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terça-feira, 10 de dezembro de 2024

JOSÉ ADELINO MALTEZ - DA REPÚBLICA DOS PORTUGUESES – CRÓNICA GERAL DA POLÍTICA

 


LIVRO: Da República dos Portugueses – Crónica geral da política;

AUTOR: José Adelino Maltez;
EDIÇÃO: Âncora Editora, Outubro 2024.

LANÇAMENTO/APRESENTAÇÃO

DIA: 18 de Dezembro de 2024 (18,00 horas);

LOCAL: Biblioteca de Alcântara José Dias Coelho (Rua José Dias Coelho, 27-29 - Lisboa);

ORADOR: Luís Bigotte Chorão;

ORGANIZAÇÃO: Âncora Editora 

► Nesta obra procura-se a genealogia das circunstâncias que transformaram Portugal, e os Portugueses, numa simples consequência de um paralelogramo de forças. Eles não são passíveis de uma biografia superiormente autorizada por um qualquer destino manifesto, justificando certa vida em comum, mas onde também não é aconselhável qualquer interpretação retroativa que assuma a verdade de explicar-nos quem somos.

Seria estúpido fazê-lo com preconceitos de esquerda ou fantasmas de direita, não detectando o essencial daquilo a que retroactivamente podemos dizer de sucessivas construções do Estado, acompanhadas por uma série de reconstruções.

Quem, nestes sobressaltos, quiser detectar a ideia e a estratégia de Portugal, entre os século XII e o século XXI, recorra aos poetas que as imaginaram, de Luís de Camões a Fernando Pessoa, ou, então, que se torne fiel de religiões reveladas, ou de sociedades iniciáticas que com elas concorrem. O autor, pelo menos, não consegue desfazer o mistério e, porque não tem contactos directos com uma divindade, apenas reconhece que tanto há Milagre de Ourique como Aparições de Fátima e que, de vez em quando, nos julgamos uma nação mítica [AQUI]

J.M.M.

sábado, 6 de julho de 2024

O SÉCULO DO LIBERALISMO. PORTUGAL 1820-1926


LIVRO: O Século do Liberalismo. Portugal 1820-1926;

AUTOR: Miriam Halpern Pereira;
EDIÇÃO: Fundação Calouste Gulbenkian, 2024, 866 p.

“Sem a economia, a história torna-se historizante, e sem a história a economia fica mais pobre nas suas explicações». A afirmação de Miriam Halpern Pereira perpassa em toda esta obra antológica. Estamos perante uma investigadora de excepcional qualidade, que soube aliar sempre a análise rigorosa dos acontecimentos complexos com uma perspectiva crítica, centrada no diálogo com os melhores autores. A perspectiva económica completa-se com a compreensão psicológica e sociológica — com um particular cuidado na dimensão pedagógica, para que a perspectiva e o método históricos possam abrir horizontes no entendimento das grandes tendências e das dinâmicas de desenvolvimento humano. […]

A evolução institucional nos séculos XIX e XX é analisada nos seus progressos e inércias. A lentidão das reformas liberais que se arrastam até à década de 1860, depois do reformismo audacioso de Mouzinho da Silveira, regista uma incidência cumulativa. Os impasses da segunda metade do século XIX nas finanças públicas tiveram incidência na situação económica, aumentando a necessidade de empréstimos para os melhoramentos materiais, que elevaram o custo do crédito, cerceando-se o impacto da modernização de instrumentos de crédito e da eficácia dos investimentos […]. Mas as raízes da situação e as exigências de superação apenas podem ser compreendidas mercê do diálogo entre História e Economia e do seu melhor entendimento.

A inclusão do presente livro da autoria de Miriam Halpern Pereira na colecção dos clássicos da Cultura Portuguesa da Fundação Calouste Gulbenkian constitui motivo de homenagem a um trabalho persistente de grande coerência”

[Guilherme D’ Oliveira Martins, in Prefácio]

J.M.M.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

[COIMBRA – LANÇAMENTO] A LUZ VINHA DO ORIENTE. COMUNISTAS E MAÇONS EM PORTUGAL (1919-1936)

 


LIVRO: A Luz vinha do Oriente. Comunistas e Maçons em Portugal (1919-1936);

AUTOR: António Ventura;

EDITORA: Âncora Editora


LANÇAMENTO EM COIMBRA


DIA: 9 de Maio de 2024 (18,00 horas);

LOCAL: Casa Municipal da Cultura de Coimbra (Rua Pedro Monteiro);

ORADOR: António Pedro Pita

A não perder

J.M.M.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

A RELIGIÃO DOS LIVROS. ALFARRABISTAS, LIVRARIAS E LIVREIROS


LIVRO: A religião dos livros. Alfarrabistas, livrarias e livreiros;
AUTOR: Carlos Maria Bobone;
EDIÇÃO: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2022.

 “ … Iria contra a essência do negócio não começar pelos livros. Acontece que os livreiros, talvez por hábito de prezarem a raridade dos seus canhenhos, poucas vezes os escrevem. São poucas as memórias de livreiros, os relatos do quotidiano numa livraria, ou as gabarolices impressas sobre grandes negócios. Mesmo como matéria de estudo, os livreiros são esquivos. Se há ensaios sobre história do livro, livros sobre tipografia — a bela «arte negra» — e uma tentativa de preservar a memória das casas editoriais mais emblemáticas, a verdade é que o livreiro parece sempre encarnar o parente pobre do livro. Os impressores antigos já foram estudados por Fernando Guedes e por Artur Anselmo, os modernos têm a atenção de Pedro Piedade Marques, Paulo da Costa Domingos ou João Luís Lisboa, mas os livreiros continuam sem Boswell que documente as suas façanhas.


Só entre estes autores citados, há estudos sobre as editoras &etc, Afrodite, Romano Torres, e sobre editores como Serafim Ferreira; houve também uma agência literária que começou uma colecção de livros com entrevistas a editores, que resultou num livro sobre Fernando Guedes, da Verbo, e noutro sobre Carlos da Veiga Ferreira, da Teorema. Sobre livreiros, porém, a matéria é muito mais escassa. Há uns estudos bem documentados mas muito localizados de Luís Farinha Franco, as notas possíveis à volta dos Bertrand e do grupo francês que, no século XVIII, dominou o comércio livreiro em Lisboa, e pouco mais. Também é certo, porém, que os livreiros pouco fazem pela sua causa. Se temos as já referidas memórias do editor Henrique Marques, se tivemos João Hermínio Monteiro, da Assírio e Alvim, a escrever nos jornais, como temos agora Manuel Alberto Valente, onde estão as memórias de livreiros tão emblemáticos como o Ferin, ou de um que fosse dos irmãos Bertrand

Teríamos certamente muito a ganhar com as memórias de Tarcísio Trindade, o fundador da Livraria Campos Trindade, que, de um poeta promissor referido na primeira edição da História da Literatura Portuguesa de António José Saraiva e Óscar Lopes, se transforma num reputado livreiro, responsável pelo achamento do Tratado de Confissom, primeiro livro impresso em Portugal (cuja venda, aliás, motivou uma história mirabolante, com prisões e muito secretismo à mistura). Ainda hoje se fala com saudade da Livraria Histórica e Ultramarina, de José Maria Costa e Silva (Almarjão), que reunia uma famosa tertúlia aos sábados, e do seu armazém na Travessa da Queimada, gerido com mão de ferro pelo alemão Fritz Berkemeier, e sob cuja alçada o meu pai começou a sua actividade […]

De facto, há livreiros que fazem do negócio quase uma colecção pessoal. Não é preciso chegar ao ponto de Tavares de Carvalho, durante vários anos o grande alfarrabista português, que recebia os clientes em casa, casa essa em que todos os livros estavam à venda, contando que fosse pelo preço que ele queria

Lourenço Lancastre de Sousa e Sérgio Moreno são também livreiros sem livraria aberta, em que o negócio e a bibliofilia andam de mão dada. Lourenço Lancastre de Sousa coleccionou, durante anos, livros sobre a Arrábida, que acabou por vender em conjunto; pratica, também ele, cuidados de bibliófilo — como identificar até, quando é possível, os encadernadores dos livros que compra, sejam portugueses ou estrangeiros — que fariam inveja a muito coleccionador. Estes livreiros cultivam, normalmente, um perfil mais discreto. São livreiros pessoais, cujo lugar na rede de contactos se conquista, e que escolhem os clientes e os livros com refinado critério. O cliente pode sentir-se um privilegiado por comprar um livro a um destes livreiros, por ser admitido no armazém ou no escritório do seu vendedor. A partir do momento em que recebe uma chamada de um destes livreiros, pode o aspirante a bibliófilo dormir descansado — conseguiu uma reputação de coleccionador de pleno direito …”

[Carlos Maria Bobone, in A religião dos livros …, pp. 23-25 - sublinhados nossos]

J.M.M. 

quinta-feira, 28 de julho de 2016

A PRIMEIRA REPÚBLICA. NA FRONTEIRA DO LIBERALISMO E DA DEMOCRACIA, POR MIRIAM HALPERN PEREIRA

Foi editado este mês uma obra que o Almanaque Republicano não pode deixar de divulgar junto de todos os que seguem este nosso espaço de divulgação de bibliografia, de eventos (conferências, colóquios e cursos) e de alguma investigação (ainda que pouca, com muita pena nossa) que se vão fazendo pelo País e que nos vão fazendo chegar ou que vamos tendo conhecimento.

Desta vez a Professora Miriam Halpern Pereira que já tinha realizado vários estudos parcelares sobre o período da I República Portuguesa decidiu investigar e avançar com novos elementos para a compreensão da época. Em boa hora o fez, pois a obra foi publicada e apresenta uma análise muito bem fundamentada, com bibliografia recente e criticamente analisada.

Pode ler-se na sinopse da obra:

Mais de um século decorrido sobre o início da Primeira República e este período da história recente do país continua a suscitar forte interesse. A instabilidade governamental e a vio­lência na rua não impediram o êxito de reformas decisivas na educação, na cultura, nas relações laborais, no estatuto da mulher e na relação en­tre o Estado e a população. Contu­do, a mudança não foi isenta de difi­culdades. Nunca é. Esta obra é uma síntese desse período e uma por­ta aberta para perceber as déca­das que se seguiram. Permite a um público não especializado aceder a uma interpretação actualizada dos principais problemas desta épo­ca, e, desse modo, contribui para entender o presente. 

Primeira República é uma época que surpreende pelos contrastes paradoxais.

A cidadania limitada à população masculina e alfabetizada coexistiu com uma vigorosa intervenção cívica extraparlamentar. A instabilidade governamental e a violência na rua não impediram o êxito de decisivas reformas na educação, na cultura, nas relações laborais, no estatuto da mulher e na relação entre o Estado e a população. O crescimento económico, embora moderado, permitiu a recuperação da crise finissecular oitocentista e beneficiou da retoma internacional dos anos 20. Recuperou-se o equilíbrio financeiro. A consolidação do espaço colonial foi alcançada, aqui a quase totalidade da população africana foi excluída da cidadania, em consonância com as outras colónias europeias. A vontade de mudança esbarrou com frequência crescente no conservadorismo e o desfecho desse confronto violento foi dramático. Seguiram-se várias décadas de regressão educativa, cultural, social, cívica e política. Como se explica esta evolução? Nesta síntese atualizada encontrará a resposta. 

O objectivo deste livro é proporcionar essa visão sintética que permita a um público não especializado o acesso a uma interpretação actualizada dos principais problemas desta época.

Sobre a Autora pode ler-se:

Miriam Halpern Pereira é Professora Emérita do ISCTE/IUL. Principais livros: O Gosto pela História (2010), Diversidade e Assimetrias (2001), Das Revoluções Liberais ao Estado Novo (1994), Livre-câmbio e Desenvolvimento Económico: Portugal na Segunda Metade do Século XIX, 1971/1983. Fundadora do CEHC/ISCTE, o primeiro centro de História Contemporânea em Portugal, e da revista Ler História, foi diretora-geral dos Arquivos (IANTT). Foi-lhe atribuída a medalha de mérito científico, MCTES, 2016.

Uma excelente leitura para férias que podemos sugerir aos que nos visitam neste espaço virtual.

A.A.B.M.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

ANTÓNIO ARNAUT – A MESMA CAUSA. CONFERÊNCIAS E OUTRAS AFLUÊNCIAS


LIVRO: “A Mesma Causa. Conferências e Outras Afluências";
AUTOR: António Arnaut;
EDITORA: Coimbra Editora.

APRESENTAÇÃO E LANÇAMENTO:

DIA: 29 de Abril 2015 (17,30 horas)
LOCAL: Faculdade de Economia da Un. Coimbra (Sala Keynes), Av. Dias da Silva, 165, Coimbra.
ORADOR: dr. José Reis (director da FEUC)

Traga outro Amigo também

J.M.M.

sábado, 7 de março de 2015

RAMADA CURTO – REPUBLICANO, SOCIALISTA E LAICO



AUTOR: Luís Farinha;
EDITORA: Edições Assembleia da República, 403 p.

Amílcar da Silva Ramada Curto reúne a feliz particularidade de ter sido um parlamentar e ministro que iniciou a sua carreira política no Partido Republicano Português (PRP) e que, depois da Jornada de Monsanto de 1919, se tornou socialista, iluminando, assim, um percurso riquíssimo de transição política.

Inicia-se na política com a Greve Académica de 1907 e entra nas Constituintes como uma jovem promessa dos 'anos da propaganda'. Integra a designada Geração do Resgate, revolucionária e radical, profundamente anticlerical e, simultaneamente, democrática e socializante.

Desenvolveu uma intensa atividade política e parlamentar, como um convicto afonsista, numa primeira fase do regime, até ao golpe sidonista.

Depois da 'guerra civil', empenhou-se na refundação da República. É durante esta segunda fase que faz o trânsito para o Partido Socialista Português (PSP), de que se tornou líder em 1920).

Manteve a condição de parlamentar - com um significativo interregno entre 1921-1925 –, até à queda da República, mas abandonou o Parlamento uma semana antes do Golpe Militar de 28 de Maio. Neste período, livre da atividade parlamentar, enceta uma reorganização do PSP, especialmente a partir do X Congresso Nacional do partido, realizado em Tomar, em 1922. A partir destes anos, no Parlamento ou na imprensa, Ramada Curto e os seus 'companheiros' socialistas assumem-se como uma espécie de consciência crítica da República.

O livro continua a acompanhar o seu percurso socialista durante a Ditadura Militar, até à Conferência de Coimbra de 1933, onde fica clarificada a estratégia do PSP, tanto no que diz respeito às suas relações com a Ditadura Militar/Estado Novo, como no que concerne à tática seguida nas relações com as restantes oposições.

O trabalho alicerça-se sobre a dimensão processual da atividade política de Ramada Curto, articulando, por patamares, a implantação, consolidação e queda do regime republicano com a experiência individual:
 
i) do estudante que contribuiu para a “sindicalização” da luta estudantil e desse modo se tornou um obreiro indiscutível da República; ii) do Constituinte e do parlamentar que lutou arduamente pela instalação de um novo regime, por meio de um processo revolucionário; iii) do homem de Direito que quis harmonizar as leis do país com os novos princípios democráticos em que acreditava; iv) do combatente que exigia uma República democrática e social; v) ou, por fim, do militante que acreditou na via reformista do socialismo democrático, ao mesmo tempo que em Portugal e na Europa vingavam as experiências totalitárias.

Ramada foi um advogado ilustre em casos que, pelas suas relações com o mundo político, escancaravam as portas para o interior do regime, como aconteceu com o processo sobre a Noite Sangrenta ou com o processo sobre O Caso Angola e Metrópole; como muitos outros, foi também advogado de opositores à Ditadura Militar e ao Estado Novo. Personalidade multifacetada, Ramada foi, ainda, um dramaturgo de renome, 'o mais fecundo autor de teatro' português no período entre as duas Guerras, como considerou o insuspeito Luís Francisco Rebello” [AQUI - sublinhados nossos]

J.M.M.
 

terça-feira, 3 de março de 2015

PROENÇA, CORTESÃO, SÉRGIO E O GRUPO SEARA NOVA - LIVRO


Na próxima quinta-feira, 5 de Março de 2015, pelas 18.30 h, na sala D. Pedro V, na Faculdade de Letras de Lisboa, vai ser apresentada a obra cujo título se apresenta em epígrafe e que resultou do Colóquio realizado em 2009 acerca do tema.

Com org. de Amon Pinho, António Pedro Mesquita e Romana Valente Pinho, a obra conta com múltiplas colaborações que é possível perceber através da contracapa.

Pode ler-se no prefácio do Professor António Reis:
"O Colóquio sobre Proença, Cortesão, Sérgio e o Grupo Seara Nova, organizado por Amon Pinho, António Pedro Mesquita e Romana Valente Pinho na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 2009, constituiu um importante acontecimento académico e, sem dúvida, um dos mais fecundos encontros científicos jamais promovidos em torno do grupo seareiro e das suas mais relevantes personalidades. E tantos foram, desde os que ocorreram na década de oitenta do passado século, assinalando os centenários dos nascimentos dessas mesmas personalidades, até ao que se realizou já na primeira década deste século sobre António Sérgio e organizado pelo Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa. E, no entanto, de cada vez que nos aproximamos dos grandes vultos seareiros, somos sempre surpreendidos por novos ângulos de abordagem e originais aprofundamentos das múltiplas dimensões dos respectivos magistérios. Como se fossem filões inesgotáveis a inspirarem sucessivas vagas de pesquisa por parte de renovadas gerações de estudiosos". 
António Reis
do Prefácio

O Professor Doutor António Ventura, do Centro de História da FLUL, foi o convidado para apresentar a presente obra.

[NOTA: clicar na imagem para aumentar e/ou guardar para conseguir ler.]

A.A.B.M.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

EDUARDO METZNER – VIDA E OBRA DE UM SEM-ABRIGO


AUTOR: Gabriel Rui Silva;
EDITORA: Licorne, 94 p.

APRESENTAÇÃO:

DIA: 20 de Fevereiro 2015 (16,00 horas)
LOCAL: Centro Cultural Casapiano (Biblioteca César da Silva), Lisboa.

Eduardo Metzner (20 de Março de 1886 – 20 de Fevereiro de 1922), aliás Eduardo Henrique  Metzner


[NOTA: fazemos ao post inicial uma importante corrigenda, da qual nos penitenciamos, no nome e na data de nascimento de Eduardo Metzner. Na verdade, as fontes oficiosaspor nós consultadas,  erradamente atribuem o nome completo de E. M. ao seu tio – Eduardo Henrique de Lima Metzner  -, o que não é verdadeiro. Gabriel Rui Silva teve a gentileza de nos chamar a atenção para tal facto, através de uma cordial missiva, que acompanhou com  o assento do (por si) biografado Eduardo H. Metzner. A nossa gratidão é total] .   
nasceu em Lisboa, foi aluno (nº 2753) da Casa Pia, jornalista, monárquico, libertário, boémio, revolucionário comunista [integrou a I Comissão Organizadora do Constituição do PCP, em Dezembro de 1920, com Manuel Ribeiro, campos Lima, Carlos Rates, António Peixe, entre outros, bem como fez parte dos Corpos Directivos do PCP, em Outubro de 1921, na sua Comissão Geral de Educação e Propaganda], iconoclasta, poeta – não necessariamente por esta ordem. Morreu com 33 anos, no Hospital de S. José, vítima da tuberculose, da cadaverização da vida, do pequeno mundo, uma vida de poesia, revolta e privações.    



Eduardo Metzner colaborou em diversos periódicos, como o jornal “A Revolta” (1909; foi seu director e proprietário), “A Pátria” (1921) e publicou prosa e versos talentosos: “O Agonizar da Monarquia” (1906, “Os Deportados” (1906), “Seditiosa Verbat” (1907), “A República é uma mentira: resposta ao opúsculo de Bernardino Machado ‘Só a República é verdade” (1908), “Herodes” (1910), “Falperra de Gorro Phrygio” (1912), “Panfletos Revolucionários” (1912), “Os Bárbaros do Norte” (1915), “Camões morto de fome; ao sr. Teóphilo Braga …” (s.d.), “A verdade acerca da revolução russa” (1919), “Diamantes negros” (Poemas, 1925, ed. póstuma)

Eduardo Metzner, para quem “a morte é uma noite de noivado” [E.M. dixit] está biografado por Gabriel Rui Silva. Agradecemos.

J.M.M.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

MEU PAI, O GENERAL SEM MEDO - NO CINQUENTENÁRIO DO SEU ASSASSINATO


AUTORA: Iva delgado;
EDITORA: Caminho, 2015, 200 p.

LANÇAMENTO:

DIA: 13 de Fevereiro 2015 (18,00 horas)
LOCAL: Cinema São Jorge
ORADORES: Irene Pimentel | Helena Roseta | André Gago | António Costa

Humberto Delgado ficou conhecido como General sem Medo, pela coragem com que enfrentou a ditadura de Salazar. Aclamado por multidões de norte a sul de Portugal, lutou pela Liberdade até à sua morte às mãos da PIDE, em 13 de Fevereiro de 1965.

O livro de memórias de sua filha revela-nos o lado íntimo dessa figura carismática. Humberto Delgado é recordado no seu bom humor e na sua generosidade, como pai a um tempo rigoroso e criador de elos afectivos.

A presente obra inclui correspondência violada pela PIDE e uma extraordinária colecção de fotografias na maior parte inéditas. Iva Delgado deixa-nos um testemunho ímpar sobre um homem que se tornou um mito do século XX português.” [AQUI]
 
J.M.M.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

BIBLIOTECA DE RAMIRO TEIXEIRA – LEILÃO [PARTE II]


LEILÃO DA BIBLIOTECA DE RAMIRO TEIXEIRA [CONTINUAÇÃO]


“Aqui chegado abro um parêntese.

Conheci Manuel Ferreira, porque é dele que agora vou falar, como participante de um grupo coral nos meados dos anos 60 ou 70 do século passado, sem a consciência de já o conhecer de período anterior, através de trocas e baldrocas de livros policiais na estreitíssima travessa de Cedofeita, na Casa Brique, porventura mais conhecida por "Casa Azul", onde seu pai possuía uma casa de antiguidades.

Homem em idade recém-chegado a tal, Manuel Ferreira demonstrou tais qua1idades no negócio dos livros que comprava e revendia depois de os ler, tal como os demais que vinham no arrasto das compras de mobiliário e demais recheio que o pai adquiria, que este, certo dia, o conduziu a um estabelecimento encerrado na rua Formosa e o desafiou: Acho que é altura de começares a desenvolver o teu próprio negócio... Se te agrada o local, vamos tratar do aluguer...

Com cerca de trinta anos, casado e já com dois filhos, Manuel Ferreira não hesitou: assim nasceu o livreiro-alfarrabista Manuel Ferreira no mês de Abril do ano de 1959.

Na pré-abertura do estabelecimento, uma porta e uma montra na rua Formosa, há quem o afirme, foi depositado o bebé Herculano [Ferreira], então com onze meses, enquanto seus pais procediam ao arrumo das obras pelas prateleiras instaladas! Não consta que alguém o tenha pretendido adquirir, apesar de alguns transeuntes se quedarem de forma enternecida na observação do seu sono inocente ou do seu gestual traquina numa alcofa...

Pouco tempo depois, Manuel Ferreira dava a conhecer as obras de mérito de que dispunha através de listas tiradas a stencil. Catálogo propriamente dito iniciou-os só em 1967 e os manteve até ao seu passamento (15/712010), num total de 89, hoje fonte documental de preciosos verbetes sobre a literatura portuguesa, ao que teremos de acrescentar os demais que organizou para leilão sob a sua própria chancela ou sob o signo da "In-Libris", hoje sob os cuidados dos seu filho mais novo, Paulo Ferreira.

Antes, porém, a partir de 1963 e até 1998, em consequência do convite que lhe foi dirigido pela filial da agência de leilões de Soares & Mendonça para organizar os seus catálogos, elaborou Manuel Ferreira mais de 60, sendo, aliás, neste período que me iniciei como imberbe bibliófilo, ainda que já viciado e compulsivo.

Esta agência, que deixou marcas indeléveis no burgo portuense, veio a encerrar as suas instalações no Porto muito provavelmente em consequência da morte do Sr. Albertino, um pregoeiro espantoso, num estúpido acidente de viação em Coimbra.

Pioneiro na promoção dos chamados "modernistas", dos homens de "Orpheu" aos da "Presença" e surrealistas, passando pelos neo-realístas do "Novo Cancioneiro" e da colecção dos "Novos Prosadores", enquanto promotor de venda das suas obras primeiras, Manuel Ferreira, desde logo, quis seguramente marcar a diferença relativamente aos seus colegas de actividade.

No mais, quero crer, valeu-lhe a escola que os leilões de Soares & Mendonça lhe proporcionaram pelo desafio que implicavam.

Pelas suas mãos, por conta própria ou de outrem, passaram as maiores bibliotecas deste país, toda a espécie de obras literárias e científicas, desde os quinhentistas aos contemporâneos, obrigando-o, passe a expressão, que nem por isso será menos verdadeira, a incomensuráveis consultas e pesquisas, chegando mesmo a rectificar informes falaciosos dados como incontornáveis! Com tais conhecimentos, Manuel Ferreira bem poderia ter escolhido para tema do seu labor livreiro a divisa dos nossos descobridores quinhentistas que asseguravam que a experiência era a madre das cousas ...

Manuel Ferreira viveu 58 anos a organizar leilões, a comprar e a vender livros, nesta cidade do Porto que não o mereceu, já que a autarquia ficou indiferente ao cinquentenário do seu estabelecimento (2009), como se tal efeméride fosse coisa corriqueira e de nenhum interesse para o burgo. Tal qual como o foi relativamente ao centenário da Liv. Académica, agora do meu Amigo Nuno Canavez, cujo trajecto existencial memorizei na obra que o tem por referência, "Nuno Canavez. As palavras da amizade" (Porto, Calendário das Letras, 2008) e onde, ainda hoje, a tenho como espaço especial de tertúlia, de conversas a propósito e a despropósito, com outros clientes ocasionais.

A ver se me faço entender: não estou aqui a defender uma actividade cultural pela razão de o ser, e que muito justamente motivou que os intérpretes acima referidos fossem agraciados com o título de Comendador, mas tão simples mente qualquer outra actividade comercial alicerçada em 50 e 10O de existência.

Há muito já que a autarquia deveria ter um gabinete ou um serviço atento às datas mais significativas para os seus comerciantes, industriais e demais personalidades públicas e intelectuais, de forma a ser ela, em primeira mão, a promover e a associar-se a este tipo de eventos. Porque não é todos os dias que se assinalam 50, 75 ou 10O de actividade cultural, comercial ou industrial.

É preciso que se crie a consciência de que uma empresa com esta longevidade, se calhar hoje mais do que nunca, adquire o direito de ser considerada um património da urbe e como tal ser reverenciada (…)

Segundo o dogma aceite, bibliófilo é aquele que ama os livros. Pois se os ama não só vive uma paixão avassaladora na maioria dos casos, como à força tem com eles uma relação sensual. A relação do bibliófilo com o livro, coisa feita de mil vagares e de mil saberes, aquém e além Gutenberg, que tão só o democratizou, não advém somente do que há lá dentro, o que narra, documenta, historia, inventaria ou ensina: é também, não poucas vezes, papel, tinta, caracteres tipográficos, capa, encadernação, ferros de gravar, dimensão, peso, etc., tudo contribuindo para o exercício de, entre outros pecados, satisfazer o do manuseio sensual, folha por folha, em quase acto onanista, fonte subtilíssima de prazer, ao qual adiciono o outro prazer que advém da descoberta e da necessidade da obra. E como entretanto ao longo da minha existência enquanto escritor, ensaísta, e comentador de obras de terceiros, muitas foram as necessidades que tinha de determinadas obras afins ao que trabalhava ou tinha em agenda de vir a trabalhar, a breve trecho dei por mim como um encarcerador de livros, distribuídos por duas residências, empacotados, encaixotados em grande número nas garagens e sótãos! E conquanto de todos tivesse pormenorizado registo e localização, inclusive o assento da sua valorização cronológica que retirava dos catálogos que recebia, a verdade é que a situação tornava-se insustentável pela dispersão e pela impossibilidade muitas vezes de deles me socorrer quando precisava.

Por outro lado o cabo do fim da vida foi-se aproximando. Que fazer da minha biblioteca? Decerto que os filhos ficarão na posse de alguns, não mais, porém, do que meia dúzia, dado que não só têm outros interesses na vida como as suas habitações não podem albergar o que possuo. Ou seja, ela não me vai sobreviver.

Custa? Claro que sim! A gente agarra-se a alguma coisa na pretensão de reter o tempo e a formação que nos deu o ser, enfim, a vida nossa que está inscrita nas páginas destas obras, de forma impressa e não poucas vezes manuscrita, como é o caso das dedicatórias dos autores em muitos dos exemplares que possuo, algumas delas reciprocamente avalizadoras, inter pares em admiração comum, mensagens de vida e de apreço que sabem a sonho e alimentam a fome sagrada dos que as têm por fundamentais. A maior parte delas têm-me como endereço, mas há muitas outras alheias, dirigidas a gente bem mais importante do que eu e que acabaram na mesma dispersão. Algumas das que me foram dirigidas provocam-me agora pesadelos, nomeadamente uma de Natália Correia, que exarou no exemplar que lhe apresentei para o efeito não me perdoar ter uma obra que ela não possuía e que há muito tempo perseguia!

E eu que não lhe a ofereci! Que mesquinho fui!

Chegou pois o tempo de decidir em consciência, escudando-me com o facto de estar a proceder de acordo com o destino de todas as grandes e pequenas bibliotecas que antecederam a minha.

Custa? Claro que sim! (…)"

Ramiro Teixeira, Excerto do “Prefácio” ao Catálogo do “Leilão daBiblioteca de Ramiro Teixeira”, Livraria Manuel Ferreira, Porto, 2015, Vol I

CATÁLOGO ONLINE AQUI [Vol I e Vol II]

J.M.M.

BIBLIOTECA DE RAMIRO TEIXEIRA – LEILÃO [PARTE I]


 
DIAS: 25-27 de Fevereiro (21,00 horas) | 28 de Fevereiro (15,30 horas) | 4-6 de Março (21,00 horas) | 7 de Março (15,30 horas);
LOCAL: Junta de Freguesia do Bonfim (Campo 24 de Agosto, Porto);

ORGANIZAÇÃO: Livraria Manuel Ferreira

CATÁLOGO ONLINE AQUI [Vol I e Vol II]

“… Walter Benjamin (I892-I940), crítico literário, ensaísta, tradutor, filósofo e sociólogo, escreveu algures que uma biblioteca constitui um testemunho credível do carácter do seu possuidor.

Decerto que sim, ainda que o presente catálogo não corresponda em rigor ao acervo da minha biblioteca. Antes de mais porque as obras ora apresentadas correspondem a menos de 50% das que possuo. Depois porque as registadas resultam da selecção criteriosa que o leiloeiro fez sobre o todo, orientando-se muito naturalmente pelo valor comercial ou potencial das que escolheu e pela experiência que tem recolhido dos licitantes de leilões.

Confrontando entre o que foi seleccionado e o que ficou, acho que as obras não escolhidas são mais susceptíveis de constituir um testemunho credível do meu carácter do que as primeiras. Para que conste, grosso modo, obras sobre Arte, Ensaios de Literatura e Crítica, Descobrimentos, História, Política, Religião, Sociologia, Ultramarina e Literatura Estrangeira, entre outras, foram excluídas em defesa delas próprias e dos seus autores, em face do escasso interesse que colhem na prática histórica dos leilões (…)

Refere A. Forjaz Sampaio no seu livro "Homens de Letras" (…), que um bibliófilo é sempre um bicho sossegado, um carcereiro de livros...

Estou com ele e acrescento: algumas vezes até carcereiro de livros que nunca leu e jamais virá a ler! (…)

Desde sempre tudo me interessou, acumulando livros numa demanda que se aproxima da procura mítica do Santo Graal, embora com incidência mais compulsiva nas épocas e autores que mais me fascinaram. Desde logo a Idade Média, o Humanismo, o Renascimento e o século XX. E quanto a autores, desde sempre, Santo António, S. Francisco de Assis, Dostoievsky, Proust, Thomas Mann, Faulkner,]oyce, Sartre, Camus, Camilo, Eça, Pessanha, Alves Redol, Vergílio Ferreira, Agustina Bessa Luís, António Rebordão Navarro, Ilse Losa, Luísa Dacosta, Mário Cláudio, Manuel Alegre, etc., mais a gente de Orpheu e da Presença.

Retomando a Forjaz Sampaio, no que diz respeito a bibliófilos, transcrevo: Um livro novo, a não ser que lhe garantam que é muito difícil de alcançar, não o tenta. Mas dêem-lhe um calhamaço joanino, com suas margens largas em rico papel de linho, suas vinhetas delicadíssimas, como já hoje não se grava, suas iniciais ornadas, sua encadernação do tempo, ou um pequeno quinhentista gótico (...) e vê-lo eis transmudado de sorumbático em bailador e de longorelhudo triste em farsola gracioso. (…)

Mas mais nos diz Walter Benjamin ao afirmar que, com o passar do tempo e com o crescimento da biblioteca, breve o bibliófilo passa a ter em atenção outros valores que não propriamente os do conteúdo, deixando-se seduzir pela excelência da impressão, das encadernações, das ilustrações, da raridade do exemplar, enfim, pelo valor que tais livros-objectos alcançam no mercado, fazendo-o transmigrar para a condição de investidor de capital.

A esta fatalidade confesso que também não escapei. Mas só muito moderadamente. Na verdade, escassas vezes me deixei seduzir por este parâmetro enquanto fim em si mesmo. Agora tratando-se de obra de autor ou de matéria em que estivesse a laborar, aí sim, não descansava enquanto a não obtivesse, olhando pouco ao preço e menos ainda à eventual valorização futura.

Na realidade nunca fiz da minha biblioteca um meio de investimento de capital. Tive-a sempre como fonte de união entre mim e o mundo, secundando Stefan Zweig que dizia que os livros são feitos para unir os homens.

Como tudo começou não sei bem, mas estou em crer que pelas tiras do Reizinho publicadas em "O Comércio do Porto", sem ainda saber ler, e depois pela banda desenhada de "O Príncipe Valente", em "O Primeiro de Janeiro", aos domingos.

Entretanto, fui acumulando a leitura da "Carochinha Japonesa" com as obras da Condessa de Ségur e das de Emílio Salgari, acrescidas, mais tarde, das de Júlio Verne, ao mesmo tempo que adquiria "Gibis" e demais banda desenhada, a par do "X-9", nas escadarias dos cinemas Rivoli, Coliseu do Porto e rampa do Parque das Camélias.

Com tais leituras a minha imaginação recriou-me como cavaleiro andante, pistoleiro, xerife, detective, aventureiro, capitão Marvel, Batman e demais... Os policiais vieram a seguir e tornaram-se quase uma obsessão. Fora estes, houve um em especial que li não sei quantas vezes: 'John, o Chauffeur Russo’ Primeiros livros, primeiros amores.

Os locais de aquisição eram os da Liv. Académica, alfarrabista Marinho, na rua Fernandes Tomás, junto ao antigo quartel dos Bombeiros, a par do outro estabelecimento na rua do Almada, dirigido pela sua irmã, no primitivo Candelabro, onde o Sr. Barros pontificava, e que tendo descoberto ter sido furtado de uma estátua, colocou na montra a peanha onde aquela se colocava, com um dístico a convidar o ladrão a levá-la sob o risco de desvalorizar o primitivo furto, e vez por outra na Casa Azul, na travessa de Cedofeita” [CONTINUA]

Ramiro Teixeira, Excerto do “Prefácio” ao Catálogo do “Leilão daBiblioteca de Ramiro Teixeira”, Livraria Manuel Ferreira, Porto, 2015, Vol I

[CONTINUA]

J.M.M.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

"OS DEMOCRATAS DE BRAGA. TESTEMUNHOS E EVOCAÇÕES" NO MUSEU BERNARDINO MACHADO

Realiza-se no próximo sábado, 7 de Fevereiro de 2015, no Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão, pelas 17 horas, a apresentação da obra, Os Democratas de Braga. Testemunhos e Evocações, organizado por José Viriato Capela, Henrique Barreto Nunes e Artur Sá da Costa.

Vai apresentar a presente obra, depois da apresentação feita em Braga, o Professor José Tengarrinha.

Pode ler-se na nota de divulgação do evento:

O livro reúne 17 depoimentos de democratas que lutaram contra a ditadura no Distrito de Braga e 11 textos memorialistas deixados por outros resistentes antifascistas, como Victor Sá, Lino Lima, Santos Simões, Tinoco de Faria e Eduardo Ribeiro, o único ainda vivo

Dez destes textos pertencem a famalicenses (Lino Lima, Pinheiro Braga, Armando Bacelar, Guilherme Branco e Manuel Cunha, já falecidos), sendo os outros testemunhos agora escritos, por Macedo Varela, Margarida Malvar, Salvador Coutinho, Gouveia Ferreira e Joaquim Loureiro. Artur Sá da Costa escreve a introdução, onde faz uma síntese da história das oposições à ditadura de direita no distrito. 

Para Sá da Costa “a resistência e o combate à ditadura de Salazar e Caetano no distrito de Braga assemelham-se aos que se travaram por todo o país e no exilio. Porém diferentes”. Para este famalicense “as diferenças notam-se na forma e irreverência, mas sobretudo na autonomia organizativa e programática, bem como na capacidade de ação e iniciativa política”, que os democratas de Braga alcançaram nos longos e persistentes combates que travaram contra a barbárie e o totalitarismo.

Este livro, editado pela Universidade do Minho e as edições Húmus, é fruto do programa conjunto das comemorações do 40º aniversário do 25 de Abril, organizado pelo Conselho Cultural e pelas câmaras municipais de Vila Nova de Famalicão e Barcelos. O então vereador da cultura, Paulo Cunha fez aprovar em 2013, no executivo municipal o projeto comemorativo, o qual englobava outras iniciativas, que não foi possível concretizar. Para o agora Presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha a publicação do livro “Os Democratas de Braga” tem desde logo o significado de que as parcerias entre as universidades e os municípios são de grande importância, permitindo alcançar objetivos dificilmente concretizáveis sem esta unidade de ação. Acresce que esta “recolha e preservação de um riquíssimo património imaterial das gentes de Vila Nova de Famalicão e do Distrito de Braga são um importante contributo para o estudo da história das lutas pela liberdade”. Além do mais, enfatiza o presidente da câmara: “Fico feliz por o livro agora editado reunir materiais (documentos, fotografias etc.) do Fundo Local da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, que estamos a ampliar e a preparar para consulta pública”.

Acrescente-se que no dia da apresentação do livro “Os Democratas de Braga” será inaugurada uma exposição sobre “A imprensa Clandestina durante a ditadura”, a qual faz parte deste projeto conjunto da Universidade do Minho e da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.

Mais uma interessantíssima sessão no Museu Bernardino Machado que não podemos deixar de divulgar entre os potenciais interessados no tema em apreço.

Com os votos do maior sucesso para mais esta iniciativa.

A.A.B.M.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

LEITURA E IDEOLOGIA REPUBLICANA: AS ESCOLAS E BIBLIOTECAS POPULARES DA FIGUEIRA DA FOZ (1900-1910)


LIVRO: “Leitura e Ideologia Republicana: As Escolas e Bibliotecas Populares da Figueira da Foz (1900-1910)";

AUTORA: Maria Isabel Gaspar Ferreira de Sousa;
EDITORA: CMFF, 2015.

LANÇAMENTO DA OBRA:

DIA: 31 de Janeiro 2015 (18,00 horas)
LOCAL: Biblioteca Municipal Pedro Fernandes Tomás da Figueira da Foz

Palavras-Chave: Bibliotecas Populares, Escolas Populares, Imprensa Local, Maçonaria, Republicanismo.

Este trabalho de dissertação assenta, antes de mais numa matriz geográfica e histórica da cidade da Figueira da Foz, no início do séc. XX assim como as suas freguesias limítrofes mais influentes: Tavarede e Buarcos (contudo, são feitas breves alusões a outras freguesias onde aos poucos foram sendo criadas instituições similares às primeiras freguesias e embebidas do mesmo espírito).

Temos como objeto de estudo a emergência e difusão do ideário republicano junto das populações, assim como a defesa intransigente da ideia do alargamento da instrução a um público cada vez mais vasto, combatendo o maior flagelo cultural do nosso país: o analfabetismo quase generalizado, através da criação de escolas e bibliotecas populares em Associações recreativas, de classe, mutualistas e outras. A certeza de que uma posição cívica e política mais consciente dos cidadãos só seria possível se fosse permitido o acesso à instrução a um maior número de pessoas, norteou a criação destas escolas, um pouco à margem do ensino oficial (que se definia como manifestamente insuficiente) e que tinham como objetivo tirar do analfabetismo uma grande parte do povo trabalhador da Figueira da Foz. Sendo assim, é neste ambiente ideológico fervilhante, na cidade da Figueira da Foz na primeira década do séc. XX que irão surgir as escolas populares, dinamizar conferências e cursos livres, criação de bibliotecas e salas de leitura que eram vistas como uma solução para o atraso cultural das camadas sociais mais baixas, rumo àquilo a que se entendia ser o progresso.

A Figueira da Foz beneficiou com a dinâmica de uma série de personalidades com características humanitárias e benemerentes, republicanos e maçons, que não mediram esforços no sentido de criar condições para 'derramar a luz da instrução' sobre as camadas populares” [in Resumo do livro]

J.M.M.