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sábado, novembro 02, 2024

Para encontrares o belo

freepik


Para encontrares o belo

terás que calcorrear vales

e montes,

atravessar silêncios

galgando rios

caminhos lamacentos

enfrentar feras

e talvez no fim do caminho

encontres o que procuras;

a luz refletida

em simples flores

no cimo duma montanha. 


Texto 
Emília Simões
02.11.2024

sábado, outubro 19, 2024

Ainda será tempo de salvar a Terra?



Ainda será tempo de salvar a Terra

se o Homem não ambicionar tesouros

se o poder não for a sua sede

mas o amor a sua ambição.


Ainda será tempo de salvar a Terra

se os vilões que fomentam a guerra

e fazem alastrar a fome e a morte

semearem campos de trigo

e plantarem sementes de paz.


Ainda será tempo de salvar a Terra

se o egoísmo der lugar ao desapego

e o Homem aprender a viver

com modéstia  e sentido de justiça.


Ainda será tempo de salvar a Terra

se o Homem beber das águas das fontes

e ficar saciado com o ar puro, a beleza e a luz

que emanam deste ainda tão fascinante Planeta.


Ainda será tempo de salvar a Terra?


Texto
Emília Simões
19.10.2024
Imagem Net

sábado, julho 27, 2024

Nos descampados da vida



Nos descampados da vida

entre orvalhos sobre as pedras

e a terra sôfrega,

imagino o tamanho do mundo.


Saltito de pedra em pedra 

e os meus olhos semiabertos

tentam enxergar o longe e o perto.

Tudo me parece distante e confuso.


Um pássaro no seu voo matinal

anuncia-me o conforto do ninho.

Ainda é cedo para que a luz

me revele, nas sombras, a tua grandeza.


Texto
Emília Simões
27.07.2024


sábado, março 02, 2024

Que a mágoa não se apodere de ti



Que a mágoa não se apodere de ti
se nos passos incompreensíveis da vida
alguns de ti diferirem.
Porque somos muito mais
que simples objetos manipuláveis,
que alguns que se julgam insignes
pretendem asfixiar.

Acredita que os caminhos da vida
podem ser como relva abundante
nos prados verdes da primavera.
Que mais à frente há uma luz que
que para todos brilha, 
mas só alguns conseguem enxergar.

Crê no mais importante
e simples do ser,
que te constrói e revigora,
sempre que deres um passo em frente
nas linhas retas da existência.

A vida é como um sopro; 
no meio de evasivas 
há todo um manancial a cativar.


Texto
Emília Simões
02.03.2024
Imagem Google



segunda-feira, janeiro 29, 2024

Abro a porta ao silêncio

 


Abro a porta ao silêncio
e refugio-me nas memórias
que tenho albergadas em mim.

São memórias longínquas,
que se vão desvanecendo
como as nuvens que se desfazem
impelidas pelo vento, deixando uma
estrada no céu.

Procuro uma luz para as proteger
para que fiquem intactas, sempre
que me recordar dos dias em que tudo
era claro e as aves esvoaçavam
em alegres bandos dentro de mim.

Distancio-me e indiferente
procuro outro lugar para
guardar as memórias,
que parecem vaguear entre sombras
e solidões que, de instante a instante,
se revelam à minha passagem.


Texto
Emília Simões
29.01.2024
Imagem Google



sábado, novembro 11, 2023

No clarear das manhãs


No clarear das manhãs

a terra cheira a musgo

e a  pedras escorregadias

pelas intempéries 

que agitam as árvores

em aguaceiros intermitentes,

deixando sobre o chão

folhas irreconhecíveis,

que vou recolhendo em silêncio.

No vórtice do tempo

aves atravessam as nuvens

resguardando-se de tempestades  

numa nesga de luz,

antes que o vento as resgate. 


Texto
Ailime
11.11.2023
Imagem Google



sábado, agosto 19, 2023

Há que redescobrir silêncios



As tarefas rotineiras são cansativas,

como são cansativos os dias sem luz.

Por vezes as palavras colam-se à língua

e não desatam os versos que

que habitam o silêncio

no mais recôndito de nós.

Torna-se necessário novas primaveras

que nos devolvam os pássaros

com seus cantos maviosos

que nos ensinem outras canções.

Há que redescobrir silêncios

que nos ajudem a atravessar

novos caminhos, novas pontes,

novos jardins, com flores sem nome.

Há que soltar as palavras

nos rodopios do vento;

há que reiventar as canções

nas escarpas do amor.


Texto
Ailime
Imagem Google

sábado, abril 01, 2023

Metamorfoses


Silvana Oliveira


Há um aroma nas pedras que não sei explicar.

Alinham-se à beira-mar, 

nos caminhos, 

nas estradas cheias de  pó

e também sobre os muros; 

estas são as que estão mais desalinhadas

dentro do seu alinhamento.

Tal como as palavras

dentro do poema

que nem sempre rimam 

com a palavra poesia.

Deixo-as para trás

e procuro uma luz nas sombras

que me ajude a entender

as metamorfoses que não param

de me desassossegar.


Texto
Alime
01.04.2023


sábado, fevereiro 11, 2023

Pela berma da estrada


Rachel Walker


Pela berma da estrada

parecias perdida

meio alucinada

qual ave ferida.  

Na noite, que chegou breve,

estendeste-me a mão

e recusei o gesto

por cobardia.

Hoje seria diferente?

Fiquei confusa

numa amálgama de sentimentos

que hoje ainda me ferem.

No silêncio da noite

é quando a luz 

se torna premente.


Texto
Ailime
11.02.2023

sábado, janeiro 14, 2023

Às vezes regresso à casa onde nasci


Às vezes regresso à casa onde nasci
e não me reconheço.
Tal o abismo que o tempo marcou
nas minhas mãos, nos meus dedos,
na minha boca, no meu olhar.
Até os meus passos parecem perdidos
nas escadas de pedra preta, agora com
musgos escorregadios.
Não fora o tempo das chuvas
e o vento agreste que as cobrem de folhas
molhadas, pela ausência de tudo.
Na neblina que cobre o rio vislumbro
uma pequena luz.
Talvez um raio de sol
a indicar-me um novo caminho,
uma nova estação
no adejar dos pássaros.

Texto 
Ailime
13.01.2023
Imagem Google

sábado, julho 16, 2022

Sobre o chão da terra desolada




Nas palavras, nem sempre o vento escreve o que quer.

À deriva, procura nos lugares recônditos, a luz 

que parece obscurecida pelas sombras das florestas,

onde outrora surgiam mananciais e hoje o fogo alastra.


Não há forma de escolher entre as chamas e o vento

o lugar das palavras que parecem afogadas nas cinzas.

Não há hora para ouvir a voz calma do vento e  a placidez

das chamas, dissimuladas pela ironia do vento.


Não chegou ainda o tempo de o Homem despertar

para a imagem que cada vez mais vai dizimando

as palavras que o vento espalha

sobre o chão da terra desolada.


Texto
Ailime
16.07.2022
Imagem Google






domingo, junho 19, 2022

Tenho saudades do meu rio

 




Tenho saudades do meu rio.

O meu rio não é um rio como os outros,

porque me corre nas veias,

o que o torna único.

É um rio que me viu nascer.

Um rio com águas bordadas a prata

e com margens tingidas de azul.

A lezíria beija-lhe as margens

numa doce primavera verde

e os pássaros voejam em redor

debicando aqui e ali,

como se entendessem

as maresias e os pores do sol

que sobrevoam os barcos

que trago dentro de mim.

O meu rio é único e belo.

Tão belo,

que cabe na luz do entardecer.


Texto e foto
Ailime
19.06.2022

terça-feira, maio 17, 2022

Diante do mar o espanto


Pintura (Óleo) desconheço o autor



Diante do mar o espanto
pássaros no horizonte
com seus voos em alvoroço
esboçam teias de luz
que acolho no meu regaço
como se fossem pedaços de tempo
a adiar as manhãs.

Mar azul, mar refulgente
ondeando em espuma de neve
esculpe no areal dourado
os beijos dos amantes
que na praia serenados
quando o sol se esconde 
apenas o murmúrio do mar

Mar tão longe e tão perto
sempre tão belo, por vezes medonho
trazes a luz, mas também as sombras
Mar brilhante que seduzes
quantos de ti se aproximam
por teres uma beleza única
através de ti o amor.


Texto
Ailime
17.05.2022

quarta-feira, março 23, 2022

Entre a luz e as sombras.


William Turner


Se queres enfrentar o caminho

percorre-o pedra sobre pedra;

encontrarás muros e declives

e descansarás no chão molhado.

A tua sede será mitigada,

mas não declines o futuro

que aos teus olhos se antevê.

Uma espécie de pacto será

o espanto que te distinguirá

entre a luz e as sombras.


Texto
Ailime
23.03.2022

terça-feira, fevereiro 08, 2022

Leves são os teus passos

Vladimir Volegov

Caminhas como se o vento te impelisse.

Leves são os teus passos

quando atravessas as sombras do medo

no sombrio atalho.

Nada detém o teu olhar

que te mostra um mundo novo

a rodear-te de luz e cor

nas manhãs primaveris

em que os pássaros avoaçam

e te acenam a claridade dos dias. 

 

Texto
Ailime
08.02.2022

terça-feira, fevereiro 01, 2022

As raízes permanecem

Francesco Mangialardi


Passo à tua casa e não te enxergo.

Por dentro as paredes ainda têm alma,

mas a porta fechada,

esconde o sobrado abatido, 

esmagado pelo tempo.

As janelas irradiam luz,

onde o teu olhar perdura,

como se ainda estivesses ali.

O vento assoma

e liberta todas as sombras.

As raízes permanecem

nas memórias que evoco.



Texto
Ailime
01.02.2022


quinta-feira, dezembro 16, 2021

Presépio da minha infância (Boas Festas)

BOAS FESTAS! 

(Vou fazer uma pausa)



No tempo da geada, da
minha infância, 
apanhávamos o musgo como
se fora veludo.
Era macio, brilhante, como
duas estrelas a faiscarem amor. 
O frio não detinha os nossos dedos enregelados
que, delicadamente,
o subtraíam à terra, também ela macia.
As nossas vozes, desafinadas,
entoavam cânticos de Natal.
O Menino esperava-nos
numa caixa guardada
na sacristia da Igreja.
Era uma luz serena,
que humilde e silenciosa
dali a pouco refulgiria numa caminha de palha
sobre o presépio de musgo macio.
No topo da cabana 
cintilava
a mais  bela e brilhante estrela de Natal.
E os anjos entoavam: 
Glória in Excelcis Deo! 
Paz na Terra aos homens de boa vontade! 


Aproveito para vos desejar um santo e feliz Natal ,
com muito amor, paz  e saúde.
Obrigada pela vossa presença neste meu cantinho ao longo do ano.
Próspero 2022!
Texto
Ailime
24.11.2021

terça-feira, novembro 09, 2021

O mundo ainda pode ter cor


Sofia Sant'Ana


O mundo ainda pode ter cor se nos predispusermos
a seguir as pegadas dos que nos precederam;
a luz ainda se demora no horizonte
até que a veneremos cordatamente
deixando que os sóis repousem sobre as águas
e os rios bebam das nascentes o néctar.
Prestemos atenção ao tempo que se esvai
e plantemos com vigor todas as seivas;
carente está o chão das suas espécies
onde rasgões como feridas clamam
por uma estrada rumo ao futuro.


Texto
Ailime
09.11.2021

domingo, agosto 22, 2021

Sonho



Na escarpa sentada

avisto um navio ao longe

minhas mãos são como conchas

em que o  silêncio me refaz

do cântico dos búzios

a soletrar medusas

corais e marés-cheias.


O vento arrasta-me

pelas dunas de areias movediças

despenteia-me os pensamentos

como aves em pleno voo

a entoar a canção 

à deriva das correntes.


Virada para o mar

Recomponho-me do sonho 

- Cai a pino a luz do meio-dia.


Texto
Ailime
22.08.2021
Imagem
Google


terça-feira, julho 27, 2021

O verão é feito de sol



O verão é feito de sol, areia e água salgada.

(por vezes a chuva cai impiedosa)

As ondas beijam as praias e os barcos 

navegam na costa os teus cabelos ao vento.


Na esplanada corpos tisnados pelo sol

brilham como a luz do crepúsculo 

e saboreiam um coquetel gelado

para mitigarem a sede.


No regresso à praia 

envolvem-se na brisa marinha

como nuvens de espuma

a reter as marés.


O verão é também o pôr do sol

quando o céu incendiado

derrama sobre os corpos nus

a luz do entardecer.


Texto e foto
Ailime
27.07.2021