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quarta-feira, 8 de novembro de 2006

JOSÉ CARDOSO VIEIRA DE CASTRO [1838-1872]


Vieira de Castro, esse "mártir da loucura da honra", foi um dos "indefectíveis" amigos de Camilo Castelo Branco. E o grande romancista soltou, como só ele sabia, todos os brados clementes e literários que pode, em sua defesa. Afinal, o defensor de Vieira de Castro navegava nas mesmas paixões, escolhos e fatalidades, que haveriam de cimentar essa "sólida e fraternal amizade". Conhece-se de Vieira de Castro os seus conflitos académicos e a sua rebeldia de estudante em Coimbra (que aliás culminou na sua expulsão da vetusta universidade); sabe-se o vigor das suas intervenções parlamentares, em que era um "notável orador", a sua filiação maçónica (nome simbólico Graccho) e as suas aventuras no Brasil, onde foi recebido em glória; não se ignora a "tragédia" que o vitimou, para sempre, ao degredo (em 1871) em Angola, após confessar ter morto a sua jovem esposa, por motivos passionais. E onde morre em 1872, "vitima de febre fulminante". O talento e o génio de Vieira de Castro são, pois, consumidos no tremendo drama e desastre da sua vida. Mas nem por isso o seu amigo Camilo, em pretendida homenagem a fazer, deixa de registar:

"À memória de José Cardoso Vieira de Castro, que aceitou o degredo e a morte, em desafronta da sua honra de marido"

Obras de Vieira de Castro: Uma pagina da universidade, precedida de uma carta ao auctor por Levy Maria Jordão, Porto, Typ. de Sebastião José Pereira, 1858 / O Atheneu: periodico mensal, scientifico e litterario, Coimbra, Imp. da Universidade, 1859 a 1860 [redactores: Vieira de Castro, Camilo C. Branco e Antonio Victorino da Motta] / Camillo Castello Branco. Noticia da sua vida e obras, Porto, Typ. de Antonio José da Silva Teixeira, 1861 / Discursos parlamentares. 1865 1866, Lisboa, Typ. da Gazeta de Portugal, 1866 / Discurso sobre a caridade, recitado aos 26 de janeiro de 1867, no salão do theatro lyrico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Typ. Perseverança, 1867 / Cartas ao sr. conselheiro Antonio Rodrigues Sampaio e ao sr. Filippe de Carvalho, Porto, na typ. Lusitana, 1868 / A republica, Porto, Typ. Lusitana, 1868 / Discurso proferido no Porto no grande «meeting» de 25 de julho de 1869, convocado por uma commissão democratica para representar ao governo contra o procedimento dos testamenteiros do conde de Ferreira e publicado pela mesma commissão, Porto, Typ. Lusitana, 1869 / A republica, Porto, Typ. Lusitana, 1868 / Colonias, pelo antigo deputado... Editor, Camillo Castello Branco, Porto, Typ. Artistica, 1871

J.M.M.

terça-feira, 7 de novembro de 2006

OS IDEALISTAS DA REPÚBLICA - VIEIRA DE CASTRO

Em 1869, Vieira de Castro, amigo íntimo de Camilo Castelo Branco, na sua obra intitulada A Republica, tecia algumas reflexões interessantes sobre o que devia ser a República:

"A Republica adora a Patria, sacrifica-se pelo Estado, e não se salva senão pela Lei, que quer dizer Justiça e Egualdade, dualismo poderoso, perante o qual todos os indivíduos são pequenos, mas todos o mesmo, adindo sempre uma mesma herança, fruindo o mesmo direito, e legando sempre uma soberania!
A Republica não reconhece senão uma aristocracia social, a do talento. Não proclama senão uma virtude cívica, a do trabalho. Só conhece uma religião verdadeira, a da honra. [...] Corre dois grandes perigos a Republica, dizem. Levantar ambições que conspirem contra a egualdade, que á a sua alma; estimular invejas que a exagerem".

Lamentamos hoje a ausência de referências do nosso regime político, mas podemos recorrer a alguns bons exemplos do passado para colmatar o marasmo, a apatia e a falta de rumo que vai campeando por aí.
O nosso objectivo é assinalar algumas efemérides já esquecidas, lembrar figuras e factos que o tempo se encarregou de ir apagando da memória desta República. O ostracismo e o apagamento forçado de alguns factos foram uma realidade até há cerca de três décadas, hoje muitos estarão esquecidos da nossa memória colectiva, mas como diz o poeta: "há sempre alguém de resiste".

A.A.B.M.