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terça-feira, 29 de novembro de 2022

INTERNATO DE SÃO JOÃO DE LISBOA – 160 ANOS

 


LIVRO: Internato de São João de Lisboa – 160 Anos;
AUTOR: Nuno Martins Ferreira;
EDIÇÃO: Internato de S. João, 2022.

Trata-se de uma curiosa monografia sobre o estimado Asilo de S. João (Lisboa) – atual Internato de S. João -, instituição de ensino, assistência e beneficência para a “infância feminina desvalida”, fundada por José Estêvão Coelho de Magalhães [e por António de Sousa e Meneses, José Isidoro Viana, Francisco Maria Énea, José Maria Lobo d’Avila, Gilberto António Rola, Inácio Januário Avelino e José Joaquim de Abreu Viana] em 1862, sob os auspícios da Confederação Maçónica Portuguesa, sita na Travessa do Loureiro (a Santa Marta). Instituição escolar [instrução primária, dactilografia, desenho, aulas de comércio, aulas de bordados, cozinha, etc.] e filantrópica, laica e liberal, procurou a formação de alunas sempre de acordo com o ensino ministrado na valorização do livre pensamento. As suas receitas consistem “em legados, doações, donativos e quotas” dos seus associados.

De referir que, também na cidade do Porto, foi fundada uma instituição similar, direccionado para rapazes órfãos ou desamparados – Asilo de S. João no Porto, Rua da Alegria – e, de igual modo, foi promovido pela maçonaria local, e em especial com o grande incentivo do professor e maçon António dos Santos P. Sequeira Ferraz [com o n.s. de Littré, António de Sequeira Ferraz, pertenceu à loja Independência Lusitana e, depois, Ave Labor, ambas do Porto]. Teve o Asilo S. João do Porto os seus Estatutos aprovados em 1891 e foi inaugurado a 24 de Junho de 1892.


► “A investigação baseou-se na consulta do espólio documental e iconográfico guardado pelo ISJ. Os muitos relatórios e contas, as atas das reuniões dos órgãos sociais, sobretudos estas massas documentais, permitiram mergulhar nos dias da vida da instituição, conhecer a proveniência e a passagem das educandas, episódios caricatos protagonizados pela irreverência própria da idade e a preocupação, desde a primeira hora, com a instrução e educação das jovens.

Este livro tem, por isso, como objetivo dar a conhecer o contexto em que a instituição foi instalada e quais os principais aspetos que caracterizaram o seu funcionamento durante 160 anos. Dá-se especial destaque à sua organização interna, à dimensão educativa, aos espaços físicos, à presença da religião católica e a momentos de sociabilidade protagonizados pelas educandas. Procura-se, assim, contribuir para o conhecimento de uma instituição que, durante largas décadas, proporcionou assistência, educação e formação a gerações de jovens e crianças, bandeiras justamente mantidas pelos sucessivos corpos sociais.

A atividade do ISJ não teria sido possível erguer e manter sem a ajuda da Maçonaria. Aliás, o ISJ é extemporâneo no que toca à ação social e educativa suportada pela Maçonaria. Apenas nas últimas décadas do século XIX é que se assiste ao aparecimento de iniciativas de procuraram instruir e educar gerações de jovens e adultos, num contexto em que os valores do republicanismo influenciaram a praxis profana da Maçonaria” [do Livro]

J.M.M.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O INTERNATO S. JOÃO


“O Asilo S. João [hoje, Internato S. João], instituição de beneficência criada em Lisboa em 1862, pela Maçonaria (mais rigorosamente pela Confederação Maçónica Portuguesa, cujo Grão-Mestre era José Estêvão Coelho de Magalhães), a fim de receber 20 raparigas que se achavam recolhidas no Asilo dos Cardais de Jesus, dependente das Irmãs de S. Vicente de Paulo (Irmãs da Caridade) e que, com a expulsão [Junho de 1862] destas de Portugal, tinham ficado ao abandono.  

[Um grupo de maçons da Confederação Maçónica Portuguesa (1849-1867) constituiu uma Comissão de Notáveis para vir em auxilio e sustentação dos estabelecimentos sob direcção antiga das Irmãs de Caridade, oferecendo os seus préstimos ao governo. A 2 de Junho de 1862, a Comissão limitava a oferta de auxilio às 20 crianças, atrás referidas. A Comissão de Notáveis era assim composta:

José Estêvão de Magalhães (Presidente da Comissão; Grão-Mestre da Confederação Maçónica), António Maria de Sousa Meneses, José Isidoro Viana (s., D. António Telo, L. Obreiros do Trabalho), Francisco Maria Enea (L. Constância), José Maria Lobo de Ávila (s. Apolo), Gilberto António Rola (co-fundador do Partido Republicano Português), Inácio Januário da Silva Avelino (s. Mazzini, L. Independência nº 4), José Joaquim de Abreu Viana (s. Spinkler, L. Civilização).

Assim iniciou a sua actividade a 2 de Julho de 1862 o Asilo de S. João (instalado na Rua dos Navegantes, nº 62, depois na Travessa dos Loureiros), que no seu Regulamento Interno referia que “aquele estabelecimento não poderia ser regido senão por maçons, cuja eleição era sempre feita pela Grande Loja” – cf. História da Maçonaria em Portugal, de A. H. de Oliveira Marques, Vol III, 2ª parte, p. 290]

Pertença sempre da Maçonaria, foi obtendo importantes doações de beneméritos, entre eles o edifício onde hoje está instalado (Travessa do Loureiro, n.º 8 da numeração actual, outrora n.º 10).  

O número de asiladas, todas elas órfãs, chegou a atingir 80 raparigas, proporcionando-se-lhes, até à idade de 18 anos, alimentação, vestuário, educação laica, incluindo instrução literária, trabalhos manuais e ensino profissional [em 1914 houve uma importante alteração dos seus Estatutos – que datavam de 9 de Junho de 1867 - e que permitiu um ensino profissional de grande qualidade].  

No Porto, é também criado pela Maçonaria (em 1891) a instituição de beneficência Asilo de S. João (Rua da Alegria, n.º 342), a fim de receber rapazes órfãos [um dos fundadores da primitiva Associação Protectora do Asilo de S. João foi Alves da Veiga].

São hoje Internatos de S. João e mantêm a sua actividade quer no Porto, quer em Lisboa com os mesmos fins e propósitos da sua criação, acolhendo crianças em riscos, dando-lhe abrigo, educação e preparando-as para a inserção na sociedade e na vida activa.

in Dicionário de Maçonaria Portuguesa - A. H. de Oliveira Marques

via Grémio Estrela D’Alva [com aditamentos  e sublinhados nossos]

J.M.M.