Mostrar mensagens com a etiqueta Imprensa Periódica. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Imprensa Periódica. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 3 de junho de 2022

O NASCIMENTO DO JORNALISMO PORTUGUÊS LIVRE. O JORNALISMO LUSO-BRASILEIRO EM LONDRES (1808-1822)

 


LIVRO: O Nascimento do Jornalismo Português Livre. O jornalismo luso-brasileiro em Londres (1808-1822);

AUTOR: Luís Francisco Munaro

EDIÇÃO: Lema d´Origem, Março de 2022.

NOTA: Baseia-se esta edição (2.º ed.) na muito importante tese de doutoramento em História (Universidade Fluminense) de Luís Francisco Munaro. Apresenta um prefácio do professor Guilherme Pereira das Neves. 

LANÇAMENTO:

DIA: 6 de Junho 2022 (18,00 horas);
LOCAL: Casa da Cultura (Rua Pedro Monteiro, Coimbra);

ORADORES: Prof.ª Isabel Nobre Vargues | Prof.ª Adelaide Machado | Prof.º Vital Moreira | Prof.º Luís Reis Torgal;

ORGANIZAÇÃO: Lema d’Origem, Comissão Liberato, União das Freguesias de S. Martinho e Ribeira de Frades

… Este é um trabalho sobre identidade, uma investigação sobre determinados indivíduos a partir dos vestígios escritos daquilo que viveram, levando em conta que o jornalismo constituiu uma parte fundamental da trama de suas vidas. Visto como herói ou como vilão pela historiografia nacional, Hipólito da Costa inaugurou a produção periódica portuguesa livre da censura. Ao longo de quatorze anos, nos quais viu a arquitetura do Reino luso-brasileiro se retransformar radicalmente, manteve firme o propósito de levar a cabo uma publicação para instruir o público brasileiro. Nada mais ilustrativo, portanto, do que começar e terminar a narrativa com ele, chamado por João Bernardo da Rocha Loureiro de "patriarca" da imprensa portuguesa, ou por Joaquim de Freitas de "Adão" da terra dos periódicos.

Tanto quanto seus colegas portugueses, Hipólito precisou reiventar-se e reinventar a sua escrita para alcançar setores cada vez mais inquietos da população. Entre 1808 e 1822, tempo em que durou o Correio Braziliense, os jornalistas portugueses buscavam inserir a razão iluminista no mundo ibérico ainda governado pelas tradições e pela política do Antigo Regime. Mesmo que mergulhado nesse universo de etiquetas e devoção à Casa Monárquica, Hipólito se envolveu precocemente com a República norte-americana, conheceu o modo de funcionamento dos jornais na Filadélfia e, depois, em Londres, misturou-se aos negociantes que buscavam interagir mais livremente com o mundo britânico. O Correio serve, assim, como um veículo privilegiado para a compreensão da difícil transição do reino que queria incorporar, da forma menos traumática possível, as Luzes de que tanto falavam os philosophes.

Tarefa ingrata, como se perceberá. Tarefa, ademais, impossível de ser com-preendida em sua real dimensão sem que conheçamos mais profundamente a comunidade em que Hipólito estava inserido, seu círculo de interlocutores, sua necessidade de rebater escritos que pregavam a subserviência do Brasil a Portugal ou que panfletavam a causa republicana. Com a firme convicção de que essa produção que estabeleceu as bases do jornalismo lusófono não pode ser entendida isoladamente, buscamos estender a análise para o circuito de interações que envolvia vários jornais publicados no exterior. Jornais tão diversos como O Português, O Espelho, O Campeão, O Investigador, O Microscópio de Verdades, O Padre Amaro, Argus, Zurrague e o efemero Navalha de Figaró, publicados no espaço que vai da invasão de Napoleão na península ibérica até a proclamação da independencia brasileira.

Cada um desses periódicos possui uma identidade que pode ser determinada a partir do conflito criado com os outros. Cada um desses busca criar uma forma particular de se relacionar com o pensamento das Luzes, tornando-o adequado às idiossincrasias intelectuais do reino luso-brasileiro […]

Estes jornais publicados em Londres para o público lusófono, ao serem consumidos, davam aos seus leitores a segurança de estarem sendo lidos concomitantemente por vários indivíduos semelhantes a eles e diferentes dos outros. Eles geravam a possibilidade de criar vínculos imaginados, espaços de fraternidade e discussão intelectual até então impossíveis em Portugal e Brasil. Portanto, criaram um canal de difusão de ideias que ajudou a expandir as sociabilidades portuguesas e garantir alguma variedade nas formas de imaginar o Reino luso-brasileiro. Sobretudo, entre estes jornais, existe uma apreensão que gira em torno dos planos e projetos relativos à sede do Reino luso-brasileiro. Se, na utopia mais cara à época, o reino deveria abrigar os portugueses em ambos os lados do Atlântico, a demora do rei no Brasil gerava um clima de desconforto e orfandade entre os portugueses.

Para Hipólito da Costa, o Brasil também surgia como uma espécie de utopia, um projecto de governo ideal deslocado do tempo e espaço europeus, sugerindo a possibilidade de realização da história portuguesa em sua maior pureza […]

[Luís Francisco Munaro, in Introdução, pp. 17 e ss]


J.M.M.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

[CONFERÊNCIA ONLINE] A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1820 NO PERIODISMO OLISIPONENSE: CONSTANTES E LINHAS DE FORÇA

 


CONFERÊNCIA: A Revolução Liberal de 1820 no Periodismo Olisiponense: constantes e linhas de força

DIA: 23 de Setembro de 2021 (18,00 horas);

LOCAL: ONLINENecessário inscrição prévia;


ORADOR: Álvaro Costa de Matos

ORGANIZAÇÃO: BLX – Bibliotecas de Lisboa 

A Revolução Liberal de 24 de agosto de 1820 teve início na cidade do Porto e eclodiu como consequência da insatisfação sentida pelo quase protetorado inglês, no comando do país com a anuência do rei D. João VI, que partira para o Brasil em 1808, aquando das invasões francesas. Este movimento resultou no retorno do rei a Portugal em 1821 e no fim do absolutismo com a implementação da primeira Constituição Portuguesa em 1822.

Esta palestra tem por objetivo apresentar uma visão sobre esta Revolução nos periódicos da época” [AQUI]

Lá estaremos.

A não perder!

J.M.M.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

O LIBERAL DE GAYA. SEMANÁRIO ANTI-JESUÍTICO (1899-1900)

 


O LIBERAL DE GAYA. Semanário Anti-Jesuítico [ao ano II, nº1: Órgão da Concentração Democrática de Gaya] - Ano I, nº 1, 30 de Janeiro de 1899 até Ano II, nº 1, 1 de Janeiro de 1900; Administrador: ao nº 19 (3 Junho 1899): Abílio Azevedo; Secretário da Empresa: Ernesto Pinto; Editor-responsável: Celestino Luiz; Redacção e Administração: Rua do Marquez Sá da Bandeira (Vila Nova de Gaya); Redactor Principal: (ao nº19) A. de Pinho Ferreira; Impressão: Typ. Gutenberg (Rua dos Caldeireiros, 43, Porto; Vila Nova de Gaya, 1899-1900

Trata-se de um semanário publicado em Gaia, um dos vários periódicos [como, A Semana de Loyola. Semanário anti-jesuítico (1884-1886), O Anti-jesuíta (1894-1895) ou 0 Jesuíta (1901)] que contribuíram, no final de oitocentos, para a vigorosa campanha do antijesuitismo em Portugal. O periódico foi querelado e suspendeu a publicação ao nº 33 (9 de Setembro 1899), através de um curioso Suplemento (“Explicação aos nossos bondosos leitores”), só regressando a 1 de Janeiro de 1900 (último nº ?) como Órgão da Concentração Democrática de Gaya (curiosamente a 29 de Julho desse ano a organização ofereceu um banquete aos deputados republicanos de Gaia, tendo assistido 80 pessoas – cf. A. H. de Oliveira Marques, Correspondência política de Afonso Costa, p. 181).

 “ … O Liberal de Gaya, surgiu como synthese do sentir da alma revoltada d'este concelho contra os que, a esta hora adeantada da civilisação, se persuadiram de que, n'esta terra de trabalhadores, podia ainda fazer ninho, medrar e crescer o odioso plano de Ignacio de Loyolla contra a humanidade, concebido por esse seductor de fidalgas no dia em que se convenceu que a bala recebida no cerco de Barcellona o tinha privado para sempre de continuar a ser o militar gentil, mais conquistador de corações de mulheres que mesmo de sarracenos.

Vimos a proclamar bem alto os sentimentos liberaes dos habitantes d'esta terra; a desmascarar a chantage que se pretende aqui fazer com a religião, para fios ignóbeis, para propaganda de retrocesso, para augmentar proventos que o povo vai desviando do pé d'altar, conforme abraça outras crenças ou se resolve a passar sem ellas […]

Não vimos a commungar n'este ou n'aquelle partido; d'aqui só falíamos em nome da liberdade, e unicamente por ella vimos a combater.

Esperamos pois que em todos os campos onde a bandeira liberal pode hastear-se, os seus soldados venham a nós, para derrotarmos o inimigo commum, que pela lei em vigor do grande marquez de Pombal está expulso d'este paiz, mas cá introduzido pelos inimigos da Patria. [“A que vimos”, in nº1, 30 Janeiro 1899]

[Alguma] Colaboração/textos assinados: A. de Pinho Ferreira, A. J. Machado, Abílio Azevedo, António d’Almeida, António de Clermont, António Martins, Augusto Dias, Bruno, Campos Lima, Danton, Frei João, Gil Vaz, Gregório, Heliodoro Salgado, Henrique de Macedo, Lima Barreto, Luthero, Manuel P. dos Santos, Marte, Monteiro Borges, Oliveira Rios, Sá Gomes, P. Madeira, Platão, R. da Rocha, Robespierre, Tobias Moreno, Violeta, Voltaire.

 J.M.M

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

PERIÓDICOS ANTINAPOLEÓNICOS: O SEMANARIO LUSITANO CONTINUADO PELO MERCURIO LUSITANO


O Semanário Lusitano. Ano I, nº 1 (3 Maio de 1809) ao nº ??, de Agosto 1812; Redactor: Teodoro José Biancardi; Oficinas da Impressão Régia de Lisboa, Lisboa, 1809-1812.

O Mercúrio Lusitano. Ano I, nº 1 (1 Setembro 1812) ao nº 695 (22 Dezembro 1815; Redactor: Teodoro José Biancardi; Oficinas da Impressão Régia de Lisboa, Lisboa, 1812-1815.
Vendia-se na loja da Gazeta, na de Carvalho (defronte à boca da rua de S. Francisco), na loja de Nascimento (rua dos Algibebes).

Trata-se de uma folha informativa escrita pelo publicista Teodoro José Biancardi que tinha antes editado e colaborado no periódico Lagarde Portuguez de Luís Sequeira Oliva, como aqui nos referimos. Como outras folhas, dava notícias políticas, a que se seguia curiosos considerandos e reflexões. O Semanario Lusitano tem inicio a 3 de maio de 1809 e vai até 1812, onde muda de título para Mercurio Lusitano, terminando em 1815.  
A questão do periodismo depois das invasões francesas é bem curioso. Na verdade, a imprensa periódica portuguesa até aí não tinha expressão, apenas existia a Gazeta de Lisboa. Deste modo o aparecimento de folhetos, opúsculos, impressos nacionalistas e do jornalismo antinapoleónico (os franceses tinham na sua alçada, a Gazeta de Lisboa e o Diário do Porto), como o Leal Português (Porto, 1808-1810), Minerva Lusitana (Coimbra, 1808-1811), a Gazeta de Almada (1808), o Correio do Outro Mundo (1808), o Lagarde Portuguez ou a Gazeta depois de jantar, o Semanário Lusitano (1809-1812), o Diário Lisbonense (1809-1813; de Estêvão Brocard), e muitos outros, que rapidamente surgiram (com autorização tácita da Regência), tornaram as posições e interesses patrióticos sobejamente defendidas. Entre 1808-1809 existiram muitos periódicos no país (aponta-se para a existência de 24), quase todos circulando entre Portugal e Espanha ou então citados e traduzidos, pelas notícias militares dos êxitos obtidos por ambos os exércitos contra a França de Bonaparte (cf. Péricles Pedrosa Lima, A corte no Brasil e os periódicos portugueses:1808-1821).
O tom satírico, panfletário, a par de conteúdos políticos mais sérios, a circulação e o debate de ideias, fizeram destas folhas ou periódicos, na sua maior parte antinapoleónicos, num país pouco habituado a tais expressões de (relativa) liberdade de imprensa terem uma extraordinária importância, quer informativa quer literária. A censura volta em força a partir de 1810, curiosamente no período da Setembrizada e da perseguição à Maçonaria, o que explica, em parte, o enorme sucesso obtido pelos jornais da emigração entre nós. Porém, a aprendizagem adquirida por esses papéis “libertinos e sediciosos” (Agostinho de Macedo) fez com que o país jamais pudesse ser a mesmo: foi dado ao grande público a possibilidade de aceder a notícias e informações relevantes da sociedade e do mundo, e portanto à divulgação de novas e civilizadas ideias, procurou-se o debate político e a procura de uma maior ilustração, pelo tudo isso deixou marcas profundas. Isto é, as transformações operadas nas mentalidades, principalmente nas classes emergentes com interesses desenvolvimentistas liberais ou constitucionais, fizeram o seu próprio e silencioso percurso. Os jornais da emigração souberam muito bem ler e compreender essa avidez de liberdade.


Theodoro José Biancardi (1777-1854) nasce em Lisboa (é batizado na Igreja das Mercês) e, ou que se sabe [vide Diccionario de Inocêncio F. da Silva; idem Diccionario de Esteves Pereira], exerceu cargos governamentais, trabalhando como Oficial da Secretaria do Estado e foi um escritor político interventivo.  
Publica, em 1808, o folheto Successos do Alemtejo, onde faz o resumo das ocorrências verificadas no decurso da restauração do reino e expulsão do exército francês. Esta obra, que narra a crueldade do comandante das forças francesas Loison na revolta em Évora, provoca uma resposta do tenente general espanhol, D. João Carrafa (a quem Biancardi pedia responsabilidades), a que sucede a competente réplica de Biancardi (de permeio, outros mais intervieram, caso de Federico Moretti e Cascone), Resposta ao manifesto que fez imprimir em Cadiz o Tenente General D. João Carrafa contra a obra intitulada Successos do Alemtejo (Impressão Régia, 1811).

Em 1809 é autor do romance epistolar Cartas Americanas (Impressão Régia; teve várias edições, a última em 1820, pela Impressão de Alcobia) onde se “descreve os usos e costumes de Lisboa, assim como huma narração desde a sahida de S. A. R. para o Brasil". A novela toma como modelo as Cartas Persas de Montesquieu (cf. Simone Cristina Mendonça de Souza, Cartas Americanas, 2008; Pinheiro Chagas, no seu Dicionário, sobre este assunto entre as Cartas de Biancardi e de Montesquieu, diz que elas se parecem tanto “com um ovo como com um espeto e já não dizemos no talento com que são escritas”), onde o “o luxo, escravidão, modas, educação das mulheres, Teatros, jogo, demandas, influência das Artes e Ciências nos costumes dos povos, e por ultimo o Governo e Administração dos Franceses em Portugal” estão bem presentes. Teve algum sucesso esta novela porque quase de imediato ao Rio de Janeiro. Ainda neste ano surge como colaborador do Telegrafo Portuguez, de Luís de Sequeira Oliva, porém poucos artigos apresentou.
Saindo de colaborador do Telegrafo Portuguez, Biancardi lança a sua própria folha política, Semanário Lusitano [nº 1 (3 Maio 1809) ao nº ??? (1812), Impr. Régia]. Em 1812, é substituído este periódico pelo Mercúrio Lusitano [nº 1 (1 Setembro 1812) ao nº 695 (22 Dezembro 1815), Impr. Régia]. Curiosamente, a 20 de Outubro de 1812, Sequeira Oliva, ao nº 84 do seu Telegrafo Portuguez publica um artigo a propósito do uso excessivo de palavras francesas (“Guerra às palavras afrancezadas”) que Biancardi considera direccionado para a sua pessoa, dando início a uma polémica entre os dois. Segundo o saudoso professor José Tengarrinha (Nova História da Imprensa Portuguesa, p. 228), o periódico chegou “a noticiar as Cortes Constituintes de Cádis, o que certamente não terá sido do agrado das autoridades portuguesas”.  

Em 1810 traduz (surge anonimo, mas é-lhe atribuído a tradução) do espanhol o folheto A voz da America proclamação que circulava por toda a America hespanhola e que manifesta geralmente o voto de que seja eleito para Regente e futura Senhora de Hespanha a senhora D. Carlota Joaquina de Bourbon (Impr. Régia, 1810).
Por volta de 1816, viajou para a cidade do Rio de Janeiro e, após a independência, torna-se brasileiro, de acordo com o artig.º 6 da Constituição de 1824. Exerceu o cargo de Oficial Maior da Secretaria do Estado dos Negócios do Império e em Dezembro de 1822 é encarregue de preparar o local (Cadeia Velha, do Rio de Janeiro) destinado aos trabalhos da Assembleia Geral e Constituinte do Brasil, por José Bonifácio de Andrada e Silva, ao mesmo tempo que está incumbido da organização da futura Secretaria da Assembleia.

Em 1826, pelo Decreto de 25 de Janeiro, é nomeado por D. Pedro I como ministro plenipotenciário para o Congresso Anfictiónico (plano de Bolivar para todas as ex-colónias pensarem uma unidade continental; há quem leia ali o pronúncio da futura Sociedade das Nações), no Panamá, porém o Brasil não marcou presença, aliás como outros países como a Argentina, a Bolívia, o Chile e os EUA. Sobre a ausência no Congresso, as especulações são muitas e, entre elas, sobressai a imperiosa necessidade do Brasil ter o reconhecimento das potências europeias; acresce o facto dos países presentes nessa reunião serem repúblicas (só uma monarquia esteve representada, o Reino Unido), o que poderia ser indesejável e portanto assunto a não desprezar; por outro lado, a notícia do não comparecimento da Argentina ao Panamá e as hostilidades militares entre os dois países pelo actual território o Uruguai estarem já presentes, poderia levar a seguir o mesmo procedimento; por fim, julga-se que a Espanha não veria com bons olhos um Congresso onde marcavam presença novas nacionalidades de expressão hispana. Portanto, muito embora a viagem até ao Panamá fosse longa (à volta de um mês) e difícil, o motivo de súbita doença de um Teodoro Biancardi já posto a caminho (estaria perto de Salvador da Bahia), como alguns tentam argumentar, se bem que possível pode não ser aceitável de todo.

 
Em 1831, pede Biancardi a sua demissão por incompatibilidade com o ministro da tutela e, logo após, toma o lugar de Oficial Maior da Secretaria da Augusta Câmara ou Câmara dos Deputados, até à sua aposentação.
Em 1835 pede licença, por “9 ou 10 meses” para ir a Portugal, às Caldas da Rainha, “procurar remédio para as suas enfermidades” (in Annaes do Parlamento Brasileiro). Permaneceu no Brasil e em 1849 volta a Lisboa, onde desembarcou a 4 de Julho desse ano. Pouco tempo cá esteve, partindo novamente para o Brasil onde morre a 15 de Agosto de 1853, em Niterói (cf. Diccionario, Sacramento Blake, vol.7). Foi casado com D. Maria da Graça Barbosa Biancardi. Era Cavaleiro da Ordem e Cristo (1825) e da Rosa. (1829).

Escritor prolixo deu ao prelo, ainda, outros opúsculos: Reflexões sobre alguns successos do Brasil (Rio de Janeiro, 1822); Eduardo e Lucinda ou a portugueza infiel (Rio de Janeiro, 1829); Inocêncio F. da Silva diz que tinha “ouvido dizer” que Biancardi “redigira e publicara no Rio as sessões da Assembleia constituinte, as quaes saíram impressas em dois grossos volumes, com a singularidade de serem ali cortados todos os discursos pronunciados pelos irmãos Andradas no dia em que se realizou a dissolução da mesma Assembleia” (Diccionário, vol. 7, p. 309).
J.M.M.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

O TELEGRAFO PORTUGUEZ OU GAZETA PARA DEPOIS DO JANTAR


O Telegrafo Portuguez ou Gazeta para depois do Jantar [continuação do Lagarde Portuguez ou Gazeta para depois de Jantar, que termina ao seu nº 8]. Ano I, nº 9 (19 de dezembro de 1808) ao Ano V, em 31 de Dezembro de 1814 [ao nº 24, de 9 de Fevereiro de 1809, muda para Telégrafo Português; depois ao nº 25, de 16 de Fevereiro de 1809, surge com o título de Telegrafo Português ou Gazeta Anti-Franceza; a partir de 1 de Janeiro de 1814 regressa ao título Telégrafo Português, e começa a ser numerado a partir do nº1 seguindo até ao nº 105, de 31 de Dezembro de 1814]; Redactor: Luís de Sequeira Oliva e Sousa Cabral (1778-1815); Colaboração (Editor?): Teodoro José Biancardi; Adm. [em 1814]: Travessa de S. Nicolau, nº 67 (junto ao Pote das Almas), Lisboa; Oficinas da Impressão Régia de Lisboa, Lisboa, 1808-1814.

Lembra-me porém, mudando de tom, converter esta Gazeta n’hum Periodico nacional, em que anime, e esclareça o Patriotismo, refute a politica infernal de Bonaparte, destrua os falsos temores, e patentee as tramas com que os inimigos da Patria pretendem amortecer o nosso valor, e constancia; semelhante papel será muito interessante, e ouso dizello, muito necessario nas actuaes circumstancias …

 [inO Telegrafo Portuguez”, nº24]
Trata-se, como AQUI dissemos, da continuação do periódico satírico Lagarde Portuguez ou Gazeta para depois de jantar que, ao seu número nove, passa a chamar-se O Telegrafo Portuguez ou Gazeta para depois do Jantar. O seu redactor, o espirituoso L.S.O. ou seja Luís de Sequeira Oliva e Sousa Cabral, continua o seu combate no periodismo nacional, de pena e espada, contra os “ímpios” franceses. Não deixa de ser curioso referir que Luís Sequeira Oliva, logo no primeiro número do Telegrafo, diz que mudou o nome ao periódico, não só porque o nome Lagarde era detestado, mas porque as “nossas noticias nos são transmitidas quase que com a mesmo velocidade da luz”. Recruta L. S. O. um colaborador, Teodoro José Biancardi (ver verbete em post seguinte), que, apesar da sua enorme combatividade, pouco ou nada escreveu neste periódico, vindo a fundar o Semanário Lusitano (1809-1812), mais tarde substituído pelo título de Mercúrio Lusitano).
 
Luís Sequeira Oliva muda, de novo, o título do jornal para Telegrafo Português ou Gazeta Anti-Franceza ao seu nº 25 (16 de Fevereiro de 1809), conservando-o até ao nº 48 (15 Junho 1809), em que suspende a sua publicação. Reaparece no dia 4 de Janeiro de 1812, mudando de novo o título da gazeta, a partir de Janeiro de 1814, para Telégrafo Português, terminando a sua publicação a 31 de Dezembro desse ano [ler, com muito proveito, o trabalho, por nós já referido, de Carla da Costa Vieira, Animar a Pátria, refutar Napoleão …”].

Não deixa de ser interessante ter aparecido, a 3 de Julho de 1809, um periódico de cunho marcadamente liberal (talvez o 1º periódico liberal em Portugal – cf. Georges Boisvert), O Correio da Peninsula ou Novo Telegrafo, que se “reclamava” da sua continuidade e que era redigido por João Bernardo da Rocha Loureiro (que lançará em Londres, em 1814, um dos mais importante jornais da emigração, O Portuguez) e de Nuno Álvares Pereira Pato Moniz (o inimigo figadal do padre José Agostinho de Macedo). Porém esta presuntiva reclamação da herança do antigo Telegrafo Portuguez mereceu uma Carta do Author do Verdadeiro Telegrafo a hum seu Amigo de Lisboa, isto é, vindo da parte de Luís Sequeira Oliva, que acusava o novo jornal de plágio. A resposta de Rocha Loureiro ao “Explorador do Salitre” ou “Barbadinho de Moira” (i.é. Sequeira Oliva) é muito sarcástica (ver Carla da Costa Vieira, p. 18). Este Novo Telegrafo, pelas suas manifestações liberais e pela polémica que manteve com o padre Agostinho de Macedo em torno da questão denominada Sebastianistas, não teve autorização para prosseguir pelas autoridades, que não lhe renovaram a competente licença.
O Telegrafo Português, ao longo das suas edições dá conta dos avanços e recuos dos franceses, sob comando de Soult, e a correspondente luta (em diferentes localidades) que se lhe fez frente o exército luso-inglês; apresenta, por vezes, algumas transcrições do periódico coimbrão Minerva Lusitana, nunca esquecendo as importantes situações de confronto contra Napoleão, tanto na Península como em toda a Europa; dá pequenas anotações (muitas retiradas da Gazeta de Lisboa) sobre o diário militar da campanha de Wellesley e de Beresford ao longo do país, as deambulações das tropas de Francisco da Silveira, Bacelar; transcreve artigos do valioso periódico liberal espanhol Semanário Patriótico (1808-1812), redigido pelo poeta Manuel José Quintana (1772-1857), da Gazeta Extraordinária de Madrid (1814).

Como curiosidade seja dito que ao seu nº 26 dá notícia da impressão do folheto “Susto que elles voltem”, ao mesmo tempo que diz vender os 24 números da colecção do Telegrafo, em um volume, por 480 réis. Saiu o periódico, por vezes, com um Suplemento com referência aos “francezes revolucionários”, jacobinos ou “franco-manos”, além do “Resumo das novidades da semana” quase sempre noticias militares. .   
Vendia-se este periódico, como se pode ler no seu número 28 (Março 1809) e ss, na loja de Luiz José de Carvalho (aos Paulistas), na loja de Francisco Luiz Leal (em Alcântara), na loja do Carvalho (aos Mártires; curiosamente vendia-se, também, o “Retrato do Grande Palafox”, herói da independência da península), na Loja da Rua da Prata (ao º 227), na loja de Nascimento (rua dos Algibebes).

J.M.M.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

O OCCULTO INSTRUIDO (1756-1757)


O Occulto Instruido, Que para Licito Divertimento, e Honesta Recreaçaõ se Ha de Publicar Dividido em Differentes Partes. Ano I, nº1 (1756) ao Ano II, nº 18 (1757), Officina de Domingos Rodrigues, Lisboa, 1756-1757, XVIII numrs.

Trata-se de um curioso jornal de Lisboa – publicado anonimamente - que integra o chamado periodismo enciclopedista e instrutivo da época [vide José Tengarrinha, Nova História da Imprensa Portuguesa, p. 93], isto é, pertencente à imprensa que divulga os princípios iluministas (interessante será a citação pelo redactor do título da perigosa obra do padre Teodoro de Almeida, Recreação Filosofia, além de Diderot e d’Alembert), portanto apresenta um conjunto alargado de conhecimentos úteis, que vão da história, à geografia e às ciências. Este Occulto Instruido publica uma curiosa série cronológica dos Papas, Antipapas, cismas da Igreja, Hereges, Imperadores Romanos, algumas notícias de países europeus, mas, contrariando o propósito por si avançado no número inaugural, pouco ou nada opina ou divulga sobre Portugal, não se envolvendo, deste modo, em disputas ou polémicas. Como será evidente, teve por isso mesmo pouca ou quase nenhuma aceitação pelo público.
 
Vendia-se este periódico, como se pode ler na última página do seu número 4, na loja de Bento Soares (no Adro de São Domingos), na loja de Agostinho Xavier (a São Lazaro), na de António Paulino (ao Campo do Curral, defronte do Senado), na loja de Manuel Carvalho (ao largo do Rato), na loja de Manuel Conceição (à Esperança), na loja de Francisco Gonçalves Marques (ao Terreiro do Paço), nas lojas onde se vendem as Gazetas e na casa de Francisco da Silva (ao Alegrete).

J.M.M.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

HEMEROTECA DIGITAL DA BIBLIOTECA MUNICIPAL DA FIGUEIRA DA FOZ – PEDRO FERNANDES TOMÁS – ESTÁ ONLINE



A Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, Pedro Fernandes Tomás, que tem a gratidão e o apreço dos amantes dos livros & outras letras, tem na sua morada um vasto repositório de peças bibliográficas únicas e valiosas, estimadas e curiosas, em especial a sua colecção de periódicos, legada por homens devotos da historiografia local, homens livres e de sábios costumes.
Despertando a curiosidade dos neófitos & de investigadores ou simples ledores de “papéis pintados com tinta”, a Biblioteca Municipal Pedro Fernandes Tomás, da Figueira da Foz, começou a disponibilizar online o seu vasto e rico acervo da imprensa local. Nunca será demais o nosso agradecimento e ventura. Vale!     

 
 
 
 
ALGUNS PERIÓDICOS DIGITALIZADOS: Desafronta: Homenagem aos caixeiros figueirenses. – N.º único (1 Nov. 1903) - Figueira da Foz: [s.n.], 1903 Ginásio Clube Figueirense: comemorativo do seu cinquentenário - Nº único (1945) - Figueira da Foz: G.C.F., 1945 Jornal de cinema: quinzenário de cinéfilos e para cinéfilos / dir. e red. Miguel da Mota Veiga Gaspar. - A. 1, s. 1, nº 1 (15 Nov. 1929) - a. 3, s. 3, nº 10 (10 Jul. 1932). - Figueira da Foz: Eduardo Paulo de Macedo, 1929-1932 – Quinzenal O Palhinhas / dir. ErnestoTomé. – S. 2, n.º 1 (30 Ago. 1930). - Figueira da Foz: [s.n.], 1930 [trata-se da nova edição que vem publicada com o jornal O Figueirense, porque na verdade O Palhinhas é um curioso periódico com o seu 1º nº publicado em 25 de Julho de 1915, sendo proprietário do jornal José dos Santos Alves e diretor Augusto Pinto] Sport Cine / dir. M. da Costa Luz. A. 1, n.º 12 (20 Jun. 1935) - Figueira da Foz: Tip. de O Figueirense imp., 1935 A Voz da Justiça: bi-semanário republicano da Figueira da Foz / dir. Manuel Jorge Cruz [apenas está online 2 numrs deste importante jornal local, porventura um dos mais valiosos periódicos republicanos saídos da imprensa regional portuguesa – aguardando-se a sua plena digitalização] À cidade da Figueira da Foz: homenagem ao Exercito Portuguez/Empreza do Casino Peninsular. - Número único (Fev. 1897) - Figueira da Foz: Empresa do Casino Peninsular, 1897 Album Figueirense: revista mensal regionalista/dir. João de Oliveira Coelho. - Ano 1, n° 1 (Jun. 1934) - ano 4, n° 7 (Maio 1940). - Figueira da Foz: J. O. Coelho, 1934-1940 Almanaque illustrado do jornal A praia da Figueira: secção literaria, informações, anuncios etc / Director e proprietario Carlos Idães. - Ano 1 (1909). - Figueira da Foz: Typ. Popular de Manuel J. Cruz, [1908] A alvorada [Copiografado]: semanario de caricaturas / Redactor F. S. Morgado; [desenhos de António Piedade]. - Ano 1, nº 1 (4 Maio 1903) -ano 1, nº 6 (8 Jun. 1903). - Figueira da Foz: [Miguel Rodrigues], 1903 Anuario Figueirense: cronologico, topografico, burocratico, comercial, agricola, estatistico, biografico e literario / Coordenado por João O. Coelho. - Ano 1 (1918) -ano 2 (1920). - Figueira da Foz: J.O. Coelho, 1917-1919 A arte nova [Copiografado] / Director AV-LI-6; proprietário Ole-e-Ole. - Ano 1, n.º 1 (29 Jun. 1902). - Figueira da Foz: [s.n.], 1902. - il. ; 22 cm. - Desconhecida. - Apenas foi publicado o ano 1, n.º 1. - Essencialmente caricaturas Diário da Praia: actualidades / prop. ed. e dir. Albano Duque e Adriano Santos. - Ano 1, n.º 1 (4 Ago. 1929) -ano 2, n.º 124 (4 Out. 1936). - Figueira da Foz: Albano Duque: Adriano Santos, 1929-1936. - il. ; 33 cm ; 41 cm. - Diário. - O texto do n.º 1 do ano 1 é datiloscrito e policopiado, com a publicidade impressa no verso de cada folha. - Editado durante a época estival. - No ano de 1929 é editado apenas em agosto, com periodicidade mais irregular. - Publicado nos anos 1929, 1935-1936 Echos da Figueira / [Dir.] José Carlos da Silva Pinto, Cassiano Diniz Corte Real. - Ano 1, n.º 1 (16 Jul. 1882) -ano 1, n.º 11 (30 Out. 1882). - Figueira da Foz: Casa Minerva, 1882. - 23 cm. - Mensal. - Alterações de formato: n.º 2, 26 cm ; n.º 3 a 5, 38 cm ; n.º 6 a 11 Europa: quinzenário de informações e propaganda / Red. António Amargo; propriedade da empresa Neto de Carvalho. - Ano 1, n.º 1 (15 Abr. 1925) -ano 3, n.º 7 (1 Ago. 1927). - Figueira da Foz : Café Casino Europa, 1925-1927 Evolução: pela Pátria e pela liberdade / Director J. Alves Miranda. - Ano 1, nº 1 (22 Ago. 1909) -ano 1, nº 14 (30 Out. 1910). - Figueira da Foz: Imprensa Lusitana, 1909-1910. - Semanal. - Periódico maçónico, órgão da loja figueirense Evolução Figueira: litteratura, sciencia e arte / Redactores Pedro Fernandes Thomás e Eloy do Amaral; secretário e editor Francisco Martins Cardoso. - Série 1, ano 1, n.º 1 (Jan.1911) - série 7, n.º 1-2 (Jan./Fev. 1916). - Figueira da Foz: Grupo Studium: Biblioteca Pública Municipal, 1911-1916 Figueira desportiva / Director Dr. José Rafael Sampaio; administrador e editor Joaquim Alfredo Anjos Pedro; secretario da redacção Constantino Nunes da Silva. - Ano 1, n.º 1 (25 Dez. 1924) -ano 3, n.º 141 (1 Set. 1927). - Figueira da Foz: Tipografia Popular, 1924-1927 Figueira reclame: jornal independente, litterario, sportivo, ilustrado e annunciador/ Directores e proprietários M. Cardoso Martha e Eloy do Amaral. - Época 1, n.º 1 (Jun. 1907) -época 1, n.º 4 (Out. 1907). - Figueira da Foz: M. C. Martha: E. Amaral, 1907 A messe / Director Lucas Freire d'Abreu Pessoa. - Ano 1, n.º 1 (14 Fev. 1889) -ano 1, n.º 4 (1 Abr. 1889). - Figueira da Foz: [s.n.], 1889. - 24 cm. - Semanal. - Publicação reproduzida em fotocópia Noticias da Figueira/ Propriedade e direcção técnica de Carlos Baptista; director e editor J. Vasco Martins Baptista. - Ano 1, nº 1 (24 Maio 1941) -ano 31, n.º 1164 (24 Dez. 1972). - Figueira da Foz : J.V.M. Baptista, 1941-1972 O operariado: folha semanal / [Redactores Delfim Gomes... et al.]. - Ano 1, n.º 1 (14 Mar. 1889) - [ano 1, n.º 31 (6 Nov. 1889)]. - Figueira da Foz: [s. n.], 1889 O operario: folha da classe operaria / [dir. Ernesto Fernandes Tomás]. - Ano 1, n.º 1 (25 Ago. 1889) -ano 3, n.º 121 (15 Out. 1893). - Figueira da Foz: [E. F. Tomás], 1889-1893. - 40 cm. - Semanal. - A partir do n.º 104 passa a denominar-se O Operário Figueirense Pela Republica : numero unico commemorativo do 31 de Janeiro de 91. - Número único (31 Jan. 1905). - Figueira da Foz: [Centro Eleitoral Republicano Dr. José Falcão], 1905. - Continuação de: Glória aos Vencidos, 1904 O Petiz / Redactores Adelino Veiga, Raymundo E. P. Junior, Augusto Veiga. - Ano 1, n.º 1 (Mar. 1905) -ano 1, n.º 3 (Maio 1905); série 2, n.º 1 (3 Ago. 1909). - Figueira da Foz : Imprensa Lusitana, 1905 A Praia: revista quinzenal / Editor J. H. Santos; propriedade da Casa Havaneza. - Ano 1, n.º 1 (23 Jul. 1917) -ano 1, nº 5 (18 Out. 1917) ; [nova série], n.º 1 (21 Ago. 1921) -nº 8 (9 Set. 1923). - Figueira da Foz: J. H. Santos, 1917-1923 A Praia elegante / Redactor principal e editor Antonio Correia Pinto d'Almeida. - Série 1, n.º 1 (28 Jul. 1918) -[série 1, n.º 10 (29 Set. 1918)]. - Figueira da Foz: A.C.P. Almeida, 1918. - 36 cm. – Irregular O raio x : quinzenario humoristico / Director M. de Sousa ; propriedade do Grupo d'O Raio X. - Ano 1, nº 1 (5 Fev. 1924). - Figueira da Foz : Tip. Peninsular, 1924. - 39 cm. - Quinzenal. - Foi apenas editado o ano 1, n.º 1 O Rancho do Vapor : homenagem a Manuel Dias Soares / organizado pela Comissão Promotora da Homenagem a Manuel Dias Soares. - Nº único (1 Jun. 1935). - Figueira da Foz: Tip. Popular, 1935 A Redenção: política, literatura, arte, noticiario, anuncios, etc. / Dir. José Rafael Sampaio, Raimundo Esteves Pereira Júnior; redator Augusto Veiga Junior ; propriedade Anibal Cruz. - Ano 1, nº 1 (1 Maio 1909)-ano 1, nº 19 (1 Fev. 1910). - Figueira da Foz : Tipografia Popular de Manuel J. Cruz, 1909-1910 Revista da Figueira : publicação mensal de arte, sciencia elitteratura / Redactores João Templario, Manoel d'Almeida, Cardozo Marto. - Vol. 1, nº 1(Abr. 1903) - nº 2 (Out. 1917). - Figueira da Foz : Imprensa Lusitana, 1903-1917. - il. ; 25 cm. - Irregular. - Publicado em 1903 e 1917 Revista litteraria. - N.º 1 (Jul. 1904) - n.º4 (Abr. 1906). - Figueira da Foz : Gazeta da Figueira, 1904-1906. - il. ; 22 cm. - Irregular. - Suplemento à Gazeta da Figueira Tribuna Literária : secção quinzenal de O Figueirense / Director Belarmino Pedro. - Ano 1, nº 1 (10 Abr. 1940)-ano 11, nº 296 (24 Nov. 1951). - Figueira da Foz : O Figueirense, 1940-1951.
 
J.M.M.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

O PERIODISMO POLÍTICO DA PÓS-VILAFRANCADA AO SETEMBRISMO (1826-1836)




AUTOR: José Augusto dos Santos Alves;
EDIÇÃO: Mediaxxi, Outubro 2018

LANÇAMENTO:

DIA: 23 de Outubro 2018 (18,30 horas);
LOCAL: El Corte Inglês [Sala de Âmbito Cultural – piso 6], Av. António Augusto de Aguiar, 31, Lisboa;
ORADORES: Inês Cordeiro [diretora da BNP] | João Pedro da Rosa Ferreira [FCSH UNL]

ORGANIZAÇÃO: Editora Mediaxxi | El Corte Inglês

“À luz da concepção, segundo a qual toda a época fala, antes de mais, dela própria, pode dizer-se que os historiadores escrevem um passado à luz do seu presente. Como diz W. Benjamin, nenhuma realidade é antecipadamente um facto histórico. Ela torna-se assim, a título póstumo, graças a acontecimentos separados dela por milénios, séculos, décadas.

Qualquer obra, antiga ou moderna, é matéria de reflexões, subentendidos múltiplos, reminiscências ressuscitadas, aproximações, genealogias, recorrências, reaparições, entrecruzamentos. As imagens só possuem um sentido se o historiador as considerar como espaços de energia e de cruzamento de experiências decisivas. Uma obra só adquire o seu verdadeiro sentido graças à força insurreccional que encerra; só assim é possível fugir ao laxismo ecléctico generalizado. Assim sendo, tendo presente esta concepção operatória, também posso acrescentar que cruzar periódicos é cruzar saberes, certamente um dos actos mais ricos deste tipo de investigação.

Para teorizar o cruzamento de saberes labirínticos, liberais, conservadores, ultramontanos e republicanos dos periódicos desta época, é necessário estar atento ao descriptar do texto, noticioso ou editorializado, ao discurso opaco ou transparente, embalsamado de verdades, infiltradas pela mentira ou mentiras embalsamadas como verdades, à escrituralidade substantivada da imaginação criadora dos fomentadores da grande política e à prédica plena de aproximações, fanfarronadas e banalidades, em que, sob a miséria da incompetência e da intolerância, se veiculam formulários, desígnios e considerandos sem substância. As transformações acontecidas no modo de produção do periodismo, ainda que longe de superar todos os obstáculos e inércias, não impedem o periodista e o periodismo portugueses de atingir os padrões da Europa, o que desde logo tem repercussão nas questões do desenvolvimento na criação de periódicos e de interiorização das liberdades, sobretudo depois da deriva despótica miguelista.

Apesar das diferenças ideológicas entre periódicos, são, contudo, partilháveis, e da mesma natureza, os modos de escriturar encontrados a esse nível na imprensa da formação social portuguesa, nesta primeira metade do século XIX. Desde logo, o cruzamento de saberes periodísticos é um facto ocorrente sempre que “submergimos” na sua investigação, interpretação ou análise dos periódicos de referência, liberais ou conservadores.

Existe uma evidência na progressão da produção espiritual, intelectual e tecnológica dos periódicos, em clara aceleração na terceira e quarta décadas do século XIX, que vai produzindo crescente influência na própria configuração dos periódicos e da formação social portuguesa em todos os níveis – sociopolítico, económico e cultural –, como resultado da dialógica e da intercompreensão resultantes do cruzamento de saberes periodísticos. São distinções tão fortes que tendem a deixar na sombra a poderosa dinâmica de que estão imbricados e que só é inteligível a prazo e na articulação panorâmica dos periódicos envolvidos neste processo de encruzilhada de saberes, em muitos casos sem a consciência do que está a acontecer.

Tirar do esquecimento esta excelente fonte de informação, comunicação e memória, que explica a dramática das sociedades humanas e o seu futuro – a que se chama actualmente história –, a par desse efeito de criação e de atravessamento e destruição de saberes, leva a pensar que a formação social portuguesa se começa a pensar mais a si própria e aos seus problemas, ao mesmo tempo que alarga o círculo de leitura, estimulando-o a fazer uso da capacidade de utilizar a razão e a dinamizar a opinião pública, numa época em que o homem ou a mulher modernos tinham necessidade de aprender a argumentar para convencer o seu interlocutor ou o seu público.

O acto de convencer, distinto do de explicar ou do de informar, tem o poder de fazer evoluir a opinião e poder mudar as coisas, tendo sempre presente a retórica imbricada com duas preocupações indissociáveis, a da eficácia e a da ética. A retórica, ainda se mantinha, em grande parte, à distância das técnicas de manipulação, apesar da vacuidade retórica manipuladora começar a estar presente na esfera comunicacional. A eficácia podia perfeitamente caminhar a par com o respeito pelo Outro e por si mesmo, eficácia, naturalmente, potenciada pelo cruzamento de saberes periodísticos” [AQUI]

J.M.M.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

IMPRENSA NO DISTRICTO DE VIZEU – FRAGMENTO HISTÓRICO


Maximiano d’Aragão, "Imprensa no Districto de Viseu. Fragmento Histórico” (2ª ed.), Vizeu, Typ. Popular d’A Liberdade, 1900,  70 pgs.

Trata-se de um curioso (e valioso) opúsculo de autoria de Maximiano d’Aragão

[1853- 2 de Julho 1929; nascido em Fagilge (Mangualde), advogado, bacharel em Teologia, professor e reitor do Liceu de Viseu, foi um incansável estudioso e investigador da cidade e do distrito de Viseu, nas sua várias vertentes, com obra feita e publicada de muito merecimento. Em 1914 reside em Lisboa, sendo professor no Liceu Camões, trabalhando no então denominado, Ministério de Instrução]

referente à imprensa periódica de Viseu. O “subsídio de inventariação” (de 1848 a 1900) de Maximiano [Pereira da Fonseca] d’Aragão ou notícia acerca da imprensa periódica visiense, é a atualização do seu trabalho datado de 31 de Janeiro de 1880. Inclui notícias, ainda, das tipografias existentes em Viseu.

O porfiado trabalho de Maximiano de Aragão teve a sua continuação com a atualização feita por A. Campos [em 1922 e 1923 – sobre o assunto da inventariação da imprensa periódica no distrito de Viseu, ver António João Cruz, AQUI ou AQUI] e que deu conta da existência de perto de 120 publicações periódicas. 

FOTO via In-Libris  

J.M.M.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

AS NOTÍCIAS DOS “NOSSOS BRAVOS SOLDADOS” . A PARTICIPAÇÃO DE PORTUGAL NA I GUERRA MUNDIAL E O JORNALISMO (1914-1918).

A Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito das evocações por ocasião do Centenário da I Guerra Mundial, realiza o seminário acima indicado no dia 16 de Outubro de 2014. Este evento resulta de uma parceria entre a Hemeroteca Municipal de Lisboa e o Centro de Investigação Média e Jornalismo, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa.

O seminário vai realizar-se na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho.

Pode ler-se na nota de divulgação do seminário:

A I Guerra Mundial foi uma prova de fogo para o jornalismo português, “até então praticamente dependente do fluxo de notícias dos jornais estrangeiros e das agências internacionais como a Havas e a Reuters”. Cem anos depois, apercebemos que tal prova foi superada, aparentemente: os principais jornais portugueses enviaram repórteres para fazer a cobertura noticiosa da guerra e, desta forma, pela primeira vez jornalistas portugueses cobriram um conflito bélico no terreno. A guerra deixava de ser um “território virgem” e “uma coisa abstrata” para o jornalismo nacional, ainda que a circulação de notícias fosse fortemente controlada pelos beligerantes. 
Com efeito, os repórteres eram sempre acompanhados de militares, que faziam de guias, intérpretes e sobretudo de censores, com incursões restringidas às zonas de retaguarda. A juntar a isto, temos a censura militar, instituída pela I República na Lei de 28 de Março de 1916, excluindo do noticiário qualquer dado considerado estratégico ou qualquer informação que pudesse “abalar o moral das tropas”. “Esta guerra é uma guerra do silêncio”, desabafava o jornalista Adelino Mendes numa das reportagens enviadas da Flandres para o jornal A Capital, em 1917. (...)

(..) Enfim, motivos de sobra para uma revisitação histórica e sociológica da cobertura noticiosa e iconográfica da participação de Portugal na I Guerra Mundial, em África e na Europa, nas suas diferentes representações e discursos jornalísticos. Inscreva-se e fique a saber mais sobre a guerra e o jornalismo em Portugal nos conturbados anos de 1914 a 1918.
O seminário conta com a presença de mais de uma dezena de especialistas e tem por objetivo uma revisitação histórica e sociológica da cobertura noticiosa e iconográfica da participação de Portugal na I Guerra Mundial, em África e na Europa, nas suas diferentes representações e discursos jornalísticos.

O programa do seminário é o seguinte:
16 de Outubro de 2014 (9H.30M às 19H)
PROGRAMA
9H30M – Receção aos participantes
9H45M – Sessão de Abertura: Intervenção do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa, e da Senhora Presidente do Centro de Investigação Media e Jornalismo, Professora Dr.ª Estrela Serrano

10H – Palestra Inaugural: A Participação de Portugal na I Guerra Mundial e o Jornalismo (1914-1918), por Rui Ramos (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa)
I Painel: A IMPRENSA OPERÁRIA, MONÁRQUICA E PROTO-COMUNISTA | Moderação: Ana Cabrera
10H30M – O Olhar da Imprensa Operária e Sindicalista sobre a Guerra, por António Pires Ventura (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
11H – O Olhar da Imprensa Monárquica sobre a Guerra: a revista integralista Nação Portuguesa, por Ernesto Castro Leal (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
11H30M – A I Guerra Mundial, o Proto-Comunismo Português e a sua Imprensa, por José Pacheco Pereira (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa)
12H – Intervenções do público
12H30M – Intervalo para almoço


II Painel: A IMPRENSA NOTICIOSA, PARTIDÁRIA, CATÓLICA E A CENSURA | Moderação: Álvaro Costa de Matos
14H – Os Repórteres Portugueses na I Guerra – uma viagem pelos textos enviados pelos jornalistas ao serviço de A Capital, O Século e Diário de Notícias, por Carla Baptista (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL | Centro de Investigação Media e Jornalismo) e Ana Mira Roque (Mestranda da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL)
14H30M – O Jornalismo Político-Partidário sobre a Guerra em a República e A Lucta, por Ana Cabrera (Centro de Investigação Media e Jornalismo)
15H – O Olhar da Imprensa Católica sobre a Guerra, por Paulo Fontes e Nuno Estêvão Ferreira (Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa)
15H30M – Jornalismo Político e Censura na I Guerra - uma visão comparativa entre os jornais O Mundo e A Lucta, por Júlia Leitão de Barros (Escola Superior de Comunicação Social | Instituto de História Contemporânea da FSCH)
16H – Intervenções do público
16H15M – Intervalo para café


III Painel: AS IMAGENS DA GUERRA | Moderação: Carla Baptista
16H30M – "Irmãos de Armas": o CEP no cinema de propaganda da Grande Guerra, por Maria do Carmo Piçarra (Centro de Investigação Media e Jornalismo)
17H – Joshua Benoliel e as imagens da Primeira Guerra em tempo de câmaras de madeira e negativos em vidro, por Maria Teresa Flores (Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias | Centro de Investigação Media e Jornalismo)
17H30M – A I Guerra Mundial na revista Ilustração Portuguesa, por Jorge Pedro Sousa (Universidade Fernando Pessoa | Centro de Investigação Media e Jornalismo) e Helena Lima (Faculdade de Letras da Universidade do Porto | Centro de Investigação Media e Jornalismo)
18H – A Guerra na Imprensa Humorística Nacional (1914-1918), por Álvaro Costa de Matos (Hemeroteca Municipal de Lisboa | Centro de Investigação Media e Jornalismo)
18H30M – Intervenções do público

18H45M – Apresentação do dossier Fontes Jornalísticas para o Estudo da Participação Portuguesa na I Guerra Mundial, na Hemeroteca Digital de Lisboa, por João Carlos Oliveira (Hemeroteca Municipal de Lisboa | Hemeroteca Digital)
19H – Encerramento dos trabalhos

Organização: CML (Hemeroteca Municipal) e Centro de Investigação Media e Jornalismo (FCSH – UNL)
Inscrições gratuitas: T. 218 504 020 (Ext. 23) | maura.pessoa@cm-lisboa.pt

O programa detalhado do seminário pode ser descarregado/consultado AQUI.

Uma excelente iniciativa da Hemeroteca Municipal de Lisboa, com um conjunto de ilustres investigadores que garantem a grande qualidade deste evento. 

A não perder.

A.A.B.M.