O pensamento de
José Carlos Rates evolui ao longo do tempo e através do órgão do partido,
O Comunista, lança uma feroz campanha contra as liberdades, a política e o parlamentarismo. O seu vanguardismo conduziu-o a um crescente autoritarismo, que surgiu matizado entre a retórica do sindicalismo revolucionário. A partir do final da década de 20, do século XX,
Carlos Rates assumiu que a questão da ditadura, até ali discutido teoricamente se torne cada vez mais uma realidade e a
Ditadura Militar passa a ser justificável.
De acordo com a concepção de
Carlos Rates, o corporativismo substituiria a política, o liberalismo era uma moda ultrapassada e que os portugueses necessitavam de alguém que os dirigisse com pulso forte. Os Ditadores tornavam-se uma necessidade.
Carlos Rates já se tinha afastado do
Partido Comunista quando aceitou candidatar-se a deputado nas eleições de 8 de Novembro de 1925, juntamente com outros oito candidatos, nas listas da Esquerda Democrática, ficando curiosamente todos por eleger. No
II Congresso do Partido, realizado como já dissemos em finais de
Maio de 1926,
Carlos Rates foi expulso e
Bento Gonçalves, que lhe sucedeu apontou-lhe com alguns epítetos pouco simpáticos como “grotesco”, “irresponsável”, acabando por o expulsar do partido.
Torna-se jornalista favorável ao regime fascista aderindo ao corporativismo como funcionário em 1929. Em 16 de Julho de 1931,
Carlos Rates, aderiu à
União Nacional.
Colaborou em vários jornais tanto de Lisboa, como da província, desde Évora a Setúbal. Entre eles
O Germinal (Setúbal).
Terra Livre,
O Sindicalista,
A Batalha,
O Comunista (1924-25),
A Internacional, órgão da Internacional Sindical Vermelha,
Bandeira Vermelha,
O Intransigente,
O Século,
Diário da Manhã,
Pátria,
Foi também iniciado na
Maçonaria, em data desconhecida, embora regularizado em 1922, na loja
Renascença, de Lisboa, com o nome simbólico de
Babeuf.
Publicou:
-
O Problema Português. Os Partidos e o Operariado, 1919;
-
A Ditadura do Proletariado, 1920;
-
O Papel das Comunas e a Questão Agrária, opúsculo, 32 pag., 1924;
-
O Serão dos Camponeses, opúsculo, s.d;
-
A Questão Sindical, opúsculo, s.d.;
-
A Rússia dos Sovietes, 1925;
- Democracias e Ditaduras, 1927.
-
Angola, Moçambique, São Tomé, XII, 226, [1] p. : il. ; ( Lisboa : -- Tip. Didot), 1929
-
A Colmeia, romance, 1932.
- Libertas, "Arte e Ciência",
O Fadinho, semanário de critica e propaganda do fado, dir.e prop. José Carlos Rates, Setúbal, 28 de Julho de 1910, p. 3), publicaram-se 7 números, entre sete números, entre 28 de Julho e 20 de Agosto de 1910.
-
Despertar (O). «Defensor da classe trabalhadora.». Órgão da Associação de Classe dos Operários de Leiria. Leiria.. Janeiro de 1914. Quinzenário, Dir: Luís Simões, Editor: Armando Silva, Administrador: Joaquim Marques, Secretário de redacção: J. B. Santos. Colaboração de J. Carlos Rates.
-
União (A). Órgão defensor dos empregados do Estado, Lisboa. 1921-26. Propriedade da Associação de Classe dos Empregados do Estado, Editor: António Máximo Barros. Redactores principais: Mário Nogueira, Teixeira Danton (Dezembro de 1921), Eduardo Ribeiro (Maio de 1922), João de Almeida (Fevereiro de 1923) e A. Santos Ferreira (Dezembro de 1924). Colaboradores: Nogueira de Brito e J. Carlos Rates.
-
União Operária (A). Lisboa, 1914, Quinzenário, Redactor principal: Carlos Rates, Editor: Luís Rodrigues Ramos
-
O Sindicato dos Profissionais da Imprensa de Lisboa e a neutralidade sindical, 1929 ( Lisboa, Tip. Didot) .
-
J. Carlos Rates sobre a gestão do País na fase pós-revolucionária (
A Batalha de 17, 22 e 26 de Abril de 1919).
- Debate de opiniões : o sindicalismo constitue um novo corpo de doutrina social,
A batalha . - Lisboa . - A. 2, n. 605 (1 Dez. 1920), p. 1.
- Debate de opiniões : o comunismo e as possibilidades de realização,
A batalha . - Lisboa . - A. 2, n. 615 (17 Dez. 1920), p. 1
- Debate de opiniões : o sindicalismo apto a governar : porque não faz a sua revolução?,
A batalha . - Lisboa . - A. 2, n. 622 (24 Dez. 1920), p. 1.
- Debate de opiniões : as Uniões de Sindicatos antes da Revolução,
A batalha . - Lisboa . - A. 2, n. 627 (31 Dez. 1920), p. 1.
- Vita nuova : a ditadura do proletariado : a proposito dum opusculo sensacional de Carlos Rates,
O combate. - Lisboa. - A.1, n. 253 (4 Jan. 1920) ; p.1
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
-
Chorão, Luís Bigotte,
A Crise da República e a Ditadura Militar, Sextante Editora, Lisboa, 2009.
-
Chorão, Luís Bigotte,
Política e Justiça na I República, vol. 1: 1910-1915, Letra Livre, 2011.
-
Costa, Ramiro da,
Elementos para a História do Movimento Operário em Portugal (1820-1929), vol. 1, Assírio e Alvim, Lisboa, 1978.
-
Marques, A. Henrique de Oliveira,
Dicionário de Maçonaria Portuguesa, vol. II, Editorial Delta, Lisboa, 1986, col. 1197.
-
Mónica, Maria Filomena;
Matos, Luís Salgado de, “Inventário da imprensa operária portuguesa (1834-1934)”,
Análise Social, ICS, Lisboa, 1983.
-
Mónica, Maria Filomena, “Rates, José Carlos”,
Dicionário de História de Portugal, vol. 9, P/Z (suplemento), Coord.
António Barreto e
Maria Filomena Mónica, Livraria Figueirinhas, Porto, 2000.
-
Pereira, José Pacheco,
As Lutas Operárias contra a Carestia de Vida em Portugal, Editora Nova Crítica, Porto,
-
Quintela, João G. P.,
Para a história do movimento comunista em Portugal: 1. A construção do partido (1º período 1919-1929), Afrontamento, Porto, 1976.
-
Ventura, António,
Anarquistas, Republicanos e Socialistas em Portugal. As Convergências Possíveis (1892-1910), Edições Cosmos, Lisboa, 2000.
[
FOTO: Gentilmente cedida pelo Professor Doutor
António Ventura, a quem agradecemos mais uma vez a disponibilidade e colaboração.]
A.A.B.M.