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domingo, 24 de março de 2024

ECOS DE LONDRES: O INVESTIGADOR PORTUGUÊS EM INGLATERRA, JORNAL LITERÁRIO, POLÍTICO, & C., NOS PRIMEIROS ANOS DA PUBLICAÇÃO, 1811-1813

 


LIVRO: Ecos de londres: o investigador português em Inglaterra, jornal literário, político, & c., nos primeiros anos da publicação, 1811-1813;
Autor: Adelaide Maria Muralha Vieira Machado;
EDIÇÃO: Lema d’Origem, Março de 2024, 134 p.

«A decisão da Comissão Liberato de impulsionar a publicação desta obra sobre os primeiros anos de O INVESTIGADOR PORTUGUEZ EM INGLA-TERRA (1811-1813) assentou na relevância que este periódico teve na vida de José Liberato Freire de Carvalho e vice-versa. De facto, embora Liberato só tenha entrado para a redacção do jornal em 1814, a sua acção nele foi de tal forma importante que as suas vidas e os seus nomes ficaram para sempre indissociáveis. Pode dizer-se que há um INVESTIGADOR antes e outro INVESTIGADOR após a chegada de José Liberato a Londres e ao jornalismo. Ora, para melhor conhecer e até compreender a vida, as ideias e a obra de José Liberato, pareceu-nos interessante dar ênfase e divulgar a "casa" que o recebeu, como nasceu o seu projecto e como cresceu e se consolidou, o contexto político e social cm que se afirmou, os seus redactores e financiadores, a importância crescente em ambos os reinos. Neste Julho de 1811, quando sai o primeiro número de O INVESTIGADOR, José Freire de Carvalho ainda não respondia por Liberato, antes era conhecido por D. José do Loreto, o nome que tinha adoptado quando fora admitido na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, em Santa Cruz, Coimbra. O ano de 1811 foí muito acidentado para a vida de D. José do Loreto. No início do ano ainda estava refém e acompanhava o exército de Massena. Em Março, durante o combate de Foz de Arouce, tinha conseguido evadir-se e refugiar-se na casa do seu irmão em Ceira, sendo preso no dia seguinte pela polícia, suspeito de colaboração com os franceses. Seguiram-se dois meses de prisão na cadeia da Universidade e alguns, poucos, meses de liberdade até ser de novo enclausurado em Santa Cruz, às ordens do governo de Lisboa. Foi após esta clausura de cerca de dois anos (durante a qual traduziu os ANAIS de Tácito) que, nos finais de 1813, quando lhe preparavam uma deportação interna para outro convento agostinho, José aceitou ajuda da família Pinto Bastos e evadiu-se para Inglaterra, adoptando o nome de Liberato, honrando a sua própria libertação.

Graças ao seu perfil intelectual (professor, tradutor, bibliotecário) facilmente obteve uma ocupação condizente — redactor de O INVESTIGADOR PORTUGUEZ EM INGLATERRA, a que talvez não fossem estranhas as suas ligações maçónicas iniciadas em Lisboa pelos primeiros anos de 1800, quando se tornara o Spartacus da Loja "A Fortaleza"».

[Palavras Prévias, pela Comissão Liberato, pp.9-10 – sublinhados nossos]

 


►«O aparecimento do Investigador não está oficializado por nenhum documento, mas sabe-se que partiu da iniciativa de Domingos António de Sousa Coutinho, embaixador de Portugal em Londres. Após uma primeira tentativa frustrada de entendimento com o redator do Correio Braziliense [Hipólito José da Costa (1774-1823) foi o redator do Correio Braziliense, 1808-1822, impresso em Londres], o futuro Conde e Marquês do Funchal [Domingos António de Sousa Coutinho (1760-1833), recebeu o título de Conde por serviços prestados à monarquia absoluta, e o título de Marquês por serviços prestados à causa liberal. In, Marques do Funchal, O Conde de Linhares, Lisboa, 1908] decidiu chamar a si a responsabilidade da criação de um novo jornal português em Inglaterra. Nesta tarefa foi assistido por dois exilados, sob a sua proteção: o médico Bernardo José de Abrantes e Castro, e Vicente Pedro Nolasco da Cunha, também médico, mas poeta por vocação

[Nolasco da Cunha (1773-1844) publicou na época, as seguintes obras: Jardim Botânico de Darwin, ou a economia da vegetação, poema com notas filosóficas, traduzido do inglês, Lisboa, 1803; O Tempo de Glória, Lisboa, 1802; O Triunfo da Natureza, Londres, 1809 (dedicado a Domingos Sousa Coutinho); O incêndio de Moscovo, ou a queda de Napoleão, Londres, 1812. No Investigador saíram também impressos, outros trabalhos do poeta, várias odes dedicadas a Filinto Elísio, ao Conde do Funchal e aos generais ingleses vitoriosos em Portugal, para além de traduções comentadas a trabalhos literários publicados na altura em Inglaterra]

e frequentador das suspeitas e perseguidas tertúlias literárias. Esta estranha associação de homens, conseguiu da corte no Brasil através do ministro D. Rodrigo, irmão do embaixador, a concessão de um número mínimo de assinaturas que garantia o financiamento do periódico.

Criado, perante a Corte, para combater os ataques ao governo feitos pelo Correio Brasiliense, defensor da independência do Brasil, seria esta a principal razão da obtenção do subsídio ministerial. […]

O Conde do Funchal, tal como os irmãos, fora afilhado de Pombal crescera sob a sua proteção e mais tarde frequentara a Universidade reformada, onde teve os primeiros contactos com as leituras do século ao privar com José Anastácio da Cunha, a quem sempre admirou tanto quanto detestou os seus algozes. Próximo dos círculos do poder, Domingos António, fez carreira diplomática, completando a sua formação no contacto com a cultura e política europeias. Acabaria por se fixar em Londres, como embaixador, tornando-se um grande admirador das instituições e organização política, inglesas. 

 

O Conde do Funchal tentou ao longo da sua vida conciliar, nem sempre com sucesso, a devoção e real fidelidade à dinastia de Bragança, com a profunda admiração pela realidade inglesa. Daí o envolvimento com os exilados que por Londres passavam, e que acolhia sob a sua proteção. Em termos de política de estado alinhava com os Inglesados, embora a divisão entre estes e os Afrancesados

[A divisão entre Inglesados e Afrancesados passava pelas preferências a nível das alianças externas diplomáticas e comerciais. D. Rodrigo de Sousa Coutinho, futuro Conde de Linhares, era o chefe do partido inglês, António Araújo, futuro Conde da Barca o chefe do partido francês. Sobre o desenvolvimento deste assunto ver, Graça e J.S. da Silva Dias, Os Primórdios da Maçonaria em Portugal, Vol. 1, Tomo II, pp. 421-450].

tivesse perdido a funcionalidade após as invasões francesas e a ida da corte para o Brasil sob escolta inglesa. No entanto, as famílias ou grupos de expressão e as rivalidades delas provenientes, ainda se mantiveram operativos durante algum tempo, em consonância com a composição dos gabinetes de estado. Convém referir, que esta divisão se limitava aos círculos de poder, sem ramificações organizativas ou ideológicas no país, tal como as concebemos, por exemplo, para o período seguinte entre absolutistas e liberais […]

[Adelaide Maria Muralha Vieira Machado, Ecos de Londres …, pp-93-94 – sublinhados nossos]

J.M.M.

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

VIVA A CONSTITUIÇÃO DE 1822

O CONSTITUCIONAL DO MONDEGO – Nº Único, 23 Setembro de 2022; Adm e Redacção: Vale do Mondego; Tipografia BMBM.

Trata-se de uma publicação da Biblioteca Maçónica do Baixo Mondego (BMBM) em Homenagem e Preito à Constituição de 1822.

Viva a Constituição!




 



J.M.M.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

“HÁ CONSTITUIÇÃO EM COIMBRA”. NO BICENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO LIBERAL

 


LIVRO: “Há Constituição em Coimbra”. No Bicentenário da Revolução Liberal;
AUTOR: Vital Moreira e José Domingues;
EDIÇÃO: Câmara Municipal de Coimbra, Dezembro 2020, 222 p.

“Habitantes de Coimbra […], a Pátria agradecida vos / dará uma recompensa digna de vós, transmitindo à posteridade, / nas páginas da história, os memoráveis feitos do vosso honrado / patriotismo, para servirem de estímulo a vossos netos e os / fazerem dignos de tão rico património de glória e de virtude».

 (Proclamação da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, Paço do Governo em Coimbra, 17 de setembro de 1820

1. Este ano de 2020 evoca-se em Portugal o bicentenário da Revolução Liberal, iniciada no dia 24 de agosto de 1820, na cidade do Porto. Coimbra desempenhou um papel fulcral no sucesso do movimento revolucionário vintista, chegando a ser a sede da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino durante alguns dias, a caminho da entrada triunfal na capital no dia 1 de outubro de 1820.

A Câmara Municipal de Coimbra foi das primeiras a manifestar a sua adesão à causa da Revolução e a prestar juramento de fidelidade e apoio à referida Junta Provisional do Governo e às futuras Cortes Constituintes, logo após a entrada das forças liberais na cidade em finais de agosto (primeiro, o coronel Silveira, vindo de Leiria, tendo ficado aquartelado no mosteiro de Santa Cruz, e logo depois o coronel Sepúlveda, vindo do Porto, tendo ficado aquartelado no Paço da Universidade).

Posteriormente, no rescaldo da Martinhada (11 de novembro), regozijando- se com a derrota dos golpistas, a Academia coimbrã organizou um “outeiro” ou sarau poético na Sala dos Capelos da Universidade e a cidade decretou três dias de luminárias. Frei Francisco de São Luís (futuro cardeal Saraiva), professor em Coimbra e membro da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino (em “representação da Universidade”), deixou escrito um testemunho de penhorado agradecimento à cidade e à Academia, da qual fazia parte.

Em dezembro de 1820, as eleições das Cortes Constituintes em Coimbra ficaram particularmente marcadas pelo combate travado pelos estudantes da Universidade contra o Senado Municipal, para que fossem admitidos a votar nas juntas eleitorais das respetivas paróquias e assim participarem na escolha da representação nacional, que iria aprovar a Constituição para o País.

2. O objetivo deste livro consiste em apurar qual foi, há precisamente dois séculos, o papel de Coimbra no triunfo da Revolução Liberal nesse ano de 1820 – desde a chegada da primeira notícia da sublevação da cidade do Porto até à eleição dos deputados constituintes.

Os três primeiros capítulos do livro são dedicados a cada um dos três referidos momentos do compromisso de Coimbra com a Revolução: a pronta adesão à causa revolucionária, a manifestação contra a Martinhada e as eleições constituintes. O quarto capítulo apresenta as personalidades e instituições que sobressaíram no alinhamento de Coimbra com a Revolução, desde Almeida Garrett à Universidade e à Academia de Coimbra, assim como os seus opositores.

Um nutrido anexo documental, incluindo vários documentos inéditos, fundamenta e ajuda a compreender esse movimentado período da história de Coimbra, nos quatro meses que vão desde a entrada das tropas liberais no fim de agosto de 1820 até às eleições dos deputados às Cortes Constituintes, no final de dezembro desse ano.

O título do livro, “Há Constituição em Coimbra”, é retirado de um documento de 2 de setembro de 1820 (cf. os documentos anexos n.º 15 e n.º 16), em que um partidário do Antigo Regime comunica “em código” a Lisboa a adesão de Coimbra à Revolução Liberal, identificando esta com o seu principal objetivo - a Constituição […]”

in Apresentação, pp. 7-8 – sublinhados nossos

J.M.M.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

ANTÓNIO NUNES DE CARVALHO (1786-1867) – NOTA BREVE

 
Ao August Seichas, porque sim.

Em 16 Junho de 1786, nasceu em Viseu, António Nunes de Carvalho, aliás, António Nunes de Carvalho da Costa Monteiro de Mesquita. Era filho de Inácio Nunes de Carvalho e de Maria Angélica da Costa. Frequentou os Oratorianos de Filipe de Nery e, em 1804, é nomeado professor substituto da cadeira de latim na cidade.
Pouco depois, pelo honroso convite de Frei Manuel do Cenáculo Vilas Boas, lecionou (1806) Humanidades em Évora, revelando-se um dos mais “doutos e esclarecidos espíritos” desse tempo; em 1808 teve de fugir da cidade, por causa das invasões francesas, salvando a vida do seu protetor Frei Manuel do Cenáculo (incorrendo nos ódios da população), que anos depois, em agradecimento, lhe oferece a maior parte da sua valiosa biblioteca

[Sobre António Nunes de Carvalho consulte-se, com proveito: Pinho Leal, Portugal Antigo e Moderno, 1886, vol. 12, p. 1806 e ss; Dicionário Popular de Manuel Pinheiro Chagas (Suplemento), 1886, Vol 15, p. 159; José Maria de Abreu, Breves Apontamentos …, in O Conimbricense, 1867, nº 2077, 2080/81; Silvestre Pinheiro, Historia dos Estabelecimento …, vol. XVI, pp. 220-222 (acrescentos ao verbete d’O Conimbricense); José Júlio César, Doutor Nunes de Carvalho, in revista Beira Alta, Ano V, ano I a III; Rute Massano Rodrigues, Pitoresco e Romântico: premissas para a conservação do sítio da Arrábida, segundo o doutor António Nunes de Carvalho …, in Artison, 2015, nº1, pp. 223-230].
Em 1813, António Nunes de Carvalho, é nomeado professor interino de Lógica no Real Colégio das Artes de Coimbra e, em 1817, provido definitivamente; matriculando-se na Universidade, conclui a formatura em Cânones (1820) e em Leis (1821), recebendo o grau de doutor em Leis, em 1822, sendo nomeado, por Francisco de S. Luís (futuro Cardeal Saraiva), professor efetivo. Presume-se que tivesse sido iniciado na maçonaria, numa oficina em Coimbra [cf. A. H. de Oliveira Marques, História da Maçonaria em Portugal], que curiosamente reunia (1823) na sua própria habitação (aponta-se a loja como sendo aquela estabelecida na "Rua do Norte", pertencendo as casas à Imprensa da Universidade; a loja seria constituída por muitos lentes e doutores).

A sua adesão à causa liberal levou a que fosse incluído na lista de proscritos, feita pela junta expurgatória de Coimbra, mas a ténue tolerância após a Abrilada evitou a sua (e de outros) expulsão do ensino. A mesma perseguição se passou com vários lentes, estudantes e outros opositores ao absolutismo. Na devassa então feita a António Nunes de Carvalho, refira-se que no dia 7 de Agosto de 1828, os elementos miguelistas “procederam a uma exame nos livros que ele havia deixado”, tomando-se nota dos “trechos considerados impios à doutrina miguelista (Pinho Leal, ibidem). Mais ainda: transcreveram-se cartas dele para Frei Francisco de S. Luís onde estava presente as suas ideias liberais e renovaram a “velha acusação que lhe faziam de pedreiro livre, e de ter em sua casa a loja maçónica dos jardineiros, o que não foi confirmado pelas minuciosas pesquisas nela feita em 1823” (Pinho Leal, ibidem, p. 1809)

António Nunes de Carvalho era um liberal esclarecido e, em 24 de Junho de 1828, no decorrer da sua participação nas lutas liberais, depois do combate perdido em Cruz de Morouços (Antanhol), pelos partidários de D. Pedro, sob comando do general Francisco Saraiva Refoios, deixou Coimbra, “a pé e doente”, acompanhando a tropa liberal a caminho do Porto. Por pouco tempo, dado que o antigo apoiante da revolução de 24 de Agosto de 1820 e ex-deputado constituinte, agora assumido miguelista, o general Póvoas, entra com as suas forças militares na cidade e instala o governo de D. Miguel em todo o país.
Pronunciado por rebelião (o seu nome consta da Lista de Ausentes que foram citados por Cartas de Editos da Alçada a 11 de Julho de 1829) teve que se homiziar, em 1828, partindo para a Galiza e depois seguindo para Inglaterra e, mais tarde, reside em França.

Em Inglaterra tinha residido já o seu irmão, José Nunes de Carvalho, que foi oficial da embaixada portuguesa e cujo lugar, curiosamente foi recomendado ao então conde (depois Duque) de Palmela por José Liberato Freire de Carvalho. José Nunes de Carvalho foi, também um letrado notável e, ao que nos diz Inocêncio F. da Silva (Dicionário Bibliográfico), teve parte ativa na impressão das Odes de António Dinis (Londres, 1820), na Nova Edição da Carta de Guia de Casados (Londres, 1820) e, talvez, na edição de Londres da obra anónima “Arte de Furtar”. No verbete citado de Inocêncio surge-nos José Nunes de Carvalho como “partidário apaixonado do governo do infante D. Miguel” (sem que o sábio bibliógrafo cite a fonte a que recorreu), o que não sendo de todo impossível, nos parece questionável pela documentação oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros, principalmente um oficio, datado de Maio de 1834, assinado por Agostinho José Freire onde é possível verificar que José Nunes de Carvalho continuava a trabalhar como oficial da secretaria de Estado, o que nos tempos difíceis que se seguiram à guerra civil, com os ressabiamentos existentes, não seria muito credível.    

Ainda em Londres, António Nunes de Carvalho passa a maior parte do seu tempo no Museu Britânico, recolhendo elementos e trabalhando em estudos sobre Portugal. Não por acaso encontra um inédito do Roteiro de D. João de Castro que sai, posteriormente, precedido de uma introdução e notas, em 1833, em Paris, com o título

Roteiro em que se contem a Viagem que fizeram os portuguezes em 1541: partindo da nobre cidade de Goa até Soez, que he no fim, e stremidade do mar Roxo … pelo doutor Antonio Nunes de Carvalho da cidade de Vizeu; À custa de huma sociedade de Portuguezes”, Officina Typographica de Casimir (rue de la Vieille-Monnaie, n0 12), Paris, 1833, L-334-I pags
Contou a obra, que é dedicada ao “honrado Amigo e Benfeitor na Adversidade” senhor Adrião Ribeiro Neves

[1783-1858; importante negociante, assumido liberal, grande admirador de Manuel Fernandes Tomás, membro da Sociedade Literária e Patriótica de Lisboa; tem o seu retrato (1825), feito por Domingos Sequeira, no Ashmolean Museum of Art and Archaeology, de Oxford, curiosamente fundado por Elias Ashmole, no século XVII],

com o auxílio pecuniário de outros portugueses exilados, cujos nomes vêm no final do prefácio, a saber: Marquesa de Nisa, de Palmela, Condessa de Vila Real, D. Leonor da Câmara, D. Ermelindo Monteiro de Almeida, o Marquês do Lavradio, Marquês de Nisa, Conde do Funchal, Conde de Sampaio, D. Francisco de Almeida Portugal, D. Luís da Câmara, Domingos de Saldanha de Oliveira e Daun, José Joaquim da Gama Machado, Nuno Barbosa de Figueiredo, Bernardo Daupias, Adrião Ribeiro Neves, Anselmo José Braamcamp, Custódio Pereira de Carvalho, Domingos de Oliveira Maia, Henrique de Sampaio Osborne, João Ferreira Pinto, Joaquim José de Azevedo, Manuel Inácio da Silveira, Manuel Joaquim Soares e Teodoro Ferreira Pinto Basto.

De Londres partiu para o exílio em França, onde ensina literatura à filha de D. Pedro IV, a futura rainha D. Maria II. No final da guerra civil, regressa a Portugal e a Coimbra, onde lecciona, sendo ao mesmo tempo deputado da Real Junta da Directoria Geral dos Estudos. Em 1835 é nomeado Bibliotecário-Mor da Casa Real. Passos Manuel, em 1836, homenageando o erudito liberal e bibliófilo, fê-lo 41.º Guarda-Mor do Real Arquivo da Torre do Tombo, lugar deixado vago pelo ilustre e erudito Frei Francisco de S. Luís, acumulando a função com o da Comissão de Depósito das Livrarias dos Conventos (cf. José Júlio César, ibidem). António Nunes de Carvalho era de grande erudição (mesmo que tenha sido uma figura excêntrica), versado em diferentes ciências, em linguística e foi “talvez o 1º bibliógrafo que teve Portugal no seu tempo” (cf. Pinho Leal, Portugal Antigo e Moderno, vol. 12, p. 1806)

Anos depois regressa ao ensino e à Universidade de Coimbra, tendo-se jubilado a 25 de Abril de 1861. Em 28 de Setembro de 1864, por escritura pública, doou a sua erudita, copiosa (perto de 9 mil obras) e muito valiosa biblioteca à cidade de Viseu, sua terra natal, em testemunho do seu afecto e amor. Foi comendador da Ordem de Cristo e Cavaleiro da Nossa Senhora da Conceição.
Faleceu, em Coimbra, em 5 de Junho de 1867, estando sepultado no cemitério público local, em mausoléu que lhe foi erigido pelo seu dedicado criado e amigo José Maria Lila que para isso sacrificou todos os seus haveres.

J.M.M.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

VOZES DOS EMIGRADOS PORTUGUEZES [MIGUEL ANTÓNIO DIAS]


[Miguel António Dias] Vozes dos Emigrados Portuguezes, Paris, Officina de J. Tastu (Rua de Vaugirard), 1829, 16-II págs.

Muitos dos Emigrados, em consequência da dispersão, em que se acham, nem assistiram, nem votaram por esta redação, mas ela é certamente a expressão da vontade de todos. Alguns porem, aderentes ao sistema da dissolução, ou ao seu autor, de quem dependem em virtude dos ordenados, que arbitrariamente lhes continua a pagar, em quanto outros são repelidos insolentemente, nem foram convidados a anuir à publicação dela, nem o quereriam fazer por essas mesmas razões. Com tudo tais excepções não invalidam o voto geral dos Emigrados portugueses, que é sem contestação o expresso nesta Declaração. Todavia aqueles, cujos sentimentos não forem conformes aos nossos, e cujos votos não tenderem á restituição da Liberdade da Pátria, e à restituição do trono à sua Legitima Soberana, podem reclamar por via da imprensa, e no entanto se devem considerar como as expressões de todos eles, as emitidas nesta Declaração. [Nota do Editor]

Trata-se de um opúsculo liberal, saído anonimo, publicado em Paris, mas que é de Miguel António Dias [1805-1878; nascido na Covilhã, teve de exilar-se em 1828 quando cursava em Coimbra, continuando os seus estudos médicos em Paris e Lovaina; liberal, patuleia e importante maçon – Irmão Gama e Grão Mestre da Maçonaria Eclética (1853-1860) – foi secretário-geral do governo civil de Santarém e deixou impresso obra importante e de leitura obrigatória], em que se defende em nome dos emigrados portugueses e da nação portuguesa, a “necessária e indispensável intervençam dos Governos nos negocios de Portugal”, protegendo a legitimidade das pretensões D. Pedro IV e os direitos de D. Maria.
 
Este vigoroso opúsculo foi impresso em jornais franceses (Les cris des emigres portugais - cf. Ernesto do Canto) e ingleses (vide Inocêncio F. Silva), tendo na altura os exilados atribuído a sua redação à embaixada portuguesa. Segundo Inocêncio Francisco da Silva, no seu verbete sobre Miguel António Dias no Dicionário, a sua publicação levou a que “nos parlamentos francês e inglês” se começasse a “tratar seriamente de tal assunto”.

J.M.M.  
 

quarta-feira, 3 de junho de 2020

MANIFESTO DOS DIREITOS DE SUA MAGESTADE FIDELISSIMA A SENHORA DONA MARIA SEGUNDA; E EXPOSIÇÃO DA QUESTÃO PORTUGUEZA



Manifesto dos direitos de Sua Magestade Fidelissima a Senhora Dona Maria Segunda; e exposição da questão portugueza, Londres, Richard Taylor (Red Lion Court, Fleet Street), 1829, 186 p.

Trata-se de um importante Manifesto que defende o direito de sucessão ao trono de Portugal, apresentando um conjunto curioso de documentos (Provas) em Anexo. Foi uma importante obra doutrinária para a causa liberal.

Segundo Luz Soriano, foi escrito a duas mãos: a parte que diz respeito á questão jurídico-legal foi sustentada por José António Guerreiro (1789-1834);

[n. perto de Caminha, tendo frequentado com êxito o curso jurídico em Coimbra, formando-se em Cânones, em 1816; foi juiz de fora em Mértola, deputado pelo Minho, em 1821, às Constituintes e membro do tribunal de Liberdade de Imprensa; em 1823 foi ministro da Justiça até à Vilafrancada, regressando ao cargo já com a Carta, até 1827; exilado em 1828, integra a regência da Terceira, até à chegada de D. Pedro, colaborando então na curiosa e valiosa Folhinha da Terceira (1831-32; ver pp. 17-64); foi uma das mais importantes figuras do primeiro liberalismo português, não sendo por acaso que está representado na Sala das Sessões, na tela de Veloso Salgado, justamente ao lado direito do Patriarca da Revolução Manuel Fernandes Tomás]

A outra, que versa a questão histórica e diplomática, foi produzida pela pena do (então) Marques de Palmela (D. Pedro de Sousa Holstein).

Ao que nos diz o sábio Inocêncio Francisco da Silva, saíram ao prelo perto de sete edições (1ª, em Londres, 1829; 2ª, em francês, Paris, typ. de Paul Renouard; 3.ª, Rennes, J. M. Vatar, 1831 e, depois, em português; 4.ª Coimbra, Universidade, 1836; 5.ª, ibidem, 1841; 6.ª no tomo XXV do Suplemento aos tratados e convenções por Julio Biker; 7.ª no tomo VI dos Documentos para a história das Cortes Gerais pelo Barão de S. Clemente e José Augusto da Silva). Pelo que se vê a importância que teve esta obra.

J.M.M.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

O PERIODISMO POLÍTICO DA PÓS-VILAFRANCADA AO SETEMBRISMO (1826-1836)




AUTOR: José Augusto dos Santos Alves;
EDIÇÃO: Mediaxxi, Outubro 2018

LANÇAMENTO:

DIA: 23 de Outubro 2018 (18,30 horas);
LOCAL: El Corte Inglês [Sala de Âmbito Cultural – piso 6], Av. António Augusto de Aguiar, 31, Lisboa;
ORADORES: Inês Cordeiro [diretora da BNP] | João Pedro da Rosa Ferreira [FCSH UNL]

ORGANIZAÇÃO: Editora Mediaxxi | El Corte Inglês

“À luz da concepção, segundo a qual toda a época fala, antes de mais, dela própria, pode dizer-se que os historiadores escrevem um passado à luz do seu presente. Como diz W. Benjamin, nenhuma realidade é antecipadamente um facto histórico. Ela torna-se assim, a título póstumo, graças a acontecimentos separados dela por milénios, séculos, décadas.

Qualquer obra, antiga ou moderna, é matéria de reflexões, subentendidos múltiplos, reminiscências ressuscitadas, aproximações, genealogias, recorrências, reaparições, entrecruzamentos. As imagens só possuem um sentido se o historiador as considerar como espaços de energia e de cruzamento de experiências decisivas. Uma obra só adquire o seu verdadeiro sentido graças à força insurreccional que encerra; só assim é possível fugir ao laxismo ecléctico generalizado. Assim sendo, tendo presente esta concepção operatória, também posso acrescentar que cruzar periódicos é cruzar saberes, certamente um dos actos mais ricos deste tipo de investigação.

Para teorizar o cruzamento de saberes labirínticos, liberais, conservadores, ultramontanos e republicanos dos periódicos desta época, é necessário estar atento ao descriptar do texto, noticioso ou editorializado, ao discurso opaco ou transparente, embalsamado de verdades, infiltradas pela mentira ou mentiras embalsamadas como verdades, à escrituralidade substantivada da imaginação criadora dos fomentadores da grande política e à prédica plena de aproximações, fanfarronadas e banalidades, em que, sob a miséria da incompetência e da intolerância, se veiculam formulários, desígnios e considerandos sem substância. As transformações acontecidas no modo de produção do periodismo, ainda que longe de superar todos os obstáculos e inércias, não impedem o periodista e o periodismo portugueses de atingir os padrões da Europa, o que desde logo tem repercussão nas questões do desenvolvimento na criação de periódicos e de interiorização das liberdades, sobretudo depois da deriva despótica miguelista.

Apesar das diferenças ideológicas entre periódicos, são, contudo, partilháveis, e da mesma natureza, os modos de escriturar encontrados a esse nível na imprensa da formação social portuguesa, nesta primeira metade do século XIX. Desde logo, o cruzamento de saberes periodísticos é um facto ocorrente sempre que “submergimos” na sua investigação, interpretação ou análise dos periódicos de referência, liberais ou conservadores.

Existe uma evidência na progressão da produção espiritual, intelectual e tecnológica dos periódicos, em clara aceleração na terceira e quarta décadas do século XIX, que vai produzindo crescente influência na própria configuração dos periódicos e da formação social portuguesa em todos os níveis – sociopolítico, económico e cultural –, como resultado da dialógica e da intercompreensão resultantes do cruzamento de saberes periodísticos. São distinções tão fortes que tendem a deixar na sombra a poderosa dinâmica de que estão imbricados e que só é inteligível a prazo e na articulação panorâmica dos periódicos envolvidos neste processo de encruzilhada de saberes, em muitos casos sem a consciência do que está a acontecer.

Tirar do esquecimento esta excelente fonte de informação, comunicação e memória, que explica a dramática das sociedades humanas e o seu futuro – a que se chama actualmente história –, a par desse efeito de criação e de atravessamento e destruição de saberes, leva a pensar que a formação social portuguesa se começa a pensar mais a si própria e aos seus problemas, ao mesmo tempo que alarga o círculo de leitura, estimulando-o a fazer uso da capacidade de utilizar a razão e a dinamizar a opinião pública, numa época em que o homem ou a mulher modernos tinham necessidade de aprender a argumentar para convencer o seu interlocutor ou o seu público.

O acto de convencer, distinto do de explicar ou do de informar, tem o poder de fazer evoluir a opinião e poder mudar as coisas, tendo sempre presente a retórica imbricada com duas preocupações indissociáveis, a da eficácia e a da ética. A retórica, ainda se mantinha, em grande parte, à distância das técnicas de manipulação, apesar da vacuidade retórica manipuladora começar a estar presente na esfera comunicacional. A eficácia podia perfeitamente caminhar a par com o respeito pelo Outro e por si mesmo, eficácia, naturalmente, potenciada pelo cruzamento de saberes periodísticos” [AQUI]

J.M.M.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

[ASSOCIAÇÃO CULTURAL 24 DE AGOSTO] NA EVOCAÇÃO DA REVOLUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES THOMAZ – FIGUEIRA DA FOZ



DISCURSO PROFERIDO NA EVOCAÇÃO DA REVOLUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS NO DIA 24 DE AGOSTO DE 2017, NA FIGUEIRA DA FOZ, pela Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto

“A Figueira da Foz continua a celebrar orgulhosamente os aniversários da Revolução Liberal de 24 de Agosto de 1820. Sob a luz que nos é proporcionada pelo nosso conterrâneo Manuel Fernandes Tomás continuamos, nesta terra, a reunir-nos, neste momento simbólico, e a assinalarmos, em conjunto, esse momento único da história da pátria em que de súbditos passámos a cidadãos.

E este encontro anual continua a ser importante. É importante porque uma cidade também se faz das tradições que se vão construindo. Das suas figuras históricas mais relevantes. Da marca cívica que elas tenham deixado. Do exemplo que tenham legado às gerações seguintes. E a Figueira da Foz tem muitas dessas personagens de quem se pode orgulhar e a quem deve prestar culto. A cidade e as suas instituições têm-no feito e é caminho que deve ser continuado. É a cidade que se une e se revê na vida e na obra dos seus mais ditosos filhos.

E à cabeça desse grupo de personalidades está, evidentemente, a figura quase tutelar de Manuel Fernandes Tomás.

Não valerá a pena repetir os aspectos centrais da sua biografia. Ela é razoavelmente conhecida e a sua valentia, probidade e a inteligência estão bem inculcadas nas mentes e nos corações da grande maioria dos figueirenses. Para isso, vale a pena dizer, em muito contribui a majestosa estátua que, há mais de 100 anos, um grupo de homens generosos lhe quis erigir.

A propósito da majestosa estátua convém dizer – e isso nem sempre é notado – que o topónimo da Praça onde está se encontra não poderia ser mais adequado. O 8 de maio de 1834, com a chegada, a Coimbra, do contingente de tropas liberais comandadas pelo Duque da Terceira colocou, praticamente, um ponto final num dos mais sangrentos períodos da história portuguesa. Passado poucos dias, a 26 de maio, a chamada “Convenção de Évoramonte” deu letra de forma a esse armistício, consumando a instituição, entre nós, de uma monarquia de índole liberal.

Mas voltando ao 197º aniversário que hoje assinalamos, importa dizer que a distância temporal a que já estamos dos acontecimentos retira-nos, talvez, alguma capacidade para captar, na íntegra, a importância da revolução liberal no curso da história do país.

O levantamento de agosto de 1820 colocou, naquele então, o nosso país na linha frente, no concerto ocidental, no plano da consagração legal dos direitos civis e políticos, na liberdade de expressão e de reunião e na separação de poderes.

E hoje, desde o 25 de abril, esses adquiridos são-nos tão familiares que nem nos apercebemos bem de quão revolucionários eles foram nos alvores do séc. XIX.

É também importante lembrar que as conjuras contra o absolutismo exigiam uma coragem bem diferente daquela que hoje, comodamente, sentados em frente ao computador, através das redes sociais, se usam para criticar tudo e mais alguma coisa. Se acaso fosse preciso prova, menos de três anos antes da revolução liberal, o martírio do Gomes Freire de Andrade estava aí para o comprovar.

E é por isto. É por tudo isto, que, na Figueira da Foz, continuamos a celebrar o 24 de agosto e exaltamos a memória de Manuel Fernandes Tomás. Porque o seu exemplo nos ilumina o caminho. Porque queremos ser cidadãos livres num país livre.

Viva a liberdade!”
 
[Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto, 24 de Agosto de 2017] - | sublinhados nossos
J.M.M.

domingo, 27 de agosto de 2017

[GRANDE ORIENTE LUSITANO – MAÇONARIA PORTUGUESA] NA EVOCAÇÃO DA REVOLUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES THOMAZ – FIGUEIRA DA FOZ



DISCURSO PROFERIDO NA EVOCAÇÃO DA REVOÇUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES THOMAZ NO DIA 24 DE AGOSTO DE 2017, NA FIGUEIRA DA FOZ, pelo Grande Secretario Geral do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa

“Em nome do Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano quero expressar a todos os presentes a satisfação de estarmos aqui para lembrarmos o nome de Manuel Fernandes Tomás ilustre cidadão a quem nós, hoje, neste dia e em todos os dias do ano muito devemos: o direito de sermos cidadãos com direitos e deveres perante o todo social. O direito do primado da lei, da separação de poderes, de uma Constituição ter plasmado um conjunto de normas que constituem a garantia de um Estado de direito.

Não queremos deixar de destacar a importância deste momento e que vai muito além de comemorarmos uma data. Ao estarmos aqui reunidos lembrando um filho desta terra, ao destacarmos a figura do cidadão Fernandes Tomás, estamos a dar referências de valores e de cidadania às gerações atuais. Saudamos, por isso, a Câmara Municipal da Figueira da Foz, a Associação 24 de Agosto e a Associação Manuel Fernandes Tomás por este ato. Saudamos todos os maçons de todas as Obediências, homens e mulheres, e saudamos também, e naturalmente de uma forma muito especial, a Loja Fernandes Tomás do Grande Oriente Lusitano, ao ter como patrono este nome ímpar da história portuguesa e ao encontrar nele um exemplo para o seu trabalho de todos os dias.

Existem maçons hoje na Figueira da Foz? Sim, existem e têm orgulho nisso. Tal como no passado existiram associações de apoio aos mais desfavorecidos, aqui a Maçonaria criou escolas e exerceu uma profunda influência cultural e cívica através de associações e jornais. Na história da cidade existe o registo da atividade de diversas Lojas que honraram a memória de inúmeros cidadãos naturais da cidade, ou que a ela estiveram ligados pela sua atividade profissional ou política. Nomes como António Augusto Esteves, escritor e bibliófilo, Maurício Águas Pinto, fundador dos Rotários figueirenses, Joaquim de Carvalho, ilustre professor universitário, Joaquim António Feteira, comerciante, Goltz de Carvalho, professor e naturalista, António dos Santos Rocha, advogado, arqueólogo e cujo nome se perpetua no Museu da cidade, do poeta João de Barros, ou de Gentil da Silva Ribeiro, simultaneamente operário, dirigente republicano e impulsionador do associativismo e da imprensa local têm além da sua condição de figueirenses a qualidade de terem sido maçons do Grande Oriente Lusitano.

Qual a relação de tudo isto com Manuel Fernandes Tomás? O Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa sente particular orgulho em ter contado de entre os seus membros um Homem com a grandeza de Manuel Fernandes Tomás tal como sente orgulho nos maçons que hoje, como nos trabalharam na Figueira da Foz.

Ao evocarmos Fernandes Tomás e celebrarmos o dia 24 de agosto estamos a recuar à Revolução Liberal de 1820. Estamos a relembrar o homem que encarnou a alma dessa revolução, cuja matriz era a elaboração de uma Constituição, expressão de uma cidadania composta pela participação de todos da vida da sociedade, moldada em direitos e deveres para com o todo social. Estamos também a manter vivas as ideias do Bem Comum e do bom governo que fizeram história a partir do século XVIII, com as teorias de Locke, Hobbes, Montesquieu ou Rousseau. Aliás, é este quem afirma que a Lei depois de aprovada pelo soberano, sendo este o povo reunido em assembleia, se converte em vontade geral, que será posteriormente executada pelo governo, grupo de homens particulares a quem cabe a aplicação concreta das leis, e que naturalmente nunca vai contra o Bem Comum”.
 
[Grande Secretario Geral do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa, 24 de Agosto de 2017] | sublinhados nossos
 
J.M.M

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

DAS REVOLUÇÕES LIBERAIS


No âmbito do ciclo de conferências coordenado por Ana Paula Menino subordinado ao título "Para uma cultura de Humanidade" realiza-se amanhã, 9 de Janeiro de 2016, pelas 17 horas, no Espaço Memória dos Exílios, no Estoril a seguinte conferência:

Título: Das Revoluções Liberais
Autor: António Ventura e Fernando Catroga

Local: Espaço Memória dos Exílios 
Av. Marginal, 7152-A
Estoril


Data: 9 de Janeiro de 2016

Horário: 17.00 h

Uma excelente iniciativa que não podemos deixar de divulgar com a certeza de que será um óptimo momento para ouvir dois historiadores que dominam o tema como poucos em Portugal.

A não perder para os interessados no tema.

A.A.B.M.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

HOMENAGEM A JOSÉ LIBERATO FREIRE DE CARVALHO (1772-1855)

 
 
HOMENAGEM A JOSÉ LIBERATO FREIRE DE CARVALHO (1772-1855)
 

 

DIA: 6 de Junho 2015 (17,00 horas);
LOCAL: Sede da União das Freguesias, BencantaSão Martinho do Bispo (Coimbra);
 

ORGANIZAÇÃO: Comissão Liberato;


" ... Sem memória não se aprende, não se sobrevive. A memória assegura a identidade, torna-nos únicos. Porque Coimbra deve ter memória, especialmente dos seus mais ilustres cidadãos, queremos relembrar e homenagear este seu filho.
 

Numa altura em que se cumprem 160 anos da morte de José Liberato, um grupo de cidadãos, constituído em comissão, tem vindo a reunir esforços para homenagear de forma condigna este vulto da nossa História, dando a conhecer a sua Vida e Obra ao abrigo de um vasto programa comemorativo em permanente actualização.
 

São elementos da comissão: Prof.ª Dr.ª Isabel Nobre Vargues (FLUC, Membro do Instituto de História e Teoria das Ideias), Dr.º Manuel Seixas (Médico Anestesiologista), Sr. Jorge Veloso (Presidente da União das Freguesias de S. Martinho do Bispo e Ribeira de Frades), Dr.º Armando Martinho (Geógrafo e Assessor Principal BAD), Dr. Alcino Silva (Psicólogo), Dr.º João Pinho (Historiador).
 

Constituem principais objectivos da Comissão:
 
 
- Homenagear e perpetuar, na forma de divulgação e evocação, o Homem conimbricense e a sua Obra, realçando o seu envolvimento em aspectos cruciais da implantação do Liberalismo em Portugal tais como; Vilafrancada (27 Maio 1823) ou Setembrizada (10 e 13 Setembro 1810).
 

- Iniciar, e manter durante 1 ano, actividades diversificadas, de carácter sociocultural que culminem na inauguração de 1 pequeno, mas digno, monumento público num local já definido: na rotunda do viaduto que dá saída (sentido Nascente-Poente) da A-31 para a Estrada da Bencanta (M605)" [LER MAIS AQUI]
 

 Sobre José Liberato Freire de Carvalho - LER AQUI | AQUI | AQUI
 
J.M.M.