Na próxima quarta-feira,
23 de Novembro de 2016, pelas 17 horas, na
Biblioteca Municipal de S. Brás de Alportel, realiza-se a apresentação da obra "Na Lonjura de Timor", de
José António Cabrita.
A obra reúne vários elementos sobre uma das personalidades importantes e, hoje, algo esquecidas da nossa história, porque desempenhou papel de relevo na construção de Timor no século XX e deixou uma importante herança familiar para o século XXI:
Manuel Viegas Carrascalão.
Manuel Viegas Carrascalão era natural de S. Brás de Alportel.
Manuel Viegas Carrascalao foi tipógrafo, foi Secretario-Geral das Juventudes Sindicalistas Portuguesas, foi varias vezes preso, a ultima das quais em 1925 (durante a I Republica), sendo condenado a 6 anos de degredo pelo Tribunal Militar.
Fonte: João Freire,"As Juventudes Sindicalistas: Um Movimento Singular", 1989,
Manuel Viegas Carrascalão seguiu para Timor "metido" numa leva de deportados que, amontoados no navio "Pêro de Alenquer", largaram de Lisboa a 14 de Abril de 1927 e aportaram em Díli em 25 de Setembro do mesmo ano.
Numa carta de Manuel Viegas Carrascalão, datada de 24.07.1949, da «Fazenda Algarve- Liquiçá» e dirigida à Casa do Algarve em Lisboa , solicitava a sua inscrição como sócio. A carta está publicada no Boletim daquela associação regionalista. Dela extraímos as seguintes passagens:
«Pelo nome da minha fazenda , uma das mais importantes e belas deste maravilhoso Timor, tirarão Vossas Excelências a ilação de que não esqueci a formosa provincia onde nasci e que sinto imenso orgulho em ser algarvio» (...)«Vinte anos estive sem visitar o meu Algarve, de 1925 a 1945, mas, relembrava constantemente, as fontes, os valados, os moiroços, os montes e os caminhos da minha terra e a sua gente, essa inconfundível e boa gente de São Brás de Alportel, onde todos são petas e parentes. E mal que pude , mal que regressei à metrópole, ido do inferno que foi Timor durante a guerra , lá fui eu, em romagem à minha terra natal e à formosa cidade de Faro, onde me criei e me fiz homem.»(...)«Voltei , mas comigo voltou a saudade do meu Algarve, e logo que pude dei o seu nome à minha fazenda, homenageando assim a minha província e dando-me ligeiramente a impressão de que nela vivo.» (...)«E aqui vivo, aqui moirejo, acompanhado de minha mulher e dos meus dez filhos, que embora nascidos em Timor, amam também o nosso Algarve, um porque já o visitou e os outros porque... são filhos dum algarvio.» (...)
ALGARVE - Boletim Informativo da sua Casa Regional em Lisboa. 3ª série. Outubro 1953.
O apresentante da obra será o Dr. José do Carmo Correia Martins.
Uma obra que merece a melhor atenção e divulgação.
A. A.B. M.