Luís de Melo e Ataíde nasce em Lisboa a 29 de Agosto de 1863. Assentou praça em 24 de Novembro de 1878 (tinha 15 anos), no Regimento de Infantaria 16, tendo sido promovido a alferes a 26 de Dezembro de 1895, a tenente em 22 de Junho de 1900 [in Revista Militar, 1925, Julho-Agosto, nº 7-8], terminando a sua “veneranda” figura no exército português como coronel [ibidem; ver, ainda, jornal A Luz, Junho de 1925]. Serviu na Secretaria da Guerra, comandou tropas e teve a seu cargo, já no fim da carreira, o comando do Regimento de Infantaria da Reserva nº 16. Passou à reserva em 1923.
Luís de Melo e Ataíde tinha uma sólida cultura literária e militar. Porém, não cursou, “por circunstâncias independentes da sua vontade” [ibidem], a Escola do Exército, e só mais tarde frequentou com aproveitamento o Curso Superior de Letras. A sua colaboração periodística é curiosa: foi proprietário e redactor do jornal Marte; teve colaboração no Diário Popular (de Mariano de Carvalho), no jornal Tempo (de Dias Ferreira), no Diário Popular (de Mariano Presado); foi o director do importante periódico maçónico A Luz [1918-1928; editado pelo Grémio Luso-Escocês, mais tarde pelo Grémio Lusitano; esteve na sua direcção até ao seu nº 166, Ano VI – ver AQUI]; colaborou na Revista de Infantaria e foi, ainda, sócio efectivo, director-gerente e secretário da conceituada Revista Militar.
Nessa época a sua actividade era o estudo de “técnicas militares”, tendo publicado vários artigos e opúsculos: Programma para exame de cabo esquadra, ordenado no capítulo quinto do regulamento para o serviço dos corpos do exército (1880); História do fogo da infantaria e da sua influência sobre as formações tacticas e resultado dos combates por M. J. Ortus (Gazeta Militar, 1885-86); Estudos Tacticos dum subalterno d’infantaria, II tomos (Typ. Universal, 1902 e 1904), trabalho distinguido pelo então ministro da guerra; e o trabalho Combate de Infantaria contra a Cavalaria (1904), premiado como 2º prémio no concurso promovido pela antiga Revista de Infantaria.
Em 1906 afastou-se da imprensa política, arrendou uma propriedade urbana e rústica, dedicando-se à agricultura, ao mesmo tempo que cumpria “pontualmente” os seus deveres no Ministério da Guerra. Os seus estudos sobre agricultura estão espalhados na imprensa da especialidade, tendo-lhe sido atribuído, em 1909, a comenda de Mérito Agrícola [A Luz, ibidem].
Em 1910 faz uma comissão de serviço (“julga-se a seu pedido”) na África Ocidental, como capitão-mor das Ganguelas e Ambuelas e comandante da 13.ª Companhia Indígena de Infantaria, ali permanecendo até Março de 1912, regressando à metrópole, sendo colocado em Chaves e depois vindo para Lisboa. Nesse período escreveu vários artigos sobre Angola [veja-se, principalmente, “O Perigo de Despovoamento de Angola”], no Diário de Notícias e no Boletim da Sociedade de Geografia.
Luís de Melo e Ataíde era republicano, situando-se na área do partido evolucionista de António José de Almeida. Foi iniciado na maçonaria na poderosa loja Liberdade [Oficina de Lisboa instalada em 1896 e que acompanhou a dissidência do Supremo Conselho do Grau 33 – ou Grémio Luso-Escocês, como foi conhecido no mundo profano – tendo regressado ao GOL em 29 de Maio de 1820, mantendo-se ativa durante a clandestinidade] em Julho 1913 e, como já dissemos, foi o principal fundador, orientador e diretor do jornal A Luz, tendo apresentado (1917) a proposta da sua publicação - como “órgão de combate à reação” - nos trabalhos do Grémio Liberdade, não sem algumas dificuldades e muitas descrenças. Fez Melo e Ataíde inúmeras e importantes conferências sobre estudos filosóficos e livre-pensamento (como a que teve o título “Equação da Felicidade”), deixando escrito, sob o nome de Luiz de Camões (possivelmente o seu nome simbólico), o opúsculo “Aspirações de um Maçon” (Tip. Comércio e Industria, 1915, p. 34) e “Primeiros Passos”. Foi diretor do Asilo S. João, criando o Prémio em homenagem ao benemérito [Augusto Frederico] Gazul dos Santos.
Luís de Melo e Ataíde faleceu no dia 2 de Junho de 1925. O seu funeral partiu da sua casa na Rua da Saudade, 13, para o cemitério Oriental de Lisboa. Tinha a comenda de Avis e a medalha de ouro da classe de Comportamento Exemplar.
J.M.M.