A GUARDA - JORNAL CATÓLICO, SOCIAL E MONÁRQUICO (I)
O primitivo boletim quinzenal "
A GUARDA" [
nº1 (15 de Maio 1904), Guarda], "preferencialmente dirigido ao clero diocesano" [
cf. Jesué Pinharanda Gomes,
100 Anos de A Guarda, 2004], aparece no início como "semanário católico e regionalista" [
ibidem] para se tornar "a ponta de lança do
Partido Nacionalista (católico, social e monárquico)".
Pinharanda Gomes considera-o, mesmo, como servindo de "base à imprensa católica" de antanho
[refere a esse propósito, no opúsculo já citado, os seguintes periódicos católicos surgidos:
União Nacional (Braga, 1904-06,
Artur Bívar);
Associação Operária (Lisboa, 1905-06, posteriormente integra-se no
Grito do Povo, do Porto, periódico este que sob direcção do advogado
Alberto Pinheiro Torres, presidente do Circulo Católico de Operários de Vila do Conde e único deputado eleito pelo
Partido Nacionalista, tem lugar de destaque na imprensa católica;
cf. Filhos de Ramires, de
José Manuel Quintas, 2004);
União (Santarém, 1907-08,
Ernesto Teixeira Guedes, ex-fundador d’A Guarda);
Alerta (Bragança, 1907-08);
Estrela Polar (Lamego, 1907-08, periódico fundado por
Artur Bívar, que tinha como divisa "Por Deus, pela Pátria e pela Família" e que era impresso na Guarda, curiosamente na tipografia
Veritas);
Jornal de Lousada (1907-09);
Sul da Beira (Covilhã, 1908-10);
Deus e Pátria (Barcelos, 1907-10);
Avante (Póvoa do Varzim, 1909-10, Josué Trocado);
O Arouquense (1912)],
imprensa católica já antes impulsionada, de algum modo, pelo
Conde Samodães no
I Congresso dos Escritores e Oradores Católicos (Porto, 1871 – cf.
AQUI), ou na singular contenda no movimento social católico entre a "legitimista"
A Nação (Lisboa, 1847) e a "cartista"
A Palavra (1872-1913, surgido pela Associação Católica do Porto), pela fundação da
União Católica Portuguesa (1882) e o efeito dos vários
Congressos Católicos realizados, na criação do
Centro Católico em 1894 (concretizado por acção do jornal Correio Nacional) e na fundação dos
Círculos Católicos Operários (a partir de 1898, atingindo o expressivo numero de 15, em 1903), no lançamento do
CADC (Coimbra, 1901), culminando na formação do
Partido Nacionalista ("Partido Católico", 1903, sob liderança de
Jacinto Cândido,
Jerónimo Pimentel e o
conde de Bertiandos). De referir que o primeiro projecto para a criação de um "partido católico" nasce precisamente no jornal
A Palavra (23 de Novembro de 1878, em artigo do Pe.
José Vitorino Pinto de Carvalho – cf.
Manuel Braga da Cruz, Análise Social, 1980 -
AQUI).
A implantação da
República fez quebrar esse movimento periodista [os ataques populares contra as associações católicas e a sua imprensa atinge um ponto alto em 1911, desde logo pelo declarado propósito que tinham de combater as organizações operárias e as suas "nefastas" influência socialistas e revolucionárias, mas acentua-se na sequência da intervenção da Igreja contra a laicização do estado - cf.
Marie-Christine Volovitch, Análise Social, 1982 –
AQUI], movimento que abrangia em 1900, 6 diários, 21 semanários e 10 mensários (cf.
Marie-Christine Volovitch,
ibidem). Até lá, há lugar para a organização do
I Congresso dos Jornalistas Católicos Portugueses (Lisboa, Abril de 1905), seguindo-se o
II Congresso das Agremiações Católicas Populares de Portugal no Porto (Junho de 1907), depois o
III Congresso (Covilhã, Outubro de 1908), depois em Braga (1909) e o de Lisboa (1910).
[
a continuar]
J.M.M.