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sábado, 15 de agosto de 2020

ÁLVARO SOARES ANDREA (1864 – 1939) - NOTA BREVE


“… Álvaro Soares Andrea acredita ter aprendido a navegar antes de o mar ter nascido. Durante décadas vagueou ao longo da costa africana e desbravou rios que estão ainda por nomear. E foram tantas as viagens que não há noites que bastem para contar as suas aventuras. Daí o seu desdém pelos caprichos de Mouzinho de Albuquerque.

- Quem sabe do mar sabe dos céus -proclama o comandante enquanto percorre, para cá e para lá, toda a extensão da sua corveta.

Está alvoroçado, não pregou olho toda a noite. Foi visitado por sonhos, estranhos presságios. Sonhou que se tinha convertido num prisioneiro negro e que viajava no porão do seu próprio navio. No mesmo sonho, Mouzinho desamarrava-lhe os pulsos e agitava um caderno em frente do seu rosto: É isto que andas a escrever contra mim, meu filho da puta? No cano das botas ia roçando uma nervosa vergasta. Depois ia roçando uma nervosa vergasta. Depois atirava-lhe o caderno para o colo. Queria que o lesse em voz alta. Andrea segurava as folhas com mãos trémulas. Dava conta de que aquela era a sua caligrafia. Mas logo se apercebia de que escrevera tudo aquilo numa língua que não entendia. Parecia-lhe zulu, não tinha a certeza. E despertava, estremunhado.

- Quem sabe do mar sabe dos céus -repete Andrea, como se o mote o ajudasse a permanecer desperto. Volta a olhar as nuvens escuras por cima do oceano. Sujeita-se, enfim, ao comando das insondáveis forças da natureza. Confia mais nessa estrela interior - que alguns designam de intuição - do que em mapas e bússolas que se mostram imprestáveis nos mares tropicais …”

[Mia Couto, in As Areias do Imperador – Livro Três. O Bebedor de Horizontes]

 


Álvaro Simões de Oliveira Soares Andrea nasce em Lisboa em 31 de Agosto de 1864. Era filho do contra-almirante liberal Tomás José de Sousa Soares de Andrea (1824-?) e de Maria Luísa Virgínia de Sequeira e Oliveira. O avô paterno, Tomás José de Sousa Soares de Andrea (1777-1826) era oficial do exército e esteve a Guerra Peninsular e lutado ao lado das forças liberais durante a guerra civil, comandando os esquadrões do Regimento de Cavalaria N.º 7 de Vila Viçosa, tendo morrido por ferimentos em combate em 1826 [ver livro de Álvaro Soares de Andrea, O Systema decimal mundial e o Relogio decimal, Typografia e Papelaria Corrêa & Raposo, Lisboa, 1909].

Álvaro Soares Andrea foi um distintíssimo oficial da marinha, servindo nas Colónias, onde participou (1895) na Campanha de Gaza, em 1895 e no Combate de Macontene (1897, Moçambique). Foi na campanha de Moçambique que se distinguiu, principalmente na operação e prisão de Gungunhana, o último imperador de Gaza, comandando a Capelo.

Tinha elevadas condecorações: o Colar da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito; era Cavaleiro e Oficial da Ordem Militar de Avis, Oficial da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa; tinha as Medalhas de Valor Militar, de Comportamento Exemplar, e da Campanha do Tungue (1889), de Moçambique (1894-1895), e do Niassa (1899).

Em 1905 é iniciado como maçon, na Loja Simpatia e União, com o nome simbólico de Tomás Andrea [possivelmente em memória do seu avô]. Pertenceu à Carbonária, sendo na época um republicano radical, integrando, após o 5 de Outubro, a denominada Federação Republicana Radical. Em 1910, no levantamento do 5 de Outubro, teve Soares Andrea uma importante intervenção, na tomada do Quartel de Marinheiros, de Alcântara.

Reformou-se a 18 de Novembro de 1910. Participou, a 27 de Abril de 1913, no que será a primeira revolta republicana, de civis e militares [Curiosamente a revolta integrava vários elementos da maçonaria] contra o governo da Republica, então dirigido pelo dr. Afonso Costa. Foi preso e enviado para os Açores com residência fixa.

Morre a 14 de Agosto de 1939, estando sepultado no cemitério dos Prazeres. Era casado com Elisa Sofia Pinto Andrea.
 
J.M.M.

sábado, 7 de abril de 2018

PEDRO FRANCISCO MASSANO DE AMORIM (Parte III)



René Pélissier na sua obra História de Moçambique. Formação e Oposição, vol. I, Histórias de Portugal, Editorial Estampa, Lisboa, 1994, p. 291 considerava Massano de Amorim um conquistador metódico. Tinha feito um percurso feito de combates e o seu desempenho na guerra luso-umbunda (1902) e na repressão da revolta dos ovibundizados de Seles e de Amboim (1917), bem como os ataques a Farelay e Ibrahimo permitiram-lhe fazer a afirmação da presença portuguesa face ao poder suahili e instalar colonos portugueses no coração da região dominada pela etnia macua. Estes feitos são apontados como dos mais importantes operações militares no final da Monarquia constitucional.

O perigo das tropas alemãs em Moçambique, sobretudo as acções de Lettow-Vorbeck e do major Kraut, representaram um perigo para os interesses de Portugal em Moçambique. Estas acções militares ainda continuam relativamente pouco conhecidas e mal estudadas, pelo menos pela historiografia portuguesa. A sua acção, sobretudo na região do rio Rovuma, invadindo os territórios portugueses na colónia africana e, em poucos dias, entre finais de Abril e meados de Maio de 1917 fomentou a revolta dos Ajauas, que se aliaram aos alemães contra a presença portuguesa.

Após a missão em Moçambique regressou a Lisboa, onde assumiu as funções na 5ª Repartição da Direcção-Geral das Colónias, de onde partiu para Angola. Nesse território assumiu as funções de Governador-Geral entre 9 de Janeiro de 1916 e 11 de Janeiro de 1918. Segue depois para Moçambique, onde assume idênticas funções entre Fevereiro de 1918 e Abril de 1919. De regresso a Moçambique, foi pessoalmente, em 7 de Julho de 1918, ao porto de Quelimane, para receber as funções do coronel Sousa Rosa. Nesta expedição a Quelimane acompanharam-no três companhias indígenas e seis metralhadoras. Nessa altura terminam as operações militares das tropas portuguesas em Moçambique contra as tropas alemãs comandadas pelo general Lettow-Vorbeck. As tropas alemãs retiram embora ainda se assinalem algumas escaramuças ao longo do tempo.

Regressado a Portugal, assume as funções de Director Geral dos Serviços Militares do Ministério das Colónias.
Na sessão do Parlamento de 4 de Julho de 1924, no âmbito do projecto-lei nº 484, aprova-se a promoção a general, atendendo a uma serie de pressupostos que tinham sido cumpridos. A proposta tinha sido aprovada em reunião do Senado, em 23 de Julho de 1923, por proposta de Luís Augusto de Aragão e Brito. [Ver a informação detalhada sobre o processo AQUI .

Massano de Amorim assume as funções de governador dos territórios da Companhia de Moçambique, mas as funções não lhe agradam e acaba por ser exonerado do cargo. Em 16 de Junho de 1923 volta a ser nomeado Governador-Geral de Moçambique onde se mantém até 1925. Em 1925 foi nomeado Secretário-geral do Ministério das Colónias.  Segue depois para a Índia, onde desempenha funções de Governador-Geral da Índia, até que veio a falecer em a 31 de Maio de 1929, na cidade de Nova Goa, após demorada doença oncológica que lhe causou grande sofrimento.

No breve apontamento biográfico sobre Massano de Amorim na Revista Militar[1] destaca-se a sua ligação a Mouzinho de Albuquerque e as suas características “intrépido, leal, usando no convívio rude franqueza que, longe de ofender captava simpatias”. Além disso, apontava-se a sua coragem, energia, decisão e tenacidade.

O seu corpo foi trasladado de Goa para Lisboa no ano seguinte, ficando sepultado no cemitério do Alto de S. João em 28 de Janeiro de 1930.

Por sugestão da Sociedade de Geografia de Lisboa  foi o nome do General Massano de Amorim atribuído na Rua 1 à Travessa da Memória, também designada por Rua Projectada nº 1, através do Edital municipal de 28/10/1960, Freguesia da Ajuda, em Lisboa.

Um pequeno apontamento sobre o General Massano de Amorim pode ser consultado no Boletim Geral das Colónias AQUI.

Pedro Francisco Massano de Amorim deixou vários textos publicados, entre eles destacam-se:
- Relatório do governador, 1906-1907. Distrito de Moçambique, Lourenço Marques, Imprensa Nacional, 1908.
- A Occupação do districto de Moçambique, Bol. Da Soc. De Geografia de Lisboa, nº 5, 29ª s., Lisboa, Typ. Universal, 1911
- Relatório sobre a occupação de Angoche : operações de campanha e mais serviços realizados : anno de 1910Lourenço Marques, Imprensa Nacional1911.
- Notícia histórica sobre a região de Angoche1910.
- “Projecto das bases para a organização dos serviços e trabalhos agrícolas e para o desenvolvimento e fomento da agricultura da província de Moçambique”, Boletim da Agência Geral das Colónias, Nº 2 e nº 3, 1925.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E RECOMENDADA:
- Abecassis, Fernando et. al., A Grande Guerra em Moçambique, [disponível online aqui: http://www.socgeografialisboa.pt/wp/wp-content/uploads/2017/09/A-Grande-Guerra-em-Mocambique-LIVRO.pdf ]
- ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, I GUERRA MUNDIAL, EXPEDIÇÕES MILITARES - ANGOLA E MOÇAMBIQUE Inventário Parcial [Disponível para consulta e onde se encontra o arquivo pessoal de Massano de Amorim aqui: http://actd.iict.pt/eserv/actd:AHUMUd002/AHU_MU_DGM_ExpedicoesMilitaresIGuerra.pdf ]
- Afonso, Aniceto, “Grande Guerra – A Campanha Portuguesa em África”, Actas do Colóquio Internacional A Grande Guerra – Um Século Depois, Academia Militar, Lisboa, 2015, pp. 153-161 [disponível online aqui: http://www.portugalgrandeguerra.defesa.pt/SiteCollectionDocuments/Noticia%20Atas%20Academia%20Militar/10_Aniceto%20Afonso.pdf ]
- Coutinho, João de Azevedo, As duas conquistas de Angoche, Col. Pelo Império, Lisboa, 11, 1935, p. 40-41.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (Maldo-Mermit), vol. 16, Editorial Enciclopédia, Lisboa/Rio de Janeiro, S.d., p. 524-526.
- Freire, João, “Moçambique perante a hipótese de um ataque alemão”, A Grande Guerra (1914-1918): Problemáticas e Representações [disponível online aqui: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/14690.pdf ]
- Pelissier, René, História de Moçambique. Formação e Oposição, 2 vols., Histórias de Portugal, Editorial Estampa, Lisboa, 1994.
- Pires, António, A Grande Guerra em Moçambique, Porto, 1924.
- Sá, José do Espírito Santo de Almeida Correia (Marquês de Lavradio), Pedro Francisco Massano de Amorim, Col. Pelo Império, Lisboa, 1941.


[1] C.D., “Crónica Colonial”, Revista Militar, Lisboa, Janeiro-Fevereiro, nº1-2, Ano LXXXII, 1930, p. 88.


A.A.B.M.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

PEDRO FRANCISCO MASSANO DE AMORIM (Parte II)



João de Azevedo Coutinho, um conhecido político e administrador colonial português, considerava que Massano de Amorim tinha sido “o homem preciso”, “arrojado”, “de cujas qualidades de inteligência e inteligência estava bem seguro”, “destemido chefe, embora exigente” para dominar o Angoche, quando até ali ninguém ainda o havia conseguido [João de Azevedo Coutinho, As duas conquistas de Angoche, Col. Pelo Império, Lisboa, 11, 1935, p. 40-41]. Coutinho assume que Massano de Amorim teve papel de relevo na questão de Angoche, mas também contava com homens de valor a seu lado como Gomes da Costa, Augusto José da Cunha, Neutel de Abreu e Dâmaso Marques, entre outros [João de Azevedo Coutinho, idem, p. 44, nota 1]. A descrição de toda a acção de Massano de Amorim neste processo do Angoche ficou descrita no relato feito pelo próprio no Relatório sobre a ocupação de Angoche: operações de campanha e de mais trabalhos realizados: ano de 1910, mas também no pequeno opúsculo de João de Azevedo Coutinho acima citado.

Sobre a acção de Massano de Amorim durante a Grande Guerra, a força expedicionária partiu de Lisboa em 11 de Setembro de 1914 e desembarcou em Porto Amélia em 1 de Novembro desse ano. O grande problema com que se defrontaram foi a questão sanitária, que era extremamente deficiente, associando-se a isto uma alimentação de péssima qualidade e as condições de alojamento das tropas também eram paupérrimas. Este conjunto de situações conjugadas, fez com que um quinto da força militar chegada a Moçambique, ficasse fora de combate, mesmo antes de abandonar o local de chegada passado meio ano.

As instruções que recebeu de Lisboa indicavam que teria que desalojar os alemães da ilha de Quionga, onde se encontravam desde 1894. Esta ilha situava-se na foz do rio Rovuma, local onde as tropas portuguesas passaram grandes dificuldades. Para cumprir com as instruções recebidas, Massano de Amorim solicitou o reforço de tropas visto que tinha elevado número de baixas provocadas por doenças que debilitavam cada vez mais as tropas portuguesas.

Para tentar ultrapassar esta situação organiza-se então a segunda expedição, comandada pelo major Moura Mendes, que partiu de Lisboa em Outubro de 1915. Sobre as dificuldades sentidas pelas tropas portuguesas o fica o relato do Capitão António Pires, feito em 1924:

A Campanha da África Oriental Portuguesa, foi feita em condições que a tornaram única na história. A composição das tropas e seu equipamento e a natureza da colónia de Moçambique tudo se combinou para criar dificuldades sem precedentes. Pouca é conhecida até agora esta campanha a não ser meia dúzia de oficiais combatentes que todos os anos a têm comemorado. Pode dizer-se que a Campanha de Moçambique, de sofrimentos e resignações, de combates sangrentos em campo raso e guerra em movimento, ela não é conhecida para o grande público. Para França, foram os políticos, os escritores, os literatos e os militares conhecidos; para Moçambique, foram os que apenas eram militares ou soldados, e por isso a campanha, lá longe, lutando contra todos os inconvenientes possíveis e imaginários, combatendo-se em silêncio, e silenciosamente morrendo pela Pátria, é desconhecida.

Massano de Amorim cumpre as instruções recebidas, porém a chegada de um novo governador, Álvaro de Castro, vai alterar o posicionamento e as ordens seguiram numa nova direcção. Por outro lado, o contexto político em Portugal, com a revolta de Maio de 1915, altera as circunstâncias. Agora a questão não era somente reocupar Quionga, mas entrar deliberadamente em conflito com a Alemanha. O militar e colonialista português foi então enviado como governador de Angola em Janeiro de 1916.

Chegado ao território português na costa ocidental africana, em Abril de 1916, dirige-se a Luanda e depois para a região sul desse território, onde a ameaça alemã e os episódios bélicos já tinham começado. Novamente, as instruções passam por tentar evitar o confronto directo com os alemães, mas tentar proporcionar alguma abertura para facilitar a colonização europeia. No fundo, era um trabalho de continuidade já desencadeado anteriormente por outros governadores da colónia angolana.

Um ano depois da sua chegada eclode uma revolta das populações africanas na região de Angoche, estava em Maio de 1917. Este conflito era provocado pelas prepotências praticadas pelos colonos portugueses estabelecidos na região, entre elas o governador destacava: “a detenção dos indígenas, imposição do trabalho forçado fora dos termos legais, falta de pagamento de salários a par da desobediência à autoridade, do contrabando da pólvora e armas vendidas ao gentio”. Porque não havia tropas suficientes, o próprio governador dirige-se para a região revoltada onde chega em Setembro de 1917. Consegue congregar esforços e apoios no Bailundo o que lhe permite sufocar a revolta. Estabilizada a situação, consegue, um mês depois, obter autorização para partir para Portugal. Em Janeiro de 1918, Massano de Amorim foi demitido do seu cargo.


[Em Continuação]

A.A.B.M.

terça-feira, 3 de abril de 2018

PEDRO FRANCISCO MASSANO DE AMORIM (Parte I)


Nasceu em Fronteira, distrito de Portalegre, a 14 de Janeiro de 1862. Filho de Henrique Teles da Silva Amorim e de Ana Emília Massano da Silva Amorim.

Assentou praça em 5 de Março de 1878, como voluntário, no Regimento de Infantaria nº 16. Ascende a oficial do Exército, da arma de artilharia, tendo sido promovido a segundo tenente em 10 de Janeiro de 1883. Transferido para o Regimento de Artilharia nº3 e, após a conclusão do curso da arma de Artilharia, passou ao Regimento de Artilharia nº 2, em 26 de Novembro de 1884, ascendeu a tenente em 28 de Janeiro de 1885. Foi convidado para leccionar na Escola Regimental de Sargentos entre 1 de Março e 25 de Setembro de 1888. Assumiu depois as funções de Diretor da Escola Regimental de Cabos até 25 de Janeiro de 1892. Ascendeu a capitão em 18 de Outubro de 1894, tendo sido encaminhado para o Estado-Maior de Artilharia, transitando depois para o Regimento de Artilharia nº2 onde permaneceu até Outubro de 1896. Nesse ano ainda, passou para o Regimento de Artilharia nº 4, mas, em Novembro, foi requisitado pelo Ministério da Marinha e do Ultramar para a comissão de serviço em Moçambique. Vamos depois encontra-lo em Moçambique, em Abril do ano seguinte, mais propriamente como governador de Gaza. Acompanhando Mouzinho de Albuquerque na campanha que culminou na captura de Gungunhana e na pacificação de Moçambique.

Em Maio de 1897 era o comandante Militar de Tete, região onde fervilhava a revolta contra a presença portuguesa desde o período do Ultimato de 1890. Nessa altura assumiu também as funções de administrador do concelho e de juiz municipal. Nessa missão conseguiu vencer os Majanjas. Permaneceu nessa região até Dezembro de 1898 quando regressa a Portugal. Em 1899 encontramo-lo em Portugal, no Regimento de Artilharia nº5, tendo depois aceite nova comissão de serviço no mesmo ministério.

Em 1900 parte para Angola, desembarcando em Luanda em Março. Assume as funções de Residente da Circunscrição Administrativa de Santo António do Zaire. No ano seguinte foi nomeado para inspecionar o material de guerra da referida província. Em Novembro foi nomeado em comissão especial de serviço para a Colónia Penal Militar e Agrícola onde permanece até finais de Maio de 1902. Vem a Portugal durante cerca de um mês e regressa depois para Luanda. Nesse período foi nomeado para comandante da Coluna de Operações no Distrito de Benguela, onde permanece até Outubro. Participa, em 1902, na campanha do Bailundo, sendo comandante da Coluna Militar do Norte. Em Maio de 1903 regressa a Portugal onde ficou a prestar serviço na 3ª secção da 2ª Repartição da Direcção-Geral do Ultramar.

Regressa a Moçambique em 1906, tendo sido nomeado governador do distrito de Moçambique, cargo que desempenhou entre 7 de Maio e 13 de Outubro de 1910. Em Dezembro de 1910 ascende à patente de major, tendo entretanto regressado a Portugal. Entre 1908 e 1912 promoveu a campanha de pacificação do Angoche.

Em 1908, casou com Estela Henriqueta Maria Godinho Gomes da Costa e, deste casamento, resultaram cinco filhos.

Em Dezembro de 1912 ascende a tenente-coronel e em 22 de Agosto de 1914 foi nomeado Comandante do Destacamento Expedicionário a Moçambique, tendo passado, em Dezembro desse ano a coronel.

Quando assumiu o comando das forças portuguesas enviadas para Moçambique, parte em Setembro de 1914 e tinha como objectivos fundamentais da sua missão proteger a colónia portuguesa da África Oriental das pretensões germânicas, pacificar a região e cooperar com forças aliadas, particularmente os ingleses, se fosse caso disso.

Esta força expedicionária enviada a Moçambique foi preparada em Lisboa num período muito curto de tempo depois de se publicar o decreto de 18 de Agosto de 1914, onde se contemplava as regras de mobilização a utilizar; elas saíam de várias unidades de Infantaria, de Cavalaria, de Artilharia e dos Serviços de Saúde e de Administração Militar com sede em dispersas cidades do Centro e Norte do país. A força era composta por um Quartel-General, um Batalhão de Infantaria, num total de 1039 oficiais e praças; havia ainda uma Bateria de Artilharia de Montanha composta de 221 homens, 22 equinos e 82 muares. Um Esquadrão de Cavalaria com 189 homens e 169 equinos. Assim sendo, uma força combatente com cerca de 1533 homens. Além disso, eram ainda acompanhados por por 2 médicos e 2 enfermeiros, 15 homens da área de Engenharia, alguns condutores e viaturas, bem como pessoal civil como telegrafistas, sapadores-mineiros, entre outros.


[Em continuação.]

A.A.B.M.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

ACADEMIAS E INSTITUIÇÕES DE CULTURA



Academia e Instituições de Cultura” – por Diogo Ramada Curto, in Caderno E, Expresso, 17 de Fevereiro de 2018
Onde se defende que se no projeto de levar a cabo um estudo sobre academias o objetivo é propor a renovação de uma espécie de conformismo institucional, o melhor seria sugerir que o público não soubesse nada do que se passa dentro de tais instituições

"Instituições de cultura há que não têm merecido a devida atenção por parte da opinião pública. Faltam estudos ou simples notícias que as deem a conhecer. Será, por ora, escusado saber a quem assacar responsabilidades para explicar a falta de estudos sobre as mesmas: se às instituições que não informam, por viverem em vaso fechado, ou se a uma opinião pública que vive dissociada da vida de certas instituições.
Três situações aparentemente díspares, em termos de conhecimento por parte de um público mais alargado, podem ser utilizadas como laboratórios de estudo: um livro destinado a repensar a universidade em Portugal; os estatutos de uma academia criada em 1965, mas que sobreviveu até aos nossos dias; e um ‘pequeno’  instituto de investigação de uma universidade privada, fundado em 1997. Nos três casos, detetam-se disfuncionalidades e demonstrações de elitismo simbólico, que nada têm que ver com a investigação, o ensino e a transmissão do conhecimento e da cultura. Estudá-los e comunicá-los a uma esfera de opinião mais alargada constitui, só por si, um modo de ultrapassar os problemas encontrados.
A Universidade como deve ser
O recente livro de António Feijó e Miguel Tamen, intitulado “A Universidade Como Deve Ser” (Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2017), é um excelente contributo para conhecermos o que se passa dentro da universidade. Nele, será possível distinguir um estudo da universidade tal como funciona e o programa de um curso, interdisciplinar, de Estudos Gerais. O livro comporta tanto aspetos corajosos como outros que se afiguram discutíveis.
A sua coragem está em pôr o dedo na ferida, considerando que o ensino universitário não tem de andar subordinado a objetivos práticos ou a meros interesses de mercado. O ensino universitário, feito no contacto com a investigação, tem de se pautar por outros critérios e manter, sempre, um elevado nível de independência em relação a outros poderes. As universidades devem igualmente ser pensadas como unidades, situadas acima deste ou daquele curso (embora este propósito dos autores entre, depois, em contradição com o centramento num único curso). Corajosa é também a crítica dos autores em relação à burocratização da investigação e dos seus centros, bem como à generalização dos projetos coletivos com dotações gigantescas, os quais poucos resultados alcançam, sobretudo na áreas de humanidades e ciências sociais.
Muito discutíveis são os sinais de uma espécie de elitismo anglo-americano, num momento em que abundam as tendências dentro da universidade de desprezo pelas práticas democráticas. De igual modo, é chocante que a proposta de introdução de um modelo inspirado nos “liberal arts colleges” surja numa espécie de deserto criado pelos próprios autores. Isto é, em nenhum momento do livro se encontram referências às inúmeras discussões sobre a universidade que, pelo menos desde  Miller Guerra, têm sido recorrentes em Portugal. Ao circunscreverem-se a um único curso, Feijó e Tamen assemelham-se a náufragos numa ilha deserta, que, tal como Robinson Crusoe, só conseguem salvar do navio encalhado alguns livros (não em português, como no livro de Daniel Defoe, língua que o protagonista não sabia decifrar, mas em inglês, o idioma em que mergulham as raízes mais profundas do livro em causa). Facto que denota uma incapacidade para pensar de modo mais realista — e menos como uma robinsonada — a universidade como um todo.
 
 
A expansão da cultura portuguesa
De um teor completamente diferente são as notas esparsas que recolhi acerca da Academia Internacional de Cultura Portuguesa. Elas constituem um minúsculo contributo para colmatar a lacuna dos estudos sobre instituições de cultura. Pelo menos podem servir como chamada de atenção para a necessidade de querer saber mais acerca do que se passa na vida de tal instituição. A começar pelo seu financiamento, que não sabemos se será ou não de natureza pública. Os seus estatutos, aprovados por decreto de 1965, mantêm-se em vigor. O primeiro aspeto que neles importa sublinhar diz respeito ao principal objetivo da mesma instituição: difundir a cultura portuguesa no mundo. A consulta do “Boletim da Academia Internacional de Cultura Portuguesa”, cuja publicação começou em 1966, revela bem qual a conceção de cultura que ali se defende: do luso-tropicalismo, em tempos coloniais, à sua continuidade, sob a forma de lusofonia, adaptada aos tempos democráticos. Vinho novo em odres velhos...
O segundo aspeto prende-se com as áreas pelas quais se distribui esse mesmo labor difusionista. De um modo que, hoje, interpretaríamos como sendo da ordem da interdisciplinaridade, estabeleceram-se três secções: das artes e letras, das ciências e da missionologia. Aliás, esta última formulação, sobre a qual tanta tinta correu na década de 1960, entendida em estreita relação com a mensagem católica, compreende-se bem à luz da política colonial portuguesa da época.
Do Tarrafal à Academia Internacional
O terceiro aspeto a não perder de vista diz respeito aos fundadores da Academia e como são postos limites ao número dos sócios académicos ou correspondentes. Inegável será, em todo este processo, o papel dinâmico desempenhado por Adriano Moreira, seu fundador e presidente, ao lado do padre Silva Rego, de Jorge Dias e de Virgínia Rau. Estes últimos professores universitários com capacidade para controlar as suas áreas disciplinares, da antropologia à história. A simples evocação de outros nomes da confiança do regime de Salazar, entre os quais se contavam Azeredo Perdigão e Franco Nogueira, faz-nos lembrar que não existe apenas uma lista de nomes que formam o que, hoje, os cientistas sociais designam como uma rede de relações. Há, também, uma rede de outras instituições a ter em conta.
Por exemplo, Adriano Moreira, licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, iniciou a sua carreira na antiga Escola Colonial, onde começou por realizar estudos sobre o sistema prisional nas antigas colónias. Seguiu o processo de transformação daquela Escola impulsionado por Mendes Correia e, em 1961, favoreceu a sua integração na Universidade Técnica, o que lhe valeu a equivalência a professor catedrático, mesmo sem possuir um doutoramento (com o “Diário de Notícias” de Augusto de Castro a atribuir-lhe o título de professor doutor a partir de 14 de abril). Desempenhou papel de relevo na Junta de Investigações do Ultramar e envolveu-se, igualmente, nas atividades da Sociedade de Geografia de Lisboa (onde a mesma Academia Internacional veio a ficar sediada). Enquanto subsecretário de Estado e depois ministro do Ultramar, na altura do início da Guerra em Angola, manteve ligações de estreita colaboração com muitas outras instituições, incluindo o Gabinete de Negócios Políticos do Ministério do Ultramar e o por ele criado “campo de trabalho” de Chão Bom, vulgo, Tarrafal.
 
 

Conforme procurei demonstrar noutro local, Adriano Moreira esteve, por volta de 1961, bem no centro do processo de tomada de decisões das políticas coloniais de Salazar. A legislação laboral promulgada durante a sua passagem pelo Ministério do Ultramar constituiu, sobretudo, “uma carapaça legal com que Portugal pudesse defender-se” internacionalmente (José Capela, “O imposto de palhota...”, Afrontamento, 1977, p. 259). E, por mais que ele próprio tivesse tentado construir a sua própria versão dessa passagem pelo Governo de Salazar, em sucessivas memórias, aconselhou, na altura, a adoção de medidas violentas de aterrorização das populações do Norte de Angola (“Políticas Coloniais em Tempo de Revoltas — Angola circa 1961”, Afrontamento, 2016). Ora a Academia Internacional de Cultura Portuguesa foi criada no interior dessa malha. Nela, sobrepuseram-se uma carreira individual, uma série de instituições e de legislação orientadas para a execução de políticas coloniais e, ainda, um quadro de justificação de fortíssima carga ideológica suscitado pela guerra colonial em Angola, e depois na Guiné e em Moçambique (que de nenhum modo pode ser reduzido a noções de integração ou assimilação luso-tropical).
Questões de indumentária
Há um quarto aspeto que inclui várias minudências acerca do vestuário, difíceis de traduzir por outras palavras. Vale, por isso, a pena citar diretamente da fonte que seguimos, no ponto relativo às vestes académicas, mesmo que infelizmente se tenha perdido o rasto ao desenho: “A farda académica constará de casaca de gola alta, fechada por uma ordem de botões, e de calça, aquela e esta, de pano verde. A casaca terá, bordado a ouro, no peito, gola e portinholas, canhões e remates, assim como na cintura, por cima do começo das abas, um rebordo, que no peito será acompanhado de uma simples fieira de ramos de oliveira folhados e frutados, segundo os desenhos anexos. A calça terá galão estreito, dourado, nas costuras laterais. O chapéu armado, de pasta, será orlado superiormente de plumas pretas e com presilhas das cores académicas verde e encarnado. O espadim, de copos e guarnições douradas, suspende-se de pala de pano verde, com ramos de oliveira, bordados a ouro. Os botões serão ornados com as armas nacionais. A capa será de pano preto com gola voltada”.
Para comparar padrões de dress code, sigo as diferentes maneiras de trajar no quotidiano ou em dias de festa, dentro e fora das instalações ou, no interior destas, em salas diversas ou entre membros e visitantes da instituição em causa. De notar, também, que se trata de um resquício para cobrir com sinais de nobreza, inventando tradições e exibindo um elitismo de pacotilha, certas instituições de criação recente. É aqui que vem a propósito referir as normas que regem o Instituto de Estudos Políticos (IEP) da Universidade Católica, criado em 1997, mais de três décadas depois da citada Academia Internacional, mas inspirado na putativa Escola de Sagres, que nos traz à memória o chapéu de aba larga do Infante D. Henrique:
Todos os colaboradores permanentes do IEP adotam um código de vestuário com a decência e formalidade adequadas às responsabilidades que detêm, o que inclui, para os homens, casaco e gravata, e, para as senhoras, decência correspondente. Na sala Sir Winston Churchill e nos gabinetes de trabalho é esperado que os homens possam tirar o casaco, mas não a gravata. Na sala D. Henrique é esperado o uso de casaco e gravata. Em todo o espaço do IEP, não é autorizado o uso de shorts, T-shirts ou chinelos, sapatos de ténis ou blue-jeans. Estas regras aplicam-se apenas aos colaboradores permanentes do IEP e não aos alunos ou a visitantes, cuja eventual vulgaridade não deve, em princípio, merecer reparo. Em contrapartida, trajes nacionais, regionais, locais ou específicos de instituições, por mais excêntricos, serão sempre respeitados e bem-vindos. Todos os docentes do IEP, incluindo docentes convidados, são enfaticamente encorajados a usar casaco e gravata nas suas aulas e tutorias, podendo tirar o casaco, mas não a gravata”...
Conformismo institucional ou Gentlemanship
O estudo monográfico de instituições como a Academia Internacional de Cultura Portuguesa terá ainda de compreender um quinto e último aspeto. Trata-se de tentar compreender como é que instituições criadas durante o Estado Novo, mais a mais num contexto aberto de guerra colonial, promoveram formas de conformismo de sentido institucional. Senão, vejamos como é que os estatutos impõem formas de controlo e de censura: é “proibido aos académicos contrariar os fins do instituto; imprimir trabalhos fora das publicações académicas com indicação de provirem da Academia; e criticar trabalhos feitos por encargo da mesma ou a ela apresentados por outros académicos, a não ser nas suas sessões ordinárias”.
Que esse conformismo institucional se intensificou na década de 1960, para dar sentido à atuação das elites cooptadas pelo regime de Salazar, num quadro internacional de forte pressão sobre a política colonial portuguesa, parece um dado evidente. O que já não me parece ser possível de aceitar é que as mesmas regras possam subsistir em democracia. Mesmo aceitando que, na vida das instituições, existem arcaísmos, o seu ridículo cresce na medida em que se descobre que eles são invenção recente e, em geral, determinados por quem não tem terra, família, nem vontade para viver numa sociedade democrática. Aliás, os que procuram transformar essas mesmas instituições culturais em veículos da sua promoção são quase sempre os mesmos que têm vergonha de reconhecer o mérito individual. É o que sucede com o curioso ponto sobre “Gentlemanship”, de uma fedúncia insuportável, digna de um qualquer parvenu, e que suscita uma gargalhada digna de uma personagem de Gil Vicente:
Nenhuma regra pode substituir o sentido de responsabilidade pessoal, o common  sense e o sentido de humor de cada pessoa. As regras acima expostas deverão ser aplicadas sem rigidez prussiana e sem laxismo mediterrânico. Portugal é um país atlântico (e não mediterrânico), fundador da mais velha aliança do mundo, bem como do mais velho tratado de comércio livre, e pioneiro dos Descobrimentos. No nosso pequeno IEP da UCP, apreciamos tentar cumprir o dever de honrar as nossas nobres tradições” (Instituto de Estudos Políticos, nº 24).
Enfim, no projeto de levar a cabo um estudo sobre academias, ‘pequenas’  instituições de cultura e universidades, se o nosso principal objetivo fosse propor a renovação de uma espécie de conformismo institucional, o melhor seria sugerir que o público não soubesse mesmo nada do que se passa dentro de tais instituições. Às urtigas, pois, com a mania da informação e com a famigerada opinião pública! O secretismo impõe-se como uma urgência... É que permanecer na ignorância ou dar ao desprezo qualquer tipo de estudo sobre o funcionamento de tais instituições talvez seja, em suma, a única maneira de uma opinião pública escapar a tamanhas aberrações.
 
Academias e Instituições de Cultura – por Diogo Ramada Curto, [Historiador e professor da Universidade Nova], revista E, Expresso, 17 de Fevereiro de 2018, pp. 66/67 – com sublinhados nossos.

J.M.M.

domingo, 25 de outubro de 2015

1415-2015: DOS IMPÉRIOS À CPLP - DISCURSOS E PRÁTICAS: COLONIALISMO, ANTICOLONIALISMO E IDENTIDADES NACIONAIS - COLÓQUIO INTERNACIONAL

Em Coimbra, a partir dos próximos dias 28 a 30 de Outubro, realiza-se o III Colóquio Internacional: 1415-2015: Dos Impérios à CPLP - Discursos e Práticas: Colonialismo, Anticolonialismo e Identidades Nacionais para todos os interessados nestas temáticas que conheceram, contactaram e são herança destes múltiplos e longos contactos de séculos.

O colóquio conta com um conjunto muito interessante de investigadores de vários países e instituições, com leituras plurais e enriquecedoras de uma problemática que toca muito a Portugal.

O programa do colóquio organiza-se da seguinte forma:

Dia 28 de Outubro
9h 30m – Sessão de Abertura

10h - I Painel: Império e impérios: um inventário multissecular de homens e lugares (1415-1975) – Moderadora: Ana Luísa Santos (DCV-CIAS— Universidade de Coimbra)

1oh-“Lûmbu: democracia no antigo Kôngo”, por Patrício Batsikama (Universidade Agostinho Neto-Angola)

1oh 20m -“O que viu Barbosa quando viu o Theyyam?”, por José Filipe Pereira (Performer – Universidade de Coimbra)

1oh 45m – Debate

11h 15m - Pausa para Café

11h 30m Moderação: Julião Soares Sousa (CEIS 20-Universidade de Coimbra)

11h 30m - “O Império francês na contradição republicana da estratégia mundial oitocentista”, por José Luís Lima Garcia (CEIS 20 – Universidade de Coimbra)

11h 5om - “Dominação e subalternização das identidades. A codificação dos “usos e costumes” no Moçambique colonial”, por Rui Pereira (IHC- Universidade Nova de Lisboa)

12h 10m – Debate

13h-Pausa para Almoço

14h 30m – II Painel: Império e impérios: cartografia imperial: analogias e contradições – Moderador: José Luís Lima Garcia (CEIS 20-Universidade de Coimbra)

14h 30m - “Os desafios na construção dos estados na época da globalização”, por Maria Antónia Barreto (Instituto Politécnico de Leiria)

14h 50m - - "Ideal e utopia: uma cultura colonial específica", por António Faria (Universidade Lusófona)

15h 10m -O fim da guerra na Guiné - Operações Secretas, por José Matos (Associação de Física-Universidade de Aveiro)

15h 30m - Debate

16h – Pausa para Café

16h 15m - “A política de planeamento e integração económica das províncias ultramarinas portuguesas na década de 1960 – reconfiguração institucional e limites da interterritorialidade”, por Fátima Moura Ferreira (Universidade do Minho); Francisco Azevedo Mendes (Universidade do Minho); Bruno Fonseca (Universidade do Minho); Aníbal do Rosário da Costa (Bolseiro do Instituto Camões-MNE)

16h 35m - “A instituição do Estado Novo pela imprensa brasileira”, por Thiago Fidelis (Universidade Estadual Paulista - Brasil)

16h 55m - Debate

17h30m – Final do primeiro dia de trabalhos



Dia 29 de Outubro

9h 30m – Abertura


10h - III Painel – Pós-Colonialismo, Construção do Estado e CPLP (1975-2015) – Moderador: Clara Serrano (CEIS 20-Universidade de Coimbra)

10h - “Descolonização e CPLP como produto pós-colonial”, por Laura Antonini (ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa)

10h 20m – “José Eduardo dos Santos e a ideia de Nação Angolana”, por Patrício Batsikama (Universidade Agostinho Neto-Angola)

10h 40m – “The Federal Republic of Germany and the Angolan War of Independence (1961-1974)”, por Nils Schliehe (Universidade de Hamburgo)

11h - Debate

11h 20m- Pausa para Café

11h 30m -“Entre a Descolonização e a CPLP. As relações entre Portugal e os novos estados africanos de língua portuguesa através dos programas de Governo”, por Pedro Pontes e Sousa (Faculdade de Letras da Universidade do Porto)

11h 50m - “O processo de descolonização representado pela narrativa jornalística: o olhar do outro ocidental”, por Marco Gomes (CEIS 20-Universidade de Coimbra)

 12h 10m – Debate

12h 45m-Pausa para Almoço

14h 30m – IV Painel – A visão do (s) outro (s) (1415-2015) – Moderador: Fernando Florêncio (DCV-Universidade de Coimbra)

14h 30m - Visões do paraíso hígido. A ilha da Madeira nos discursos médicos do século XIX”, por Luís Timóteo Ferreira (CEIS20-Universidade de Coimbra)

14h 50m - Relações cosmopolíticas entre a costa oriental da América do Sul e a África de Oeste”, por Camillo César Alvarenga (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia- Brasil)

15h 10m - Debate

15h 2om – Pausa para Café

16h 5m-"A imagética do Império em Moçambique: história, memória e identidade", por Olga Iglésias Neves (ISEG-Universidade de Lisboa)

16h 25m - “As imagens somos nós – um ensaio sobre o retrato fotográfico”, por Isabel Calado (Instituto Politécnico de Coimbra)

16h 45m – Debate

17h 15m – Sessão de Encerramento


Comissão Científica:
                
                 Ana Luísa Santos (CIAS-DCV-UC)
Ana Paula Tavares (FL-UL)
Clara Carvalho (ISCTE)
Clara Isabel Serrano (CEIS 20-UC)
Eduardo Costa Dias (ISCTE)
Fernando Florêncio (DCV-UC)
Fernando Pimenta (CESNOVA-FCSH-UNL)
Heloísa Paulo (CEIS 20-UC)
Luís Reis Torgal (CEIS 20-UC)
José Luís Lima Garcia (CEIS 20-UC)
Julião Soares Sousa (CEIS 20-UC)
José Carlos Venâncio (FCSH-UBI)
Maria Manuela Tavares Ribeiro (CEIS 20-UC)
Pedro Aires Oliveira (IHC-UNL)
Sérgio Neto (CEIS 20-UC)
Vítor Neto (CEIS 20-UC)

Comissão Organizadora:
Clara Isabel Serrano
José Luís Lima Garcia
Julião Soares Sousa
Marlene Taveira
Sérgio Neto

Local da Realização:

Universidade de Coimbra (Anfiteatro 2-Departamento das Ciências da Vida - Antropologia)

Com os votos de maior sucesso para esta iniciativa que seja um ponto de encontro e de reflexão sobre uma temática tão interessante, ainda para mais quando se assinalou este verão os seis séculos do início da Expansão Portuguesa, com a conquista de Ceuta.

A acompanhar com todo o interesse.

A.A.B.M.