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sexta-feira, junho 16, 2023

Os naufrágios

Ivan Aivazovsky


Desço a rua, descalça, e os meus pés queimam.

Acompanha-me o silêncio e vêm-me à memória

os naufrágios.

Quantos serão os náufragos, os sem-abrigo,

os desalojados deste pobre e triste mundo

que os ditadores comandam na insensibilidade

do coração que não têm?

Debruçada na tarde quente e com os pés a escaldar

eu própria me sinto a naufragar num mundo que não sonhei

e onde apenas ouço o silvo sombrio do desespero,

que vai arrastando as dores pelas estradas de ninguém.

Quem ouve as vozes dos ruídos, dos sonhos quebrados

pela insanidade dos homens?


Texto
Ailime
16.06.2023