LIVRO:
Internato de São João de Lisboa – 160 Anos;
AUTOR:
Nuno Martins Ferreira;
EDIÇÃO: Internato de S. João, 2022.
Trata-se de uma curiosa monografia sobre o estimado Asilo de S. João
(Lisboa) – atual Internato de S. João -, instituição de ensino, assistência e beneficência
para a “infância feminina desvalida”, fundada por José Estêvão Coelho de
Magalhães [e por António de Sousa e Meneses, José Isidoro Viana, Francisco
Maria Énea, José Maria Lobo d’Avila, Gilberto António Rola, Inácio Januário
Avelino e José Joaquim de Abreu Viana] em 1862, sob os auspícios da
Confederação Maçónica Portuguesa, sita na Travessa do Loureiro (a Santa Marta).
Instituição escolar [instrução primária, dactilografia, desenho, aulas de comércio,
aulas de bordados, cozinha, etc.] e filantrópica, laica e liberal, procurou a
formação de alunas sempre de acordo com o ensino ministrado na valorização do
livre pensamento. As suas receitas consistem “em legados, doações, donativos e
quotas” dos seus associados.
De referir que, também na cidade do Porto, foi fundada uma instituição similar,
direccionado para rapazes órfãos ou desamparados – Asilo de S. João no Porto,
Rua da Alegria – e, de igual modo, foi promovido pela maçonaria local, e em
especial com o grande incentivo do professor e maçon António dos Santos P.
Sequeira Ferraz [com o n.s. de Littré, António de Sequeira Ferraz, pertenceu à
loja Independência Lusitana e, depois, Ave Labor, ambas do Porto]. Teve o Asilo
S. João do Porto os seus Estatutos aprovados em 1891 e foi inaugurado a 24 de
Junho de 1892.
► “A investigação
baseou-se na consulta do espólio documental e iconográfico guardado pelo ISJ.
Os muitos relatórios e contas, as atas das reuniões dos órgãos sociais,
sobretudos estas massas documentais, permitiram mergulhar nos dias da vida da
instituição, conhecer a proveniência e a passagem das educandas, episódios
caricatos protagonizados pela irreverência própria da idade e a preocupação,
desde a primeira hora, com a instrução e educação das jovens.
Este livro tem, por isso, como objetivo dar a conhecer o contexto em que a
instituição foi instalada e quais os principais aspetos que caracterizaram o
seu funcionamento durante 160 anos. Dá-se especial destaque à sua organização
interna, à dimensão educativa, aos espaços físicos, à presença da religião
católica e a momentos de sociabilidade protagonizados pelas educandas.
Procura-se, assim, contribuir para o conhecimento de uma instituição que,
durante largas décadas, proporcionou assistência, educação e formação a
gerações de jovens e crianças, bandeiras justamente mantidas pelos sucessivos
corpos sociais.
A atividade do ISJ não teria sido possível erguer e manter sem a ajuda da
Maçonaria. Aliás, o ISJ é extemporâneo no que toca à ação social e educativa suportada
pela Maçonaria. Apenas nas últimas décadas do século XIX é que se assiste ao
aparecimento de iniciativas de procuraram instruir e educar gerações de jovens
e adultos, num contexto em que os valores do republicanismo influenciaram a
praxis profana da Maçonaria” [do Livro]
J.M.M.