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terça-feira, 18 de agosto de 2009


JOÃO FIEL STOCKLER (Parte II)

Considerado um benemérito da Pátria, ao abrigo da lei de 30 de Abril de 1921.

Por decreto de 1 de Maio de 1925 foi nomeado para o cargo de Secretário do Conselho Superior de Disciplina da Armada.

Bibliófilo e coleccionador, juntou uma biblioteca que foi vendida à Livraria Morais e depois colocada em leilão, com o objectivo de se angariar fundos para um prémio monetário com o seu nome que ainda actualmente existe na Escola Naval. No prefácio do catálogo, assinado pelo camilista Dr. Júlio Dias da Costa, refere-se : “Stockler coleccionava as publicações da Grande Guerra, os inúmeros livros e folhetos que os aliados distribuíam, e dava-lhe quantos recebia, e não poucos eram”. Na sua biblioteca era possível encontrar para além de muitas obras sobre marinha, mas também livros de arte e valiosas edições de clássicos entre as quais o prefaciador salientava O Caleche, O Juízo Final, as Inspiraçoens, o Matricídio sem exemplo e primeiras edições de Carlota Ângela, da Caveira da Martyr e do Marquez de Torres Novas, bem como o Summario, de Cristóvão Rodrigues de Oliveira. O catálogo era constituído por um total de 1006 volumes, que foram a leilão em Novembro de 1929, promovido pela Livraria Moraes, mas que decorreu na Casa Liquidadora, em Lisboa.

Tinha as seguintes condecorações:
- Cavaleiro da Real Ordem de São Bento de Aviz;
- Medalha Militar de prata da classe de comportamento exemplar;
- Comendador da Ordem Militar de Aviz;
- Medalha de ouro comemorativa das campanhas do exército português Moçambique. 1914-1918;
- Medalha da Vitória.

Louvores:
- Foi louvado pelo comandante da Divisão Naval do Índico, pela sua acção como comandante do vapor Batista de Andrade, pela sua coragem e dedicação, pelo seu extenuante trabalho durante o período em que o navio esteve sob a acção da monomocaia (desde 19 de Fevereiro de 1906).
- O Ministro da Marinha concedeu-lhe também um louvor pela dedicação e energia aquando do levantamento do Baixo de Pinda também em 1906.

Pertencia à Maçonaria.

Faleceu a 24 de Maio de 1925.

A propósito do seu falecimento, veja-se o que afirmaram no Parlamento, à época dos acontecimentos:

[Discurso de Ginestal Machado]

Não me leve V. Exa., Sr. Presidente, a mal, nem o pode estranhar a Câmara, como não estranharia o próprio espírito do João Chagas, se pudesse baixar até à terra e vir a entre nós, que eu desde já associe o faça envolver na mesma homenagem um outro republicano não menos dedicado, e que foi também incluído entre os nomes por V. Exa. enumerados: refiro-me ao capitão de fragata João Fiel Stockler.
Se João Chagas foi o apóstolo da República, Fiel Stockler pertenceu àquele grupo do oficiais da nossa heróica marinha do guerra, que em 5 de Outubro fizeram com que a República deixasse de ser um ideal apenas para se tornar numa realidade
.

[Discurso de Ernesto Sá Cardoso]

Além da homenagem a prestar a João Chagas, quero ainda dizer algumas palavras sobre Fiel Stockler.
Fiel Stockler era um revolucionário de 5 de Outubro, e dos mais distintos.
Quando ontem se foi prestar homenagem a João Chagas, ladeavam o seu cadáver os revolucionários de 31 de Janeiro e de 5 de Outubro. Se Fiel Stockler fôsse vivo, de incorporar-se-ia no préstito para dar a João Chagas o seu último adeus.
Sr. Presidente: os revolucionários de 5 de Outubro, com Fiel Stockler à fronte, têm naturalmente direito ao nosso reconhecimento; e, por consequência, pela morte deste distinto oficial que foi um brilhante ornamento da armada portuguesa, a Acção Republicana não podia deixar do se associar, e com pesar ao voto de sentimento proposto por V. Exa.
Segue-se o Sr. Campos Melo, que foi nosso colega, nesta Câmara, ocupando a extrema esquerda.
Creio que a Câmara conserva a mais grata recordação da sua companhia e não é, portanto favor, antes é um acto de justiça. associarmo-nos ao voto de sentimento proposto pela sua morte.
[Sessão de 1 de Junho de 1925, p. 17]

[Vitorino Guimarães]
O Governo não conhecia a situação em que se encontrava a mãe desse grande militar e prestimoso cidadão.
Soube depois que essa proposta seria apresentada por parte dos seus correligionários, e, assim, o Governo entendeu que não devia antecipar-se, deixando, por isso, aos amigos políticos do falecido a satisfação, que certamente teriam, de que essa proposta fosse enviada para a Mesa por esse lado da Câmara.
Foi essa a única razão por que a proposta não foi apresentada pelo Governo, mas, nós fazemo-la nossa, e, procedendo assim, pena é que seja esta a única homenagem que podemos prestar a esse grande republicano, que foi o comandante Stockler. (…)
Devo dizer que é com profunda mágoa que o dever me impõe fazer oposição à proposta do Sr. Ginestal Machado, e digo com profunda mágoa, porque o Sr. comandante João Fiel Stockler foi meu condiscípulo e a ele me ligaram relações de muita e sincera amizade.
Sinto muito e muito a sua morte.
Tenho muita saudade dos tempos em que juntos andávamos, e não há nada para mim mais penoso, desde que se trata de votar uma pensão para a mãe de João Fiel Stockler, do que não poder dar-lhe o meu voto.
Mas S. Exa. era um oficial de marinha, e, nessa qual idade, tinha seguramente o seu montepio.
Não vejo, portanto, razão para só continuar o péssimo sistema de se concederem pensões às famílias daqueles que morrem simplesmente pelo facto de terem feito parte de uma revolução
.

[Sessão de 1 de Junho de 1925, p. 28]

Realizou/Publicou:

- Reconhecimento hydrográphico da barra do rio Meige (Kinga) [ Material cartográfico : província de Moçambique / Commissão de Cartografia ; levantado sob a dir. de Joäo Fiel Stockler, Escala 1:5000, [Lisboa] : C.C., 1903, 1 carta : imp. em papel ; 29,80x39,00 cm em folha de 33,20x54,00 cm; [Levantado em 1901 pelos guarda-marinhas da canhoneira Liberal sob a direcção do 2º tenente João Fiel Stockler] Pode ser visualizada Aqui.
- Reconhecimento hydrographico de Porto Velhaco [ Material cartográfico : Namalungo : província de Moçambique / Comissão de Cartographia ; levantado por Joäo Stockler e José Torres, Escala 1:15000, Lisboa : C. C., 1908, 1 carta : imp. em papel ; 39,30x34,40 cm em folha de 43,80x41,20 cm
- Catálogo da biblioteca que pertenceu ao ilustre oficial de marinha João Fiel Stockler / pref. do Dr. Julio Dias da Costa, Lisboa, Livr. Moraes, 1929;

Sobre esta personalidade ver ainda:
-FERREIRA, Raúl César, O comandante João Fiel Stockler, Lisboa : Imprensa da Armada, 1930;
- CABEÇADAS, José Mendes, “Capitão de Fragata João Fiel Stockler”, Anais do Club Militar Naval, Tomo LVI, nº 4, 5 e 6, Abril, Maio e Junho de 1925, Lisboa, 1925, p. 94-101.
- - MARQUES, A. H. Oliveira (Coord.), Parlamentares e Ministros da 1ª República (1910-1926), Col. Parlamento, Edições Afrontamento, 2000.
- SANTOS, Machado, A Revolução Portuguesa. 1907-1910, Assírio & Alvim, Lisboa, 1982.

A.A.B.M.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009


JOÃO FIEL STOCKLER (Parte I)
Nasceu a 7 de Setembro de 1876 no Monte da Caparica, Almada, filho de Miguel Stockler e Carolina Canelhas Stockler.
O pai de João Fiel Stockler, tinha um estabelecimento comercial em Lisboa, onde se realizaram importantes reuniões de preparação para a revolução republicana.

Alistou-se como voluntário na Armada em 31 de Outubro de 1892. Seguiu a carreira da Marinha, realizando as promoções a guarda-marinha (30-10-1895), segundo tenente (28-07-1898), primeiro tenente (11-07-1910), capitão-tenente (05-10-1910) e capitão de fragata (29-08-1917). Comandou diversas embarcações da marinha de guerra portuguesa e efectuou comissões de serviço em diversos pontos do País e nos antigos territórios ultramarinos portugueses, em especial no Oriente (Moçambique e Índia).

Em 1908, João Fiel Stockler foi transferido da canhoneira Lagos, onde era imediato, e transitou para a corveta Duque de Palmela, onde passou a exercer as funções de instrutor da Escola de Alunos Marinheiros do Sul. Em 1915, já capitão-tenente, era comandante do cruzador República, que naufragou ao lago da praia da Consolação, em Peniche, tendo sido julgado em conselho de guerra onde foi absolvido. Desempenhou depois as funções de secretário do Conselho Superior de Disciplina da Armada em 1916. No ano seguinte, foi exonerado do comando do vapor Moçambique e foi nomeado para servir na Índia, onde assumiu o comando dos portos daquele antigo território português, onde permaneceu entre 1917 e 1923. Foi depois nomeado primeiro comandante da Escola de Recrutas da Armada entre 1923 e 1924.

Desempenhou missões para outros ministérios, destacando-se a acção desenvolvida para a Direcção Geral das Colónias.

Foi um dos principais organizadores da Carbonária no Algarve no período prévio à implantação da República, mas encontrava-se já em Lisboa quando se iniciou a revolta que conduziu à implantação da República. Desempenhou um papel importante nos acontecimentos da noite de 4 para 5 de Outubro de 1910, conforme o refere Machado Santos no seu relato dos acontecimentos.

Foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte pelo círculo de Faro, em 1911. Em 1912 foi nomeado para fazer parte de uma comissão técnica para requisição de navios. No ano seguinte, foi nomeado para a comissão encarregue de estudar a reorganização da Escola Prática de Artilharia Naval e indicar o local mais apropriado para a instalação da Escola de Torpedos.
Por despacho de Setembro de 1916 foi nomeado para o cargo de Secretário Superior de Justiça da Armada.

Quando esteve na Índia, foi nomeado para presidir à comissão encarregue de proceder ao estudo do plano geral das obras a realizar com a rede de canais de irrigação, melhorar os canais de navegação e construir e reparar desembarcadouros. Foi ainda nomeado pelo Governador Geral da Índia, Director do Museu de Arte Religiosa, que setinha criado no Convento do Bom Jesus. Foi também nomeado a exercer as funções de vice-presidente do Conselho do Governo do Estado da Índia. A seu pedido, foi exonerado do cargo de Presidente da Comissão Administrativa da Casa da Misericórdia de Goa, tendo recebido um louvor pela forma criteriosa e dedicada como desempenhou as suas funções.

[Em continuação]

Nota: Um particular agradecimento ao Prof. Doutor António Ventura pela cedência da fotografia que apresentamos.

A.A.B.M.

segunda-feira, 6 de julho de 2009


COMISSÃO MILITAR REVOLUCIONÁRIA DO 5 DE OUTUBRO DE 1910 (Parte III)

Continuando a apresentar os militares que intergravam a Comissão Militar Revolucionária e reconhecendo a impossibilidade de os indicar a todos, apresentamos mais um conjunto de figuras que conspiraram para derrubar a monarquia em 1910.

- Mariano Martins
- Vasconcelos e Sá
- Tancredo de Morais
- Artur Carlos de Carlos Barros Basto
- João Ribeiro Gomes
- Armando Porfírio Rodrigues
- José Malta
- Manuel Lourenço Godinho
- Manuel Tavares Grelo
- Augusto Mateus dos Santos Costa
- António Inácio Simões
- Alves de Sousa
- Policarpo de Azevedo
- Humberto de Ataíde Ramos e Oliveira
- António José Soares Durão
- Viriato Pereira de Lacerda
- João Ribeiro Gomes
- Francisco Xavier da Cunha Aragão
- Fernando Mauro d'A. Carmo
- Alexandre Augusto Terry
- José Dias Veloso
- Francisco Gonçalves Velhinho Correia
- Nicolau Tolentino Pereira Homem Teles

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

* Martins, Rocha, D. Manuel II(Memórias para a História do seu reinado), vol. II, Sociedade Editora José Bastos, Lisboa, s/d.
* Mello, João Augusto Fontes Pereira de, A Revolução de 4 de Outubro (Subsídios para a sua História). A Comissão Militar Revolucionária, Guimarães & Cª Editores, Lisboa, 1912.
*Santos, Machado, A Revolução Portuguesa (1907-1910), introd. Joel Serrão, Assírio e Alvim, Lisboa, 1982.
* Silva, António Maria da, O Meu Depoimento. Da Monarquia a 5 de Outubro de 1910, República, Lisboa,1974.

[Na imagem Mariano Martins, um dos conspiradores referido neste post, nasceu em Aljustrel em 8 de Dezembro de 1880 e falecido em 22 de Maio de 1943. Era filho de Sebastião Rodrigues e de Firmiana Rita da Costa. Frequentou o curso superior do Comércio no Instituto Industrial. Ingressou na Armada em 1899, ascendeu a aspirante de 1ª classe em 1903, guarda-marinha em 1905; 1º tenente em 1910; capitão tenente em 1917 e capitão de fragata em 1918, alcançando a patente de capitão de mar e guerra em 1930. Envolveu-se no movimento de 14 de Maio de 1915. Foi governador de S. Tomé e Principe (1911-13) e da Índia (1925-26).Foi administrador colonial, deputado, governador civil de Vila Real e de Lisboa. Desempenhou ainda as funções de Ministro da Agricultura e de Ministro das Colónias. Na fase final da sua vida acabou por aderir ao Estado Novo.]

A.A.B.M.

domingo, 5 de julho de 2009


COMISSÃO MILITAR REVOLUCIONÁRIA DO 5 DE OUTUBRO DE 1910 (Parte II)

Continuando as nossas pesquisas sobre a Comissão Militar Revolucionária encontramos mais os seguintes elementos:
- Djalme de Azevedo
- Sobrinho de Azevedo
- Duarte Fava
- Castro Morais
- António Ladislau Parreira
- José de Ascensão Valdez
- Victorino Godinho
- Manuel Maia de Magalhães
- Camacho Brandão
- Alfredo Pedreira Martins de Lima
- Costa Gomes
- Guilherme Rodrigues
- João Lúcio Serejo
- Álvaro de Oliveira Soares Andreia
- João Salgueiro Rodrigues
- André Bastos
- Carlos Ludgero Antunes Cabrita
- João Sarmento Pimentel

[Na Foto: uma das fachadas da Real Fábrica da Cordoaria Nacional, em Lisboa, local onde a Comissão Militar Revolucionária se reuniu por diversas vezes para preparar a revolução de 4 e 5 de Outubro de 1910.]

A.A.B.M.

quarta-feira, 1 de julho de 2009


COMISSÃO MILITAR REVOLUCIONÁRIA DO 5 DE OUTUBRO DE 1910 (Parte I)

Foi no mês de Julho de 1909, em data que não foi possível determinar, que se iniciaram os preparativos para a revolução que acabou por ocorrer em 4 e 5 de Outubro de 1910.

Após a realização do Congresso do Partido Republicano, em que uma parte do partido decidiu organizar a conspiração para derrubar a monarquia foi necessário encontrar entre os conspiradores, desde os militares, à Maçonaria e à Carbonária quem estivesse disposto a arriscar na preparação da revolução.

Como sempre, nestas situações ou não existem documentos escritos, porque era muito arriscado; ou dependemos e acreditamos nas memórias e relatórios que nos foram legadas à posteriori. Tendo em consideração aquilo que temos consultado sobre o assunto, decidimos cruzar elementos entre diversas obras que resultam de testemunhos dos acontecimentos para tentar simplesmente dar conta de alguns dos nomes dos envolvidos no processo. Infelizmente, muitos desses homens permaneceram no anonimato e pouco se sabe sobre alguns deles. Outros, porque desempenharam funções e cargos públicos, acabaram por deixar algum rasto da sua existência, embora muitas vezes quase esquecido.

Vejamos então quem eram alguns dos membros dessa Comissão Militar Revolucionária:
- Carlos Cândido dos Reis
- Carvalho Araújo
- Filemon de Almeida
- Carvalhal Correia Henriques
- Pires Pereira
- José Cabral
- Hélder Ribeiro
- João Augusto de Fontes Pereira de Melo
- Azevedo Gomes
- Aragão e Melo
- José Mendes Cabeçadas Júnior
- Jaime de Morais
- Adalberto Gastão de Sousa Dias
- Machado Santos
- Álvaro Teles de Azevedo
- Augusto Ramos da Costa
- Afonso Pala
- Américo Olavo
- Câmara Leme
- Álvaro Pope
- Ernesto Sá Cardoso
- David Ferreira
- Moura Mendes
- João Manuel de Carvalho
- Pinto de Magalhães
- Assis Duarte Ferreira
- Artur Marinha de Campos
- Silva Pais
- António Joaquim de Sousa Júnior
- Monteiro Guimarães
- José Carlos da Maia
- João Fiel Stockler

Nos próximos dias procuraremos indicar mais alguns dos homens que prepararam a conspiração, principalmente, entre os militares sejam da marinha ou exército.

[Na imagem acima Artur Marinha de Campos que, com a devida vénia, utilizamos o que estava AQUI onde se faz um pequeno bosquejo biográfico sobre a personalidade]

Em continuação

A.A.B.M.