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sábado, março 27, 2021

Eras rio, barco, pássaro azul,



Eras rio, barco, pássaro azul,

nuvem, nascer e pôr do sol.

Searas ondulantes esculpidas

como mares

povoavam-te os sentidos.

As papoulas acenavam-te

o porvir

em gestos largos,

que só tu entendias.

As margens do rio são agora

estreitas

e o teu olhar já não as enxerga.

Há sobre o rio uma névoa

que te cega,

uma bruma que te impede

de respirar.

Apenas os peixes

te navegam no olhar.


Para meu Pai
(03.1926-12.2017)

Texto
Ailime
26.03.2021
Imagem Google

sábado, junho 02, 2018

Ainda há pouco a madrugada



Ainda há pouco a madrugada
me nascia nos olhos as cores do sol-nado.
O rio, límpido, como hoje não é
sorria nas margens o silêncio das águas
que, profundas, corriam ao sabor do vento
que as ondeava como searas a balouçar
na lezíria, ainda adormecida pelo orvalho da noite.
Ao entardecer, que surgia de mansinho,
o meu rosto, baço, como vidro cendrado
aquietava-se, como se a beleza do sol-posto
fosse apenas uma quimera.



Poema
Ailime
02.05.2018
Imagem Google