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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

ARQUIVO GRÁFICO DA VIDA PORTUGUESA (1913-1918)



ARQUIVO GRÁFICO da vida portuguesa. [fascículo specimen] Ano I, nº 1 (1903) ao nº VI (1907); Administração e Redação: Travessa da Condessa do rio, 27, Lisboa; Impressão: Bertrand & Irmãos; 1933, 1+6 numrs

Trata-se de uma publicação póstuma (em fascículos e ilustrada) que, a partir do valioso espólio fotográfico de Joshua Benoliel (1873-1932) – “o mais aclamado fotógrafo do início do século XX, considerado por muitos o pai do foto-jornalismo português” - pretende apresentar a “história da vida nacional em todos os seus aspectos, de 1903 a 1918”. A publicação de Joshua Benoliel, que tem como mentor do projecto Rocha Martins, seu biógrafo em 1933 [“Os grandes objectivos duma objectiva célebre”, fasc. nº1], termina abruptamente (por “circunstâncias políticas da época” ou por “dificuldades económicas” – cf. Alexandre Pomar) no final do sexto fascículo, não cumprindo o seu plano inicial de seleccionar a sua colectânea de fotografias até ao ano de 1918.

Do plano inicial faziam parte textos/apontamentos/legendas - e além dos escritores/jornalistas que abaixo referimos - como os de Fernando de Sousa (“Nemo”), general Domingues de Oliveira, Bento Carqueja, Cristiano de Carvalho, Matos Sequeira, Norberto de Araújo, Joaquim Manso, Fidelino de Figueiredo, Albino Forjaz de Sampaio, Rogério Peres, Vasconcelos e Sá, Jorge de Faria, Augusto Pinto, Nobre Martins, Gomes Monteiro, Salazar Correia, Adelino Mendes, Carlos Rates, Manuel Joaquim de Sousa, Alfredo Marques, Costa Júnior, Ribeiro dos Reis.
Joshua Benoliel
 
Não deixa de ser curioso o “raminho” de jornalistas/escritores que (decerto) Rocha Martins escolheu para colaborar nesta homenagem a Joshua Benoliel, que vai de fundibulários monárquicos, integralistas, sindicalistas anarquistas, a aderentes do Estado Novo.  

De facto, alguns dos artigos são muito curiosos: “O que será o Arquivo Fotográfico” (nº specimen), “Os Grandes Objectivos duma Objectiva Celebre” (nº1, Rocha Martins), “O Movimento Operário em Portugal” (ao fasc.nº3, de Ramada Curto), “Procissões” (nº3, pelo padre Miguel de Oliveira), “Reinado de D. Carlos é a base onde assenta o moderno exército português” (fasc.nº4 e ss, com a pena do monárquico e conspirador contra a República, Eurico Satúrio Pires), “A revolta do cruzador D. Carlos”, 8 de Abril de 1906 (6º fasc.), “Os Intransigentes de 1907” (6º fasc., por Mário Monteiro, ex-intransigente da greve de 1907 e violentamente anti-republicano).
Colaboração: Mário Monteiro [aliás, Fortunato Maria Monteiro de Figueiredo, 1885-X; personagem violentamente anti-republicana; participou na Greve de 1907, em Coimbra; advogado, dirigiu o semanário “A Alvorada”, esteve implicado na insurreição militar de 27 de Abril de 1913, razão por que se hominizou no Brasil, perorando em várias conferências monárquicas (curiosamente com Homem Cristo, também ele em fuga no Brasil), regressando por breve tempo a Portugal, tendo regressado ao Brasil, onde se radicou, não sem uma vida complicada, acusado e levado por diversas vezes a tribunal. Mário Monteiro é, de facto, um estranho individuo, desde a publicação (em Coimbra, 1904), dos seus panfletos “Pavões”], Joshua Benoliel (1873-1932), (padre) Miguel A.[Augusto] de Oliveira (1897-1968), Ramada Curto (1886-1961), Rocha Martins (1879-1952), [Eurico] Satúrio Pires (1881-1952).

Arquivo Gráfico da Vida Portuguesa AQUI digitalizado.

J.M.M.

sábado, 7 de março de 2015

RAMADA CURTO – REPUBLICANO, SOCIALISTA E LAICO



AUTOR: Luís Farinha;
EDITORA: Edições Assembleia da República, 403 p.

Amílcar da Silva Ramada Curto reúne a feliz particularidade de ter sido um parlamentar e ministro que iniciou a sua carreira política no Partido Republicano Português (PRP) e que, depois da Jornada de Monsanto de 1919, se tornou socialista, iluminando, assim, um percurso riquíssimo de transição política.

Inicia-se na política com a Greve Académica de 1907 e entra nas Constituintes como uma jovem promessa dos 'anos da propaganda'. Integra a designada Geração do Resgate, revolucionária e radical, profundamente anticlerical e, simultaneamente, democrática e socializante.

Desenvolveu uma intensa atividade política e parlamentar, como um convicto afonsista, numa primeira fase do regime, até ao golpe sidonista.

Depois da 'guerra civil', empenhou-se na refundação da República. É durante esta segunda fase que faz o trânsito para o Partido Socialista Português (PSP), de que se tornou líder em 1920).

Manteve a condição de parlamentar - com um significativo interregno entre 1921-1925 –, até à queda da República, mas abandonou o Parlamento uma semana antes do Golpe Militar de 28 de Maio. Neste período, livre da atividade parlamentar, enceta uma reorganização do PSP, especialmente a partir do X Congresso Nacional do partido, realizado em Tomar, em 1922. A partir destes anos, no Parlamento ou na imprensa, Ramada Curto e os seus 'companheiros' socialistas assumem-se como uma espécie de consciência crítica da República.

O livro continua a acompanhar o seu percurso socialista durante a Ditadura Militar, até à Conferência de Coimbra de 1933, onde fica clarificada a estratégia do PSP, tanto no que diz respeito às suas relações com a Ditadura Militar/Estado Novo, como no que concerne à tática seguida nas relações com as restantes oposições.

O trabalho alicerça-se sobre a dimensão processual da atividade política de Ramada Curto, articulando, por patamares, a implantação, consolidação e queda do regime republicano com a experiência individual:
 
i) do estudante que contribuiu para a “sindicalização” da luta estudantil e desse modo se tornou um obreiro indiscutível da República; ii) do Constituinte e do parlamentar que lutou arduamente pela instalação de um novo regime, por meio de um processo revolucionário; iii) do homem de Direito que quis harmonizar as leis do país com os novos princípios democráticos em que acreditava; iv) do combatente que exigia uma República democrática e social; v) ou, por fim, do militante que acreditou na via reformista do socialismo democrático, ao mesmo tempo que em Portugal e na Europa vingavam as experiências totalitárias.

Ramada foi um advogado ilustre em casos que, pelas suas relações com o mundo político, escancaravam as portas para o interior do regime, como aconteceu com o processo sobre a Noite Sangrenta ou com o processo sobre O Caso Angola e Metrópole; como muitos outros, foi também advogado de opositores à Ditadura Militar e ao Estado Novo. Personalidade multifacetada, Ramada foi, ainda, um dramaturgo de renome, 'o mais fecundo autor de teatro' português no período entre as duas Guerras, como considerou o insuspeito Luís Francisco Rebello” [AQUI - sublinhados nossos]

J.M.M.
 

sábado, 24 de abril de 2010

sábado, 3 de abril de 2010

CARBONÁRIA PORTUGÁLIA - COIMBRA 1910


A "Carbonária Portugália" seria uma organização carbonária autónoma, formada no princípio de Janeiro 1910, sob iniciativa de Ramada Curto e credenciais da A.V. da C.I.P..

Era composta por diversos grupos de civis e militares e esteve activa até depois do 5 de Outubro de 1910. Do grupo de civis, "todos" fazendo parte do Grémio Revolta (ligação à Loja Revolta de Coimbra, RF, fundada em 1909 e, posteriormente integrada – 1911 – no G.O.L.U., com o nº 336), estão vários estudantes, como Emílio Martins, Bissaya Barreto, Francisco Lino Gameiro, João Garraio da Silva, Manuel Pestana Júnior. Outro grupo civil, fora da Universidade, era formado por António Henriques, Floro Henriques, Francisco Costa Ramos (todos professores), Dr. Júlio da Fonseca (med.) e João Simões Fava (comerciante). O grupo "militar" estava sob a direcção de Ramada Curto e Floro Henriques, e faziam parte, por expl., os militares Belisário Pimenta, Correia de Almeida, Fernandes Duarte, Oliveira Franco, 1º sargento Conceição, e Flabiano Henriques Miranda (irmão de Floro Henriques) – ref. Almanach da Republica. Districto de Coimbra, 1913, pp 177-185]

FOTO: credencial da Carbonária Portugália, in obra cit.

J.M.M.

domingo, 4 de março de 2007

RAMADA CURTO


Amilcar da Silva Ramada Curto nasceu em Lisboa, em 6 de Abril de 1886, filho de João Rodrigues Ramada Curto e de Delfina Guiomar da Silva Ramada Curto. Estudou Direito em Coimbra entre 1905 e 1910.
Era proprietário de uma quinta no Cartaxo (Quinta do Refúgio) e dedicou-se a diversas actividades: advogado, político, jornalista, dramaturgo, entre outras.

Enquanto estudante destacou-se como um dos líderes da greve académica de 1907, tendo sido um dos estudantes punido com dois anos de expulsão da Universidade, conforme dissemos aqui.

Foi um dos responsáveis pela criação de várias organizações republicanas como: Escola 31 de Janeiro, a Liga da Academia Republicana e o Centro Académico Republicano de Coimbra. Foi também um dos principais organizadores do comité académico e civil que preparou a revolução republicana na cidade dos estudantes.
Foi também membro da Carbonária, tendo sido um dos organizadores do movimento em Coimbra até 1910.

Após a conclusão do curso de Direito foi apontado como candidato a deputado republicano em 1910 e foi eleito deputado em 1911, pela Covilhã, sendo mais tarde eleito pelos círculos da Évora, Lisboa, entre outros. Em 1919, após se desvincular do Partido Republicano, Ramada Curto adere ao Partido Socialista Português, sendo o líder parlamentar deste partido na Câmara dos Deputados.

Foi ainda chamado a desempenhar funções governativas durante a República sendo Ministro das Finanças entre 30 de Março e 28 de Junho de 1919, num governo liderado por Domingos Leite Pereira. Volta mais tarde as ser convidado a exercer as funções de Ministro do Trabalho, noutro governo chefiado pelo mesmo líder político, entre 21 de Janeiro e 8 de Março de 1921.

Como advogado participou em julgamentos célebres como o dos envolvidos no 19 de Outubro de 1921 e no famoso caso Alves dos Reis/Banco Angola e Metrópole.

Enquanto jornalista conhecem-se as suas colaborações em numerosos periódicos: A Pátria ; A Revolta, Coimbra; O Povo, Lisboa; A Liberdade; A Marselheza; Diário de Coimbra, Coimbra; Jornal de Notícias, Porto; Diário de Lisboa, Lisboa; ABC, Lisboa; Atlântida, Lisboa, 1915-1920; De Teatro,Lisboa, 1922-1927; O Diabo, Lisboa, 1934-1940; A Farça, Coimbra, 1909-1910; Girassol, Lisboa, 1930-1931; Mocidade, Lisboa, 1899-1905; O Popular, Porto, 1934-1935; Revista Mensal, Porto, 1925; Teatro e Letras, Porto, 1925.

A sua obra dramatúrgica é muita e variada: começando com O Estigma (1905); Segundas Núpcias (1913); A Sombra (1914); Os Redentores da Ilíria (1916); Os Tenórios (1922); A Fera (1923); O Caso do Dia (1926); Justiça! (1927); A Noite do Casino (1928); O Sapo e a Doninha (1929);A Boneca e os Fantoches (1929); Sua Alteza (1930); O Diabo em Casa (1931); Mascarada (1933); Sol Poente (1934); O Perfume do Pecado (1935); Recompensa (1938);Duas Mães (1939); Consciência (1939); Columbina e o Telefone (1940); Madame Solange, Vidente (1943); O Jogo do Diabo (revista-1945); Multa Provável (1951); A Voz da Cidade (1952); Fogo de Vistas (1956).

Publicou ainda outras obras como: O Preto no Branco (1944); Diário de José Maria (1941); Bianca Capelo (1933); Debaixo do Cedro (1931); e, A Vida Amorosa de Malaquias Raposo (1931).

Foi também tradudor de algumas obras como: Topaze de Pagnol; O Sexo Fraco de Bourdet; e Um Marido Ideal de Oscar Wilde.

Após a instauração da Ditadura Militar, Ramada Curto alinha sempre nas hostes da oposição.

Conhece-se também a sua iniciação maçónica em 1903, na Loja Elias Garcia, de Lisboa, com o nome simbólico de Elysée Réclus, tendo ascendido ao grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceite. Pertenceu ainda ao Supremo Conselho da Maçonaria Portuguesa desde 1934. Foi Presidente do Conselho da Ordem em 1931-1932.
Faleceu em Lisboa a 18 de Outubro de 1961.
Podem obter-se mais alguns dados curiosos, como a transcrição de uma carta de Ramada Curto para a Ordem dos Advogados aqui.

Bibliografia Consultada:
-Lemos, Mário Matos e, Jornais Diários Portugueses do Século XX. Um Dicionário, Ariadne, Coimbra, 2006.
-Lisboa, Eugénio (coord.), Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, vol III, Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro/Publicações Europa América, Lisboa, 1994, p. 330-331.
-Marques, A. H. de Oliveira, Dicionário da Maçonaria Portuguesa, vol. I, Editorial Delta, Lisboa 1986, col. 448-449.
-Marques, A. H. de Oliveira (coord.), Parlamentares e Ministros da 1ª República (1910-1926), Col. Parlamento, Afrontamento, 2000, p. 192.
-Pires, Daniel, Dicionário da Imprensa Periódica Portuguesa do Século XX (1900-1940), Grifo, Lisboa, 1996.
-Rebello, Luiz Francisco, 100 Anos de Teatro Português (1880-1980), Brasília Editora, Porto, 1984, p. 68-69.

A.A.B.M.