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sábado, julho 01, 2023

Do sonho acordo e espanto-me



Numa pétala  de rosa esboço um barco

onde me sento segurando a vela

e deixo que o vento o impele

sobre as águas de um lago imaginário,

em que no silêncio da tarde

os ecos crepitam

rumores de um entardecer.

Do sonho acordo e espanto-me

com a claridade do dia

sem vestígios do barco

que ousei  tecer com os sentidos.


Texto
Ailime
01.07.2023
Imagem Google

sábado, agosto 20, 2022

Queria abraçar o tempo


Queria abraçar o tempo como quem

navega à deriva

e rasgar as nuvens com os olhos

como se fossem pássaros,

a poisarem-lhe nas mãos esguias 

as tempestades do mar.


Um barco pousou-lhe no rosto

a ondulação dos mares

e dos seus olhos escorreu

a maresia, que ainda a prendia

à escarpa do silêncio

que trazia  presa no peito.


Encontrava-se perdida

nas sombras ocultas das névoas.

Apenas o silêncio

lhe devolvia os vestígios

do tempo, que alcançara

sem sequer o vislumbrar.


Texto
Ailime
20.08.2022
Imagem Google





quarta-feira, maio 05, 2021

No limiar da porta ainda há vestígios

José Malhoa

No limiar da porta ainda há vestígios;

a luz detinha-se no teu colo

e abrias as mãos num gesto 

como a querer agarrar o dia

que te fugia por entre os dedos;

recordo a leveza indelével

com que aprisionavas o tempo

quando o pôr do sol

te refulgia no rosto

o desgaste que te prendia

ao silêncio das palavras encobertas.

Era o tempo em que os pássaros

se recolhiam antes do voo.


Texto
Ailime
05.05.2021

quarta-feira, abril 22, 2020

Nas calçadas ainda há vestígios



Nas calçadas ainda há vestígios
das flores rubras da manhã
que bebi como um néctar
quando a madrugada se soltou 

Pássaros esvoaçavam de galho em galho
e alertei-os da chegada da primavera.
Sorriram e voaram mais alto
a perpetrarem a canção
que as vozes ainda sustinham

Em bandos, todos os outros pássaros
entoavam já a melopeia
a incendiar a manhã
que eu percorria com pasmo



Texto
Ailime
20.04.2020
Imagem Pinterest




quinta-feira, janeiro 30, 2020

Os lírios

 


Nas tardes de chuva os lírios têm mais brilho
e exibem as suas vestes orvalhadas
num silêncio desconcertante que me enternece.

Sobre a terra molhada aproximo-me descalça
para não macular a placidez do momento
que se eterniza em singela contemplação.

Os lírios sobre os muros iluminam caminhos
que nem o vestígio das névoas esmorece.



Texto e foto
Ailime
30.01.2020



quarta-feira, outubro 16, 2019

No silêncio do outono


No silêncio do outono emergem sentidos
como se a minha voz se calasse
por imposição das sombras
O vento arrasta as folhas
que gravitam como sóis
em rotações desgovernadas
no asfalto dos dias,
que esculpe nas horas
vestígios do entardecer.

Texto e foto
Ailime
16.10.2019

terça-feira, fevereiro 12, 2019

Na brevidade do tempo


Na brevidade do tempo 
As palavras escasseiam 
E detêm-se nas memórias 
Que um dia foram raíz. 

O silêncio sussurra  
Como a água límpida do rio 
Que levemente desliza 
Nos umbrais da saudade. 

Os pássaros entoam cânticos 
Por entre nuvens azuis 
A sublimar os vestígios 
Da ausência que fere.



Ailime
12.02.2019 
Imagem Google