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Era já evidente, para
Palma Inácio, que as lutas ideológicas, as "
querelas estéreis" e os métodos clássicos de combate à ditadura se tinham esgotado. Para ele e outros, a "
inacção militar" não conduzia a lado nenhum e só "
uma organização revolucionária, com uma nova concepção de luta com métodos novos e com homens novos" podia levar a cabo o fim da ditadura.
O ano de
1961 e seguintes revelam, a par de uma crise nas estruturas do regime e curiosos desentendimentos entre os seus apoiantes, uma oposição sistemática contra a ditadura, com o aparecimento de vários sectores dissidentes da linha tradicionalista (ou reformista) e que tomam posições, e sobretudo acções, radicais contra o regime ditatorial. De facto, entre 1961-62, os acontecimentos precipitam-se. Como exemplo:
O
assalto [
21/22 de Janeiro de 1961] e desvio do
paquete Santa Maria e então rebaptizado como "
Santa Liberdade" [
operação Dulcineia, dirigida por
Henrique Galvão.
Galvão foi um dos militares do golpe de 28 de Maio, mas posteriormente entra em colisão política com
Salazar. Tendo sido preso e condenado, conseguiu evadir-se e exilar-se na Argentina – ler
AQUI], que humilhou a ditadura; o levantamento da
UPA [
4 de Fevereiro 1961] e o começo da
guerra colonial; a tentativa de "golpe" de
Botelho Moniz, então Ministro da Defesa [é de consultar sobre o assunto, "
Salazar. Biografia da Ditadura", de
Pedro Ramos de Almeida,
Ed. Avante1999, pp. 612 e segs]; as
pressões internacionais contra o colonialismo português [
resolução da ONU de 20 e Abril]; a operação "
Vagô" [já referida]; a espectacular
evasão de Caxias de importantes militantes comunistas [
4 de Dezembro de 1961 – consultar "
A História da PIDE",
ibidem, pp. 168-169]; a
operação militar da União Indiana contra Goa, Damão e Diu [
17 de Dezembro]; o
assalto ao quartel de Beja [1
de Janeiro de 1962], sob direcção de
Varela Gomes e que resulta em penas pesadas para os incriminados (caso de
Manuel Serra e
Varela Gomes); o início das emissões da
Rádio Portugal Livre (
Argélia, 12 de Março); a
greve académica de Maio/Junho de 1962; a fundação de vários
movimentos de libertação das colónias; o aparecimento de novas
organizações políticas e militares de combate à ditadura [entre as quais a
Frente Patriótica de Libertação Nacional (
FPLN), que surge em (
19) Dezembro de 1962, agrupando diversos grupos (do seu embrião ou "conferência" inicial (
em Roma) participam figuras como
Piteira Santos,
Manuel Alegre,
Tito de Morais,
Ruy Cabeçadas e
Manuel Sertório].
É nesse contexto, entre a luta pelo derrube da ditadura e o combate anti-reformismo, que surgem diversas organizações que se reclamam da
luta armada, como a
FAP [
Janeiro de 1964 – ler
AQUI], a
LUAR [
Liga de União e Acção Revolucionária,
19 de Junho de 1967], a
ARA [
Acção Revolucionária Armada, criada pelo
PCP em 1964 como resposta à cisão de
Francisco Martins Rodrigues e ao aparecimento da
FAP; teve a sua primeira aparição pública a 26 de Outubro de 1970 num ataque armado contra o navio "
Cunene", atracado no Cais de Alcântara – ler
AQUI e
AQUI – e que foi entendido como uma resposta, antecipada, à ruptura entre a
FPLN e o
PCP, na base da qual elementos da
FPLN criticavam a falta de "
verdadeiras acções revolucionárias" armadas de combate à ditadura –
cf. As Organizações Armadas em Portugal de 1967 a 1974, de
João P. Martins & Rui Loureiro,
rev. História, nº18, Abril 1980] e as
BR [
Brigadas Revolucionárias, com origem numa cisão da
FPLN e que teve a sua aparição numa acção de sucesso contra a base (secreta) da
NATO da
Fonte da Telha, a 7 de Novembro de 1971; mais tarde estará incluída no
PRP –
Partido Revolucionário do Proletariado – que é fundado em 1973].
[
a continuar]
J.M.M.