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sexta-feira, 11 de julho de 2014

LUÍS AUGUSTO FERREIRA MARTINS (Parte III)

Por proposta do Ministro da Guerra,  recebeu a condecoração para o Grau de Oficial, de 5 de Agosto de 1920. Esteve ainda como chefe de Estado-Maior da Guarda Nacional Republicana entre 25 de Maio e 19 de Outubro de 1921. Foi um dos elementos da comissão que elaborou as bases para a reforma do Exército Colonial em 1924. Ainda nesse ano participou também na comissão de estudo das bases do cadastro geodésico da propriedade.

Nomeado para chefe da 5ª Repartição da 2ª Direcção-Geral do Ministério da Guerra em Agosto de 1925 e no final do ano seguinte (Dezembro) ascendeu a chefe da 2ª repartição da referida Direcção Geral. Foi também o 2º subchefe do Estado-Maior do Exército a partir de Junho de 1927. Em Maio de 1929 foi nomeado, interinamente, Inspector da 1ª Inspecção de Artilharia, cargo que desempenhou até 11 de Setembro desse ano quando assumiu as funções de Comandante da Escola Central de Oficiais.
Comandou a escola Central de Oficiais de 1929 a 1933, ascendendo ao posto de general em 22 de Novembro de 1930. Entretanto, em 1924, fez parte da Comissão de Estudo da Organização do Exército Colonial. Foi depois administrador geral do Exército entre 1936 e 1940, vogal do Conselho Superior do Exército, presidente do Conselho de Recursos entre 1941 e 1945, presidente do Conselho Fiscal dos Estabelecimentos Produtores do Ministério da Guerra entre 1944 e 1945. Foi ainda Presidente do Conselho Superior de Disciplina Militar. Passou à reserva em 7 de Abril de 1940 e à reforma no mesmo dia em 1947.
Envolveu-se aos meios de oposição ao Estado Novo a partir de 1950, tendo participado nas campanhas eleitorais e em Novembro de 1950, presidiu a uma sessão comemorativa da Grande Guerra Mundial que teve lugar nas instalações do Centro Republicano António José de Almeida. Subscreveu também um pedido de autorização, em 10 de Outubro de 1956, para permitir a criação da Frente Nacional Liberal Democrata, mas acaba por ver a sua pretensão de se formar como associação tendo os seus estatuto sido indeferidos e a mesma agremiação dissolve-se em 1 de Julho de 1957, por decisão dos seus fundadores. Entre eles constavam, para além do General Ferreira Martins, o Prof. Vieira de Almeida, Alberto Madureira, Nuno Rodrigues dos Santos, Agostinho Sá Vieira, Fernando Mayer Garção e Augusto Casimiro [Sobre este assunto consultar a documentação que existe AQUI]. Em 1957, nas eleições realizadas em 4 de Novembro, apresentou-se ainda como candidato  a deputado da oposição, por Lisboa.
Desempenhou também as funções de chefe da Delegação da Liga dos Combatentes da Grande Guerra a vários congressos da Federação Internacional dos Antigos Combatentes (F.I.D.A.C.), sendo também membro do Conselho Supremo da Liga dos Combatentes da Grande Guerra. Exerceu funções como membro da Comissão Central da Cruz Vermelha Portuguesa. Presidiu ainda ao Círculo de Estudos Históricos de Olivença, em 1949.
Desenvolveu também intensa actividade cívica e cultural, tendo sido autor de diversos livros, que mais abaixo indicaremos. Colaborou, ainda, com numerosas instituições, como o Sport Algés e Dafundo, a Sociedade de Geografia de Lisboa, a Cruz Vermelha, a Sociedade Portuguesa de Escritores, da Sociedade de Propaganda de Portugal, do Instituto, de Coimbra, entre outras.
Publicou entre outras obras:
Jogo de Guerra Exemplificado, em 1911; Avaliação das Distâncias em Campanha, Lisboa, 1913; Portugal na Grande Guerra (direcção e colaboração), 1935; O poder militar da Grã-Bretanha e a aliança anglo-lusa, 1939; Glórias e Martírios da Colonização Portuguesa, (colaboração), 4 vols, Lisboa, 1939; História da Expansão Portuguesa no Mundo (colaboração), Lisboa, 1942; A Cooperação Anglo-Portuguesa na Grande Guerra, 1914-18 e História do Exército Português, 1945; A Psicologia de Mouzinho: O Homem e o Chefe.
Colaborador regular em jornais e revistas, nacionais e estrangeiras como: Revista Militar, Revista de Artilharia, Boletim da Sociedade de Geografia, Boletim do Arquivo Histórico Militar, onde deixou publicados mais de meia centena de artigos, além de dezenas de artigos na imprensa como o Diário de Notícias, Primeiro de Janeiro, República, Século, entre outros.
Entre os artigos publicados nas revistas localizaram-se alguns que podem ilustrar a sua biobibliografia que abaixo se indicam:
- Britânica : o espírito colonial como base do sentimento patriótico, Lusocolonial. - Nº 18 (1929), p. 277-278
- Governadores coloniais, Boletim da Sociedade Luso-Áfricana do Rio de Janeiro. - nº 12 (1935), p. 3-8
- Uma história da acção dos portugueses na Grande Guerra, [S.l. : s.n.], 1935 ( Lisboa : -- Emp. Nac. de Publicidade), 7 páginas;
- Boletim do Instituto: Assembleia Geral de 14 de Fevereiro de 1936,  O Instituto : jornal scientifico e litterario. - Volume XC (1936), p. 1-3.
[Quando foi admitido como sócio correspondente nacional no Instituto de Coimbra]
- Glórias e martírios da colonização portuguesa : I / por General Ferreira Martins. - Lisboa : Agência Geral das Colónias, 1939. - 60, [1] p. ; 20 cm. - Pelo império. 53)
- Glórias e martírios da colonização portuguesa : II / por General Ferreira Martins. - Lisboa : Agência Geral das Colónias, 1939. - 93 p. ; 20 cm. - Pelo império. 54)
- Glórias e martírios da colonização portuguesa : III / por General Ferreira Martins. - Lisboa : Agência Geral das Colónias, 1939. - 99 p. : il. ; 20 cm. - Pelo império. 55)
- Glórias e martírios da colonização portuguesa : IV / por General Ferreira Martins. - Lisboa : Agência Geral das Colónias, 1939. - 73 p. : il. ; 20 cm. - Pelo império. 56)
- Cavaleiros em África / Ferreira Martins. - Ilustrado In: Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa. - Série 60, nº 1-2 (1942), p. 26-29
- O intercâmbio intelectual, O Instituto : jornal scientifico e litterario. - Volume C (1942), p. 47-49.
- O coronel Bento Roma (1884-1953) : homenagens e consagrações em 1954 e 1955 / pref. Ferreira Martins. - Lisboa : Gazeta dos Caminhos de Ferro, 1955. - [12], 234, [6] p. : il. ; 22 cm
- Um grande exemplo / Ferreira Martins. - Artigo destinado à imprensa, mas que não chegou a ser publicado.In: O Coronel Bento Roma (1884-1953) : homenagens e consagrações em 1954 e 1955 / pref. Ferreira Martins. - Lisboa : [S.N.], [1955?]. - P. 148-149.
- Olivença na Guerra Peninsular, Boletim da Casa do Alentejo, Fevereiro de 1955, Ano XX, nº 214, p. 1, col. 1 a 3 e ss.
- Mousinho e a génese da sua acção de Chaimite,  Revista militar, Lisboa, A.7,nº 10 (Out. 1955), p. 639-650;
- A psicologia de Mouzinho : o homem e o chefe, Separata da Revista Ocidente, vol. LI, 1956;
- João Albasini e a colónia de São Luís : subsídios para a história da provincia de Moçambique e das suas relações com o Transval / Alexandre Lobarto. -Lisboa : Agência Geral do Ultramar, 1957. - 149 p. - Pelo império. 126)
- Portugal e a actual política ultramarina, Infantaria, Ano 28, nº 176 (1961), p. 438-442
-Mousinho : herói reflexivo - carta a José Osório, O mundo português : revista de cultura e propaganda arte e literatura colonias.- Lisboa : A.G.C.S.P.N., 1934-1947.- v. 7 n. 73 (Jan.) p. 39-40
- O Infante Dom Henrique na Inclita Geração, Lisboa : [s.n., D.L. 1960], Sep. Ocidente, v. 58, p. 234-244;
O General Luís Augusto Ferreira Martins casou em 31 de Agosto de 1901 com D. Baptistina Maria de Aguiar Craveiro Lopes, de quem teve duas filhas.
Faleceu a 26 de Setembro de 1967 em Lisboa.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
Eduardo da Costa, Ed. da Divisão de Publicações da Agência Geral das Colónias, Lisboa, 1938;
- Os Generais do Exército Português, vol. III, Tomo I, coord. Coronel António José Pereira da Costa, Biblioteca do Exército, Lisboa, 2008, p. 349-350;
- Quem é Alguém. Dicionário Biográfico das Personalidades em Destaque no nosso tempo, Portugália Editora, Lisboa, 1947, p. 315-316;
Ribeiro, Ângelo , “A implantação da República”, História de Portugal, vol. VII, Barcelos, Portucalense Editora, 1935, p. 508-509;
Silva, Armando Malheiro da, Sidónio e o Sidonismo. Vol. 2, História de um caso político, Imprensa da Universidade, Coimbra, 2006.
- Teixeira, Nuno Severiano, O Poder e a Guerra. 1914-1918, Col. Histórias de Portugal, Editorial Estampa, Lisboa, 1996
A.A.B.M.

terça-feira, 8 de julho de 2014

LUÍS AUGUSTO FERREIRA MARTINS (Parte II)

Complementando a informação fornecida sobre a participação de Ferreira Martins em Moçambique conseguimos apurar que a sua acção foi destacada por Eduardo da Costa, que salienta que Luís Augusto Ferreira, curiosamente não mencionava o apelido Martins, mas é certamente a personalidade em apreço, quando se refere nas operações contra a gente do Marave, em terras de Lunga e Mochélia (6 a 11 de Maio de 1897): no dia 6, “o encarregado das munições era o 1º tenente de artilharia, Luís Augusto Ferreira” [Eduardo da Costa, Ed. da Divisão de Publicações da Agência Geral das Colónias, Lisboa, 1938, p. 68]. Ainda nas operações que tiveram lugar entre 16 e 22 de Maio de 1897, Eduardo da Costa se referia que foram adjuntos no comando o tenente Ferreira de artilharia e alferes José de Barros” [Eduardo da Costa, idem, p. 79] tendo mesmo Eduardo da Costa reconhecido no seu relatório “Luís Augusto Ferreira pelo seu grande trabalho na direcção da abertura de caminho e, que na marcha de regresso acompanhou sempre a guarda da retaguarda [Eduardo da Costa, idem, p. 90-91].
Com a implantação da República, Luís Augusto Ferreira Martins, foi logo um dos 13 militares indicados para integrar a Comissão para a nova organização do Exército. Esta comissão, criada em 15 de Outubro de 1910, pelo Ministro Correia Barreto, era liderada pelo General José Estêvão de Morais Sarmento e era composta por mais 12 oficiais, entre eles o nosso biografado. A comissão viria a ser extinta em 16 de Maio de 1911 e o decreto da Reorganização Militar seria promulgado em 25 de Maio desse ano.
Em 1912, foi indicado como delegado do Governo às manobras do Exército Suíço. A partir de 1913 assumiu funções como chefe de gabinete do Ministro da Guerra, João Pereira Bastos, que ocupou a pasta entre 9 de Novembro de 1913 e 8 de Fevereiro de 1914, tendo sido uma das personalidades envolvidas no movimento de 14 de Maio de 1915.
Durante a Grande Guerra, mesmo Ângelo Ribeiro, na História de Portugal, dirigida por Damião Peres, afirmava, que Ferreira Martins tinha sido um dos poucos a manifestar a sua oposição ao acordo firmado entre portugueses e ingleses em 25 de Janeiro de 1918 que misturava os oficiais do Corpo de Artilharia Pesada ingleses e portugueses, embora se reconhecesse a sua competência técnica, mas onde as posições portuguesas eram quase sempre contrariadas pelos ingleses ferindo as nossas susceptibilidades [Ângelo Ribeiro, “A implantação da República”, História de Portugal, vol. VII, Barcelos, Portucalense Editora, 1935, p. 508-509]. Muito provavelmente fruto da sua posição critica face a este acordo Ferreira Martins que era tenente-coronel e vice chefe de Estado Maior do Corpo Expedicionário Português pediu a sua exoneração de funções em 2 de Fevereiro de 1918, embora mais tarde viesse a reconsiderar a sua decisão [Armando Malheiro da Silva, Sidónio e o Sidonismo. Vol. 2, História de um caso político, Imprensa da Universidade, Coimbra, 2006, p. 52.]

Ferreira Martins manteve a sua posição até 1919, tendo sido condecorado pela sua acção como vice-chefe do Estado Maior do CEP, seguindo depois para Chefe do Estado Maior do Campo Entrincheirado de Lisboa, função que desempenhou entre 1919 e 1926. Foi ainda, em 1923, comandante do Regimento de Infantaria nº 5.
[Em continuação]
A.A.B.M.

sábado, 5 de julho de 2014

LUÍS AUGUSTO FERREIRA MARTINS (Parte I)

Nasceu em Lisboa, na freguesia de Santo André, a 7 de Abril de 1875, filho de Francisco Odorico Ribeiro Martins e D. Maria Firmina das Neves Ferreira Martins.
Frequentou o Colégio Militar entre 1885 e 1890, transitando depois para a Escola Politécnica de Lisboa, onde realizou os estudos preparatórios de Engenharia e de Artilharia.
Alistou-se, voluntariamente, no Regimento nº 5, de Caçadores de El-Rei, em 6 de Agosto de 1890. De seguida frequentou a Escola do Exército, onde frequentou o curso de Artilharia, entre 1893 e 1895. Concluiu o curso com excelentes resultados, sendo segundo classificado entre os diferentes candidatos. Foi promovido a 2º tenente e seguiu para o Regimento de Artilharia nº 5, em 27 de Fevereiro de 1896. Depois foi colocado nos Regimentos de Artilharia nº 3 e nº 4. Ascende na hierarquia militar, recebendo as divisas de tenente a 4 de Janeiro de 1897, seguindo nessa altura para o Regimento de Artilharia nº6, onde permanece só alguns dias e, no final desse mês de Janeiro consegue ser colocado na Brigada de Artilharia de Montanha.
Participa na expedição a Moçambique em 1897-1898, permanecendo em Angoche entre 12 de Setembro de 1897 e 29 de Setembro de 1898, participando nas operações militares que aí tiveram lugar, depois dos episódios e confrontos que envolveram Mouzinho de Albuquerque e a prisão de Gungunhana em Dezembro de 1895.
Regressa a Portugal e foi colocado no Regimento de Artilharia nº3, onde já tinha passado antes de seguir para Moçambique. Até 1903, desenvolve a sua actividade normal, sem nota de destaque. Em 12 de Outubro de 1903 consegue autorização para efectuar o curso de Estado Maior, que veio a concluir com sucesso em 26 de Outubro de 1905, tendo obtido também a segunda posição entre os oficiais que frequentaram o referido curso. Alcançou então a colocação no serviço de Estado-Maior, tendo ingressado na Direcção-Geral do dito serviço.

Elabora em 1910 um relatório de um projecto de defesa dos Açores, para o Supremo Conselho da Defesa Nacional e publica a sua primeira obra: Jogo da Guerra Exemplificado.
[Em continuação]
A.A.B.M.