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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

LUÍS REIS TORGAL DISTINGUIDO COM O PRÉMIO JOAQUIM VERISSIMO SERRÃO


Luís Reis Torgal, historiador, Membro Fundador do CEIS20 e Professor Catedrático Aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, foi distinguido com o Prémio Joaquim Veríssimo Serrão/Fundação Engenheiro António de Almeida, atribuído pela Academia Portuguesa da História e pela Fundação Eng. António de Almeida, pela sua obra Vigias da Inquisição.

J.M.M.

domingo, 13 de junho de 2021

ESSA PALAVRA LIBERDADE. REVOLUÇÃO LIBERAL E CONTRARREVOLUIÇÃO ABSOLUTISTA (1820-1834)


LIVRO: Essa Palavra Liberdade. Revolução Liberal e Contrarrevolução Absolutista (1820-1834);

AUTOR: Luís Reis Torgal (pref. de Guilherme de Oliveira Martins);

EDITORA: Temas & Debates (Círculo de Leitores).

«Essa Palavra Liberdade..., livro do historiador Ls Reis Torgal, professor aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, vai estar disponível nas livrarias a partir do próximo dia 24. É uma edição da Temas e Debates (Círculo de Leitores) e integra-se nas Comemorações do Bicentenário da Revolução de 1820, adiadas para o próximo Outubro.

A revolução do Porto de 1820 e a Constituição de 1822 dela nascida abriram caminho, de modo inexorável, para o Estado de Direito, e esse facto projectou-se na História política portuguesa até aos nossos dias. Urge, portanto, relembrar, analisar e divulgar os acontecimentos que permitiram a Portugal substituir um rei absoluto por um sistema capaz de representar cidadãos. A historiografia apresentada neste livro pelo professor Luís Reis Torgal procura descortinar a complexidade dos fenómenos e as suas repercussões duráveis, de modo a que o leitor consiga perceber o longo caminho de afirmação do constitucionalismo e do liberalismo, até aos dias de hoje».

«Na verdade, é a "liberdade" que está em questão nesta obra. É a liberdade que se opõe ao absolutismo, mas também quando, na polémica sobre a Instrução Pública, os liberais mais coerentes pretendem criar (sem o conseguir) um novo edifício, baseado na cidadania, para substituir o do hierarquizado "Antigo Regime". É a liberdade que está em causa quando, em nome da "ordem" e perante a guerrilha liberal, outra vez saída do Porto, o absolutismo miguelista castiga, com o apoio da libertinagem de rua, os alegados estudantes radicais e "criminosos" (defensores, a seu modo, da liberdade), com uma execução exemplar. E é, enfim, também a liberdade, mas a liberdade económica - ideia utilizada por liberais, mas também por antiliberais - que se propõe em favor do desenvolvimento, mas também indiciadora da luta pelos interesses privados. "Liberdade" é, pois, uma palavra nobre, polissémica e ambígua. É nessa múltipla significação que o liberalismo, seu defensor contra a monarquia absoluta, a usa e dela abusa para fins privados. Essa palavra, "liberdade", é, pois, o que analisei neste discurso histórico, sempre cheio de interrogações. Será um conceito sempre a rever, no período que abordamos e nos dias que correm.» [da Introdução]

«Na linha da obra que ora tenho a honra de apresentar urge estudar, investigar, mas também desenvolver a ação pedagógica, no sentido da melhor historiografia, sem tentações “presentistas”. É o devir que constitui a História. Daí a importância do conhecimento e da perspetiva crítica. Eis a matéria-prima de que se faz este livro, sobre sementes perenes de modernidade» [Do Prefácio de Guilherme d’Oliveira Martins - sublinhados nossos]

J.M.M. 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

[CONFERÊNCIA] “FELIZMENTE HÁ LUAR” – LUÍS DE STTAU MONTEIRO, A CENSURA E A PIDE




DIA: 14 de Dezembro de 2018 (18,00 horas);
LOCAL: Exploratório Centro Ciência Viva de Coimbra [Rotunda das Lages. Parque Verde do Mondego], Coimbra;
ORGANIZAÇÃO: Lojas do Saber

ORADOR: PROF. Luís Reis Torgal

“Investigador do Estado Novo de Salazar, o conferencista teria necessariamente de vir a estudar a questão da Censura aos escritores e a sua repressão por parte da PIDE. Desta forma orientou alunos no âmbito de um projecto a que chamou precisamente “A repressão e os escritores no Estado Novo”.

Também se interessou, nesse âmbito, por Luís de Sttau Monteiro (1926-1993), que foi autor de uma peça histórica simbólica da luta contra a repressão — Felizmente há luar! (1961). Percebeu então que os documentos da Censura não são suficientes para entender o fenómeno da repressão intelectual. É o arquivo da PIDE que nos dá respostas mais cabais, não só no que diz respeito a esta peça trágico-heróica, mas relativamente a outras peças, que levaram Sttau Monteiro à prisão, de que se destaca A Guerra Santa ou A Estátua (1966).

Ver-se-á então o sentido do “outro teatro” de Sttau Monteiro, que poderemos chamar “teatro do absurdo”, e as suas reacções, ao nível do Estado e da oposição, pois a prisão do escritor — que depois de um longo período em que não pôde ver as suas obras em palco, acabou no tempo marcelista e, sobretudo, depois do 25 de Abril por ser encenado várias vezes — acabou por criar um grande movimento de intelectuais nacionais e estrangeiros que o levaram à liberdade. Mesmo a justiça militar acabou por conceder essa libertação. Foi, sem dúvida, uma das vitórias da oposição, ao mesmo tempo que um teatro de luta se afirmava em vários pontos do país, sempre vigiado pela Censura” [AQUI]

A não perder!

J.M.M.

sexta-feira, 9 de março de 2018

DO MINHO AO MANDOVI: UM ESTUDO SOBRE O PENSAMENTO COLONIAL DE NORTON DE MATOS



LIVRO: Do Minho ao Mandovi: um Estudo sobre o pensamento Colonial de Norton de Matos;
AUTOR
: Sérgio Neto;
EDITORA: Imprensa da Univ. de Coimbra, 2016.

(RE)LANÇAMENTO [AQUI a nossa Nota de lançamento]:

DIA: 12 de Março 2018 (17,15 horas);
LOCAL:
Escola Secundária José Falcão (Biblioteca), Coimbra;
ORADORES: Prof. Luís Reis Torgal | Prof. Armando Malheiro da Silva;

A longa vida do general José Norton de Matos (1867-1955) teve na questão colonial, apesar do “Milagre de Tancos” e da sua candidatura à presidência da República, em 1949, um esteio maior. Com efeito, a sua comissão na Índia, (1898-1908), onde dirigiu os Serviços de Agrimensura, a sua participação na missão encarregue de delimitar os limites de Macau (1909-1910), assim como os cargos de Governador-Geral (1912-1915) e de Alto-Comissário (1921-1924) da província de Angola, assinalaram muitos anos de actividade no Ultramar, a que se seguiu, uma vez concluída a acção no terreno, a redacção de livros de pendor doutrinário e uma vasta colaboração em jornais e revistas, sendo de destacar aquela que desenvolveu n’O Primeiro de Janeiro (1931-1954).

 

De resto, é possível falar num saber (sobretudo) de experiência feito, em que Norton beneficiou do contacto directo com colonialistas de gerações anteriores, como Mouzinho de Albuquerque, Henrique Paiva Couceiro ou Joaquim José Machado, governador da Índia quando da sua chegada a este território. Seja como for, as leituras dos clássicos ingleses da colonização tiveram o seu lugar no ideário “nortoniano”, expressando o general grande apreço pela aliança com a Grã- Bretanha e admiração pelos seus processos administrativos nos territórios africanos e na Índia. 

O objectivo deste estudo é seguir o percurso colonial de Norton de Matos, de modo a integrá-lo na sua época. Havendo convivido com a questão ultramarina, ao longo de três regimes políticos, ensaiar-se-á avaliar a sua experiência colonial a partir das linhas de força da Monarquia Constitucional, da Primeira República e do Estado Novo. Apreciar os debates e os argumentos trocados. Explicar o impacto da geopolítica mundial do período de entre-guerras no olhar desta importante figura histórica portuguesa do século XX, cotejando-a com a mitologia colonial herdada da Primeira República e aqueloutra desenvolvida pelo Estado Novo. 

Importa, pois, estabelecer os pontos de contacto entre os três regimes e explicitar algumas ideias que permearam as suas visões, nomeadamente, o mito prometeico da “gesta colonizadora”, o Apartheid, a miscigenação e o entendimento colonial que fazia dos imperialismos coloniais, assim como as primeiras independências, na Ásia e em África [AQUI]

J.M.M.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

COLÓQUIO: 1817 REVOLTA E REVOLUÇÃO NO REINO UNIDO DE PORTUGAL, BRASIL E ALGARVES NA FLUC

Na próxima sexta-feira, 20 de Outubro de 2017, na Sala Silva Dias, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, realiza-se o colóquio subordinado ao tema: 1817 - Revolta e Revolução no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

PROGRAMA
9h 45m  | Sessão de Abertura

10h Como fazer uma revolução: a historiografia e o movimento de 1817 em Pernambuco . Guilherme Pereira das Neves  (UFF/Brasil) 
10h 30m Indisponibilidade e fratura no centro político: proteção britânica, retorno dos membros da Legião Portuguesa e dissidências ideológicas . Ana Cristina Araújo (FLUC/CHSC)

11h 15m  | Pausa

11h 30m Felizmente houve luar? A conspiração de 1817 ou de Gomes Freire de Andrade e as  suas interpretações no liberalismo . Isabel Nobre Vargues (FLUC/CEIS20) 
12h Memória e História:“de traidores a mártires da Pátria”, em perspetiva crítica . Miriam Halpern Pereira (CIES/ISCTE-IUL)

Debate 
Moderador Luís Reis Torgal (FLUC/CEIS20) 
12h 45m | Encerramento

Coordenação Científica: Luís Reis Torgal (FLUC/CEIS20)

Uma excelente oportunidade para quem está em Coimbra e arredores para aprender/conhecer/reflectir e debater algumas ideias que os ilustres historiadores irão apresentar.

Uma iniciativa que se divulga, desejando o maior sucesso aos organizadores e participantes.

A.A.B.M.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

DO MINHO AO MANDOVI

Amanhã, 10 de Abril de 2017, na Sala Francisco Sá de Miranda, na Casa Municipal da Cultura em Coimbra, vai realizar-se a apresentação da obra de Sérgio Neto, intitulada Do Minho ao Mandovi. Um Estudo sobre o Pensamento Colonial de Norton de Matos.

A sessão terá início às 17 horas.

A apresentação da obra está a cargo dos Professores Doutores Luis Reis Torgal e Armando Malheiro da Silva.

Com os votos do maior sucesso para esta iniciativa.

[Clicar na imagem para aumentar.]

A.A.B.M.


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

TOMÁS DA FONSECA – MISSIONÁRIO DO POVO – UMA BIOGRAFIA


 
 
LIVRO: Tomás da Fonseca – Missionário do Povo – Uma Biografia;
AUTOR: Luís Filipe Torgal [pref. de Vítor Neto];
EDIÇÃO: Antígona, 2016, p. 448
 
LANÇAMENTO EM COIMBRA

DIA: 15 de Outubro (17,00 horas);
LOCAL: Casa Municipal da Cultura (Sala Silva Dias), Coimbra;
ORADOR: Fernando Catroga
 
 
 “Primeira biografia de fôlego sobre José Tomás da Fonseca (1877-1968) e o seu tempo, a presente obra analisa a vida longa e polémica desta personalidade de impressionante produção literária e actividade intelectual, permanentemente na linha da frente do arriscado confronto político.

Cruzando dois séculos e vários regimes políticos, Tomás da Fonseca – Missionário do Povo traça o percurso desde as origens humildes deste ex-seminarista e pedagogo, até à sua afirmação como republicano laico e ateu, referência incontornável do anticlericalismo português e, no período do Estado Novo, patriarca das oposições. Legou-nos, entre outras obras, Sermões da Montanha, O Santo Condestável – Alegações do Cardeal Diabo e Na Cova dos Leões, um dos mais emblemáticos textos subversivos impressos em Portugal durante o salazarismo, e desconstruiu de modo desassombrado as visões e o culto de Fátima.

Estudo meticuloso, este livro desvenda as representações contraditórias e o legado de Tomás da Fonseca, tido ora por anticlerical fanático, mistificador e iconoclasta, ora por apóstolo cívico do laicismo e símbolo dos livres-pensadores portugueses [AQUI].
 
 
J.M.M.

sábado, 26 de março de 2016

O CASO DOS “DIVODIGNOS” E AS LUTAS ENTRE LIBERAIS E ABSOLUTISTAS



LIVRO: O caso dos “Divodignos” e as lutas entres liberais e  absolutistas. História. Memória e Ideologia;
Autor: Luís Reis Torgal;
EDIÇÃO: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, 2016.

A Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova promoveu o lançamento do livro 'O Caso dos ‘Divodignos’ e as Lutas Entre Liberais e Absolutistas: História, Memória e Ideologia”, de Luís Reis Torgal, com o objectivo de documentar, preservar e divulgar a importância deste acontecimento histórico, segundo anunciou, hoje, a autarquia.




O lançamento da obra coincidiu com a inauguração de um memorial, na sexta-feira, no lugar do Cartaxinho, freguesia de Ega, uma vez que nesse lugar, a 18 de Março de 1828, deu-se o recontro entre estudantes liberais da associação secreta designada por “Divodignos” e uma comitiva universitária e eclesiástica que ia a Lisboa prestar homenagem ao proclamado “Rei Absoluto” D. Miguel, que se opusera à Carta Constitucional.

Nesse acontecimento morreram dois lentes da Universidade de Coimbra, tendo sido posteriormente executados nove estudantes, em 20 de Junho de 1828, no cais do Tojo, em Lisboa.

 

Com esta inauguração e com a apresentação do livro, o executivo da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 'pretende colocar em prática uma das mais nobres missões do poder autárquico, que é estar ao serviço da preservação e divulgação da micro-história local, que consiste muitas vezes em pequenos episódios e acontecimentos cujo alcance, se não têm repercussão fora de portas, falam todavia no íntimo à comunidade autóctone', justifica a vereadora Liliana Pimentel no prefácio da obra.

O caso dos 'Divodignos', nomeadamente, o recontro entre a associação secreta dos estudantes liberais e a comitiva universitária e eclesiástica, acontecimento vulgarmente conhecido por 'assassinato dos lentes', tem sido fortemente divulgado pela literatura, pois os acontecimentos subjacentes ao drama atingiram notoriedade nacional, tanto assim que despertaram imediato interesse literário, sob a forma de ficção literária, cénica, telenovelística e popular', refere a autarquia condeixense”

 [LER AQUI | AQUI | AQUI ]

FOTOS via Pró-Associação 8 de Maio, com a devida vénia

 

Sociedade dos Divodignos" [Divodigus] ou Divodis (1828) - Era composta, na quase totalidade, por estudantes liberais - o seu presidente era Francisco Cesario Rodrigues Moacho -, e de onde saíram os estudantes que participaram nos assassinatos e ferimentos aos lentes e cónegos [Jeronymo Joaquim de Figueiredo e Mattheus de Sousa Coutinho, foram os lentes mortos], no dia 18 de Março de 1828, além de Condeixa [sítio do Cartaxinho]. Tinham as reuniões na Rua do Loureiro, em umas casas pequenas do lado esquerdo logo acima do Arco de D. Jacintha" [in, Apontamentos para a História Contemporânea, p. 93]. Tinham os Divodignos "uma constituição, uma lei orgânica, que prescrevia a obrigação de actos violentos, e nestes, até o assassinato" [cf. Alberto de Sousa Lamy, A Academia de Coimbra 1537-1990].

Segundo um elemento pertencendo à sociedade [conta Joaquim Martins de Carvalho] faziam os Divodigus as assembleias num casarão quase subterrâneo, sito nos Palácios Confusos. Foi, aí, que se resolveu a trama de Condeixa, isto é, o cumprimento da deliberação de tirar do caminho de Lisboa os "membros das duas deputações " que levavam felicitações ao rei d. Miguel.

Assistiram a essa sessão dos Divodignos, 200 académicos liberais, tendo sido sorteados 13 deles para o cumprimento da missão. Segundo Joaquim Martins de Carvalho [op. cit], os membros dos Divodignos que "desfecharam as armas" foram: Delfino Antonio de Miranda e Mattos [de Barcelos], Bento Adjuto Soares Couceiro e Antonio Correia Megre.

Perante a descoberta ocasional do crime ocorreram populares e uma força de Cavalaria, que ali passava, pondo em debandada os Divodignos. Foram presos e enforcados [cf. Joaquim de Carvalho, op. cit, p. 96] nove deles [Bento Adjuto Soares Couceiro, Delfino Antonio de Miranda e Mattos, Antonio Correia Megre, Domingos Barata Delgado, Carlos Lidoro de Sousa Pinto Bandeira, Urbano de Figueiredo, Francisco do Amor Ferreira Rocha, Domingos Joaquim dos Reis e Manuel Inocêncio  de Araújo Mansilha]. Foram conduzidos para Lisboa e do processo resultou na sentença [muito contestada juridicamente] de morte por "enforcamento" no dia 20 de Junho de 1828, no "cais do Tejo, a Santa Apolónia" [cf. Lamy, op. cit].

Ainda segundo J. Martins de Carvalho evadiram-se os quatro restantes [diga-se que José Germano da Cunha, nos "Apontamentos para história do Concelho do Fundão" (Lisboa, 1892) diz-nos que foram enforcados 10 dos membros dos Divodignos e que escaparam 3, referindo: Bernardo Nunes, o padre Bernardo Antonio Ferreira e Francisco Sedano Bento de Mello], registando Martins de Carvalho os seguintes:

Antonio Maria das Neves Carneiro (do Fundão, e que acabou por ser enforcado em 1830), Francisco Sedano Bento de Mello (Caldas da Rainha), José Joaquim de Azevedo e Silva (Lisboa) e Manuel do Nascimento Serpa (falecido na Misericórdia de Lagos, com o nome de "Fresca Ribeira"- ver obra citada e, principalmente, o Capitulo XII, "Sentença  que condenou à morte os 9 estudantes enforcados a 20 de Junho de 1828"; do mesmo modo, consultar os "Grande Dramas Judiciários", de Sousa e Costa; idem para Oliveira Martins, in Portugal Contemporâneo, vol I.; ou Teófilo Braga, "História da Universidade de Coimbra", tomo IV; tb Camilo Castelo-Branco, in "O Retrato de Ricardina.”

[texto nosso, publicado no Almocreve das Petas (ver Associações de Coimbra), a 24 de Novembro de 2003 | outra Anotação nossa]

J.M.M.

domingo, 9 de agosto de 2015

O PANTEÃO NACIONAL – POR LUÍS REIS TORGAL (PARTE II)


Como surgiu afinal o Panteão ou o Pantheon? Podemos obviamente recordar o santuário de todos os deuses, na Grécia ou na Roma antigas. Mas os túmulos da memória, os memoriais ou os cenotáfios (placas que recordam os que morreram com “fama de heróis”) aparecem desde a Antiguidade e são retomados ao longo da história. Foi, porém, a Revolução Francesa que criou o Panteão como lugar oficial de culto nacional dos “notáveis”. Mirabeau e Voltaire terão sido os primeiros a ocupar a igreja de Sainte Geneviève, laicizada com a Revolução e transformada em Panthéon National. E continuaram a entrar nela figuras ilustres até porque o movimento republicano foi ali — como veio a ser em Portugal — animado pelo Positivismo de Comte, que criou uma “religião da Humanidade”, na qual se apresentavam como exemplos os mortos ilustres, quer no Panteão, quer no Calendário positivista, quer nos Centenários, quer mesmo em templos construídos para o efeito. Mas panteões, oficiais ou não, existem de uma forma ou de outra em muitos países e em diversos lugares, com personalidades que se crê terem feito parte fundamental das suas histórias nacionais, sejam reis, governantes (mesmo que viessem a ser considerados ditadores), cientistas, artistas ou escritores. A Basilica di Santa Croce, em Florença, é disso um peculiar exemplo.

Portugal não deixou de seguir o mesmo rumo. É claro que se quis panteonizar os mosteiros da Batalha (onde estão alguns dos reis da dinastia de Avis, mas também os dois túmulos dos “soldados desconhecidos” da Grande Guerra, numa forma de a República eternizar o povo combatente e sacrificado, anónimo, que se repetiu em todas as vilas e cidades em múltiplos monumentos, por vezes com a identificação dos “heróis”) e dos Jerónimos (onde foram sepultados membros da Casa Real — que teve o seu Panteão da dinastia de Bragança em S. Vicente de Fora — mas onde também se celebram Camões, Vasco da Gama e Alexandre Herculano). E é verdade que em Coimbra houve a prática, já mais recente, de conceder à igreja de Santa Cruz o sentido de “Panteão Nacional”, pois ali estão sepultados, em ricos túmulos do século XVI, os dois primeiros reis de Portugal (D. Afonso Henriques e D. Sancho I). Todavia, o liberalismo quis criar, como na França, o seu próprio “Panteão Nacional”, que surgiu por decreto de Passos Manuel de 1836 sem lugar definido, assim como a I República em 1916 (em tempo de governo de guerra da “Aliança Sagrada”, de António José de Almeida e de Afonso Costa) deliberou, por lei, instituir o Panteão Nacional na igreja sempre inacabada de Santa Engrácia, obras eternas, iniciadas no século XVIII e cuja imagem foi sintetizada no provérbio popular de “obras de Santa Engrácia”.

Mas o certo é que, na prática, o Panteão Nacional é uma obra do Estado Novo, pois só em 1 de Dezembro  — dia da Restauração — do ano de 1966 foi inaugurado, com a presença do Cardeal Cerejeira, do presidente da República Américo Tomás e do presidente do Conselho Oliveira Salazar. Recordemos que estávamos então em plena “Guerra do Ultramar”, em que “heróis” eram celebrados todos os anos pelo 10 de Junho e em que Eusébio representava então o “ultramarino” negro — tão português como outros — que deslumbrava o mundo na “equipa das quinas”. Para ali foram então trasladados os corpos dos escritores Almeida Garrett, Guerra Junqueiro e João de Deus, liberais e republicanos, que, devido ao seu sentir nacionalista e popular, não deixaram de sensibilizar o salazarismo. E vieram também Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona. Ou seja, o Estado Novo manteve-se respeitoso em relação ao regime republicano, sepultando ali Teófilo, o primeiro presidente da República, que o foi na qualidade de presidente do Governo Provisório de 1910-1911; o presidente Sidónio, que, de alguma forma, e sem dúvida de modo indevido, era em certos meios considerado o precursor do Estado Novo e até do fascismo; e o seu próprio presidente mais carismático, Carmona, que o fora desde 1926 (ainda na Ditadura Militar, considerada “Nacional”) até 1951, ano da sua morte. Afinal era o naipe dos políticos “imortais” que se poderia esperar.

Depois de 1974, verificou-se um novo rumo, com algumas contradições, como têm sido ambíguos e contraditórios os caminhos depois de Abril, onde um ideal socialista ou, pelo menos, social se mistura, altera ou é negado pela força avassaladora do neoliberalismo, que se vai afirmando e consolidando nesta “Europa” dominada por uma nova onda capitalista. Assim, afirma-se também um verniz nacional ou mesmo nacionalista, ao lado de uma prática anti-social, com uma demagogia que, espantosamente, vem de todo o lado, abalando uma coerência que ainda se vislumbra em alguns movimentos políticos.

Para o Panteão vieram Humberto Delgado que, além de ter sido o mais combativo candidato à presidência pela oposição, fora morto pela PIDE em Villanueva del Fresno. Para ali foi num carismático 5 de Outubro de 1990, como o poderia ter acompanhado Norton de Matos. Em 2004 veio Manuel de Arriaga, de facto e de direito o primeiro presidente da República eleito, embora — como a Constituição de 1911 mandava — em Congresso da República e não por sufrágio universal. Aquilino Ribeiro, um dos mais significativos escritores da Respublica, que melhor assimilou e divulgou de uma forma universal o falar popular das suas terras da Beira, para ali foi em 2007, como poderia ter ido Torga e a sua alma de independente e de duro trasmontano, ou o nosso único Nobel da literatura, Saramago, cujas cinzas preferiu que repousassem pacatamente junto da oliveira da sua terra-natal trasladada para junto da Casa dos Bicos. E, finalmente, veio Sophia de Mello Breyner, em 2014, a poeta de Abril e de todos os Abris do Mundo e dos Tempos. Amália veio, antes, em 2001, e Eusébio fechou o ciclo numa trasladação apoteótica e de expressão popular própria deste tempo que vivemos. Nenhum cientista, nenhum escultor, pintor, músico ou arquitecto lá está, nenhum herói do 25 de Abril e da Liberdade conquistada nos quartéis e na rua em 1974. Seria difícil a escolha e, quando tal ideia foi ventilada, acabou por não vir Salgueiro Maia.

Quem vem a seguir? É esse o problema, para que queria dar a minha opinião, com uma resposta ao mesmo tempo simples e complexa: “Ninguém”, como a do “Romeiro” do Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett. Assim simbolizaríamos, em duas palavras, “Todos” e “Nenhuns” — afinal a “Alma Universal da Pátria”, sem debates que não houve, neste país dominado pelas elites do Poder, que se dizem representativas e que, nestes tempos pragmáticos, se têm afastado de uma cultura crítica. O Panteão Nacional ficaria como uma Memória da História, com as afirmações, as contradições e os silêncios que ela nos coloca quotidianamente, a ponto de nos interrogarmos sempre: Que História? Seria apenas, e era muito, um Museu vivo das suas representações, com as dúvidas e as ambiguidades que lhe são próprias. Já o é afinal. Apenas seria assim e de forma assumida para todo o Sempre.

Coimbra, 30 de Julho de 2015, no dia da Jubilação de Fernando Catroga, um dos historiadores que melhor estudou a Memória

O Panteão Nacional” – por Luís Reis Torgal [Professor catedrático aposentado da Faculdade e Letras da Universidade de Coimbra, historiador], jornal Público, 9 de Agosto de 2015, pp. 54-55 – com sublinhados nossos

J.M.M.

O PANTEÃO NACIONAL – POR LUÍS REIS TORGAL (PARTE I)


O Panteão Nacional” – por Luís Reis Torgal, in jornal Público

Como é evidente, falar hoje do Panteão Nacional é falar de Eusébio, como, há alguns anos, teria sido falar de Amália. A Assembleia da República assim quis que as duas grandes figuras do futebol e do fado fossem panteonizadas.

Por pouco, voltaríamos aos três FFFFutebol, Fado e Fátima — que foram considerados como símbolos do Estado Novo e que, afinal, talvez não fossem tanto, como um dia tentei explicar num artigo do jornal Le Monde Diplomatique. De resto, hoje, mais do que nunca, vivemos esta trilogia: com a febre do Futebol (que há muito, na sua versão profissional, deixou de ser um desporto para ser um espectáculo dos estádios, mas, sobretudo, um espectáculo televisivo, que move milhões); com a homenagem ao Fado que se tornou 'Património da Humanidade', tendo excelentes executantes que seguiram o exemplo de Amália (e de Carlos do Carmo) de transformar o fado marialva e fatídico (fatum significa, como se sabe, 'fado' ou 'destino') numa canção com outro tipo de valores, sem perder a toada fadista; e com a importância nacional e ecuménica atribuída a Fátima, dado que o 'milagre' é particularmente sensível em tempos de doença, de austeridade e de fome (assim sucedeu em 1917 e anos seguintes e acontece agora), e em que a fé impera sobre a razão. Ou seja, são três fenómenos sociais que nenhum argumento lógico ou ético parece poder abater. Por isso, os deputados votaram — da direita à esquerda — na trasladação de Amália e de Eusébio para o Panteão (no mais recente caso, apesar das despesas que daí advinham em momento de crise financeira) e quase nenhuma voz lançou a tão simples questão de discutir se era correcta a transformação destes ilustres mortais em 'imortais'.  Que eu visse (não sou consultor de blogues, nem participo em redes sociais), fê-lo o meu colega João Medina no seu blogue e escreveu António Valdemar neste jornal sobre os 'vizinhos da sala 3' (onde Eusébio passou a estar no Panteão) que, por certo, teriam estranhado a presença de mais um companheiro de viagem e de culto cívico.

Mas não vou romper com o estranho silêncio da crítica, pondo em causa a recente panteonização, aliás pouco inesperada de Eusébio (estamos ou não numa “civilização do espectáculo”?), pelo qual tenho a admiração de quem o viu jogar e a simpatia humana que naturalmente infundia. O que quero aqui discutir é sim, neste ano de 2015, a existência do Panteão como organismo vivo que recebe afinal algumas personalidades consideradas “imortais”: o lugar destinado “a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao País, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa de valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”, como reza (afinal de forma genérica e ambígua) a Lei n.º 28/2000, de 29 de Novembro.

É difícil, com efeito, definir esses eleitos. É verdade que, de forma idêntica, é difícil saber quem merece entrar numa Academia — o nome de “imortais” surgiu na Académie Française e nela entraram também, por certo, figuras duvidosas, em função dos valores de cada circunstância — ou quem merece ser condecorado pelo Presidente da República com as ordens honoríficas ou quem merece um prémio, mesmo o Prémio Nobel, que todos os anos se discute se foi justo, ou não, ser atribuído a alguém, nas suas diversas modalidades. Veja-se a lista dos indevidamente chamados “prémios Nobel da Economia” e talvez se fique um pouco espantado com a sua atribuição a certas personalidades. O mesmo, de resto, se passava no tempo de outras oligarquias — “outras” porque vivemos (não tenhamos ilusões) numa oligarquia, à sombra do Poder do Capital, muito mais do que numa democracia, que supõe valores que foram relegados para segundo plano. Recorde-se o que se passava na Monarquia Constitucional com a atribuição de títulos, que tornou popular o ditado: “Foge cão que te fazem barão! Mas para onde se me fazem visconde?”. Pois é, mas o Panteão ou, como prefiro, o Pantheon, dado que a palavra assim escrita está mais próxima da sua origem grega — Pan-Theon, “todos os deuses” — é o lugar de eleição da Pátria, o lugar da Memória das memórias, dos Memoráveis mais memoráveis”.

[CONTINUA]

J.M.M.

segunda-feira, 16 de março de 2015

CONFERÊNCIA/EVOCAÇÃO – OS DIVODIGNOS E AS GUERRAS LIBERAIS

 

CONFERÊNCIA: "Os Divodignos e as Guerras Liberais”;
ORADOR: dr. Luís Reis Torgal [Faculdade de Letras da Univ. de Coimbra]

DIA: 18 de Março 2015 (18,00 horas);
LOCAL: Casa da Escrita (Rua Dr. João Jacinto, nº 8, Sé Nova - Coimbra);

ORGANIZAÇÃO: Pró-Associação 8 de Maio, A.A.C., Ateneu de Coimbra;
 
NOTA: pelas 19,00 horas seguir-se-á uma cerimónia dodescerramento de placa toponímica”, justamente na Rua do Loureiro [local onde os Divodignos faziam as sua reuniões, ou como nos diz Joaquim Martins de Carvalho, “em umas casas pequenas do lado esquerdo logo acima do Arco de D. Jacintha” – in Apontamentos para a História Contemporânea, p. 93]   

[ANOTAÇÃO SOBRE] "A Sociedade dos Divodignos" [Divodigus] ou Divodis (1828) - Era composta, na quase totalidade, por estudantes liberais - o seu presidente era Francisco Cesario Rodrigues Moacho -, e de onde saíram os estudantes que participaram nos assassinatos e ferimentos aos lentes e cónegos [Jeronymo Joaquim de Figueiredo e Mattheus de Sousa Coutinho, foram os lentes mortos], no dia 18 de Março de 1828, além de Condeixa [sítio do Cartaxinho]. Tinham as reuniões na Rua do Loureiro, em umas casas pequenas do lado esquerdo logo acima do Arco de D. Jacintha" [in, Apontamentos para a História Contemporânea, p. 93]. Tinham os Divodignos "uma constituição, uma lei orgânica, que prescrevia a obrigação de actos violentos, e nestes, até o assassinato" [cf. Alberto de Sousa Lamy, in A Academia de Coimbra 1537-1990]

Segundo um elemento pertencendo à sociedade [conta Joaquim Martins de Carvalho] faziam os Divodigus as assembleias num casarão quase subterrâneo, sito nos Palácios Confusos. Foi, aí, que se resolveu a trama de Condeixa, isto é, o cumprimento da deliberação de tirar do caminho de Lisboa os "membros das duas deputações " que levavam felicitações ao rei d. Miguel.

Assistiram a essa sessão dos Divodignos, 200 académicos liberais, tendo sido sorteados 13 deles para o cumprimento da missão. Segundo Joaquim Martins de Carvalho [op. cit], os membros dos Divodignos que "desfecharam as armas" foram: Delfino Antonio de Miranda e Mattos [de Barcelos], Bento Adjuto Soares Couceiro e Antonio Correia Megre.

Perante a descoberta ocasional do crime ocorreram populares e uma força de Cavalaria, que ali passava, pondo em debandada os Divodignos. Foram presos e enforcados [cf. Joaquim de Carvalho, op. cit, p. 96] nove deles [Bento Adjuto Soares Couceiro, Delfino Antonio de Miranda e Mattos, Antonio Correia Megre, Domingos Barata Delgado, Carlos Lidoro de Sousa Pinto Bandeira, Urbano de Figueiredo, Francisco do Amor Ferreira Rocha, Domingos Joaquim dos Reis e Manuel Inocêncio  de Araújo Mansilha]. Foram conduzidos para Lisboa e do processo resultou na sentença [muito contestada juridicamente] de morte por "enforcamento" no dia 20 de Junho de 1828, no "cais do Tejo, a Santa Apolónia" [cf. Lamy, op. cit].

Ainda segundo J. Martins de Carvalho evadiram-se os quatro restantes [diga-se que José Germano da Cunha, nos "Apontamentos para história do Concelho do Fundão" (Lisboa, 1892) diz-nos que foram enforcados 10 dos membros dos Divodignos e que escaparam 3, referindo: Bernardo Nunes, o padre Bernardo Antonio Ferreira e Francisco Sedano Bento de Mello], registando Martins de Carvalho os seguintes:

Antonio Maria das Neves Carneiro (do Fundão, e que acabou por ser enforcado em 1830), Francisco Sedano Bento de Mello (Caldas da Rainha), José Joaquim de Azevedo e Silva (Lisboa) e Manuel do Nascimento Serpa (falecido na Misericórdia de Lagos, com o nome de "Fresca Ribeira"- ver obra citada e, principalmente, o Capitulo XII, "Sentença  que condenou à morte os 9 estudantes enforcados a 20 de Junho de 1828"; do mesmo modo, consultar os "Grande Dramas Judiciários", de Sousa e Costa; idem para Oliveira Martins, in Portugal Contemporâneo, vol I.; ou Teófilo Braga, "História da Universidade de Coimbra", tomo IV; tb Camilo Castelo-Branco, in "O Retrato de Ricardina".

J.M.M.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

MARCELO CAETANO, MARCELISMO E "ESTADO SOCIAL"

 
Realiza-se amanhã, 10 de Dezembro de 2013, na Fundação Mário Soares, em Lisboa, pelas 18 horas, a apresentação da obra do Professor Luís Reis Torgal intitulada Marcelo Caetano, Marcelismo e "Estado Social".
 
A apresentação da obra será feita pelo Doutor Luís Bigotte Chorão.
 
Uma oportunidade para conhecer um pouco melhor a obra de investigação e interpretação histórica dos momentos finais do Estado Novo, sobretudo na sua dimensão de "Estado Social" e os objectivos que estavam subjacentes à política então seguida. Relembrando que alguns dos pressupostos das políticas assistencialistas começaram a ser desenvolvidas ainda que de forma embrionária no período final da Ditadura, tendo sido sobretudo aprofundados e alargados com o advento da Democracia em Abril de 1974.
 
A.A.B.M.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

MARCELLO CAETANO, MARCELISMO E "ESTADO SOCIAL", DE LUÍS REIS TORGAL



Hoje, 17 de Julho, pelas 18 horas, na Casa Municipal da Cultura, em Coimbra, vai ser apresentado o mais recente estudo do Professor Doutor Luís Reis Torgal intitulado Marcello Caetano, Marcelismo e "Estado Social".

Pode ler-se na sinopse da obra:
Fala-se muitas vezes de “Primavera marcelista” e de “liberalização bloqueada” para caracterizar o regime de Marcello Caetano (1968-1974). Por sua vez, o sucessor de Salazar insistia na ideia de que se tratava de uma “Renovação na continuidade” e preferiu utilizar o conceito de “Estado Social” para caracterizar o Estado Corporativo, cuja denominação também manteve, considerando que deveria ser aperfeiçoado. Este conceito de “Estado Social”, se é assim entendido por Marcello, não deixa de ser, embora apenas formalmente e com outro sentido, o mesmo conceito hoje tão usado no debate político, considerando-o, alguns, essencialmente uma conquista da democracia, que, todavia, se está a perder. Por outro lado, no tempo de Marcello Caetano, o seu regime foi criticado à direita e à esquerda, considerando-o a primeira uma traição ao salazarismo e, sobretudo, à sua concepção de Estado uno, e a segunda um Estado Novo sem Salazar e… com Marcello Caetano.
Afinal o que foi o Marcelismo ou o período marcelista e quem foi Marcello Caetano? Este ensaio, retomando outros trabalhos realizados — num tempo em que os estudos sobre o estadista parecem ser mais frequentes na historiografia portuguesa, muito mais interessada por Salazar — pretende, de uma forma assumida e fundamentada, responder a esta questão.

A apresentação da obra estará a cargo do Prof. João Paulo Avelãs Nunes.

Uma obra e uma sessão que se sugere para este dia.

A.A.B.M.