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terça-feira, 20 de junho de 2023

O PEDREIRO LIVRE – NOS 200 ANOS DA CARTA DE LEI CONTRA AS SOCIEDADES SECRETAS

O Pedreiro Livre (200 Anos da promulgação da Carta de Lei, por D. João VI, contra as Sociedades Secretas); Edição BMBM; Redação: Todos Manos; Vale do Mondego, Edição Fora de Mercado (tiragem de 33 exemplares)

Trata-se de uma curiosa revista, de tiragem muito reduzida e fora de mercado, publicada pela Biblioteca Maçónica do Baixo Mondego, relembrando os 200 Anos da Carta de Lei contra as Sociedades Secretas, no seguimento do golpe contrarrevolucionário miguelista anti-liberal e a poucos dias da auto-suspensão das Cortes Extraordinárias (2 de Julho 1823).

TÁBUA: O Antimaçonismo, Nota sobre o Antimaçonismo, Eu queria dizer-te … (Almeida Garrett), Algumas Efemérides do Antimaçonismo, A Carta de Lei … um caso prático, Carta de Lei de 20 de Junho de 1823 (transcrição), Proclamação de D. Miguel, Sobre as Associações Secretas (Fernando Pessoa).

 J.M.M. 

quarta-feira, 14 de junho de 2023

[GRÉMIO LUSITANO – 16 DE JUNHO] – 200 ANOS DE PROIBIÇÃO DA MAÇONARIA PORTUGUESA

 


200 ANOS DE PROIBIÇÃO DA MAÇONARIA PORTUGUESA OU SOBRE O ANTIMAÇONISMO

DIA: 16 de Junho de 2023 (18,00 horas);

LOCAL: Grémio Lusitano;

ORADOR: José Adelino Maltez;

APRESENTADOR: Manuel Pinto dos Santos;

ORGANIZAÇÃO: Instituto Português de Estudos Maçónicos | Grémio Lusitano 

“Proibição da Maçonaria? Ou dos Maçons? Ou dos hereges e criminosos de lesa-majestade?  

O trajecto persecutório das autoridades portuguesas sobre os maçons não foi sempre igual, adaptando-se conforme as conveniências dos tempos.

No século XIX e no XX, já não se perseguiam propriamente os maçons, mas sim as sociedades secretas, e em 1935, as associações.

Para conversar e esclarecer-nos sobre o tema, o PROF. DR. ADELINO MALTEZ disponibilizou o seu tempo numa conferência aberta a todos, organizada pelo Instituto Português de Estudos Maçónicos do Grémio Lusitano

[Rua do Grémio Lusitano, nº 25,  Lisboa, dia 16 de junho de 2023, pelas 18h00] 

► “Estamos neste mundo, divididos por natureza em sociedades secretas diferentes, em que somos iniciados à nascença; e cada uma tem, no idioma que é o seu, a sua própria palavra de passe (Fernando Pessoa). Por isso, vamos revisitar um alvará de 30 de março de 1818, que proíbe associações não autorizadas, declarando criminosas e proibidas todas e quaisquer sociedades secretas e lembrar os duzentos anos da carta de lei de 20 de junho de 1823, do governo Palmela/Subserra, referendada pelo ministro da justiça Falcão de Castro, onde se diz que são formalmente extintas as sociedades secretas, proibindo-se a adesão dos funcionários públicos a tais associações. Recordaremos outros projetos parlamentares de 1844-1845 no mesmo sentido. Ou quando os jesuítas, em 1884, desencadeiam uma campanha antimaçónica, na sequência da encíclica Humanum Genus, de 20 de abril. O Geral dos jesuítas emite carta convidando todos os membros da congregação a combater a maçonaria; o provincial Vicente Ficarelli, divulga-a, em circular de 15 de julho, apelando à criação de uma cruzada nesse sentido. Mas não esqueceremos a famosa bula de Moscovo, emitida a partir de Trotski, de 25 de novembro de 1922, base teórica das decisões antimaçónicas do IV Congresso da Internacional Comunista, a chamada Bula de Moscovo, com argumentos usados pelo nazi-fascismo e certos contrarrevolucionários da extrema-direita e a nossa querida lei de 1935. Só é moda aquilo que passa de moda. Só é novo aquilo que se esqueceu” [José Adelino Maltez]

J.M.M.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

IMAGINAR O ESTRANGEIRO EM PORTUGAL. IDEIAS, ESTEREÓTIPOS E MITOS. IDENTIDADE NACIONAL EM CONFRONTO (SÉCS. XVIII-XX)

 


LIVRO: Imaginar o Estrangeiro em Portugal. Ideias, Estereótipos e Mitos. Identidade nacional em confronto (Sécs. XVIII-XX);
AUTOR: Cristiana Lucas Silva;
EDIÇÃO: Theya Editores, Julho 2021.

“ … a identidade nacional se constrói numa dinâmica de confronto, o nosso estudo patenteia uma perscrutação das representações do Estrangeiro em textos emblemáticos da cultura portuguesa dos séculos XVIII a XX, tendo em consideração que, dependendo do contexto e da sua tipologia (estrangeiro exógeno ou endógeno), o Estrangeiro pode ser encarado como o inimigo a combater e a anular ou o modelo a emular. Embora a análise das representações do Estrangeiro não seja um tema inédito, ainda não existe, que tenhamos conhecimento, um estudo sistematizado no âmbito da História que explore, numa perspetiva de longa duração, a ideografia do Estrangeiro a partir de um conjunto de textos representativos dos contextos históricos coevos, numa tentativa de compreensão das motivações por detrás das formulações míticas e estereotipadas acerca desse Estrangeiro, com vista a uma aproximação à verdade histórica.

Além deste objetivo principal, pretendemos demonstrar como a noção de estrangeiro formulada na e pela cultura portuguesa pode ser interpretada a partir de uma estrutura de ressentimento e do mecanismo do bode expiatório …”

[Da obra]

J.M.M.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

MAÇONARIA E REGISTO DE INTERESSES – FRANCISCO TEIXEIRA


De tempos a tempos o maçonismo é pretexto de várias interrogações, condenações e polémicas, quase sempre ligadas à “grande ignorância que existe” [cf. José A. Ferrer Benimeli] sobre a sua realidade histórico-filosófica, a sua configuração iniciática ou a actividade associativa (social e política) que exerce. As inúmeras incompreensões, perseguições e proibições [sobre este assunto consultar a obra “Les Archives Secrètes du Vatican et de la franc-maçonnerie”, de J. A. Ferrer Benimeli, 1989 – com tradução em português, via Editora Madras, S. Paulo, 2010, p. 832] em que é fértil a história do antimaçonismo, assim o confirmam.
 
O artigo de Francisco Teixeira – “Maçonaria e Registo de Interesses”, publicado no jornal Público - pela natureza da questão suscitada, pelo pensar filosófico, pelo espírito e a oportunidade que o anima, merece-nos a respectiva anotação e registo.

 
Maçonaria e Registo de Interesses  

A positividade da exposição da nudez sem véus é pornográfica”;

O projeto heroico da transparência – de rasgar todos os véus, de tudo expor à luz, de expulsar toda a obscuridade – conduz à violência” [Byung-Chul Han, A Sociedade da Transparência]

A Maçonaria é uma ordem iniciática que visa o aperfeiçoamento da humanidade através da elevação moral e espiritual do indivíduo. Na medida em que é iniciática a maçonaria propõe-se, através do rito (articulação de gestos, movimentos, símbolos e invocações), a transformação existencial do indivíduo, transubstanciando-o. Algumas vezes consegue-o. Demasiadas vezes não.       

Mas a “transubstanciação” existencial não é o único fito maçónico. A maçonaria também visa aperfeiçoar a Humanidade, porque o homem não é uma ilha e porque de pouco valeria salvar-se um só se não se pudessem salvar todos os seres humanos. Neste sentido, a maçonaria vive num duplo ethos ou espaço de ação e inspiração: por um lado visa a transformação individual (e não simplesmente psicológica), por outro visa a transformação social, porque o corpo e alma não são coisas diferentes mas duas modulações, ou variações, da mesma substância do humano. Mas, quer num caso quer noutro, o que se visa é uma ambição soteriológica, i.e., salvífica, do eu individual, da experiência do que é ser humano e da humanidade no seu conjunto. Mas a maçonaria não é uma Igreja ou um partido. Não é uma Igreja porque não tem uma doutrina dogmática, sacramentos ou um líder espiritual, e não é um partido porque não quer governar nem tem um programa político, embora tenha e tematize princípios meta-políticos de justiça e ética universais.   

Por sua vez, a maçonaria usa o rito como método de acção. Mas a ação ritual maçónica é secreta. No entanto, este secretismo, “o segredo maçónico”, não constitui um instrumento de controlo sociológico ou organizacional, externo ou interno, muito menos um segredo material concreto. O segredo maçónico tem a ver com a natureza da própria experiência ritual, que exige pudor face ao olhar do não iniciado e concentração em si mesmo e na sua experiência ritual concreta, evitando, entre outras coisas, o desejo pornográfico e totalitário de absoluta transparência. Para a maçonaria o que é secreto é o que não pode ser reduzido a outra dimensão ou dimensões que não a sua dimensão originária, no caso a dimensão ritual simbólica. Ser secreto quer dizer, na experiência ritual maçónica, ser irredutível a outra coisa, ser esotérico, i.e., ser interior, ter origem e fazer caminho pelo lado de dentro da experiência humana. Por isso se diz que o segredo maçónico é inviolável ou intransmissível: porque dizendo respeito à experiencia particular de cada maçon não pode ser reduzido à linguagem usada pela vulgar comunicação humana (ou a outras categorizações totalizadoras e potencialmente totalitárias), não podendo, por natureza, ser violado.

Nada de especial, portanto. O segredo maçónico é, pois, da mesma natureza que o amor ou amizade humanas (dois irredutíveis fundamentais da experiência humana) e só constitui uma ameaça para aqueles que acham que toda a realidade deve ser controlada, reduzida, visibilizada e vigiada, incluindo a realidade mais íntima da experiência religiosa transformativa. O segredo maçónico é, então, condição essencial de liberdade, própria e alheia, já que se pressupõe que é num reduto último de inviolabilidade pessoal que reside o sanctum sanctorum da liberdade em geral. É por causa desta inviolabilidade que, desde sempre, as tiranias perseguiram a maçonaria e os maçons e a experiência religiosa e popular exotéricas (i.e., procedendo de uma origem ou audição externas) sempre tiveram desconfiança da maçonaria e dos seus processos de recolhimento.

A maçonaria existe, pois, num ethos eminentemente religioso, porque transformativo e soteriológico. Mas também existe e se firma num ethos político. Esta sua dupla dimensão constitutiva tem a ver, por um lado, com a sua origem histórica, mas, também, com a sua natureza ontológica, que recusa os dualismos cosmológico e antropológico. A maçonaria vive, por isso, num mundo de fronteira entre este e o outro mundo, entre o mundo celeste e o mundo terrestre, e é essa condição de fronteira que, por um lado, faz dela uma coisa algo estranha e, ao mesmo tempo, antiga, em que se valoriza a ideia e a prática do “estranhamento” cosmológico, a mais lídima forma, ou experiência, da liberdade e da recusa de todo o reducionismo.

Tudo isto a propósito de recentes polémicas animadas, em particular, pela deputada do PSD Teresa Leal Coelho, propondo que os deputados e os agentes políticos eleitos “sejam obrigados a declarar publicamente se têm ou não filiações secretas”, mas tendo em vista, declaradamente, as filiações maçónicas e do Opus Dei. Outras restrições aos direitos fundamentais deste mesmo tipo já tinham sido introduzidas na Lei Orgânica n.º 4/2014, de 13 de agosto - Lei-quadro do Sistema de Informações da República Portuguesa, pela qual os funcionários dos serviços de informações da República são obrigados a revelar todas as suas filiações societárias, em particular a “Filiação, participação ou desempenho de quaisquer funções em quaisquer entidades de natureza associativa”. Também aqui, e mais uma vez, o que se visa são os maçons e a maçonaria.

No entanto, a Constituição da República Portuguesa é clara (no seu artigo 41º, nº 3, “Liberdade de consciência, religião e culto”) a referir que “Ninguém pode ser perguntado por qualquer autoridade acerca das suas convicções ou prática religiosa, salvo para recolha de dados estatísticos não individualmente identificáveis, nem ser prejudicado por se recusar a responder”. Temos, então, que este artigo, e aqueles intentos similares referidos acima, são claramente contrários à CRP, porquanto o registo obrigatório de pertença à maçonaria, ou ao Opus Dei, constitui uma pergunta e obrigações constringentes quanto a convicções ou práticas religiosas.

Que esta discussão esteja a ter lugar no parlamento da República Portuguesa, potenciada por uma deputada do PSD, é absolutamente surpreendente e perigoso. Surpreendente e perigoso por revelar profunda ignorância sobre a natureza da maçonaria e outras organizações iniciáticas ou religiosas e, sobretudo, por revelar tentações totalitárias à conta de uma ideia desviante de transparência, passando por cima de um princípio basilar das democracias constitucionais: o princípio da absoluta liberdade de consciência e de religião, sem constrangimentos diretos ou indiretos.

O antimaçonismo da deputada do PSD Teresa Leal Coelho é, como todos os fundamentalismos antiliberais e antidemocráticos, disforme e ignorante e faz parte de uma longa tradição antimaçónica (tão longa quanto a própria maçonaria). Quanto a isso, nada de novo. Já o silêncio de outras pessoas e instituições, mais cultas e mais responsáveis, auguram o pior para a liberdade dos portugueses. Pelo seu lado, a maçonaria continuará o seu caminho como via iniciática e espiritual não dogmática, visando a liberdade e a igualdade acima de todas as coisas, com os olhos postos na utopia antiga de uma fraternidade universal de homens livres e de bons costumes".

[“Maçonaria e registo de interesses”, Público, 5/01/2015, p. 46 - Francisco Teixeira, Professor do ensino secundário, Doutorado em Filosofia, Maçon]

J.M.M.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

CONFERÊNCIA – ANTI-MAÇONISMO. PERSEGUIÇÕES E INCOMPREENSÕES


CONFERÊNCIA: Anti-Maçonismo. Perseguições e Incompreensões;

DATA: 19 de Dezembro 2014 (19,00 horas);
ORADOR: J. Xavier de Basto;
LOCAL: Grémio Lusitano [Rua do Grémio Lusitano, nº 25, Lisboa];
ORGANIZAÇÃO: Museu Maçónico Português [Ciclo “Sextas da Arte Real”]

“As sociedades humanas expressam, periodicamente, a necessidade de catalisar as suas frustrações sobre um grupo determinado. Este triste papel de expiatório, que na Europa foi essencialmente desempenhado pelas comunidades hebraicas, passou a ser, a partir do século XVIII, partilhado pela Maçonaria.

O Anti-Maçonismo acompanhou, desde a sua nascença, a história da Maçonaria especulativa mas, os motivos de disputa e os locais de afrontamento deslocaram-se constantemente, em função dos paradigmas religiosos e políticos que as sociedades foram assumindo, nos últimos trezentos anos da vida da Humanidade.

Se a Grã-Bretanha, país de origem da Ordem Maçónica, escapou em grande parte à maior virulência desta confrontação, a França, a Itália, a Península Ibérica, uma boa parte da Europa Protestante e os Estados Unidos, foram contemplados, desde o séc. XVIII, por este fenómeno.

Os excessos da Revolução Francesa, as condenações repetidas da Igreja e, enfim, a difusão dos Protocolos dos Sábios de Sião contribuíram para “satanizar” os Maçons, atraindo sobre eles campanhas sucessivas persecutórias e difamatórias.

A situação agravou-se, no séc. XIX, com a repetição das sucessivas condenações pontifícias contra uma instituição que congregava nela todos os males do mundo.

Este problema recrudesce no mundo contemporâneo, agravado pela rapidez incontrolável das reacções em massa, sensível às possibilidades de circulação de informação e de manipulação de opinião, que os meios de comunicação actualmente potenciam.

É sobre toda esta anátema que importa reflectir, procurando-se na presente conferência analisar as causas que suscitaram as principais perseguições e incompreensões associadas a este fenómeno e as possíveis formas de as evitar.

Contando com a vossa participação, apresentamos os nossos cumprimentos”.

[Fernando Castel-Branco Sacramento - Director do Museu Maçónico Português]

J.M.M.