Nasceu em Vila Real em 25 de Maio de 1860. Inicialmente desempenhou a profissão de farmacêutico, mas porque mostrou aptidões para a escrita, começa a colaborar nos jornais. Adopta então a profissão de jornalista e colaborou em inúmeras publicações periódicas, especialmente ligadas ao Partido Republicano.
Destaca-se a sua colaboração na
Folha do Povo, no
Trinta, no
Século,
Os Debates,
A Vanguarda e, finalmente,
O País. Neste último jornal, foi o fundador em 1895 e dirigiu-o até à sua morte, provocada pela tuberculose, em 5 de Janeiro de 1900.
Segundo o professor Oliveira Marques, foi iniciado na Maçonaria em 1882, na Loja
Cavaleiros de Nemesis, em Lisboa, adoptando o nome simbólico de João Huss. [A. H. Oliveira Marques,
Dicionário da Maçonaria Portuguesa, vol. I, Editorial Delta, Lisboa, 1986, col. 413.]
Foi um jornalistas republicanos mais em destaque no seu tempo, envolvendo-se em várias polémicas, chegou a ser agredido e preso.
Escreveu
Alves Correia, nos
Debates, em 3 de Novembro de 1889, quando
D. Carlos chega ao trono:
Refervem as ambições em volta do novo trono do palácio de Belém, onde se senta um rapaz inexperiente, sem capacidade e sem prestígio moral, que um odioso privilégio coloca à frente do governo do país.
E como os ambiciosos são muitos e poucos os lugares que se pretendem, cada um pelo seu lado procura incessantemente e por todos os meios captar as régias simpatias, humilhando-se o mais que pode ante o novo monarca, para o adular conquistando-lhe a omnipotente simpatia. [...]
Dizem os partidos da régia omnipotência que no estado de descrédito e de fraqueza em que se encontram os partidos onde militam, é preciso que o rei seja o árbitro supremo da governação e por si só substitua os partidos fortes que fazem falta no mecanismo monárquico-representativo. [...]
Só o espírito de interesseira cortesania inspira as suas palavras [dos monárquicos]. É a ambição que determina essas tristíssimas abdicações de consciência de quem escreve os artigos a que nos referimos. Como sintoma, porém, é de um altíssimo valor, pois os nossos adversários confessam que à monarquia constitucional faltam os elementos de que ela absolutamente precisa para o seu exercício legal e regular, isto é, partidos fortes que a vigorem e que se alternem na governança de modo a satisfazer as necessidades públicas. Não obstante, defendem essa forma de governo que reconhecem gasta.
Defendem-na porque ela vive da corrupção e porque essa corrupção é também a base da riqueza de muitos que ainda há bem pouco tempo entravam na política com as algibeiras vazias, possuindo hoje ouro de mais e convicção de menos.
[grafia actualizada]
Sobre
Alves Correia, afirma
Joaquim Madureira (Bráz Burity),
Caras Amigas (Gente Limpa), Antiga Casa Bertrand José Bastos, Lisboa, s.d., p. 237-250:
Estou a vê-lo, anos depois, na nossa camaradagem do País, já moribundo, já com frouxos de tosse, metálicos e fundos, o facies chupado e luzidio, bistres as olheiras, crestados os lábios, os cabelos empastados em suores de febre, todo o seu desconjuntado cavername de magricela acolchoado numa pelissa [...].
Ainda estou a vê-lo ... poucos meses antes do desfecho, já em Monsanto, depois em Caneças, lutando sempre, vencido pela tísica traiçoeira, pela tísica implacável, desfibrando-lhe, dia-a-dia, momento a momento, a pobre carcassa enfezada que todas as refregas e todas as privações haviam batido durante anos, num temporal desfeito de misérias, de vigílias, de canseiras e de calúnias [...].
[Nos
Debates]
Alves Correia, em luta constante, em luta sangrenta com as instituições, hoje querelado, amanhã agredido, sempre caluniado, sempre perseguido, fez todas as campanhas do Ultimatum, do 11 de Fevereiro e do 20 de Agosto, agitou a alma nacional em todas as arremetidas de desforra que, liquidando na madrugada ingénua e épica, romanesca e bela do 31 de Janeiro, trouxeram a supressão violenta dos Debates e logo a seguir, puseram Alves Correia à frente da Vanguarda - talvez de todos os seus jornais,o que ele mais amou e, de todos eles, com certeza e incontestavelmente, o que mais lhe deveu em trabalho, em dedicações, em amarguras, em sacrifícios.
A.A.B.M.