

J.M.M.