[16-05-1956]
– “Conferência de Jaime Cortesão sobre a Revolução Liberal de 1828”, no “Salão
Aleluia”, Aveiro.
NA
FOTO [da esquerda para a direita]: Álvaro Seiça Neves, Júlio Calisto, Jaime
Cortesão, Mário Sacramento, M. Costa e Melo e João Sarabando [via Mário sacramento Facebook]
► [NOTA]
A revolta liberal de 16 de Maio de 1828, organizada e propalada
a partir de Aveiro, com evidentes relações à cidade do Porto e outras vilas, é
uma resposta ao golpe de estado de D. Miguel, em Março de 1828. Diga-se que já
havia uma forte tradição liberal em Aveiro, com a presença de membros ligados ao
Sinédrio (revolução de 1820) e de “domicílio” em “Caçadores 10” [cf. Aveiro
Berço da Liberdade, de Marques Gomes, 1928]. Marques Gomes refere, mesmo, que
estavam no conhecimento da revolta de 24 de Agosto de 1820, o tenente-coronel
Luiz Gomes de Carvalho, o desembargador Fernando Afonso Geraldes e o juiz de
fora José de Vasconcelos Teixeira Lebre [ibidem].
A revolta liberal, em Aveiro, é pensada e organizada a partir do trabalho desenvolvido por uma curiosa Loja Maçónica [1821-1823- 1828?]
que
reunia na “Quinta dos Santos Mártires” [actual Baixa de Santo António] – que possivelmente
abate colunas após a devassa por decreto de 20 de Junho de 1823 - e de que
faziam parte, entre outros, António de Azevedo e Cunha (Venerável), Francisco
Lourenço de Almeida (de Fermelã, Estarreja), Basílio de Oliveira Camossa (irmão
terrível), Caetano Xavier Pereira Brandão, dr. Joaquim José de Queiroz e
Almeida (avô de Eça de Queiroz, que tem de se exilar; segundo alguns, foi ele o
“cérebro” da revolta), Luiz Gomes de Carvalho, dr. Luiz Cipriano Coelho de Magalhães
(o pai de José Estevão), Francisco Manuel Gravito de Veiga e Lima (preso e
executado a 7 de Maio de 1829), Clemente José de Morais Sarmento (preso e
executado a 09/10/1829), Francisco António de Abreu e Lima (preso, condenado à
morte e desterrado para Angola, onde morre em 1835), Francisco Silvério de
Carvalho Magalhães Serrão (preso e executado a 7 de Maio de 1829) [ibidem; ver,
ainda, História da Maçonaria em Portugal, de A. H. O. Marques]
e desencadeada
militarmente a partir de “Caçadores 10” [repetindo a revolução de 1820].
O
movimento revolucionário, de civis e militares de “Caçadores 10”, parte para o
Porto, forma a “Junta do Governo Provisório”, mas não consegue resistir á
entrada e cerco das forças miguelistas na cidade, tendo o grosso da tropa
fugido para a Galiza, seguindo depois para Plymouth (Inglaterra). A tentativa
da revolta tem como resultado a prisão, seguida de execução ou desterro de
muitos e o exílio de outros mais.
J.M.M.