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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

A INICIAÇÃO DE VOLTAIRE NA LOJA DAS NOVE IRMÃS

 


LIVRO: A Iniciação de Voltaire na Loja das Nove Irmãs;
AUTOR: A. Germain;
EDIÇÃO: BMBM | R’.’ L.’. “8 de Maio”, Janeiro de 2025, 52 p.

Trata-se da interessantíssima edição, agora em tradução portuguesa, do conhecido livreto (1874) de A. Germain, Initiation de Voltaire dans la Loge des Neuf-Soeurs. A curiosa iniciação de Voltaire, aliás François-Marie Arouet, em 1778, presidida por Jérôme Lalande (invulgar astrónomo e um dos enciclopedistas de renome) e assistida por Benjamin Franklin foi um acontecimento triunfante da história da franco-maçonaria francesa. A Loja das Nove Irmãs (1776), de que fizeram parte numerosos homens de letras, foi herdeira da “Loge des Sciences”, fundada pelo filósofo Claude Adrien de Helvétius (1715-1771) e pelo próprio Lalande (1732-1807).

Esta edição magnifica, de elevado merecimento literário e de que somente se imprimiram 100 exemplares numerados, está ornada na sua capa com uma formosa ilustração, contém uma Introdução dos editores e apresenta um estimado prefácio pelo curador adjunto no Instituto e Museu Voltaire, em Genebra, Flávio Borda D’Água.

Um pensador, um filósofo que se tornou escritor – dramaturgo, ensaísta, historiador, poeta e romancista – como forma de se comprometer consigo e compreender os outros.

Nascido no ocaso do século dezassete, ele é a personificação do homem-razão iluminista, o tolerante, o insubmisso panfletário cultor do direito e da justiça, intransigente da liberdade e anticlerical convicto. Dir-se-ia que François-Marie Arouet nasceu para ser maçon, pois sobreviveu apenas um mês à sua irradiante iniciação na querida Loja das Nove Irmãs, em Paris, sob o malhete sagrado de Lalande, em 7 de Abril de 1778.

É por isso que, 330 anos após o nascimento de Voltaire em Paris, a BMBMBiblioteca Maçónica do Baixo Mondego – decide estrear a sua bibliogenia com uma obra que, nas palavras de Hubert, pertence à Maçonaria mais do que a qualquer Loja ou maçon preferido. Mais, associa-se à RL “8 de Maio”, a Or de Coimbra, nas celebrações do seu 25º aniversário.

A INICIAÇÃO DE VOLTAIRE, hoje amável e fraternalmente prefaciada pelo conservador-adjunto do Instituto e Museu Voltaire de Genève, a quem muito agradecemos, é um duplo privilégio que queremos partilhar.

Ao Vale do Mondego, no 330º aniversário de Voltaire, Novembro de 6024.

[Os Editores]

Voltaire e a Maçonaria: uma exploração dos laços entre o pensamento do Iluminismo e o compromisso da fraternidade

Voltaire tornou-se, ao longo dos séculos, um símbolo e um farol da luz intelectual, do pensamento crítico e da afirmação das liberdades. A sua influência ultrapassa fronteiras e transcende épocas, marcando profundamente o panorama da literatura e da filosofia, o desenrolar da história e das sociedades. Por trás dessa figura emblemática do Século das Luzes esconde-se, um tanto negligenciado ainda, um legado singular da sua herança: a sua afiliação tardia à maçonaria.

A brochura que nos é oferecida hoje permite-nos aventurar nos labirintos da história para explorar os laços que Voltaire mantém com a Maçonaria: duas forças imponentes que moldaram o tecido da sociedade europeia do século XVIII e além. As páginas que se seguem servirão como uma exploração aprofundada que desmistifica essa relação, muitas vezes incompreendida e mal transmitida, e esclarecerão as áreas de sombra ao fazer o leitor descobrir, ao longo do tempo, influências mútuas entre o homem e o movimento do pensamento.

Voltaire, conhecido pela sua pena afiada e o seu espírito livre, não pode ser limitado ao papel de escritor. Homem de ideias, homem de convicções, pensador engajado nos debates da sua época, e fundamentalmente contemporâneo, ele encontra na maçonaria um quadro para nutrir e desenvolver as suas ideias. No seio da companhia fraterna, ele encontra um refúgio para o livre-pensamento, um espaço onde as fronteiras da sociedade podem ser empurradas e onde a igualdade, a fraternidade e a tolerância não são meras palavras, mas ideias a serem vividas, promovidas e desenvolvidas.

A partir daí, ao retomar os arquivos e os escritos de Voltaire, bem como os arquivos maçónicos da sua época, o investigador detecta fios invisíveis que tecem, juntos, uma história comum. As descobertas mostram como a entrada de Voltaire na maçonaria influenciou, mesmo que tardiamente, o seu pensamento, as suas acções e, por vezes, o seu estilo literário. Ele deixa, assim, uma marca indelével e misteriosa na maçonaria do seu tempo.

Ao longo desta brochura, a palavra é deixada aos textos que documentam directamente a iniciação de Voltaire e que abrem para o futuro através do fascinante aspecto da história intelectual e social. Espera-se que essa exploração suscite a curiosidade e o desejo de ir mais longe, estimulando a reflexão, incitando talvez as reconsiderações, a uma (re)descoberta de Voltaire como homem, como pensador e como irmão maçom.

Que estes documentos possam ilustrar a última evidência: que a verdadeira luz reside na busca incessante do conhecimento e da verdade, à imagem do historiador frente ao passado dos homens e da grande sociedade humana.

[PREFACIANDO - Flávio Borda D’Água, p. 9 e ss - sublinhados nossos]

 


A. Germain (1801-1882) foi um voltairiano entusiasta, fiel e ilustrado. Em tributo de admiração e reconhecimento ao Mestre, deixou escrito uma interessante notícia sobre a iniciação de Voltaire - que agora apresentamos - nesse memorável dia de 7 de Abril de 1778 e que iluminou a “serena luz maçónica” dos trabalhos da loja Des Neuf Soeurs.

A[thanase] Germain licenciou-se em direito (1821) em Paris, foi advogado da corte, diretor de assuntos argelinos do Ministério da Guerra, mestre de solicitações ao Conselho de Estado, diretor do jornal Le Progrés de l’Eure e membro da loja maçónica, La Sincerité de l’Eure, em Evreux. Foi preso por delito de imprensa em 24 de Fevereiro de 1871. Entre as suas obras impressas, está a curiosa Martyrologe de la presse (1789-1861) e a vigorosa e polémica Réponse à une lettre de M. L. Morin, curé de La Couture-Boussey (1866).

A. Germain integrou o quadro fundador da loja de Evreux (22 de Julho de 1872), La Sincerité de l’Eure, tendo sido seu Venerável entre os anos de 1873 a 1876. A loja, a segunda instalada em Evreux, no final do século entra em “dormência” e só seria de novo erguida em 1925, curiosamente com o título distintivo: Tolérance et Sincerité. A 8 de Julho de 1875, teve Germain ocasião de pedir a palavra na cerimónia solene de iniciação de Émile Littré, na loja La Clémente Amitié, fazendo-lhe oferta do seu livro Initiation de Voltaire dans la Loge des Neuf-Soeurs.

[Da contracapa]

J.M.M.

terça-feira, 14 de maio de 2024

GRÉMIO LUSITANO – REVISTA, ANO 12, N.º 26, 2023


Saiu a revista nº26 (2 semestre de 2023) Grémio Lusitano [Propr. Grémio Lusitano; Editor: Grémio Lusitano; Director: Pedro Luiz de Castro; Director-Adjunto: Henrique Monteiro; Coord.: Pedro Luiz de Castro, Álvaro Carrilho, Inês Marques; Redacção: Rua do Grémio Lusitano, 25, Lisboa].

TÁBUAEditorial. Ética, Moral e Religião [Pedro Luiz de Castro] / Ética e Liberdade [Fernando Cabecinha (GM do GOL)] / Ética na Maçonaria [Do Congresso da GLFP]] / “A insustentável leveza das fronteiras: Clero Católico na Maçonaria e a questão do Anticlericalismo e do Antimaçonismo em Portugal” [Fernanda Santos & José Eduardo Franco] / A Maçonaria, o Indivíduo e a Reforma Protestante. Um Caminho no Sentido do Despertar da Liberdade de Consciência [Paulo Mendes Pinto] / Desafios éticos no mundo atual. Da nebulosa da vida à universalidade de uma ética universal [Alexandra Mota Torres] / Do trono de Salomão à soleira do Papa. Um ensaio sobre Liberdade e Tolerância Religiosa na Maçonaria [Edgard da Costa Freitas Neto] / Entre o Esquadro e o Compasso [Joaquim Grave dos Santos] / Entrevista com Ferrer Benimeli. Católicos e Maçons / Ética da Maçonaria, da Obediência, da Loja ou do Maçon? (Manuel Pinto dos Santos) / Ética Franco-Maçónica? [Francisco Carromeu] / O Compasso e a Cruz – Uma narrativa histórica (António Maria Fonseca] / O papel da Maçonaria na criação da contemporaneidade (Orlando Martins e Pedro Nogueira-Simões) / Teófilo Braga, Magistério e Cidadania (António Valdemar) / Maçonaria e Carbonária (António Valdemar) / Tod@s (Fernando Marques da Costa) / Maçonaria, Religião ou Seita? (Pedro Luiz de Castro)

J.M.M.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

[12 de MAIO DE 2024] 222 ANOS DO GRANDE ORIENTE LUSITANO

 




Salve Grande Oriente Lusitano - 222 Anos; Edição BMBM, Vale do Mondego, Edição Fora de Mercado (nº Único).

► Trata-se de um curioso folheto publicado pela Biblioteca Maçónica do Baixo Mondego, relembrando os 222 Anos do nascimento do Grande Oriente Lusitano (GOL), considerando-se o dia fundacional do GOL, o 12 de Maio de 1802, data da assinatura do Tratado do reconhecimento pela Grande Loja de Inglaterra desse centro único de união de lojas lusitanas.

TÁBUA: Salve Grande Oriente Lusitano; [extrato] Narrativa da Perseguição de Hipólito José da Costa; O Grande Orador.

J.M.M. 

quarta-feira, 8 de maio de 2024

[COIMBRA – LANÇAMENTO] A LUZ VINHA DO ORIENTE. COMUNISTAS E MAÇONS EM PORTUGAL (1919-1936)

 


LIVRO: A Luz vinha do Oriente. Comunistas e Maçons em Portugal (1919-1936);

AUTOR: António Ventura;

EDITORA: Âncora Editora


LANÇAMENTO EM COIMBRA


DIA: 9 de Maio de 2024 (18,00 horas);

LOCAL: Casa Municipal da Cultura de Coimbra (Rua Pedro Monteiro);

ORADOR: António Pedro Pita

A não perder

J.M.M.

sábado, 21 de outubro de 2023

GRÉMIO LUSITANO – REVISTA, ANO XII, N.º 25, 2023


Saiu a revista 25 (2 semestre de 2022) Grémio Lusitano [Propr. Grémio Lusitano; Editor: Grémio Lusitano; Director: Pedro Luiz de Castro; Director-Adjunto: Henrique Monteiro; Coord.: Pedro Luiz de Castro, Álvaro Carrilho, Inês Marques; Redacção: Rua do Grémio Lusitano, 25, Lisboa].

A revista n.º25 é totalmente dedicada à Maçonaria no Feminino, procurando “trazer à luz tanto as diferenças como as semelhanças e compreender os desenvolvimentos que sobre este tema vão suceder no futuro” [do Editorial]. Trata-se de um assunto que, no dizer do Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, “está na ordem do dia na Obediência" no sentido de procurar encontrar "as vias que correspondam aos caminhos do futuro do GOL, sempre no mais puro e autêntico espirito de Liberdade, Fraternidade e Tolerância [Fernando Cabecinha]

TÁBUA:

Editorial [Pedro Luiz de Castro] / Maçonaria Feminina - um Pouco de História [Fernando Cabecinha, Grão-Mestre do GOL] / Iniciação, Adopção, Maçonaria no Feminino [Joaquim Grave dos Santos] / A Maçonaria no Feminino [Inácio Ludgero, Grão-Mestre do Grande Oriente Ibérico] / Maçonaria de Adoção Versus Maçonaria Ibérica no Século XIX [Manuel Rajo] / A Maçonaria no Feminino [Maria Odete Isabel, Grã-mestre da Grande Loja Feminina de Portugal] / Mixidade em loja - opção ou imposição categórica? [Joaquim Grave dos Santos] / Iniciação ou Regularização de Mulheres no GOL [Respeitável Loja Simões Coimbra] / O Regresso da Mulher ao Grande Oriente Lusitano [Manuel Pinto dos Santos] / Mulheres na Maçonaria - A responsabilidade histórica do GOL [Ricardo Alves] / Está lá fora uma senhora! [Respeitável Loja Mithras Solar] / O género na franco-maçonaria universal [José Eduardo Meira da Cunha] / As mulheres e a maçonaria [Philip Carter] / A admissão de senhoras nos templos [reprodução do Boletim Oficial do GOLU de 1877]  

J.M.M. 

terça-feira, 20 de junho de 2023

O PEDREIRO LIVRE – NOS 200 ANOS DA CARTA DE LEI CONTRA AS SOCIEDADES SECRETAS

O Pedreiro Livre (200 Anos da promulgação da Carta de Lei, por D. João VI, contra as Sociedades Secretas); Edição BMBM; Redação: Todos Manos; Vale do Mondego, Edição Fora de Mercado (tiragem de 33 exemplares)

Trata-se de uma curiosa revista, de tiragem muito reduzida e fora de mercado, publicada pela Biblioteca Maçónica do Baixo Mondego, relembrando os 200 Anos da Carta de Lei contra as Sociedades Secretas, no seguimento do golpe contrarrevolucionário miguelista anti-liberal e a poucos dias da auto-suspensão das Cortes Extraordinárias (2 de Julho 1823).

TÁBUA: O Antimaçonismo, Nota sobre o Antimaçonismo, Eu queria dizer-te … (Almeida Garrett), Algumas Efemérides do Antimaçonismo, A Carta de Lei … um caso prático, Carta de Lei de 20 de Junho de 1823 (transcrição), Proclamação de D. Miguel, Sobre as Associações Secretas (Fernando Pessoa).

 J.M.M. 

quarta-feira, 14 de junho de 2023

[GRÉMIO LUSITANO – 16 DE JUNHO] – 200 ANOS DE PROIBIÇÃO DA MAÇONARIA PORTUGUESA

 


200 ANOS DE PROIBIÇÃO DA MAÇONARIA PORTUGUESA OU SOBRE O ANTIMAÇONISMO

DIA: 16 de Junho de 2023 (18,00 horas);

LOCAL: Grémio Lusitano;

ORADOR: José Adelino Maltez;

APRESENTADOR: Manuel Pinto dos Santos;

ORGANIZAÇÃO: Instituto Português de Estudos Maçónicos | Grémio Lusitano 

“Proibição da Maçonaria? Ou dos Maçons? Ou dos hereges e criminosos de lesa-majestade?  

O trajecto persecutório das autoridades portuguesas sobre os maçons não foi sempre igual, adaptando-se conforme as conveniências dos tempos.

No século XIX e no XX, já não se perseguiam propriamente os maçons, mas sim as sociedades secretas, e em 1935, as associações.

Para conversar e esclarecer-nos sobre o tema, o PROF. DR. ADELINO MALTEZ disponibilizou o seu tempo numa conferência aberta a todos, organizada pelo Instituto Português de Estudos Maçónicos do Grémio Lusitano

[Rua do Grémio Lusitano, nº 25,  Lisboa, dia 16 de junho de 2023, pelas 18h00] 

► “Estamos neste mundo, divididos por natureza em sociedades secretas diferentes, em que somos iniciados à nascença; e cada uma tem, no idioma que é o seu, a sua própria palavra de passe (Fernando Pessoa). Por isso, vamos revisitar um alvará de 30 de março de 1818, que proíbe associações não autorizadas, declarando criminosas e proibidas todas e quaisquer sociedades secretas e lembrar os duzentos anos da carta de lei de 20 de junho de 1823, do governo Palmela/Subserra, referendada pelo ministro da justiça Falcão de Castro, onde se diz que são formalmente extintas as sociedades secretas, proibindo-se a adesão dos funcionários públicos a tais associações. Recordaremos outros projetos parlamentares de 1844-1845 no mesmo sentido. Ou quando os jesuítas, em 1884, desencadeiam uma campanha antimaçónica, na sequência da encíclica Humanum Genus, de 20 de abril. O Geral dos jesuítas emite carta convidando todos os membros da congregação a combater a maçonaria; o provincial Vicente Ficarelli, divulga-a, em circular de 15 de julho, apelando à criação de uma cruzada nesse sentido. Mas não esqueceremos a famosa bula de Moscovo, emitida a partir de Trotski, de 25 de novembro de 1922, base teórica das decisões antimaçónicas do IV Congresso da Internacional Comunista, a chamada Bula de Moscovo, com argumentos usados pelo nazi-fascismo e certos contrarrevolucionários da extrema-direita e a nossa querida lei de 1935. Só é moda aquilo que passa de moda. Só é novo aquilo que se esqueceu” [José Adelino Maltez]

J.M.M.

sábado, 10 de junho de 2023

JOSÉ BOAVIDA PORTUGAL – DA LIBERDADE À DEMOCRACIA. CENTENÁRIO DE UMA CONFERÊNCIA MAÇÓNICA

 


LIVRO: José Boavida Portugal – Da Liberdade à Democracia. Centenário de uma conferência maçónica;

AUTOR: José Boavida Portugal, com texto de José Herculano e capa de Sara Sampaio.

► Trata-se da reprodução de uma Conferência – Da Liberdade à Democracia - proferida pelo jornalista republicano e maçon José Boavida Portugal (1885-1931), a 10 de Junho de 1823, em Sessão Magna da Loja Irradiação (Lisboa) e que saiu em competente opúsculo, pela livraria Central Editora. Esta memória apresenta com uma curiosa biografia do conhecido jornalista do jornal República e amigo do poeta Fernando Pessoa.    

“ Em Sessão Magna da Loja Irradiação, do Grande Oriente Lusitano Unido, a 10 de Junho de 1923, José Boavida Portugal apresenta a conferência Da Liberdade à Democracia, que nesta data de centenário recuperamos para a memória viva dos homens e mulheres livres e de bons costumes. A transcrição é fiel ao original em tudo menos na ortografia, onde optámos por utilizar uma norma ortográfica um passo mais à frente no caminho da contemporaneidade.

Um Século está naquele ponto em que o nosso olhar encontra tanto de familiar quanto de estranho. O passado ainda não está no ponto em que tudo nos parece um conjunto disperso de pedras desgastadas, deslavadas de todas as suas cores originais, de quotidianos perdidos, mas a sua interpretabilidade já nos obriga a estudos e cautelas.

A República ainda é jovem de doze anos, a Grande Guerra acabou ainda não há cinco anos. Na Rússia a vitória bolchevista na guerra civil ainda está a seis dias de distância. Mussolini chegou ao poder em Itália há apenas oito meses. Na Alemanha os que se crerão senhores do mundo ainda discursam o ódio pelas cervejarias da Baviera e se envolvem em pancadarias pelos becos. Em Nova Iorque vivem-se os loucos anos 20 e a euforia bolsista, que durará ainda mais seis anos.

Em Portugal a promessa da República tarda em se cumprir; facções lutam com outras facções, há golpes e assassinatos. Mas há também vigor de ideias, e o tempo está prenhe de imensas possibilidades.

Como ler este tempo? Como ver esta época? Comecemos por ler quem a viveu, quem a sonhou. Criticamente, sim, mas tendo a noção plena que os homens não nascem nem se desenvolvem num vazio social, e que por muito que queiram iluminar os cantos mais sombrios da sua época, por muito que abracem o progresso e as causas progressistas, são ao mesmo tempo fruto vivo dessa mesma época e das suas convenções. Leitores críticos, sempre, juízes, nunca. A estranheza que sentimos ao olhar estes cem anos de distância sentirão em relação a nós os vindouros. A vida não é uma sequência de portos, mas uma infindável viagem”.

[José Herculano]


“Eu não sei em que altura da vida o homem exerceu a sua inteira liberdade. E, se liberdade também quer dizer possibilidade, o problema torna-se mais obscuro: o exercício pleno da vontade só devia ter sido possível ao homem selvagem, ao homem isolado e ainda a sua fantasia – a sua vontade não inteiramente subordinada à razão – o havia de torturar, pondo-lhe muitas vezes diante o impossível.

Todavia, a palavra mágica Liberdade resume toda a história do homem. E é hoje a sobrevivência do primeiro grande sonho do homem. Se existiu, pouco durou o estado de liberdade pura e independência absoluta, porque o instinto de sociabilidade, para a família, para a grei, cedo fez que a Liberdade se transfundisse no Direito.

O Direito […]”

[in Da Liberdade à Democracia - sublinhados nossos - LER AQUI]

J.M.M.

quarta-feira, 31 de maio de 2023

A MAÇONARIA PORTUGUESA 1926-1974

 


LIVRO: A Maçonaria Portuguesa. As suas ideias e a sua relação com a sociedade e as forças políticas;
Autor: António Lopes;
EDIÇÃO: Âncora Editora, Maio de 2023, 744 p.

LANÇAMENTO:

DIA: 2 de Junho de 2023 (18,00 horas);
LOCAL: Feira do Livro de Lisboa, Parque Eduardo VII (Palco Praça Amarela);
ORADOR: Dr. Fernando Marques da Costa;

► “ … Este estudo é o resultado de uma investigação e reflexão sobre a relação da Maçonaria com as oposições ao Estado Novo, num período pouco abordado, lacuna cujas causas tanto podemos ver no seu tempo recente, como no facto do assunto ser frequentemente remetido para um certo nicho de secretismo, como ainda por uma nítida dificuldade em o abordar pela escassez de documentação e também pela cristalização de alguns mitos. Temos, portanto, consciência da dificuldade de enfrentar esta temática num território relativamente virgem, com todas as desvantagens de que tal se reveste.

Pretende-se, mais do que apresentar nomes, ainda que estes sejam importantes, refletir sobre as ideias que circulavam nas lojas maçónicas ou entre os maçons e as suas relações com os movimentos de oposição à Ditadura, contribuindo para a emergência de uma ideia global sobre o pensamento e a prática maçónica durante este período. Visíveis na correspondência das diversas Lojas, nos trabalhos desenvolvidos pelos maçons e, mais raramente, nos já muito poucos testemunhos orais, essas informações permitem colmatar espaços e traçar um quadro da atividade da Maçonaria numa época que à primeira vista se afigura desértica. Pretende-se ainda perceber os momentos de maior mérito, de vivida dificuldade ou de ausência e de presença nas grandes questões sociais e políticas do país ou ainda as flutuações ou mesmo alterações no discurso dos dirigentes maçónicos enquanto tal ou no âmbito da sua atividade política. Por isso não é uma abordagem desapaixonada.

[…] Ainda que o Estado Novo tenha o seu início em 1933, por motivo de contextualização, o período cronológico abrangido vai do golpe de 28 de maio de 1926 à revolução de 25 de abril de 1974. Período longo, mas que interessa abordar de forma única, permitindo por isso verificar linhas dominantes que justificam coerências ideológicas ou posições conjunturais decorrentes de fenómenos políticos momentâneos e que possibilitam a justificação de alguns acontecimentos. E esta é outra dificuldade inerente a este projeto, que por ser um espaço temporal longo e acrescido da necessária contextualização, implica uma gestão que oscila entre o seu gigantismo e o evitar de quaisquer riscos de superficialidade.

Dividimos a história da Maçonaria e da sua relação com os movimentos oposicionistas ao Estado Novo em três grandes períodos: o primeiro, a Ditadura Militar, entre 1926 e 1933, porque nos permite compreender o ambiente antimaçónico persistentemente construído, com as propostas e anseios da direita republicana, boa parte presente nas Lojas do GOLU (Grande Oriente Lusitano Unido), e ainda porque nos permite perceber as bases ideológicas e estruturais do regime, assim como as convulsões políticas vividas no início da década de trinta e, naturalmente, o trabalho desenvolvido nas Lojas, incluindo as suas próprias contradições ou derivas.

[…] O segundo período vai de 1933 ao início da década de sessenta. É um período longo, e ainda que diferente antes e depois da II Guerra Mundial, em que o regime persiste em nada mudar, mesmo vindo a ser obrigado a fazê-lo face às contingências da Guerra Fria. É um período onde não são claras as fronteiras entre os movimentos republicanos e socialistas e a Maçonaria, onde a ilegalização da Maçonaria constitui um momento marcante, e onde muitos protagonistas atuam simultaneamente em papéis, estruturas e funções diferentes.

[…] O terceiro período, a década de sessenta e a década de setenta até à Revolução de 1974, é aquele em que o regime se mostrou mais desadaptado às novas realidades políticas, sociais e económicas, do país e do mundo, enfrentando novas formas de oposição, que desconhecia e para as quais não estava preparado, nomeadamente por novas camadas sociais, por novas forças políticas e recorrendo com mais frequência a ações de confronto direto.

[…] Este trabalho tem também por intenção que não se percam nas brumas do esquecimento todos aqueles que lutaram pela Liberdade, à sua maneira, de acordo com as suas ideias, numa tarefa árdua e persistente, almejando uma sociedade melhor. Por isso, complementarmente são elencados muitos dos nomes que construíram esse pensamento e as ações de oposição ao regime.

[…] A Maçonaria atravessa todo o período da Ditadura com momentos diferenciados. Mais viva, mais discreta, mais ou menos organizada, até mais ou menos interventiva, mas em todos eles conspirando para mudar o regime e trazer a Portugal a chama da Liberdade. Por isso, a este propósito, em entrevista concedida à RTP em 1988, Adelino da Palma Carlos lembrava que o que faz alguém entrar para a Maçonaria é o amor à Liberdade e a vontade de lutar pela Liberdade.

[in Nota Prévia – sublinhados nossos]

J.M.M.

quarta-feira, 8 de março de 2023

GRÉMIO LUSITANO – REVISTA, ANO II, N.º 24, 2022

Saiu a revista nº24 (2 semestre de 2022) Grémio Lusitano [Propr. Grémio Lusitano; Editor: Grémio Lusitano; Director: Pedro Luiz de Castro; Director-Adjunto: Henrique Monteiro; Coord.: Pedro Luiz de Castro, Álvaro Carrilho, Inês Marques; Redacção: Rua do Grémio Lusitano, 25, Lisboa], com o seguinte Índice:

Editorial [Pedro Luiz de Castro] / Linha de Rumo, por Fernando Cabecinha / Grémio Lusitano: 143 anos da defesa do Humanismo [Pedro Farmhouse] / 220 anos: velhos valores. novas causas [Henrique Monteiro] / A contra-revolução Absolutista (1823-1829) e notícia de uma Loja Maçónica em Aveiro [José Manuel Martins – texto nosso sobre a “descoberta” de uma loja maçónica em Aveiro, em 1823 e o envolvimento dos seus obreiros na revolta contra a contra-revolução  miguelista, a 16 de Maio de 1828] / As Constituições de 1723 ou de Anderson – Pedra de fundação da maçonaria moderna [M. Vilas] / De Loreto a Spartacus [Manuel Seixas - curioso texto “interpretativo de fragmentos biográficos de José Liberato Freire de Carvalho”, nos 250 anos do seu nascimento] / Nada de novo no girar da esfera [José Adelino Maltez] / Rito Francês e Luzes na génese do Grande Oriente Lusitano [Joaquim Grave dos Santos - texto em torno da sociabilidade maçónica e o Rito Francês] / Teses sobre a criação do Grande Oriente Lusitano [Manuel Pinto dos Santos - contributo para a fundação do Grande oriente Lusitano que é parte da obra de Pinto dos Santos, “Maçonaria Portuguesa. Nas Origens do Grande oriente Lusitano (1802-1806), publicado pelo Instituto de Estudos Maçónicos] / A lição de Antero [António Valdemar].

J.M.M. 

terça-feira, 29 de novembro de 2022

INTERNATO DE SÃO JOÃO DE LISBOA – 160 ANOS

 


LIVRO: Internato de São João de Lisboa – 160 Anos;
AUTOR: Nuno Martins Ferreira;
EDIÇÃO: Internato de S. João, 2022.

Trata-se de uma curiosa monografia sobre o estimado Asilo de S. João (Lisboa) – atual Internato de S. João -, instituição de ensino, assistência e beneficência para a “infância feminina desvalida”, fundada por José Estêvão Coelho de Magalhães [e por António de Sousa e Meneses, José Isidoro Viana, Francisco Maria Énea, José Maria Lobo d’Avila, Gilberto António Rola, Inácio Januário Avelino e José Joaquim de Abreu Viana] em 1862, sob os auspícios da Confederação Maçónica Portuguesa, sita na Travessa do Loureiro (a Santa Marta). Instituição escolar [instrução primária, dactilografia, desenho, aulas de comércio, aulas de bordados, cozinha, etc.] e filantrópica, laica e liberal, procurou a formação de alunas sempre de acordo com o ensino ministrado na valorização do livre pensamento. As suas receitas consistem “em legados, doações, donativos e quotas” dos seus associados.

De referir que, também na cidade do Porto, foi fundada uma instituição similar, direccionado para rapazes órfãos ou desamparados – Asilo de S. João no Porto, Rua da Alegria – e, de igual modo, foi promovido pela maçonaria local, e em especial com o grande incentivo do professor e maçon António dos Santos P. Sequeira Ferraz [com o n.s. de Littré, António de Sequeira Ferraz, pertenceu à loja Independência Lusitana e, depois, Ave Labor, ambas do Porto]. Teve o Asilo S. João do Porto os seus Estatutos aprovados em 1891 e foi inaugurado a 24 de Junho de 1892.


► “A investigação baseou-se na consulta do espólio documental e iconográfico guardado pelo ISJ. Os muitos relatórios e contas, as atas das reuniões dos órgãos sociais, sobretudos estas massas documentais, permitiram mergulhar nos dias da vida da instituição, conhecer a proveniência e a passagem das educandas, episódios caricatos protagonizados pela irreverência própria da idade e a preocupação, desde a primeira hora, com a instrução e educação das jovens.

Este livro tem, por isso, como objetivo dar a conhecer o contexto em que a instituição foi instalada e quais os principais aspetos que caracterizaram o seu funcionamento durante 160 anos. Dá-se especial destaque à sua organização interna, à dimensão educativa, aos espaços físicos, à presença da religião católica e a momentos de sociabilidade protagonizados pelas educandas. Procura-se, assim, contribuir para o conhecimento de uma instituição que, durante largas décadas, proporcionou assistência, educação e formação a gerações de jovens e crianças, bandeiras justamente mantidas pelos sucessivos corpos sociais.

A atividade do ISJ não teria sido possível erguer e manter sem a ajuda da Maçonaria. Aliás, o ISJ é extemporâneo no que toca à ação social e educativa suportada pela Maçonaria. Apenas nas últimas décadas do século XIX é que se assiste ao aparecimento de iniciativas de procuraram instruir e educar gerações de jovens e adultos, num contexto em que os valores do republicanismo influenciaram a praxis profana da Maçonaria” [do Livro]

J.M.M.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

[GRÉMIO LUSITANO] – MAÇONARIA PORTUGUESA. NAS ORIGENS DO GRANDE ORIENTE LUSITANO (1802-1806)

 


LIVRO: Maçonaria Portuguesa. Nas origens do Grande Oriente Lusitano (1802-1806);
AUTOR: Manuel Pinto dos Santos;
EDIÇÃO: Instituto Português de Estudos Maçónicos, 2022.

LANÇAMENTO

LOCAL: Grémio Lusitano (11,30 horas)

Trata-se de uma edição do Instituto de Estudos Maçónicos, curiosamente em torno do tema da fundação do Grande Oriente Lusitano (GOL), justamente pela Grand Lodge of England, procurando dar a público novas e estimulantes abordagens. 

Manuel Pinto dos Santos, que foi docente da FCSH na Universidade Nova, é um profundo estudioso da maçonaria em Portugal, tendo publicado obra estimada e valiosa. Decerto nos dará pistas para uma melhor reflexão sobre a datação fundacional do GOL (1802 de acordo com carta-patente, como alguns asseguram; ou antes, em 1801, segundo outros), as oficinas que o integraram e as que não vêm referenciadas, e os seus oficiais e grandes dignitários. O período em estudo (1802-1806) termina justamente com a promulgação da primeira Constituição do GOL (18 de Julho) e que esteve em vigor até 1821. Conjunto de assuntos, já se vê, muito curiosos e a seguir.

J.M.M.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

[GRANDE ORIENTE LUSITANO – MAÇONARIA PORTUGUESA] BICENTENÁRIO DA MORTE DE MANUEL FERNANDES TOMÁS

 


A PERENIDADE DE MANUEL FERNANDES TOMÁS (1771 – 1822)

«A afirmação de Ortega & Gasset: “Eu sou eu e a minha circunstância” é um convite à interpelação, ao que de mais profundo resiste dentro de nós, aos exemplos daqueles que fizeram o caminho para estarmos aqui. Muitos o fizeram antes, somos herdeiros da cultura Greco-Latina a que devemos juntar a matriz judaico-cristã.

Agora que a Universidade de Coimbra vai ter um polo na Figueira da Foz faz todo o sentido lembrar que Manuel Fernandes Tomás frequentou a Universidade de Coimbra entre 1785 e 1791, tendo-se formado em Cânones. Talvez tenha recebido aí o seu primeiro banho de dialética, a reforma pombalina trouxe a Coimbra o melhor de uma Europa que se exprimia no pensamento e nas artes.

Sabemos que trabalhou cerca de cinco anos no município da Figueira da Foz, que passou por Arganil, Coimbra e Porto (1816), onde foi um dos militantes mais convictos das causas liberais, tendo fundado o Sinédrio (1818), com José Ferreira Borges, João Ferreira Viana e José da Silva Carvalho. O Sinédrio teve o apoio de lojas maçónicas de Lisboa, e de maçons que viviam em Coimbra, Santarém e na Figueira da Foz. Manuel Fernandes Tomás era maçon, com o nome simbólico Valério Publícola, tendo chegado a ser Venerável (1821) da Loja Patriotismo, nº7, ao Vale de Lisboa.

Participa nas Cortes Constituintes (1821) e no desenho da 1ª Constituição Portuguesa. A sua morte em Novembro de 1822, não lhe permitiu assumir o mandato nas Cortes Legislativas.

Estamos aqui a evocar o homem, o seu pensamento e o legado de Manuel Fernandes Tomás, quando passam 200 anos da sua morte, aquele que foi o “Patriarca da Liberdade Portuguesa”, aquele que não hesitou em erguer o verbo para contra os que recusavam jurar a Constituição (inclusive o Patriarcado de Lisboa). Aquele que elegeu a Liberdade como um dos vértices da trilogia da Revolução Francesa: Igualdade e Fraternidade. Considerava que é a Liberdade é o maior dos direitos do homem, aquele que permite pensar e escolher, o que ousa a sua condição pela dignidade.

Nesse arco de 200 anos nasce, em 1900, a Loja Fernando Tomás, que adota o seu nome como patrono. Nessa mesma loja, importa lembrar a data de 24 de Agosto de 1904, já em plenos trabalhos maçónicos, em sessão especial, o irmão Bernardino Machado, recebe a insígnia de Venerável Honorário. O povo maçónico associa-se para que o monumento da Praça 8 de Maio fosse uma realidade, tendo a loja Fernandes Tomás um papel determinante, ainda que com o apoio do Grande Oriente - tendo sido inaugurado no dia 24 de Agosto de 1911. É esta transmissão dos valores da liberdade, da igualdade e fraternidade que une os que se reveem na maçonaria universal. A cadeia de união que junta homens e mulheres que acreditam que é possível construir uma sociedade mais justa e igualitária, respeitando as diferenças é aquilo que nos une há séculos. Os melhores de nós morreram por nós, lembro Gomes Freire de Andrade.

Manuel Fernandes Tomás atravessa o tempo, esse grande escultor, de que falava Marguerite Yourcenar. O que fazemos na Maçonaria? “Trabalhamos para a construção de um homem novo e de uma sociedade nova, ou seja, para dar à vida um sentido ético e solidário. Praticamos o livre pensamento, a tolerância e a filantropia. “ Essa filantropia que permitiu, também, erguer o monumento a Manuel Fernandes Tomás. Como escreveu António Arnaut, “Queremos um mundo mais livre, justo e fraterno. A utopia que alimenta a nossa fome de perfeição é a certeza de que o futuro está nas mãos de todos os homens e mulheres de boa vontade. Por isso, a Maçonaria é hoje tão indispensável como no passado.”

Não é possível estudar os últimos 200 anos da História de Portugal sem reconhecer a importância da Maçonaria, dos maçons que como Manuel Fernandes Tomás construíram um edifício constitucional que alimentou a chama de um futuro que ainda nos aquece e desafia. Talvez, seja fácil reconhecer que uma enorme parte da Humanidade mais válida lhe pertenceu ou pertence. Hoje estamos aqui a lembrar Manuel Fernandes Tomás, que dizia: “tirar ao homem e ao cidadão a liberdade é o maior castigo que se lhe pode dar, porque o priva de maior direito”.

É impossível esquecermos neste momento a guerra na Ucrânia. Por isso, “Pátria é sinónimo de Liberdade. Onde está a Pátria aí está também a Liberdade”, dizia Magalhães Lima, em 1928, então Grão-Mestre.

Em nome do Grão-Mestre, Fernando Cabecinha, e do Grande Oriente Lusitano, Maçonaria Portuguesa, presto a mais sentida homenagem ao homem, ao seu pensamento, ao cidadão, cuja perenidade evocamos ao lembrar os seus ideais e valores, Manuel Fernandes Tomas, duzentos anos depois do seu desaparecimento.

“Nos quase 300 anos de história maçónica, nos mais de 270 dessa mesma história em Portugal e nos quase 200 anos de existência do Grande Oriente Lusitano, o combate pela Liberdade tem sido um denominador comum.” (Oliveira Marques, há 20 anos). É por essa liberdade que aqui estamos e estaremos sempre, mesmo que isso tenha um preço elevado. Agradecemos o convite do senhor Presidente da Câmara, Dr. Pedro Santana Lopes, para esta evocação de um dos nossos que é, também, da pátria.

[Discurso proferido por António Vilhena, em representação do Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, Maçonaria Portuguesa, na Figueira da Foz a 19 de Novembro de 2022 - sublinhados nossos]

 J.M.M.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

NUNO RODRIGUES DOS SANTOS. COERÊNCIA E CONVICÇÃO


LIVRO: Nuno Rodrigues dos Santos. Coerência e Convicção;
AUTOR: António Ventura;
EDIÇÃO: Assembleia da República, 2022.

LANÇAMENTO DA OBRA:

DIA: 16 de Novembro 2022 (18,00 horas);
LOCAL: Biblioteca Passos Manuel (Assembleia da República);

► Trata-se da publicação da biografia de Nuno Rodrigues dos Santos (1910-1984), um dos "republicanos históricos", ativo e convicto lutador anti-salazarista, membro do Grande Oriente Lusitano – o Irmão “Danton” da loja Magalhães Lima (depois da loja Liberdade) -, fundador do MUD, membro da Liga dos Direitos do Homem, da Causa Republicana, Renovação Democrática, União Socialista, Acção Democrata-Social, é candidato a deputado nas listas da oposição em 1953, 1961, 1965, integra as listas de apoio à candidatura de Quintão Meireles, Norton de Matos, Humberto Delgado e deputado à Assembleia Constituinte pelo PPD, depois de Abril 1974.

Nuno Rodrigues dos Santos foi uma figura muito curiosa da vida política portuguesa. Nasceu em Luanda, faz os estudos secundários no Funchal e os universitários na Universidade em Coimbra e Lisboa, terminando a licenciatura de Direito em 1933.


Em 1935 foi iniciado na maçonaria, com o n.s. de “Danton”, na Loja ”Magalhães Lima” [loja do RF instalada em Lisboa em 1929], transitando depois, durante a clandestinidade, para a Loja “Liberdade” [do REAA e que se manteve em exercício até ao derrube do fascismo], tendo atingido o 30º grau do REAA. Colaborou na imprensa, principalmente no jornal “República”, “O Povo”, na revista Seara Nova, tendo sido um dos fundadores do jornal clandestino antifascista “Resistência”. Foi um distinto advogado, defensor de presos políticos no Tribunal Plenário, pertenceu à direcção da Ordem dos Advogados  

Depois do 25 de Abril, aderiu ao Partido Popular Democrático, pelo qual foi eleito deputado à Assembleia Constituinte nas eleições de 25 de Abril de 1975, e, depois, nas eleições subsequentes à Assembleia da República, até à sua morte. Membro do Conselho de Estado, presidiu a todos os congressos do PSD realizados entre 1976 e 1981 e foi presidente do partido até à sua morte.

J.M.M.