FOTO (1921)
DO GRUPO FUNDADOR DA REVISTA SEARA NOVA
FOTO do Grupo fundador da revista Seara Nova, tirada em 1921 no Coimbrão
(lugar que fica a caminho da Praia do Pedrogão – concelho de Leiria), em casa
de José Leal (casa desenhada pelo arquitecto republicano e maçon
Ernesto Korrodi, pertencente à família Leal, onde em tempos se refugiou da
polícia política Aquilino Ribeiro e anos mais tarde Mário Soares) que inclusive
patrocinou monetariamente a revista.
Da esquerda para a direita, em pé: o padre de Coimbrão, Horácio Fernandes Biu (1883-1947 – não integrou
o grupo literário fundador da revista), Faria
de Vasconcelos (1880-1939), Raul Proença (1884-1941) e Luís da Câmara Reys (1885-1961); sentados: Jaime Cortesão (1884-1960), Aquilino Ribeiro (1885-1963)
e Raul Brandão (1867-1930).
De referir que na foto histórica e oficial do grupo “Seara Nova”
– ver Antologia Seara Nova, Edições do Cinquentenário 1921-1971, Seara Nova,
1971, vol. I, p. 87 – não consta o padre Horácio Fernandes Biu, porém
originalmente o padre, antigo estudante de Coimbra e amigo de alguns dos
literatos seareiros, esteve presente nesse memorável encontro.
"... As condições em que surgiu na vida portuguesa a Seara
Nova, não me cabe a mim [José Rodrigues Miguéis] explicá-las aqui e são
de resto sobejamente conhecidas: um caos governativo presidindo a um caos
moral, económico e mental; a Nação desorganizada entregue à mais sistemática de
todas as desgovernações; a República sofrendo todas as consequências más dos
erros acumulados através do tempo, agravados agora pelo desvairamento ou pela
corrupção de uns políticos e de muitos cidadãos. Se o problema era e é
primariamente um problema educativo ou cultural - como afirma António
Sérgio - ou ainda económico, - como parece concluir Ezequiel
de Campos, - a verdade é que a cadeia dos males nacionais é tão fechada que não
podemos perder tempo a discutir 'por onde se há-de começar a abrir-lhe a
brecha' (...) Para nós, a Seara Nova é como que o embrião dum
grande órgão jornalístico que, exercendo a sua acção fora dos partidos, das
classes, dos interesses e das religiões, - conseguisse levar a todos os
espíritos um pouco de luz, de conforto e de verdade. Jornal republicano, ele
seria para os cidadãos um bom conselho e um bom estimulo - sem lhes pedir em
troca o seu voto e a sua consciência, sem os forçar a ignorar o que é preciso
que se saiba em Portugal ..."
[José Rodrigues
Miguéis, discurso proferido por 'ocasião do quarto aniversário da Seara Nova', in Antologia
Seara Nova, texto 14, Vol. I, 1971]
J.M.M