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quinta-feira, 26 de março de 2015

CONFERÊNCIA – TEOSOFIA E MAÇONARIA


CONFERÊNCIA: "Teosofia e Maçonaria

ORADOR: dr. Vítor Quelhas;

DIA: 27 de Março 2015 (19,00 horas);
LOCAL: Grémio Lusitano [Rua do Grémio Lusitano, 25, Lisboa];
ORGANIZAÇÃO: Museu Maçónico Português [Ciclo “Sextas da Arte Real”]

“Teosofia, do grego, significa, literalmente, “conhecimento de Deus”, não de um Deus externo ao Homem, mas do divino no Homem, vivido e autorrealizado por experiência directa, sem a mediação de figuras de autoridade “espiritual”, supostamente iluminadas, ou de doutrinas ditas reveladas, dogmáticas e sectárias.

Embora seja o substrato de todos os sistemas iniciáticos e de todas as grandes religiões e filosofias geradoras de sabedoria do mundo, tanto ocidentais como orientais, portanto uma sageza ensinada e praticada desde o início da humanidade pensante, não se confunde nem se pode confundir com nenhum deles.

A sua natureza é um corpus de saber e de prática autónomos, e primordiais, cuidadosamente guardado e transmitido por teósofos, ou conhecedores de Deus, em todas as épocas, e não se deve confundir, tal como não se pode confundir com religiões e filosofias, com doutrinas e sistemas iniciáticos, esotéricos e ocultistas que se manifestam pontualmente nas várias culturas do planeta.

Por ser ponto de convergência de saberes e práticas da Teosofia universal, sob a forma de uma linguagem e de uma simbólica iniciáticas, a Maçonaria pode considerar-se como uma das herdeiras modernas dessa Teosofia perene, pelo que importa saber qual é a relação entre ambas.   

O termo Teosofia aparece no terceiro século da nossa era, associado a Amónio Sacas, pai do Neoplatonismo (síntese do platonismo com a sageza iniciática egípcia e judaica) e tem um seu equivalente, na gnose hindu, sob a designação de Brahma-Vidya (ou ciência de Deus), mas o conceito e a sua prática são muito mais antigos. Modernamente está identificado com Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, em 1875, e ao revivalismo maçónico dos séculos XIX e XX, a que a Teosofia contemporânea não é de modo algum estranha.

Como Ordem do Átrio, como referia Fernando Pessoa, procurar-se-á analisar até que ponto a Maçonaria se pode considerar como uma das herdeiras modernas da Teosofia perene.

Se no decurso do século XVIII, se assistiu à transição de uma fase pós-operativa, na qual os trabalhos das Lojas constituíam apenas formas de sociabilidade, para um estádio verdadeiramente iniciático, em que as cerimónias dão corpo à vivência de psicodramas fundados em mitos de conteúdo intemporal, os rituais continuaram a sofrer evoluções posteriores, adaptando-se aos novos paradigmas, que foram entretanto surgindo.

Nos finais do séc. XVIII a aristocracia a as classes intelectuais rendem-se ao deslumbramento da descoberta do universo maçónico e revestem-na de novas roupagens simbólicas e toda uma estrutura de graus que são posteriormente ordenados e  devidamente estruturados ao longo do séc. XIX e início do séc. XX.

São estes os aspectos que se pretende aprofundar e discutir na presente conferência.

Contando com a vossa participação, apresentamos os nossos cumprimentos"

[Fernando Castel-Branco Sacramento - Director do MuseuMaçónico Português]

J.M.M.

domingo, 6 de janeiro de 2013

JOÃO ANTUNES - "A MAÇONARIA INICIÁTICA"


JOÃO ANTUNES - "A MAÇONARIA INICIÁTICA", Lisboa, Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira, 1918.
João Antunes [1885-1956], amigo de Fernando Pessoa, fundou a 8 de Julho de 1921 a Sociedade Teosófica de Portugal (S.T.P.) [com o arquitecto republicano e maçon António Rodrigues da Silva Júnior (1868-1937), que já pertencia à Sociedade Teosófica de França], tendo sido o seu primeiro secretário-geral [A. Rodrigues da Silva Júnior foi seu Vice-Secretário]. Da S.T.P, fizeram parte vários e reputados republicanos [ver p.ex. Félix Bermudes] e republicanas.
Refira-se que o dr. João Antunes dirigiu a estimada Biblioteca Teosófica e Esotérica, da Livraria Clássica Editora, onde Fernando Pessoa participou traduzindo algumas das obras. É possível que alguns dos livros sob “tradução” de F. Pessoa [aqui na sua “viagem” teosófica] sejam da própria autoria do poeta [sobre o dr. João Antunes ver os nossos posts AQUI]
[voltaremos a este tema]
J.M.M.

terça-feira, 20 de março de 2012

FÉLIX BERMUDES [1874-1960]


Foi fundador [nº5] do S.L.Benfica e seu Presidente [1916-17; 1930-31; 1945], atleta do clube [em futebol, remo, esgrima e ciclismo] e campeão nacional de tiro (representou o país nos Jogos Olímpicos de 1920 e 1924); foi da sua autoria a sugestão para a bem conhecida divisa do SLB, "E Pluribus Unum"; foi autor da letra do primeiro Hino do Benfica [“AVANTE, AVANTE P´LO BENFICA!!!"], de imediato censurado pelo governo; republicano, espiritualista e ilustre teósofo

[foi activista importante - aos 80 anos de idade era presidente do Ramo “Annie Besant” - e um dos dirigente (foi Presidente) da prestigiada Sociedade Teosófica de Portugal - fundada em 1921, entre outros, por Óscar Garção, João Antunes, Francisco Esteves dos Santos, Artur Nascimento, Silva Júnior, Domingos Costa -, fraternidade que sucedeu, possivelmente, à ocultista Academia Esotérica],

foi tradutor [a não perder a sua tradução do “If” de Rudyard Kipling, bem como os “Versos Pitagóricos”], ensaísta, homem de letras [foi presidente da sociedade de escritores] e célebre autor de teatro de revista, e um convicto opositor à Ditadura salazarista. O seu único irmão, Arnaldo Redondo Adães Bermudes, renomado arquitecto [de notar que o Monumento ao Marquês de Pombal, 1914, tem a sua colaboração], foi um notável republicano e maçon [iniciado na L. Fiat Lux, do Porto, com o n.s. Afonso Domingues]. Teve Félix Bermudes um filho e uma filha, Cesina Bermudes, cidadã integra e também ela activista da S.T.P., tendo sido uma das primeiras mulheres doutoradas em Medicina.

[voltaremos ao tema]

J.M.M.